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sexta-feira, 30 de abril de 2021

 COMO A ALMA SE ILUMINA 
SEGUNDO JACOB BOEHME
Querida alma, se queres alcançar a Luz de Deus age assim:
 
Tens na tua alma dois olhos encostados um ao outro, o direito olha para a eternidade e o esquerdo para trás, para a Natureza, não alteres isso, Deus assim o quer. 
 
Mas não faças o esquerdo retroceder para a cobiça mas sim faz com que o olho direito atraia para si o esquerdo e não toleres que, pela vontade das maravilhas, ele se afaste de ti e do olho que está voltado para a eternidade mas sim atraia para ti as maravilhas despertadas e produzidas por ele (pelo olho esquerdo na Natureza).

Esse olho esquerdo busca a comida para a vida terrestre, contudo não o deixes entrar na comida ou na cobiça (ou seja, não te agarres às coisas, usa-as apenas) mas traze-o para junto do olho direito e não o deixes ir.

Que tuas mãos trabalhem e produzam comida e que o olho esquerdo atrai para si as maravilhas mas não a mínima matéria (de novo, a insistência para não nos agarrarmos às coisas materiais).

De contrário o que tiveres atraído (agarrado) na vontade será trevas para ti (ou seja, ficas preso-obcecado na/pela matéria). Com isto não entendas que desvalorizamos a via terrestre pois ela é muito proveitosa para nós e para as maravilhas de Deus, sem ela não veríamos as maravilhas que nos fazem ‘lembrar’, imaginar Deus e descobrir Sua nobre imagem em nós e buscá-la de novo.

Deixa o demônio rugir e fazer barulho ante teu olho esquerdo, ele não pode entrar a menos que deixes o olho receber a matéria em si.

Quando morreres verás pelo olho direito, no olho esquerdo, todas as maravilhas que tiverdes produzido e encontrado. Aí teu olho esquerdo também estará livre da Natureza da cólera mas ficará com as maravilhas dela (da Natureza) na liberdade eterna pois não deu entrada para a matéria, ele é Livre.
 
Vamos explicar de novo para sermos entendidos pelo homem de mente fraca. Age assim se queres contemplar a Luz de Deus em tua alma e para ela ser iluminada por Ele.

Estás neste mundo. Tens uma profissão honesta, isenta de falsidade? Continua nela, faz teu trabalho, labora, como a necessidade exige. Busca as maravilhas, tanto nos elementos como na terra, seja qual for a tua arte pois todas são obra de Deus. Faz obras com teu engenho, edifica, planta, tudo serve para a manifestação das maravilhas de Deus.

Mas escuta esta lição: não deixes teu espírito entrar ali, de maneira que ele se entregue a isso, que ele se preencha com isso, faça disso seu ídolo e se estabeleça nisso, como numa treva .

Não deixes que tua vontade introduza a imaginação numa coisa, pois assim entra e se impregna com a coisa, introduz a coisa no espírito ficando a alma aprisionada na coisa e deixando de ser livre como imagem pura de Deus. Senão serias apenas um louco aos olhos de Deus e o macaco do demônio e tua vontade estaria completamente fixa nisso, a tua imagem divina seria alterada por essa falsa imaginação e perderias a imagem de Deus .

Põe tua vontade esquerda na obra que fazes. Pensa que és servo de Deus na vinha do Senhor e trabalha com fidelidade. Põe tua vontade direita em Deus naquilo que é eterno. Pensa que não estás em segurança em momento algum, que estás apenas em teus dias de trabalho e que deves estar sempre pronto para escutar a voz quando teu Mestre te ordenar a vir para casa.

Não deixes a razão dizer: Eis o meu tesouro. Isto é meu. Tenho o bastante mas quero juntar mais para deixar mais bens aos meus filhos. Pensa que teus filhos são filhos de Deus e tu, servo de Deus, que tua obra é a obra de Deus, que teu ouro, teu bem, teu pensamento, teu sangue estão na mão de Deus .

Ele pode fazer deles o que quiser.

Quando Ele te ordena a vir ao teu próprio país, pode, então, tomar teu trabalho e dá-lo a outro.

Não permitas que teu coração deixe o espírito de tua vontade introduzir a presunção na imagem.

Lança a todo momento tua vontade na humildade diante de Deus, assim tua imagem entrará sempre na majestade de Deus e será continuamente iluminada pela Sua Lu .

Assim é a resposta à tua pergunta de como iluminar a alma.

Ela está neste mundo e também em Deus.
 
Aqui neste mundo ela é um agente das maravilhas de Deus. Ela deve abri-las com um olho e com o outro, conduzi-las ao início diante de Deus, aí colocando todas as suas ações na vontade de Deus e nunca dizer de coisa alguma neste mundo: Isto é meu!!!

Pois mente quando assim fala, tudo é de Deus, nada é nosso, somos apenas servos e devemos nos conduzir no amor e humildade para com Deus e nossos irmãos .

Um tempo importante está perto.

Na hora da vossa morte vereis muito bem que tipo de julgamento é esse e em que tempo e sob que turba (do bem ou do mal) viveste. 
 
http://acaminhodacasa.blogspot.com

 FALA EM PAZ

"Bem-aventurados os mansos..."

Justo lembrar: a voz humana está carregada de vibrações. Esforça-te por evitar os gritos intempestivos e inoportunos. Uma exclamação tonitruante equivale a uma pedrada mental. Se alguém te dirige a palavra em tom muito alto, faze-lhe o obséquio de responder em tom mais baixo. 

Os nervos dos outros são iguais aos teus: desequilibram-se facilmente. Discussão sem proveito é desperdício de forças. 

Não te digas sofrendo esgotamento e fadiga para poder lançar frases tempestuosas e ofensivas; aqueles que se encontram realmente cansados procuram repouso e silêncio. 

Se te sentes à beira da irritação, estás doente e o doente exige remédio. Barulho verbal apenas complica. Pensa nisso: a tua voz é o teu retrato sonoro.

Estarás talvez diante de algum problema que te parece positivamente insolúvel. Não acredites que a fuga te possa auxiliar. Pensa nas reservas de força que jazem dentro de ti e aceita as dificuldades como se apresentem. Não abandones a tua possibilidade de trabalhar e continua fiel aos próprios deveres.

Assume as responsabilidades que te dizem respeito. Evita comentar os aspectos negativos da provação que atravesses. Ora – mas ora com sinceridade – pedindo a proteção de Deus em favor de todas as pessoas envolvidas no assunto que te preocupa, sejam elas quem sejam. 

Se existem ofensores no campo das inquietações em que, porventura, te vejas, perdoa e esquece qualquer tipo de agressão de que hajas sido objeto. Esforça-te por estabelecer a tranquilidade em tuas áreas de ação, sem considerar sacrifícios pessoais que serão sempre pequenos, por maiores te pareçam, na hipótese de serem realmente o preço da paz de que necessitas. 

Se nenhuma iniciativa de tua parte é capaz de resolver o problema em foco, nunca recorras à violência, mas sim continua trabalhando e entrega-te a Deus.
 

Emmanuel/Francisco Cândido Xavier
https://franciscamalarranha.wordpress.com

INSPIRE VIDA

Você já reparou que sua respiração muda conforme o ritmo em que vive? Normalmente, situações prazerosas fazem com que a inspiração e a expiração aconteçam de forma mais calma, mais lenta, como se o momento, em si, lhe permitisse ampliar a sua capacidade de absorver toda a sensação boa que chega naquele instante. Em contrapartida, diante do estresse, o peito fica ofegante e a respiração fica mais curta e rápida, como se seu corpo quisesse tomar a frente e reagir àquilo que o está afetando negativamente. Por que será que isso acontece?
 
Bem, a ciência já mostrou que, de fato, o corpo responde ao que a mente lhe apresenta. Se sentirmos alegria ou tristeza, essas emoções certamente serão exteriorizadas; saem do nosso cérebro, de onde nascem, para se transformar em características perceptíveis a olho nu. E, quando isso acontece, a respiração é uma das primeiras a manifestar-se. Não à toa, em algumas tradições médicas (principalmente vindas do oriente), é comum associar problemas cardiorrespiratórios a questões emocionais.

No entanto, quase nunca ficamos atentos aos sinais enviados pelo nosso corpo para dizer que algo vai bem ou vai mal. No caso da respiração, por exemplo, aprendemos desde cedo que se trata de uma atividade naturalmente realizada pelo nosso organismo. Graças a ela, cada uma de nossas células recebe o oxigênio de que precisa para desempenhar absolutamente todas as funções vitais. Isso significa que não há um único órgão capaz de sobreviver sem ar e, portanto, sem respirar. Em outras palavras, nós não precisamos pensar para respirar. Não precisamos pensar para realizar uma das atividades mais imprescindíveis à vida. Mas... por que não pensarmos na respiração?


Pare Pense Respire

Pensar para respirar é o mesmo que respirar com atenção. E respirar com atenção nos ajuda a sair do piloto automático e tomar consciência de uma ação que, até então, era feita espontaneamente, ou seja, significa dar o primeiro passo para começar a se olhar com outros olhos, para começar a se enxergar com profundidade.

Já se sabe que a respiração consciente ajuda a afastar o estresse, proporciona bem-estar e estimula habilidades como criatividade, entusiasmo e o raciocínio lógico. Mais que isso, respirar com consciência também lhe dá a chance de parar brevemente antes de tomar uma decisão. É uma ótima maneira de evitar reações impulsivas, quase sempre tão desgastantes. Além disso, uma simples respiração consciente permite a você que entre em contato com sua capacidade de escolha, aquela que nasce na sua melhor parte, e que lhe diz que há mais vida para viver e mais amor para sentir.


Exercite e Realize

Pare por alguns momentos para se auto-observar:

1. Sua respiração é rápida? Respirar rapidamente lhe dá pouco tempo ao prazer e ao bem-estar.

2. Você respira pela boca e não pelo nariz? Nariz "travado" leva menos oxigênio ao cérebro e, consequentemente, você se sente menos disposto.

3. Como você solta o ar? É fundamental expirar profundamente para liberar todas as toxinas e completar seu ciclo de oxigenação, beneficiando a sua saúde.

Num momento difícil, respire. Num momento bom, respire. Simplesmente respire com atenção e escute o que está acontecendo com você. Em que está pensando e por que está pensando isso? Quais ações e decisões pode tomar neste momento? Lembre-se: você tem as melhores escolhas... e elas estão dentro de você. Respire para encontrá-las!"

Heloísa Capelas
http://conscienciaeusou.blogspot.com  
 

Respiração: Porta para uma Nova Dimensão
 
 
Estamos respirando continuamente desde o momento do nascimento até o momento da morte. Tudo muda entre esses dois pontos. Tudo muda, nada permanece o mesmo;

Somente a respiração é algo constante entre o nascimento e a morte.

A criança se tornará um jovem; o jovem envelhecerá. Ele ficará doente, seu corpo se tornará feio, doente; tudo mudará. Ele será feliz, infeliz, em sofrimento; tudo continuará mudando. Mas o que quer que aconteça entre esses dois pontos, a pessoa tem que respirar. Seja feliz ou infeliz, jovem ou idoso, bem sucedido ou não – o que quer que você seja, isso é irrelevante – uma coisa é certa: entre esses dois pontos do nascimento e da morte você precisa respirar.

Respirar será um fluxo continuo; nenhum intervalo é possível. Se mesmo por um instante você esquecer de respirar, você não será mais. Eis porque não é exigido de você respirar, porque então seria difícil. Alguém poderia esquecer de respirar por um momento, e então nada poderia ser feito. Assim, realmente, você não está respirando, porque você não é necessário. Você está bem adormecido, e a respiração continua; você está inconsciente, e a respiração continua; você está em coma profundo, e a respiração continua. Você não é solicitado; o respirar é algo que continua apesar de você.

Esse é um dos fatores constantes na sua personalidade – essa é a primeira coisa. É algo que é muito essencial e básico para a vida – essa é a segunda coisa.

Você não pode viver sem a respiração. Portanto, respiração e vida se tornaram sinônimos. Respirar é o mecanismo da vida, e a vida está profundamente relacionada com o respirar. Eis porque na Índia chamamos isso deprana. Temos dado uma palavra para ambos: prana significa vitalidade, vivacidade. Sua vida é a sua respiração.

Terceiro, sua respiração é uma ponte entre você e seu corpo.

Constantemente, a respiração está interligando você com o seu corpo, lhe conectando, lhe relacionando com o seu corpo. A respiração não é somente uma ponte para o seu corpo, é também uma ponte entre você e o universo. O corpo é apenas o universo que veio até você, que está mais perto de você.

Seu corpo é parte do universo. Tudo no corpo é parte do universo – cada partícula, cada célula. É a abordagem mais próxima para o universo. A respiração é a ponte. Se a ponte for partida, você não está mais no corpo. Se a ponte for partida, você não está mais no universo. Você se move para alguma dimensão desconhecida; então você não pode ser mais encontrado no espaço/tempo.

A respiração, portanto, se torna muito importante... a coisa mais significativa. Se você puder fazer alguma coisa com a respiração, você irá repentinamente estar no presente. Se você puder fazer alguma coisa com a respiração, você irá alcançar a fonte da vida. Se você puder fazer alguma coisa com a respiração, você pode transcender o tempo e o espaço. Se você puder fazer alguma coisa com a respiração, você estará no mundo e também além dele.

A respiração tem dois pontos. Um é onde ela toca o corpo e o universo, e o outro é onde ela toca você e aquilo que transcende o universo.

Conhecemos somente uma parte da respiração. Quando ela se move para o universo, para o corpo, nós a conhecemos. Mas ela está sempre se movendo do corpo para o “não-corpo”, do “não-corpo” para o corpo. Não conhecemos o outro ponto. Se você se tornar cônscio do outro ponto, do outro lado da ponte, do outro polo da ponte, repentinamente você será transformado, transplantado para uma dimensão diferente.

O indivíduo não precisa praticar um estilo particular de respiração, um sistema particular de respiração ou um ritmo particular de respiração – não! A pessoa precisa tomar a respiração como ela é. A pessoa precisa apenas tornar-se cônscia de certos pontos da respiração.

Existem certos pontos, mas não estamos cônscios deles. Temos estado respirando e continuaremos a respirar – nascemos respirando e morreremos respirando – mas não estamos cônscios de certos pontos. E isso é estranho. O homem está buscando, investigando fundo no espaço. O homem está indo para a lua; o homem está tentando alcançar mais longe, da terra para o espaço, e o homem ainda não aprendeu a parte mais próxima de sua vida.

Existem certos pontos na respiração os quais você nunca observou, e esses pontos são as portas – as portas mais próximas a você, de onde você pode entrar para um mundo diferente, para um ser diferente, para uma consciência diferente. 

Osho, The Book of Secrets
https://www.osho.com

quinta-feira, 29 de abril de 2021

A GRANDE TRANSIÇÃO DA TERRA 
E O SURGIMENTO DA NOVA HUMANIDADE 


A grande maioria dos homens sabe que está vivendo algo que se contrapõe à lei cósmica; tem consciência da degeneração dos padrões da sociedade, mas segue imersa nesse esquema decadente.

Todavia, algo poderá ocorrer e mudar tal situação como, por exemplo, uma reação da natureza que destrua grande parte da estrutura externa da civilização. Ao fim dessa reação, reinará grande silêncio, um vazio. Ninguém saberá nada sobre o minuto seguinte, nem encontrará dentro de si apoio para os padrões viciados que seguira. E então se verá que somente o vazio pode ser preenchido.

Para que o novo se instale, é preciso romper estruturas cristalizadas que aprisionam o fluxo da energia. Em meio à ausência de hábitos, de esquemas mentais e materiais, a luz da verdade emerge. Revela passos a serem dados a cada ser que unificar-se ao que, mesmo lhe sendo desconhecido, traz-lhe renovação. Abençoada é pois a destruição que, com base no inusitado, prenuncia a vida que ressurgirá na Terra. Quando os momentos de caos global se apresentarem e as forças de transformação agirem na vida planetária, alguns seres colaborarão para erigir a nova Terra, e entre eles estarão os poucos membros da humanidade de superfície preparados para isso.

Ao abrirmo-nos ao contato com esses momentos únicos de renovação da vida, podemos perceber neles um grande impulso à ampliação da consciência dos seres despertos, que então poderão compreender o que se passa e aderir ao movimento transformador em ato. Aqueles que resistirem não mais conseguirão fazer valer suas posições, pois na aura do planeta não haverá o que se oponha ao novo impulso. Haverá, sim, dor nos níveis mais densos, mas e principalmente, uma paz profunda e a alegria silenciosa da libertação, infinita conquista do espírito na consciência manifestada da Terra.

Diante das mudanças anunciadas, pode-se perguntar se os indivíduos não entrarão em crise. Crises são experienciadas em meio à ilusão e, a partir da renovação, a energia de clareza que o ser vai receber o elevará ao encontro da verdade, com ou sem as reações dos seus corpos terrestres.

A paz é um estado interior no qual o indivíduo se coloca em perfeita sintonia com a realidade espiritual. Não é passível de ser perturbada pela inconstância dos corpos materiais. Quando se faz presente, o ser é capaz de exprimir equanimidade nas situações calmas e nas tempestuosas. Como fruto da perfeição, a paz pode parecer afastada das atuais possibilidades de vida na superfície da Terra, mas essa aparente distância se reduz quando a consciência se lança com decisão ao encontro desse estado.

Muitas vezes a realização de um elevado estado de consciência é tolhida por não ser aceita pelos corpos materiais. Por isso, o amor aos mundos distantes deve superar os pequenos problemas da vida diária. Sinalizar aos homens a existência de estados sublimes objetiva colocá-los em alinhamento com o potencial oculto em seu interior.

O advento do novo homem é fato inexorável. Designado pela regência solar e planetária, obteve resposta positiva da essência condutora da humanidade. Suas vestes estão sendo tecidas em luz nos níveis internos do planeta, e alguns seres já começam a aprender a utilizá-las. Mas nem sempre a mente analítica pode compreender o fogo puro que trabalha o coração desses autênticos pioneiros de um novo mundo.
 
 
UMA NOVA HUMANIDADE ESTÁ PRESTES 
A SE INSTALAR NA TERRA

O advento da nova humanidade é um fato que não pode mais ser ocultado. Suas energias permeiam esta civilização, trazendo impulsos transformadores e, para que se instalem, é preciso que as estruturas existentes cedam lugar a expressões atualizadas da essência da vida. Os sinais externos desse advento são apenas reflexos do verdadeiro movimento, que é interior, que transcorre num mar de pura consciência e que, em miríades de raios, se projeta no mundo das formas.

Todavia, o surgimento dessa nova humanidade não decorre de transformações psicológicas e sociais, nem tampouco da sua evolução natural. Emerge como fruto de uma ação que transfigura o molde interior de cada ser humano no padrão arquetípico da raça futura. Essa ação é como o calor que torna rubro o ferro, rígido metal, fazendo-o moldável às batidas do martelo. É vida pulsante. É consciência pura que, ao penetrar a forma, a torna incandescente e submissa à energia que conhece o propósito supremo subjacente às partículas do universo, e as conduz à realização.

Imponderáveis são as transformações que se operam no planeta. Tentar descrevê-las em profundidade seria limitar seu potencial. É o Supremo revelando-se a si mesmo. Intenso é o poder criador que, como fogo e luz, percorre os mais recônditos rincões da Terra, despertando-a de um sono de éons. No interior de todas as coisas pulsa a não-forma, vida que, no silêncio imutável, manifesta todos os movimentos.

Vive-se, portanto, nestes dias, o fechamento de um ciclo. Inúmeras oportunidades estão sendo oferecidas aos homens, e nunca houve tantos seres encarnados. Nessas condições, torna-se inevitável a heterogeneidade de graus evolutivos. Para que estados de maior harmonia e unificação sejam atingidos, a constituição energética do planeta está passando por importantes mudanças, e os seres receptivos absorvem os seus reflexos nos diversos níveis de existência. Assim, a estrutura interior desses seres difere da de um homem comum, refratário ao impulso espiritual.

A esses seres receptivos, aos que acolhem os estímulos da lei evolutiva superior, aos que conscientemente buscam padrões de conduta elevados e sabem que a redenção da Terra é fruto do trabalho de energias supra-humanas, com as quais decidem colaborar, destina-se o ensinamento espiritual.

Como fruto das revelações desses ensinamentos, a consciência do homem futuro estará desperta em níveis mais sutis pela maioria dos seres. Com a purificação e a elevação da sua energia, os níveis densos se tornarão mais abertos aos impulsos provenientes de fontes suprafísicas, e a matéria que os constitui deixará de ser obstáculo para o contato com a vida do espírito.

Na etapa vindoura, a Terra terá características de um planeta que assumiu a evolução espiritual. Sua manifestação emanará harmonia e cura. O avanço alcançado no presente pelo ser que se sintoniza com seu núcleo causal corresponderá, então, ao contato com o espírito. Essa esfera de consciência, espiritual, custodia chaves de poder que permitem o controle das forças materiais, o que é imprescindível para o cumprimento da parte do plano evolutivo que cabe à humanidade. O despertar espiritual é o fator determinante da integração do ser à corrente evolutiva ascendente e da sua penetração em estágios elevados da vida cósmica.

A humanidade futura terá sua consciência desperta nos níveis espiritual e intuitivo. Poderá, então, livremente contatar expressões do éter cósmico que se traduzem em luz, fogo e som.

 
José Trigueirinho Neto
https://www.otempo.com.br

 OS TEMPOS QUE VIVEMOS


Você inevitavelmente encontrará adversidades na vida, seja no nível pessoal ou – como estamos experimentando agora – no nível coletivo. Se você não se aprofundou o suficiente, se não encontrou nada além da mente pensante conceitual, então a adversidade, qualquer que seja (neste caso, sabemos o que é), irá devastá-lo. E mesmo se você não adoecer ou contrair o vírus, o medo o consumirá, como está consumindo milhões de humanos atualmente.

Se você soubesse quem/aquilo que você é, saberia que não há nada a temer. Somente se você não conhece o seu ser, o medo surge. Torne-se consciente do seu ser, não o eu conceitual, nao a sua história pessoal, mas tome consciência de si mesmo como presença consciente. Pensar não o ajuda. Pensar é um obstáculo. Portanto, vá mais fundo do que o pensamento e fique completamente desperto e presente, sem atividade mental.

Esse é o começo da realização de sua essência eterna. É uma dimensão mais profunda da consciência, mais do que aquela com a qual você normalmente se identifica. Encontre essa base inabalável que está profundamente dentro de você, dentro de todos. A adversidade é uma oportunidade maravilhosa, porque força você a ir mais fundo. A vida se torna quase insuportável quando você vive apenas na superfície das percepções sensoriais e na sua mente conceitual, e então você ouve as notícias e lê todo tipo de coisa, e todos estão num estado de medo – devido a uma casa construída na areia.

E este é um convite para despertar para quem você é, porque se não o fizer, sofrerá desnecessariamente. Milhões estão num estado de ansiedade. Mas use isso como uma chance de despertar. É uma oportunidade de chegar a essa realização de que você é muito mais profundo do que conhecia antes. Você deve prestar mais atenção à sua própria consciência do que aos noticiários ou a seja lá o que for que você ouça e assista.

Use este tempo precioso, faz parte do despertar da humanidade. Os seres humanos não despertam na sua zona de conforto, eles despertam quando são retirados de sua zona de conforto, quando não agüentam mais o sofrimento ou a infelicidade.

Sinta a vitalidade, tome consciência daquela presença que é inseparável de quem você é. Essa é uma realização incrível! Há mais sobre você do que a pessoa! Essa presença é mais profunda que a pessoa. Você precisa da adversidade para encontrá-la ou aprofundar a realização.

Há um ditado que diz: ‘Quando o ego chora pelo que perdeu, o espírito se alegra com o que encontrou.’ O que parece ruim e muito negativo na superfície, como um obstáculo ao bem-estar da humanidade do ponto de vista convencional, tem uma função essencial. Portanto, este é um momento de grandes oportunidades. Use-o. Não o desperdice. Não se perca na mente. Não se perca no medo. Esteja enraizado nesta rocha que é a sua identidade essencial.
 
Eckhart Tolle 
http://mara-mariangela.blogspot.com 
 
Momentos de crise são abençoados
https://www.somostodosum.com.br/artigos/espiritualidade/momentos-de-crise-sao-abencoados-12171.html
Momentos de Crise são Abençoados
 
Pergunta:
 
Como o controle da sociedade sobre a mente das pessoas começa a se desintegrar, em tempos de crise social, como agora, parece haver uma tendência para um número crescente de pessoas ficarem abaixo da mente, na loucura. Além disso, é verdade que isto é acompanhado por uma tendência das pessoas a olhar para a possibilidade de ir além da mente para a iluminação?
 
Resposta:
 
Tempos de crise são perigosos e extremamente importantes – perigosos para aqueles que não têm coragem de explorar novas dimensões da vida. Eles são obrigados a desintegrar-se em diferentes tipos de loucura – porque sua mente foi feita pela sociedade. Agora a sociedade está se desintegrando, a mente não pode permanecer; suas raízes estão na sociedade. É constantemente alimentada pela sociedade – agora que a alimentação está desaparecendo.
 
Porque a sociedade está se desintegrando, uma grande suspeita, uma dúvida que nunca esteve lá antes, é obrigada a surgir nos indivíduos. E se foram apenas pessoas obedientes que nunca foram além de qualquer limite que a sociedade decidiu, que sempre foram respeitados, cidadãos honrados – em outras palavras, apenas medíocres – eles irão imediatamente enlouquecer.
 
Eles vão começar a cometer suicídio, eles vão começar a saltar do alto
de edifícios ou mesmo se eles viverem, agora eles não têm uma mente que possa ajudar -los a descobrir a situação de sua vida… podem tornar-se esquizofrênicos, divididos em duas pessoas – ou talvez uma multidão.
 
Em tempos de crise, o perigo é para aqueles que tenham gostado das vezes em que a sociedade foi resolvida, quando não havia nenhum problema, tudo estava à vontade, eles foram honrados, respeitados. Estas foram as pessoas que desfrutaram a obediência da mente, e estes vão ser os sofredores… Eles serão psicóticos, eles serão neuróticos – e estas palavras não fazem muita diferença.
 
…Mas os tempos de crise são de uma enorme importância para as almas ousadas que nunca se preocuparam sobre a respeitabilidade da sociedade, suas honras, que nunca se preocuparam sobre o que os outros pensam sobre eles, mas fizeram apenas o que eles sentiram certo fazer; que têm em certa maneira, foram sempre
rebeldes, individualistas.
 
Para essas pessoas, os momentos de crise são apenas de ouro – porque a sociedade está se desintegrando. Agora ela não pode condenar ninguém – ela própria é condenada, amaldiçoada. Ela não pode dizer aos outros que eles estão errados. Está se provando errada; toda sua sabedoria está provando apenas ser tola, supersticiosa.
 
Os indivíduos aventureiros podem aproveitar esta oportunidade para ir além da mente -, porque agora a sociedade não pode impedi-los… Agora eles estão livres.
 
Assim, momentos de crise são ambos … e é isso que está acontecendo em todo o mundo. Nunca foi tão intensa a busca pelo crescimento espiritual, pela meditação. Mas nunca houve tanta loucura também. Ambos estão acontecendo porque o status quo não é mais poderoso, ele perdeu o controle.
 
… as pessoas mais inteligentes estão correndo em direção ao Oriente para encontrar alguma forma, algum método, alguma meditação – Yoga, hassidismo Zen, Sufismo,. Em algum lugar alguém deve saber como superar essa fase crítica, como ir além da mente tradicional e ainda se manter centrado, sensato e inteligente. Milhares de pessoas estão se movendo para o leste.
 
É muito divertido – porque milhares de pessoas estão vindo do Oriente para o Ocidente para estudar a ciência, medicina, engenharia, eletrônica, e as pessoas que sabem tudo isso estão indo para o Oriente, apenas para aprender a sentar-se silenciosamente e não fazer nada.
 
Mas é um momento bonito.. as pessoas que vão para além da mente irão criar o Homem Novo, a nova mente. E a coisa mais especial para ser lembrada sobre a nova mente é que ela nunca irá se tornar uma tradição, que será constantemente renovada. Se se tornar uma tradição, será de novo a mesma coisa.
 
A nova mente tem de se tornar continuamente nova, a cada novo dia, pronta para aceitar qualquer experiência inesperada, qualquer verdade inesperada… apenas disponível, vulnerável. Será uma emoção enorme, um grande êxtase, um grande desafio.
 
Então, eu não acho que esta crise é ruim, é boa. Algumas pessoas vão perder suas máscaras, e vão ser realmente o que são – psicóticas, neuróticas – mas pelo menos elas serão verdadeiras… Elas acreditaram muito na velha mente, e ela os traiu.
 
Mas o melhor da inteligência chegará a alturas desconhecidas antes. E se mesmo em um mundo tradicional, um homem como Gautama Buda ou Chuang Tzu ou Pitágoras foi possível, podemos conceber que na atmosfera que a mente vai criar, um povo mil vezes mais desperto, pessoas esclarecidas se tornará facilmente possível.
 
Se a nova mente pode prevalecer; então, a vida pode tornar-se um processo esclarecedor. E a iluminação não será algo raro, que acontece de vez em quando a alguém muito especial, ela vai se tornar uma experência humana muito comum…”

OSHO – Além da Psicologia.
https://acasasobrearocha.wordpress.com
 
 

Sobre a Crise
 
A maioria de nós se acha numa crise - por causa da guerra, por causa de um emprego, por causa da fuga de nossa esposa com outro homem... Temos crises ao redor de nós e dentro em nós, a todos os momentos, quer o admitamos, quer não; e não é este o momento de investigar, em vez de ficarmos à espera do momento derradeiro, em que seja lançada a bomba? 

Porque, embora o neguemos, estamos sempre em crise, momento por momento, politicamente, psicologicamente, economicamente. 

Há intensa pressão a todas as horas; e não será este o momento de investigar? Não estaremos num momento desses? Se dizeis "Não estou em crise, estou apenas observando a vida tranquilamente" isso é simples maneira de evitar o problema, não achais? Haverá alguém de nós nesta situação? 

Ninguém, por certo. Temos crises sucessivas, mas estamos insensíveis, em segurança, indiferentes; e o nosso obstáculo consiste em que não sabemos enfrentar as crises, não é verdade? Devemos enfrentá-las cheios de angústia, ou devemos investigar e descobrir a verdade contida no problemas? 

A maioria de nós enfrenta uma crise com angústia; cansamo-nos e dizemos: "Quereis ter a bondade de resolver este problema?" Quando falamos, procuramos uma solução e não a compreensão do problema. De modo idêntico quando tratamos da questão da reencarnação, do problema se há ou não há continuidade, do que entendemos por continuidade, do que entendemos por morte: para compreendermos tal problema, o problema da continuidade ou não continuidade, não devemos buscar uma solução fora do problema. Precisamos compreender o próprio problema - e trataremos disso noutra reunião, porque a nossa hora está quase esgotada.

Minha tese é que há necessidade de confiança em nós mesmos - e já expliquei suficientemente o que entendo por confiança em nós mesmos. Não é a confiança decorrente da capacidade técnica do conhecimento técnico, do preparo técnico. A confiança que nasce do autoconhecimento é inteiramente diferente da confiança da agressividade e da capacidade técnica; e aquela confiança nascida do autoconhecimento é essencial para dissiparmos a confusão em que vivemos. É bem óbvio que não podeis obter esse autoconhecimento por intermédio de outra pessoa, porque o que vos é dado por outro é mera técnica. 
 
Aquela confiança criadora em que há a alegria de descobrir, o êxtase de compreender, só pode nascer quando eu compreendo a mim mesmo, o processo total de mim mesmo; e o compreender a nós mesmos não constitui empresa tão complexa, podemos começar em qualquer nível da consciência. Mas, como eu disse no último domingo, para termos essa confiança é necessária a intenção de conhecermos a nós mesmos. Nesse caso, não me deixo facilmente persuadir: desejo conhecer tudo o que há em mim e, assim, estou aberto para toda informação relativa a mim mesmo, quer provenha de outra pessoa, quer provenha do meu próprio interior. Estou aberto para o consciente e para o inconsciente, no meu interior, aberto para todo pensamento e todo sentimento, em constante movimento dentro em mim, urgindo, surgindo e desaparecendo. 

Certamente, essa é a maneira de possuirmos aquela confiança: conhecer a nós mesmos, exatamente como somos, e não visarmos a um ideal daquilo que deveríamos ser, ou presumir que somos isso ou aquilo, o que é de fato absurdo. É absurdo porque, em tal caso, estamos apenas aceitando uma ideia preconcebida, quer nossa, quer de outrem, do que somos ou do que gostaríamos de ser. Para compreenderdes a vós mesmos, assim como sois, precisais estar voluntariamente abertos, espontaneamente acessíveis a todas as suas próprias solicitações, a todos os impulsos do vosso ego. 

E começando a compreender o fluxo, o movimento, a rapidez da vossa própria mente, vereis como dessa compreensão nasce a confiança. Não é a confiança agressiva, brutal, assertiva, mas a confiança do saber o que se passa em nós mesmos. Sem essa confiança, por certo, não podemos dissipar a confusão; e sem dissiparmos a confusão que existe em nós e ao redor de nós, como poderemos achar a verdade concernente a qualquer relação?

Nessas condições, para descobrir o que é verdadeiro, ou qual é a finalidade da vida, ou para achar a verdade relativa à reencarnação ou a qualquer problema humano, aquele que investiga, que busca a verdade, que deseja conhecer a verdade, precisa estar absolutamente certo de suas intenções. Se estas consistem em procurar a segurança, o conforto, então e bem evidente que ele não deseja a verdade; porque a verdade pode ser uma das coisas mais devastadoras e desconfortáveis. 

O homem que busca o conforto, não deseja a verdade: deseja apenas segurança, proteção, um refúgio onde não seja perturbado. Já o homem que busca a verdade, tem de, abrir a porta às perturbações, às tribulações; porque só nos momentos de crise há o estado de alerta, há vigilância, ação. 
 
Só então aquilo que É pode ser descoberto e compreendido.
 
J. Krishnamurti
http://ventosdepaz.blogspot.com
 

quarta-feira, 28 de abril de 2021

 A  L  E  R  T  A


Vivemos dias muito difíceis e desafiadores para o comportamento ético. Uma onda de loucura varre a sociedade que parece haver perdido o rumo. Agressividade e angústia são os efeitos do desconforto moral que assola, como insatisfação e desconfiança.

Os distúrbios morais e condutas alucinadas tornam-se efeitos imediatos do vazio existencial, que domina o mundo intelectualizado e sob o controle da tecnologia de ponta.

As notícias velozes apresentam maior índice de desespero e crime, de descontrole comportamental que portadoras de esperanças apaziguadoras. A cada instante estoura um escândalo mais perturbador do que aquele que o precedeu.

A visão do futuro é pessimista e a necessidade de gozar de imediato é cada vez mais imposta pelas circunstâncias aziagas.

Pergunta-se o que está acontecendo com a criatura humana? Quais os valores éticos que podem servir de sustentação íntima, neste momento de indecisões e aventuras?

O ser humano é algo mais do que a argamassa celular, e enquanto a conduta materialista domine-lhe o pensamento, somente lhe são válidos o prazer sensual, hedonista e o exibicionismo egoico, mediante os quais se apresenta, ocultando os conflitos que o atormentam.

Ninguém consegue ser pleno, enquanto esteja sob a constrição narcisista que o afasta da convivência social ou propele-o com propósito exibicionista.

Faz-se necessária reflexão em torno do sentido da vida, que tem caráter de imortalidade.

Embora os esforços contrários do materialismo e do utilitarismo, o ser é indestrutível, tornando-se fundamental a sua conduta intelecto-moral durante a jornada terrestre.

Os fatos imoralistas são comprovados amiúdo em toda parte, demonstrando a grandeza da vida e o sentido existencial.

A nova é a mesma ética platônica a respeito do dever retamente cumprido, que faculta a consciência de paz e a solidariedade como forma digna de sobrevivência.

Ninguém consegue ser feliz isolado, tampouco no tumulto das paixões asselvajadas.

A evolução antropológica vem erguendo o ser humano das exclusivas manifestações dos instintos primários para as experiências da emoção superior, à medida que avança com a tecnologia para a condição de homus virtualis, no qual praticamente nos encontramos.

Mesmo os indivíduos que não têm formação espiritualista ou não a desejam, faz-se-lhes urgente a mudança de conduta em forma de equilíbrio e respeito à vida nas suas diversas expressões, como manifestação de cultura e de sabedoria.

A vida humana é o período evolutivo mais nobre do processo evolutivo, que não lhe constitui etapa final.

O nosso alerta baseia-se na experiência do equilíbrio moral e comportamental, construindo uma sociedade pacífica e edificante.

 
Divaldo Franco
http://www.caminhosluz.com.br

 LIBERDADE DO APEGO À DOR

Compreendendo as causas do sadomasoquismo nos relacionamentos íntimos como nas estruturas sociais  

Nota Editorial 

A vida implica um certo sofrimento. “Pain” ou “Dukkha” corresponde à primeira Nobre Verdade do Budismo. No entanto, existe um apego desnecessário à dor na alma humana, e pode até existir um desejo de causar sofrimento, seja para si mesmo ou para os outros. Esse impulso duplo costuma ser involuntário. Os indivíduos humanos aprendem a se livrar dessas doenças à medida que buscam sabedoria e felicidade. 
 
O masoquismo é totalmente diferente do auto-sacrifício. Uma renúncia generosa ao conforto pertence ao eu superior e implica uma indiferença à dor ou ao prazer pessoal. Essa atitude estóica é ética e filosoficamente correta. É teosófico. Ele produz equilíbrio. O apego ou rejeição à dor ou ao prazer, por outro lado, são expressões de ignorância espiritual e ameaçam o equilíbrio emocional do indivíduo. 
 
Esse conjunto de impulsos doentios está na raiz de todo ódio sistemático entre as nações. Isso explica as guerras, longas e curtas. Isso marca muitos movimentos sociais e conflitos políticos. Está presente nas lutas que envolvem a conquista do “poder político” dentro do movimento teosófico moderno. A devoção religiosa convencional frequentemente tem uma tendência sádica ou masoquista que estimula conflitos religiosos, violência e intolerância, no Oriente Médio e em outros lugares. A satisfação na dor não é exclusivamente social: Erich Fromm mostra que nenhuma família ou casamento se livra facilmente do apego ao sofrimento como causa de falsa satisfação. E a liberdade vem da compreensão de todo o seu processo. 
 
O texto a seguir, de Erich Fromm, é um fragmento de seu extraordinário livro de 1941, “Escape from Freedom”. [1] Ele discute o “prazer” individual e coletivo envolvido em infligir dor aos outros ou em sentir dor a si mesmo. 
 
Para tornar mais fácil uma leitura mais profunda, dividimos os parágrafos mais longos em outros mais curtos. 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
Liberdade do apego à dor 
 
Erich Fromm 
 
O primeiro mecanismo de fuga da liberdade com o qual irei lidar é a tendência de desistir da independência de seu próprio eu individual e fundir-se com alguém ou algo fora de si para adquirir a força que falta ao eu individual . Ou, em outras palavras, buscar novos “vínculos secundários” em substituição aos vínculos primários perdidos. 
 
As formas mais distintas desse mecanismo são encontradas na luta por submissão e dominação ou, como preferiríamos dizer, nas lutas masoquistas e sádicas, visto que existem em graus variados em pessoas normais e neuróticas, respectivamente. Devemos primeiro descrever essas tendências e, em seguida, tentar mostrar que ambas são uma fuga de uma solidão insuportável. 
 
As formas mais frequentes de manifestações masoquistas são sentimentos de inferioridade, impotência, insignificância individual. A análise de pessoas obcecadas por esses sentimentos mostra que, embora se queixem conscientemente desses sentimentos e desejem se livrar deles, inconscientemente algum poder dentro de si os leva a se sentirem inferiores ou insignificantes. Seus sentimentos são mais do que realizações de deficiências e fraquezas reais (embora geralmente sejam racionalizados como se o fossem); essas pessoas mostram uma tendência a se rebaixar, a se enfraquecer e a não dominar as coisas. 
 
Com bastante regularidade, essas pessoas mostram uma dependência acentuada de poderes externos a elas mesmas, de outras pessoas, instituições ou natureza. Eles tendem a não se afirmar, a não fazer o que querem, mas a se submeter às ordens factuais ou alegadas dessas forças externas. Freqüentemente, eles são incapazes de experimentar o sentimento “eu quero” ou “eu sou”. A vida, como um todo, é sentida por eles como algo avassaladoramente poderoso, que não podem dominar ou controlar. 
 
Nos casos mais extremos - e são muitos - encontra-se ao lado dessas tendências a se depreciar e a se submeter a forças externas uma tendência a se machucar e a fazer-se sofrer. 
 
Essa tendência pode assumir várias formas. Descobrimos que há pessoas que se entregam à auto-acusação e à autocrítica que mesmo seus piores inimigos dificilmente farão contra si. Existem outros, como certos neuróticos compulsivos, que tendem a se torturar com ritos e pensamentos compulsórios. Em certo tipo de personalidade neurótica, encontramos a tendência de adoecer fisicamente e de esperar, consciente ou inconscientemente, por uma doença como se fosse um presente dos deuses. 
 
Frequentemente, eles incorrem em acidentes que não teriam acontecido se não houvesse no trabalho uma tendência inconsciente para incorre-los. Essas tendências dirigidas contra si mesmas são frequentemente reveladas de formas ainda menos evidentes ou dramáticas. Por exemplo, há pessoas que são incapazes de responder a perguntas de um exame quando as respostas são bem conhecidas por eles no momento do exame e mesmo depois dele. Há outros que dizem coisas que antagonizam aqueles que amam ou de quem dependem, embora na verdade se sintam amistosos com eles e não tenham a intenção de dizer essas coisas. Com essas pessoas, é quase como se estivessem seguindo o conselho de um inimigo de se comportar da maneira mais prejudicial a si mesmas. 
 
As tendências masoquistas são frequentemente sentidas como claramente patológicas ou irracionais. Mais frequentemente, eles são racionalizados. Dependência masoquista é concebida como amor ou lealdade, sentimentos de inferioridade como uma expressão adequada de deficiências reais e o sofrimento de alguém como sendo inteiramente devido a circunstâncias imutáveis. 
 
Além dessas tendências masoquistas, o oposto delas, a saber, tendências sádicas, são regularmente encontradas no mesmo tipo de personagens. Eles variam em força, são mais ou menos conscientes, mas nunca faltam. Encontramos três tipos de tendências sádicas, mais ou menos intimamente ligadas. Uma é tornar os outros dependentes de si mesmo e ter poder absoluto e irrestrito sobre eles, de modo a torná-los nada mais que instrumentos, "barro nas mãos do oleiro". 
 
Outra consiste no impulso não apenas de governar os outros desta maneira absoluta, mas de explorá-los, usá-los, roubá-los, estripá-los e, por assim dizer, incorporar qualquer coisa comestível neles. Esse desejo pode se referir tanto a coisas materiais quanto imateriais, como as qualidades emocionais ou intelectuais que uma pessoa tem a oferecer. 
 
Um terceiro tipo de tendência sádica é o desejo de fazer os outros sofrerem ou de vê-los sofrer. Esse sofrimento pode ser físico, mas na maioria das vezes é mental. Seu objetivo é ferir ativamente, humilhar, constranger os outros ou vê-los em situações constrangedoras e humilhantes.

As tendências sádicas por razões óbvias são geralmente menos conscientes e mais racionalizadas do que as tendências masoquistas socialmente mais inofensivas. Frequentemente, eles são inteiramente encobertos por formações reativas de excesso de bondade ou preocupação excessiva com os outros. Algumas das racionalizações mais frequentes são as seguintes: “Eu te governo porque sei o que é melhor para você e, no seu próprio interesse, você deve me seguir sem oposição”. Ou, “Eu sou tão maravilhoso e único, que tenho o direito de esperar que outras pessoas se tornem dependentes de mim”. 
 
Outra racionalização que muitas vezes cobre as tendências de exploração é: "Eu fiz muito por você e agora tenho o direito de tirar de você o que eu quiser." 
 
O tipo mais agressivo de impulsos sádicos encontra sua racionalização mais frequente em duas formas: "Fui ferido por outros e meu desejo de feri-los nada mais é do que retaliação", ou "Ao atacar primeiro, estou defendendo a mim mesmo ou a meus amigos contra os perigo de se machucar ”. 
 
Há um fator na relação da pessoa sádica com o objeto de seu sadismo que muitas vezes é negligenciado e, portanto, merece ênfase especial aqui: sua dependência do objeto de seu sadismo. 
 
Embora a dependência da pessoa masoquista seja óbvia, nossa expectativa em relação à pessoa sádica é justamente o contrário: ele parece tão forte e dominador, e o objeto de seu sadismo tão fraco e submisso, que é difícil pensar no forte como sendo dependente daquele sobre quem ele governa. E, no entanto, uma análise detalhada mostra que isso é verdade. 
 
O sádico precisa da pessoa sobre quem governa, precisa muito dela, pois seu próprio sentimento de força está enraizado no fato de que ele é o senhor de alguém. Essa dependência pode ser totalmente inconsciente. Assim, por exemplo, um homem pode tratar sua esposa de forma muito sádica e dizer-lhe repetidamente que ela pode sair de casa a qualquer dia e que ele ficaria muito feliz se ela o fizesse. Frequentemente, ela ficará tão arrasada que não ousará fazer uma tentativa de ir embora e, portanto, os dois continuarão a acreditar que o que ele diz é verdade. 
 
Mas se ela reunir coragem suficiente para declarar que o deixará, algo totalmente inesperado para os dois pode acontecer: ele ficará desesperado, terá um colapso e implorará para que ela não o deixe; ele dirá que não pode viver sem ela e declarará o quanto a ama e assim por diante. Normalmente, por ter medo de se afirmar de qualquer forma, ela estará propensa a acreditar nele, mudar sua decisão e ficar. Nesse ponto, a peça começa novamente. Ele retoma seu antigo comportamento, ela acha cada vez mais difícil ficar com ele, explode de novo, ele desmorona de novo, ela fica, e assim por diante muitas vezes. 
 
Existem milhares e milhares de casamentos e outros relacionamentos pessoais nos quais esse ciclo se repete continuamente, e o círculo mágico nunca é rompido. Ele mentiu quando disse que a amava tanto que não poderia viver sem ela? No que diz respeito ao amor, tudo depende do que se entende por amor. No que diz respeito a sua afirmação de que ele não poderia viver sem ela, é - claro que não interpretando literalmente - perfeitamente verdade. Ele não pode viver sem ela - ou pelo menos sem outra pessoa que ele sente ser o instrumento indefeso em suas mãos. 
 
Enquanto em tal caso os sentimentos de amor aparecem apenas quando o relacionamento ameaça ser dissolvido, em outros casos a pessoa sádica “ama” claramente aqueles sobre os quais sente poder. Seja sua esposa, seu filho, um ajudante, um garçom ou um mendigo na rua, existe um sentimento de “amor” e até de gratidão por aqueles objetos de sua dominação. Ele pode pensar que deseja dominar a vida deles porque os ama muito. Na verdade, ele os “ama” porque os domina. Ele os suborna com coisas materiais, com elogios, garantias de amor, a exibição de inteligência e brilho, ou mostrando preocupação. Ele pode dar-lhes tudo - tudo, exceto uma coisa: o direito de ser livre e independente. 
 
Essa constelação costuma ser encontrada principalmente no relacionamento entre pais e filhos. Lá, a atitude de dominação - e propriedade - é frequentemente encoberta pelo que parece ser a preocupação “natural” ou sentimento de proteção por uma criança. A criança é colocada numa gaiola dourada, pode ficar com tudo desde que não queira sair da gaiola. O resultado disso é muitas vezes um profundo medo do amor por parte da criança quando ela crescer, pois “amar” para ela implica ser capturado e bloqueado em sua própria busca pela liberdade. 
 
NOTA: 
 
[1] “Escape from Freedom”, de Erich Fromm, Rinehart & Company, New York - Toronto, 1941, 305 pp. O fragmento está nas pp. 141-147 e pertence ao item “Autoritarismo”, que faz parte do capítulo V, intitulado “Mecanismos de Fuga”. Comparamos a edição de 1941 com a edição de 1965 de “Escape from Freedom”, Avon Books, Discus Books, 333 pp.
  
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Nota do postador: Texto original em inglês traduzido pelo https://translate.google.com.br