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quinta-feira, 7 de outubro de 2021

 SOBRE A CURA - Parte I

Como buscar a cura

Existem basicamente três modos de buscar a cura. O primeiro é usar medicamentos e cirurgias próprios da medicina. O segundo é tratar-se por meio de técnicas da psicologia, o que implica reconhecer os próprios conflitos e resolvê-los em nível mental, emocional ou etérico-físico. Esses dois modos podem ajudar, mas são de fato efetivos só quando empregados simultaneamente com o terceiro; caso contrário, são paliativos, porque não removem a causa profunda, oculta, do desequilíbrio — apenas eliminam efeitos.
 
O terceiro modo de buscar a cura, não reconhecido por muitos, é conectar-se com os níveis internos do próprio ser e receber deles a energia que proporciona a harmonia e o equilíbrio.
 
Em épocas passadas essa possibilidade era mais rara, porque de modo geral a consciência humana se encontrava identificada em demasia com o mundo concreto. Éramos muito dependentes dos meios paliativos de cura. Mas agora essa possibilidade está mais acessível, visto ter a humanidade atingido um ponto de desenvolvimento que permite às pessoas entrar em contato com seu próprio núcleo espiritual.
 
Assim, o que temos de fazer é perder as resistências a essa conexão e querê-la acima de tudo. Com a vontade e com a mente, construímos aos poucos a ponte que nos levará a níveis profundos, onde a cura existe. 
 
Se mantemos a intenção firme e a mente concentrada nela com fidelidade, o contato começa a formar-se ou, quando já existente, a fortalecer-se.
 
 
Obstáculos à cura
 
Antigamente quase todos os seres humanos precisavam de alimentos de origem animal, porque seus corpos viviam num estado mais denso. Entretanto, os que se sutilizaram no decorrer de suas encarnações através dos milênios superaram tal necessidade. Hoje em dia a maior parte dos alimentos de origem animal podem ser deixados de lado, pois, além de desnecessários para quem iniciou a própria purificação, dificultam o contato com os níveis profundos da consciência, de onde vêm a saúde e o equilíbrio. 
 
Quando ingerimos carne, ela entra em putrefação em nosso organismo antes mesmo de ser eliminada. As energias mais sutis veem-se então impedidas de nos permear, porque nossos meios internos de absorção ficam obstruídos com esse material putrefato e restritos ao que vem do mundo externo.
 
Além do mais, quem se alimenta de carne colabora para a perpetuação do sofrimento humano, devido à lei do carma. É que, segundo essa lei, no universo toda ação gera reação igual e contrária. Assim, uma das causas das doenças físicas e psíquicas que acometem a humanidade é a matança de animais perpetrada continuamente. Temos de pactuar o menos possível com essa matança se quisermos equilibrar o pesado carma da humanidade como um todo e também o nosso, individual.
 
Outro fator que dificulta a conexão com os níveis superiores é a ação egoísta: querer saúde para benefício próprio, por exemplo. Se almejamos a saúde apenas para nos sentir bem, tendemos a afastar os efeitos; então tomamos analgésicos ou fazemos uso de outros paliativos sem enfrentar a causa da dor, portanto, sem resolvê-la. Removemos os incômodos, mas sua raiz permanece, embora escondida por algum tempo.
 
Outra é a situação quando queremos saúde para servir melhor, para ser mais úteis. É então que as forças superiores do universo começam a atuar em nós, e realmente nos curamos. 
 
Observemos o Sol: ele não guarda calor para si. Pelo contrário, irradia continuamente seus raios e permite a vida na Terra sem esperar nada em troca, sem vigiar o que fazemos com o calor que nos doa. Sempre que agirmos com o mesmo espírito, conheceremos o estado sublime da fraternidade, da doação incondicional, do amor impessoal. Transcenderemos os aspectos humanos do nosso ser e descobriremos o que há nele de mais universal.
 
 
A cura de crianças
 
Para as crianças o caminho da cura não é diferente do seguido pelos adultos. Só que elas têm o eu espiritual menos encarnado, pois o seu corpo físico, o emocional e o mental ainda estão em formação.
 
O processo encarnatório do ser humano em geral se completa por volta dos 21 anos. Colaborar com a cura de alguém que ainda não chegou a essa idade é, portanto, prover meios de seu eu interno encarnar com mais harmonia no mundo concreto e participar dele de maneira construtiva.
 
É claro que cada caso é único e incomparável a outros, e que as enfermidades, sejam de crianças, sejam de adultos, precisam de acompanhamento médico. Mas combater a enfermidade sem compreendê-la, mesmo com a ajuda de médicos, significa adiar um problema.
 
A febre, por exemplo, costuma ser um meio utilizado pelo eu espiritual da criança para eliminar substâncias às vezes hereditárias e dispensáveis à sua trajetória na Terra. Portanto, cortar abruptamente uma febre em alguns casos pode frustrar a transmutação de certas impurezas.
 
Descobrimos como ajudar uma criança doente se nos conectamos com nosso próprio eu espiritual e se consideramos a criança, por sua vez, um eu espiritual. Feito isso, do nosso mundo interior é transmitida para nós a vontade do eu espiritual da criança, e assim podemos ajudá-la a cumpri-la. Mas não pode haver, de nossa parte, possessividade pela criança e tampouco suposições sobre o que se passa com ela.

Pode ocorrer também que, realizada essa conexão, outro seja o agente que venha prestar ajuda. Certa vez assisti a um caso curioso. A mãe de um menino doente disse-me que não sabia mais o que fazer para ajudar o filho a curar-se. Respondi-lhe que sintonizasse com o seu eu superior e que tivesse fé. No dia seguinte, o pediatra, que era alopata, disse-lhe: “Como já tentamos tudo e não deu certo, vamos tentar outra coisa?”, e propôs um tratamento naturista, numa orientação inesperada e diferente da habitual. A mãe ficou surpreendida, pois tal proposta em situação normal jamais viria daquele médico. Era evidente que ele respondia, sem saber, ao apelo que a mãe havia feito ao eu superior.
 
O eu espiritual pode, como nesse caso, usar uma pessoa próxima a nós para indicar-nos a direção correta. Para colaborarmos nesses casos, temos de desenvolver a impessoalidade e saber que não importa quem é o escolhido como instrumento para esclarecer-nos; cabe-nos reconhecer o trabalho a ser feito sem aplicar resistências aos meios ou aos ajudantes que nos estão sendo concedidos.
 
José Trigueirinho Netto - Do livro "Três Processos de Cura"

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