A FAMÍLIA É ABSOLUTAMENTE CONTRA O ESPÍRITO REBELDE
A família é a causa raiz de todas as neuroses. Nós temos que entender a
estrutura psicológica da família, o que ela causa à consciência humana.
A primeira coisa é: ela condiciona a criança a certa ideologia
religiosa, a um dogma político, a alguma filosofia, a alguma teologia. E
a criança é tão inocente, tão receptiva, tão vulnerável que ela pode
ser explorada. Ela ainda não pode dizer não, e mesmo que soubesse
dizer não, não diria porque ela é muito dependente de sua família,
absolutamente dependente. Ela é tão desamparada que tem que concordar
com a família, com qualquer tipo de insensatez que a família queira que
ela concorde. A família não ajuda a criança a perguntar; dá-lhe crenças e
crenças são venenosas.
Uma vez que a criança se torna sobrecarregada de
crenças, suas perguntas se tornam enfraquecidas, paralisadas, suas asas
são cortadas. Quando ela se tornar capaz de perguntar ela estará tão
condicionada que se moverá a cada investigação com um certo preconceito –
e com preconceito sua investigação não será autêntica. Você já está
carregando uma conclusão a priori; está simplesmente buscando provas
para apoiar sua conclusão inconsciente. Você se torna incapaz de
descobrir a verdade.
Por isso existem tão poucos buddhas no mundo: a causa raiz é a família. Toda criança nasce um buddha,
vem com o potencial para alcançar a suprema consciência, para descobrir
a verdade, para viver uma vida de bênção. Mas a família destrói todas
essas dimensões; faz dela um ser totalmente plano.
Cada criança vem com uma tremenda inteligência, mas a família a faz
medíocre, porque viver com uma criança inteligente é problemático. Ela
duvida, ela é cética, ela pergunta, ela é desobediente, ela é rebelde. E
a família quer alguém que seja obediente, pronto para seguir, imitar.
Por isso desde o início a semente da inteligência tem que ser destruída,
quase que completamente exterminada, para que não haja nenhuma
possibilidade de algum broto florescer dela.
É por milagre que poucas pessoas como Zarathustra, Jesús, Lao-Tzu,
Buddha, escaparam da estrutura social, do condicionamento familiar. Eles
parecem ser grandes picos de consciência, mas de fato cada criança
nasce com a mesma qualidade, com o mesmo potencial.
Noventa e nove ponto nove por cento das pessoas podem se tornar buddhas
— apenas a família tem que desaparecer. Senão existirão cristãos,
maometanos, hindus, jainas budistas, mas não Buddhas, não Maomés, não
Mahaviras, isto não será possível. Maomé se rebelou contra suas bases e
Jesus se rebelou contra suas bases. Estes são todos rebeldes – e a
família é absolutamente contra o espírito rebelde.
A humanidade está passando por uma fase muito crítica. Tem que ser
decidido se nós queremos viver de acordo com o passado ou se nós
queremos viver um novo estilo de vida. Chega! Nós tentamos o
passado e seus padrões e todos eles falharam. Já é tempo, amadurecido,
de sair fora das garras do passado e criar um novo estilo de vida na
terra. Para mim, um estilo alternativo é a comunidade – é o melhor.
OSHO
A família, de certo modo, é uma comunidade. Porém, uma comunidade normalmente cármica. Existimos em famílias que precisam equilibrar certos débitos pregressos. Às vezes nos sentimos à parte daquele grupo, que nos dá a impressão de ser constituído por pessoas diferentes como se não tivéssem nada em comum. Mas a família é o início de uma verdadeira vida em comunidade, necessitamos, apenas, equilibrar essas diferenças aceitando e compreendendo o outro como é. O salto evolutivo para uma vida grupal, onde todos vivam com amor e sabedoria será a verdadeira comunidade do futuro. KyraKally