O SER E O EU AUTOCENTRADO
Um
dos dogmas humanos mais aceita por toda a humanidade é o dogma da
individualidade, do ser existente separado do todo, do homem particular,
da ilha distante...
Este
ser autocentrado procura de todas as formas se destacar perante os
demais através do contraste e, para isto, busca o reconhecimento dos
seus contemporâneos, parecendo não compreender que uma conquista
individual que dependa de um reconhecimento coletivo, jamais será um
fenômeno individual, e sim um fenômeno de um todo.
A
necessidade de ser especial é uma das características mais marcantes do
eu autocentrado, ser ele mesmo e realizar o próprio ser não lhe basta, é
necessário ter mais do que outro, mais prestígio ou mais poder, mais
beleza ou mais inteligência, mais sexo ou mais espiritualidade, mais
sofrimento ou mais prazer, mais miséria ou mais riqueza não importa, ele
precisa ter mais e, assim ser especial, ele precisa se diferenciar com
relação aos demais através do contraste, sem contraste ele se sente como
se não existisse.
Por
este motivo o hábito de julgar é profundamente arraigado e altamente
necessário para eus autocentrados, pois o julgamento é a forma mais
eficaz de gerar contraste e, desta forma, dizer que se é melhor do que
outro, como quem diz; eu jamais faria o que fez fulano, eu não agiria
como sicrano e assim, o julgamento vai desapreciando aqueles que se
estão a volta, como se o eu autocentrado dissesse:
- Para que eu possa crescer que o outro diminua!
O
eu autocentrado é chamado pelos espiritualistas hoje de ego, e o ego é
uma espécie de alucinação, fruto de um condicionamento, de um padrão
mental que torna o indivíduo alienado da realidade e, por vivermos numa
sociedade formada por egos, é que nos deparamos todos os dias
com desastres, desigualdades, desequilíbrios, do processo autodestrutivo
do comportamento humano na terra, porque o ego é capaz de criar valores
que nos conduz ao colapso, todos os dias vemos este resultado de seres
humanos, sociedades, economias, países, que são conduzidos a ruína.
A
realização humana é a realização do ser e não do ego, o ser é uma
continuidade não um princípio isolado, ele sabe que faz parte de um todo
e que, portanto, o outro é uma continuidade de si mesmo e, desta
forma, tudo que damos ao outro, estamos de fato, dando a nós mesmos.
O
ser não sente necessidade alguma de se destacar perante os demais, se
todos são uno quem existe para ganhar destaque e diante de quem?
O
ser reconhece a existência de um propósito comum para toda a vida
humana e trabalha no sentido de criar condições favoráveis para que esta
realização floresça, aconteça e se concretize.
E
o ser está plenamente ciente que não depende dele, do seu trabalho, do
seu mérito para que tal fato venha acontecer, não interferir é o meio de
se permitir este florescimento, e o agir pelo não agir (princípio tão
presente na filosofia chinesa e difícil compreensão para o ocidente), e
permitindo que o fluxo natural do ser, venha a abraçar e realizar o seu
propósito, ajudando assim outros seres a despertar para a sua realidade
intrínseca, porém oculta de si mesmo.
Conheça
o teu ser e desfaça o teu ego, todo sofrimento, toda angústia, toda
ansiedade, todo desequilíbrio, todo o desespero, toda a efêmera
vitória e toda a derrota, toda incompletude, angústia e vazio, assim
como todos os transtornos pertencem ao ego e não ao ser, o ser é
a suprema liberdade!
http://dedentrodamatrix.blogspot.com
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