Translate

quinta-feira, 30 de abril de 2015

A FAMÍLIA É ABSOLUTAMENTE CONTRA O ESPÍRITO REBELDE

A família é a causa raiz de todas as neuroses. Nós temos que entender a estrutura psicológica da família, o que ela causa à consciência humana.

A primeira coisa é: ela condiciona a criança a certa ideologia religiosa, a um dogma político, a alguma filosofia, a alguma teologia. E a criança é tão inocente, tão receptiva, tão vulnerável que ela pode ser explorada. Ela ainda não pode dizer não, e mesmo que soubesse dizer não, não diria porque ela é muito dependente de sua família, absolutamente dependente. Ela é tão desamparada que tem que concordar com a família, com qualquer tipo de insensatez que a família queira que ela concorde. A família não ajuda a criança a perguntar; dá-lhe crenças e crenças são venenosas. 
 
Uma vez que a criança se torna sobrecarregada de crenças, suas perguntas se tornam enfraquecidas, paralisadas, suas asas são cortadas. Quando ela se tornar capaz de perguntar ela estará tão condicionada que se moverá a cada investigação com um certo preconceito – e com preconceito sua investigação não será autêntica. Você já está carregando uma conclusão a priori; está simplesmente buscando provas para apoiar sua conclusão inconsciente. Você se torna incapaz de descobrir a verdade.

Por isso existem tão poucos buddhas no mundo: a causa raiz é a família. Toda criança nasce um buddha, vem com o potencial para alcançar a suprema consciência, para descobrir a verdade, para viver uma vida de bênção. Mas a família destrói todas essas dimensões; faz dela um ser totalmente plano.

Cada criança vem com uma tremenda inteligência, mas a família a faz medíocre, porque viver com uma criança inteligente é problemático. Ela duvida, ela é cética, ela pergunta, ela é desobediente, ela é rebelde. E a família quer alguém que seja obediente, pronto para seguir, imitar. Por isso desde o início a semente da inteligência tem que ser destruída, quase que completamente exterminada, para que não haja nenhuma possibilidade de algum broto florescer dela.

É por milagre que poucas pessoas como Zarathustra, Jesús, Lao-Tzu, Buddha, escaparam da estrutura social, do condicionamento familiar. Eles parecem ser grandes picos de consciência, mas de fato cada criança nasce com a mesma qualidade, com o mesmo potencial.

Noventa e nove ponto nove por cento das pessoas podem se tornar buddhas — apenas a família tem que desaparecer. Senão existirão cristãos, maometanos, hindus, jainas budistas, mas não Buddhas, não Maomés, não Mahaviras, isto não será possível. Maomé se rebelou contra suas bases e Jesus se rebelou contra suas bases. Estes são todos rebeldes – e a família é absolutamente contra o espírito rebelde.

A humanidade está passando por uma fase muito crítica. Tem que ser decidido se nós queremos viver de acordo com o passado ou se nós queremos viver um novo estilo de vida. Chega! Nós tentamos o passado e seus padrões e todos eles falharam. Já é tempo, amadurecido, de sair fora das garras do passado e criar um novo estilo de vida na terra. Para mim, um estilo alternativo é a comunidade – é o melhor.

 
 
 
OSHO
 
 
 
A família, de certo modo, é uma comunidade. Porém, uma comunidade normalmente cármica. Existimos em famílias que precisam equilibrar certos débitos pregressos. Às vezes nos sentimos à parte daquele grupo, que nos dá a impressão de ser constituído por pessoas diferentes como se não tivéssem nada em comum. Mas a família é o início de uma verdadeira vida em comunidade, necessitamos, apenas, equilibrar essas diferenças aceitando e compreendendo o outro como é. O salto evolutivo para uma vida grupal, onde todos vivam com amor e sabedoria será a verdadeira comunidade do futuro. KyraKally

quarta-feira, 29 de abril de 2015

O AUTOCONHECIMENTO 
É A MAIOR DAS REBELDIAS


Algumas coisas antes de introduzirmos 
estes sutras de Heráclito.

Primeiro: conhecer a si mesmo é a coisa mais difícil. 
Não deveria ser assim. Deveria ser exatamente o oposto,
a coisa mais simples. Mas não é — por muitas razões. 
Tornou-se tão complicado, pois você investiu tanto na auto-ignorância que parece quase impossível retornar, 
voltar à fonte, encontrar a si mesmo.

Toda a sua vida, tal como ela é, como é aprovada 
pela sociedade, pelo Estado, pela Igreja, está baseada 
na auto-ignorância. Você vive sem se conhecer, 
porque a sociedade não quer que você se conheça. 
É perigoso para a sociedade. Um homem que conhece 
a si mesmo está destinado a ser rebelde.

O conhecimento é a maior das rebeldias — quer dizer,
 o autoconhecimento, não o conhecimento acumulado 
através de escrituras, não o conhecimento encontrado 
nas universidades, mas o conhecimento que acontece 
quando você encontra o seu próprio ser, quando chega 
a si mesmo na sua nudez total; quando você se vê 
como Deus o vê, não como a sociedade gostaria de vê-lo;
quando você vê o seu ser natural, no seu florescimento 
total e selvagem — não o fenômeno civilizado, 
condicionado, educado, polido.

A sociedade está interessada em fazer de você um robô, 
não um revolucionário, porque o robô é mais útil. 
É fácil dominar um robô; é quase impossível dominar 
um homem de autoconhecimento. Como se pode 
 dominar um Jesus? Como se pode dominar 
um Buda ou um Heráclito?

Ele não cederá, não obedecerá ordens. Ele se moverá
 através de seu próprio ser. Será como o vento, 
como as nuvens; ele se moverá como os rios. 
Será selvagem — naturalmente belo, natural, 
mas perigoso para a falsa sociedade. Ele não se ajustará. 
A menos que criemos no mundo uma sociedade natural, 
um Buda continuará sendo sempre um desajustado, 
um Jesus certamente será crucificado.

A sociedade quer dominar; as classes privilegiadas 
querem dominar, oprimir, explorar. Gostaria que você permanecesse completamente inconsciente de si mesmo. 
Esta é a primeira dificuldade. E a pessoa tem de nascer 
numa sociedade. Os pais fazem parte da sociedade, 
os professores fazem parte da sociedade, os padres 
fazem parte da sociedade. A sociedade está em toda parte, 
à sua volta. Parece realmente impossível — como escapar?
Como encontrar a porta que leva de volta à natureza? 
Você está cercado por todos os lados.

A segunda dificuldade vem do seu próprio ser — porque 
você também gostaria de oprimir, de dominar; 
você também gostaria de possuir, de ser poderoso. 
Um homem de autoconhecimento não pode ser escravizado,
 e também não pode escravizar ninguém. Não se pode 
oprimir um homem de conhecimento e um homem 
de conhecimento não pode oprimir ninguém. 
Ele não pode ser dominado e não domina. 
A dominação simplesmente desaparece nessa dimensão. 
Você não pode possuí-lo e ele não possui ninguém.

Ele é livre e ajuda os outros a serem livres.

Esta é uma dificuldade ainda maior do que a primeira. 
Você pode evitar a sociedade, mas como evitar 
o seu próprio ego? Você sente medo — porque um homem 
de conhecimento simplesmente não pensa em termos 
de posse, de domínio, de poder. É inocente como uma criança. 
Ele gostaria de viver totalmente livre, e gostaria
 que os outros também vivessem livres.

Esse homem será uma liberdade aqui neste seu mundo 
de escravidão. Você gostaria de não ser explorado? 
Sim, você responderá, você gostaria de não ser explorado. Gostaria de não ser um prisioneiro? Sim, você gostaria de não ser um prisioneiro. Mas gostaria também da outra coisa? — de não prender ninguém? Não dominar, 
não oprimir e explorar? Não matar o espírito, 
não transformar o outro num objeto? Isso é difícil.

E lembre-se: se você quiser dominar, você será dominado. 
Se você quiser explorar, você será explorado. 
Se você quiser que alguém seja seu escravo, 
você será escravizado. Os dois lados pertencem 
à mesma moeda. Esta é a dificuldade do autoconhecimento. Senão, o autoconhecimento seria a coisa mais simples, 
a mais fácil. Não haveria nenhuma necessidade 
de se fazer qualquer esforço.

Os esforços são necessários para essas duas coisas, 
elas são as barreiras. Observe e veja essas duas barreiras, 
e comece abandonando a sua. Primeiro, pare de dominar, 
de possuir e explorar, e de repente será capaz 
de escapar da armadilha da sociedade.

 
 
Osho, em "A Harmonia Oculta - 
Discursos Sobre os Fragmentos de Heráclito"
 
 
 
 
Para deixar de possuir, primeiro temos que possuir. Para deixar de dominar, primeiro temos que dominar. Para deixar de explorar, primeiro temos que explorar. Sentir as amarguras das consequências dessas atitudes é fundamental para a compreensão e a repulsão de comportamentos incoerentes com a 'Vida", que é amor, partilha, irmandade e unicidade. É necessário passar pelo 'inferno' para chegar ao 'céu'. No paraíso apenas relaxamos (para a próxima jornada), no inferno (mundo das ilusões) aprendemos com o sofrimento, que ainda é um instrumento útil para o crescimento do homem mundano. KyraKally
COMO REALIZAR A MOMENTOSA TRANSIÇÃO REDENTORA?



A angustiosa problemática (tédio, insatisfação, solidão, vazio)
 só terminará quando o homem cruzar a fronteira 
da análise mental e ingressar no reino da intuição espiritual, onde todos os problemas se solvem no mar imenso 
da sapiência cósmica. E isto é redenção. 
Isto é suprema beatitude. Todo problema da redenção 
se resume no processo de ultrapassar a zona 
da análise intelectual, criada e mantida pelo ego luciférico, 
e entrar na zona da intuição espiritual, 
atributo do Eu crístico do homem

Como realizar essa momentosa transição?

Essa transição redentora é, em última análise, 
um processo misterioso, insondável, um carisma ou uma graça, e, sob esse aspecto, não está ao nosso alcance;
 é-nos dada por Deus. 

Mas essa doação divina depende da presença 
de certas condições humanas. 

A graça é de graça, livre, gratuíta — mas não é arbitrária. 

As condições preliminares do seu advento estão ao alcance do homem — são a nossa fé, a nossa atitude propícia, o nosso ambiente convidativo. A ausência dessas condições impede a atuação da graça, a sua presença torna possível essa atuação. 

Logo, está nas mãos de qualquer pessoa humana ser remida 
ou não, entrar no reino da beatitude ou ficar do lado de fora.
 É questão de cumprir ou não cumprir as condições necessárias. O resto vem por si mesmo.

  Como realizar essa integração?

Pela mística e pela ética.

E, como esta prepara o caminho para aquela, 
deve o homem começar, praticamente, pela ética. 
Deve levar uma vida dedicada à verdade, à justiça, 
ao amor, à benevolência, à solidariedade.

Essa permanente atitude ética é uma declaração de guerra 
ao ego e a todos os seus ídolos e fetiches, guerra à cobiça,
 à luxúria, ao orgulho, à gula, à maledicência, 
à desonestidade, à toda espécie de suscetibilidade 
que levam o homem profano a sentir-se, a cada momento, ofendido, preterido, menosprezado, etc.
 
É condição preliminar indispensável que o candidato 
à redenção aprenda a controlar os seus pensamentos e desejos. O cérebro e o coração do homem comum são praça pública, profanada por todos os transeuntes e vagabundos; 
transformar em santuário essa praça exige árdua luta. 
Quem não quiser pagar o preço desta luta não pode ser remido. Mas, quem o pagar verificará, depois de algum tempo, que vale a pena, que a verdadeira vida feliz começa nesse ponto.
 
 No meio desse clima propício de pureza ética 
e silêncio universal consegue o candidato à redenção
 ingressar na zona da consciência espiritual
que é essencialmente anônima, embora os homens
 lhe deem muitos nomes — meditação, contemplação, etc. 


Huberto Rohden



Todos aqueles que realizaram ou tentaram realizar essa transição nos advertem sobre a observação dos pensamentos e desejos. Não é fácil, principalmente para o homem comum, que está preso às malhas do ego e move-se através de realizações pessoais. É uma luta, mas uma luta sã. Em verdade estamos aqui para compreender que se não 'matarmos' esse homem profano não ingressaremos "na zona da consciência espiritual". Essa é a grande e árdua transição: Renascer renovado para a espiritualidade, mesmo vivendo no mundo, mas sem pertencer ao mundo. KyraKally

terça-feira, 28 de abril de 2015

TRANSBORDE !


 Se seu coração não canta e dança, 
você não está vivendo de fato, está apenas se arrastando - cumprindo certos deveres, passando por certos rituais, controlando e mantendo uma fachada.
 
Mas no fundo há um vazio e uma grande agitação, 
porque você sabe, na parte mais íntima do coração, 
que a vida ainda não se realizou, 
que você ainda não conseguiu cantar sua canção.
 
Todas as pessoas nascem com uma canção, 
 uma canção própria, e, a menos que a cantem, 
a vida delas não se realiza.
 
Olhe uma árvore quando floresce 
e você verá em torno dela um grande contentamento 
e um grande júbilo.
 
Ela está dançando porque chegou em casa, 
cumpriu a tarefa que lhe foi confiada. 
Não está mais vazia, está transbordando.
 
As flores só surgem quando a árvore transborda, 
e as canções também só aparecem 
quando a pessoa transborda.
 

Osho



Sejamos, então, como uma bela e maravilhosa árvore, repleta de flores, cores e perfume. Materializemos, pois, este formoso quadro e junto com ele a nossa música,  o nosso canto de louvor e agradecimento por estarmos aqui, neste planeta, neste momento,  vibrando unidos numa única sinfonia. KyraKally

LUZ NO CAMINHO - Parte 2


      Deseja unicamente o que está em ti.

          Deseja unicamente o que está fora de teu alcance.

                      Deseja unicamente o que é inatingível.


Porque em ti está a luz do mundo, a única luz que pode ser projetada sobre o caminho. Se és incapaz de percebe-la dentro de ti, é inútil que a procures em outra parte. Está fora do teu alcance, porque, quando chegares a ela, já não te encontrarás a ti mesmo. É inatingível, porque retrocede sempre. Estarás no seio da luz, mas nunca tocarás a chama.

    
Deseja ardentemente o poder.

                 Deseja ardentemente a paz.

                               Deseja as possessões acima de tudo.


Mas estas possessões devem pertencer à alma pura e, consequentemente, devem ser possuídas igualmente por todas as almas puras, sendo, assim, a propriedade especial do todo que, unidas, constituem. Anela as possessões próprias da alma pura, a fim de que possas acumular riquezas para aquele espírito comum de vida, que é o teu único ser verdadeiro. A paz que deves desejar é aquela paz sagrada que nada pode perturbar, e no seio da qual cresce como a flor santa no seio das lagoas imóveis. É esse o poder que deve aspirar o discípulo, o poder que o fará aparecer como nada os olhos dos homens.

       
            Procura o caminho.
 

Estas três palavras parecerão, talvez, muito insignificantes para constituir por si só uma indicação E não te apresses a passar adiante. Detém-te e medita um pouco. É realmente o caminho que desejas, ou é que a tua fantasia te oferece uma vaga perspectiva de elevadas alturas para escalar, ou um grande futuro para para abarcar? Tem presente a advertência. O caminho há de ser buscado por ser o caminho, e sem ter em conta os teus pés que o devem percorrer. É preciso estar seguro de que se escolheu o caminho pelo caminho mesmo. O caminho e a verdade vêm primeiro; logo após segue a vida.

              

                Busca o caminho, retirando-te para o interior.

                                   Busca o caminho, 

                avançando resolutamente para o exterior.

 

Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via Busca-o, mas não em uma direção única. Para cada temperamento existe uma via que parece a mais desejável. Porém, só pela devoção não se encontra o caminho, nem pela mera contemplação religiosa, nem pelo ardor de progresso, nem pelo laborioso sacrifício de si mesmo, nem pela estudiosa observação da vida.
 
Nenhuma destas coisas por si só faz adiantar ao buscador mais que um passo. Todos os degraus são necessários para subir a escada, um a um, à proporção que vão sendo dominados. As virtudes do homem são, em verdade, degraus necessários, dos quais não se pode prescindir de modo algum. Entretanto,  ainda que criem uma bela atmosfera e futuro feliz, são inúteis, se estão isoladas. A natureza toda do homem deve ser sabiamente empregada por aquele que deseja entrar no caminho. 

Cada homem é absolutamente para si mesmo o caminho, a verdade e a vida. Só o é, porém, quando domina firmemente toda a sua individualidade, e quando, pela energia de sua acordada espiritualidade, reconhece que esta individualidade não é ele mesmo, mas uma coisa que ele criou trabalhosamente para seu uso e por cujo meio se propõe, à proporção que o seu crescimento desenvolve lentamente a sua inteligência, alcançar a vida além da individualidade. Quando sabe que para isto existe a sua assombrosa vida complexa e separada, então em verdade, e só então, se acha no caminho. 

Busca-o submergindo-te nas misteriosas e esplêndidas profundidades do mais íntimo de teu ser. Busca-o provando toda a experiência, utilizando os sentidos a fim de compreender o desenvolvimento e a obscuridade desses outros fragmentos divinos que contigo e a teu lado combatem e que formam a raça a qual pertences. 

Busca-o estudando as leis do ser, as leis da natureza, as leis do sobrenatural: e busca-o prosternando a tua alma ante a pequena estrela que arde no interior. Enquanto vigias e adoras com perseverança, a sua luz irá sendo cada vez mais brilhante. Então poderás reconhecer que encontraste o começo do caminho. E quando chegares ao fim, a sua luz se converterá subitamente em luz infinita.

Busca-o provando toda a experiência, e não te esqueças de que, ao dizer isto, não digo: cede Às seduções dos sentidos a fim de conhece-las. Antes de converter-te em ocultista, podes faze-lo, porém não depois. Uma vez que tenhas escolhido o caminho e nele penetrado, já não podes, sem receio, ceder a tais seduções. Podes experimentá-las sem horror, podes observa-las, medi-las, analisa-las e esperar, com paciência e confiança, a hora em que nenhuma impressão causem em ti.

Mas não condenes o homem que cede; estende-lhe a mão como a um teu irmão peregrino, cujos pés se tornaram pesados de lama. Tem presente – ó discípulo! – que, por grande que seja o abismo que existe entre o homem virtuoso e o pecador, é ainda maior entre o homem virtuoso e aquele que obteve o conhecimento; e que é incomensurável entre o homem virtuoso e aquele que se acha nos umbrais da divindade. Portanto, guarda-te de imaginar, antes do tempo, que és alguma coisa distinta da massa.

Quando houveres encontrado o começo do caminho, a estrela da tua alma deixará ver sua luz e, com sua claridade, perceberás quão grande é a escuridão no meio da qual brilha. A mente, o coração, o cérebro, tudo está escuro e em trevas, até que se tenha ganho a primeira batalha. Mas não deixes, por isso, que o espanto e o temor te dominem; mantém teus olhos fixos na pequena luz e esta irá crescendo. Porém, faze com que a escuridão interior te ajude a compreender a desolação daqueles que não viram luz alguma e cujas almas estão sumidas em profundas trevas.
 

Não os censures nem te apartes deles; antes, pelo contrário, procura aliviar algum tanto o pesado Karma que ao mundo oprime; presta a tua ajuda aos poucos braços vigorosos que impedem as potências das trevas de obter uma completa vitória. Agindo desta forma, começarás a participar da felicidade, que, em verdade, acarreta um terrível trabalho e uma tristeza profunda, porém que é também um manancial de delícias sem fim.




Texto extraído do livro de Mabel Collins,
 Luz no Caminho



" Aqueles a quem este livro está destinado, reconhecerão seu significado interno e, depois de o haver compreendido, já não voltarão a ser os mesmos de outrora. Disse o poeta: “Por onde eu passo, todos os meus filhos me reconhecem”, e assim, todos os Filhos da Luz reconhecerão este livro como para eles. Quanto aos outros, só podemos dizer-lhes que, a seu tempo, estarão prontos para esta grande mensagem".


segunda-feira, 27 de abril de 2015

LUZ NO CAMINHO - parte 1


Antes que os olhos possam ver, 
devem ser incapazes de lágrimas. 
Antes que o ouvido possa ouvir, 
deve ter perdido a sensibilidade. 
Antes que a voz possa falar em presença dos Mestres, 
deve ter perdido a possibilidade de ferir. 
Antes que a alma possa erguer-se em presença 
dos Mestres, é necessário que seus pés
tenham sido lavados no sangue do coração.


Mata a ambição. A ambição é o primeiro defeito, 
a grande tentadora do homem, que se eleva acima 
de seus semelhantes. É a forma mais simples 
de procurar a recompensa. É ela que, continuamente,
 desvia o homem de suas possibilidades superiores. 


Entretanto, é um instrutor necessário. 
Os seus resultados convertem-se em pó e cinza na boca; 
como a morte e o retraimento, demonstra, finalmente, 
ao homem, que trabalhar para si  é trabalhar 
para uma decepção inevitável.


Mesmo quando lhe pareça tão fácil 
e singela, não a considereis levianamente, 
porque estes vícios do homem ordinário
 sofrem uma transformação
sutil e reaparecem sob outro aspecto 

no coração do discípulo.


O artista puro, que trabalha por amor à sua obra, 
está algumas vezes mais firmemente colocado 
no verdadeiro caminho do que imagina haver apartado 
de si o interesse próprio, porém que,
em realidade, apenas alargou os limites da experiência 
e do desejo e transferiu os seus interesses a coisas relacionadas com a sua maior expansão de vida.


Mata o desejo de viver. Mata o desejo de conforto.
O mesmo princípio se aplica a estas duas citações,
 de aparência tão simples. Fixa a tua atenção nelas e não te deixes enganar facilmente pelo teu próprio coração; 
pois agora, no limiar, um erro pode remediar-se. 
Mas, se o levas contigo, crescerá e dará frutos, 
e então terás que sofrer amargamente ao destruí-lo.


Trabalha como trabalham os que são ambiciosos. 
Respeita a vida como fazem os que a desejam.
 Sê tão feliz como os que vivem para a felicidade.
Procura em teu coração o raiz do mal e arranca-a,
esta raiz vive no coração do homem fervoroso, 
tanto quanto no homem de desejos. 


Somente o forte pode destruí-la. O fraco tem que esperar 
seu crescimento, sua frutificação e sua morte.
É esta planta que vive e se desenvolve através das idades. Floresce quando o homem acumulou 
em si existências inumeráveis.


Mas lembra-te que tens que passar por esta prova 
e reforçar as energias de tua alma para tal empresa. 
Não vivas nem no presente nem no futuro, 
mas sim no eterno. Ali não pode florescer esta erva gigantesca; a própria atmosfera do pensamento eterno 
apaga esta mancha da existência.


Mata todo sentimento de separatividade.
 Não imagines que pode separar-te do homem malvado 
ou do insensato. Eles são tu mesmo, se bem que 
em menor grau do que o teu amigo ou teu mestre.
 Mas, se deixas arraigar-se em ti a ideia de separação 
de qualquer coisa ou pessoa má, ao agires assim, 
crias Karma que te ligará àquela coisa ou pessoa,
 até que tua alma reconheça que não pode estar isolada. 


Relembra que o pecado e o opróbrio do mundo 
são teu pecado e teu opróbrio, porque fazes parte 
desse mundo; o teu Karma está entretecido de um modo intrincado com o grande Karma. E antes que tenhas 
obtido o conhecimento, é preciso que hajas passado
por todos os lugares, tanto imundos como puros.


Portanto, tem presente que o vestuário manchado, 
cujo contato te repugne hoje, pode ter sido o teu de ontem, 
ou talvez o seja amanhã. E se, horrorizado,
dele apartas o olhar, uma vez lançado sobre teus ombros, 
mais aderirá a ti. O homem que se crê justo prepara para si mesmo um leito de lodo. Abstém-te, não para permaneceres limpo, mas porque abster-te é um dever.


Mata o desejo de sensação. Mata a sede de crescimento. Entretanto, mantém-te só e isolado, 
porque nada de quanto tem consciência da separação, 
nada de quanto não seja eterno, pode vir em teu auxílio. 
Estuda a sensação e observa-a, 
porque unicamente assim podes começar 
a ciência do conhecimento próprio e colocar 
o pé no primeiro degrau da escada.
 


Cresce como a flor, inconscientemente, mas ardendo 
em ânsias de entreabrir sua alma à brisa. 
Assim é como deves avançar: abrindo tua alma ao eterno. 
Mas há de ser o eterno o que deve desenvolver a tua força 
e a tua beleza, e não o desejo de crescimento. 
Porque, no primeiro caso, florescerás com a
louçania da pureza, e no outro te endurecerás com 

a avassaladora paixão da importância pessoal.




Texto extraído do livro de Mabel Collins,
Luz no Caminho





"Para alguns, este pequeno livro será a primeira revelação daquilo que estiveram procurando às cegas durante toda a sua vida. Para outros, será o primeiro pedaço do pão espiritual dado para satisfazer a fome da alma. Para muitos será o primeiro copo d’água da fonte da vida, dado para apagar a sede que os consumia".




O AMOR

E alguém disse:
Fala-nos do Amor:

- Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem
vos possa ferir.

E quando vos falar, acreditai nele;
apesar de a sua voz
poder quebrar os vossos sonhos
como o vento norte ao sacudir os jardins.

Porque assim como o vosso amor
vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes
sacudindo o seu apego à terra.

Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo
para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.

Então entrega-vos ao seu fogo,
para poderdes ser
o pão sagrado no festim de Deus.

Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos
do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes
o coração da Vida.

Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez
e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos, e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.

O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.

O amor não possui
nem quer ser possuído.

Porque o amor basta ao amor.

E não penseis
que podeis guiar o curso do amor;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.

O amor não tem outro desejo
senão consumar-se.

Mas se amarem e tiverem desejos,
deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato corrente
a cantar a sua melodia à noite.

Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,
e sangrar de bom grado e alegremente.

Acordar de manhã com o coração cheio
e agradecer outro dia de amor.

Descansar ao meio dia
e meditar no êxtase do amor.

Voltar a casa ao crepúsculo
e adormecer tendo no coração
uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.




Khalil Gibran 






Quando li este poema pela primeira vez era uma adolescente, vibrante, os hormônios estavam a mil circulando por todo o corpo, claro que entendi tudo errado. Naturalmente Khalil estava, quando o compôs, exaltando o verdadeiro amor, que nos arrebata, nos torce e distorce, modifica toda a ótica que temos sobre a vida, que a paixão não é o verdadeiro amor, e sim o êxtase que nos impulsiona quando as miríades da energia amorosa flui por todo nosso ser. Quando o amor incondicional se faz presente em nós compreendemos muitos mistérios e o nosso viver se torna essa volta "a casa ao crepúsculo..." esse adormecer suave e uma prece constante ressoando no mais profundo do ser: "Meu Pai eu Te amo, amai a mim, Teu filho pródigo, pois, finalmente, estou regressando ao Lar". KyraKally

domingo, 26 de abril de 2015

ABANDONAR A CABEÇA É 
UMA DAS COISAS MAIS DIFÍCEIS



Estou aqui vivendo num mundo alienígena e estranho.
 Gostaria de dar a vocês muitas coisas mas não posso,
 porque vocês próprios resistiriam. 
Gostaria de fazê-los perceber muitas coisas em seus seres, 
mas vocês se voltariam contra mim. 
Tenho que ir muito devagar, tenho que contornar;
 isso não pode ser feito diretamente.
 

Muitas pessoas começaram sua jornada para Deus, 
para a verdade, para o samadhi, porque em algum lugar tiveram um vislumbre. Talvez através de drogas,
 através de um orgasmo sexual, através da música,
 ou às vezes acidentalmente. Às vezes, alguém cai de um trem, bate a cabeça e tem um vislumbre. Não estou dizendo 
para fazer disso um método! Mas sei que isso já aconteceu. 


Quando um certo centro do cérebro é atingido, por acidente,
 e a pessoa tem um vislumbre, uma explosão de luz. 
JAMAIS SERÁ A MESMA;  começará a buscar por AQUILO. ISSO é possível. O provável não é mais provável, 
torna-se possível. Agora a pessoa tem alguma alusão, 
 algum contato. NÃO PODE MAIS REPOUSAR. 
Isto é tudo o que posso dizer a você. 
Você precisa provar o estado de não-mente, o estado de ser. 
É melhor do que todas as palavras juntas.
 

O mundo do ser é o único mundo real, o mundo da verdade. 
E, a menos que você chegue nele, continuará vagando 
por terras estranhas. Nunca chegará em casa. 
Você só chega em casa quando chega ao mais profundo 
centro do seu ser — o que É possível. É difícil, mas não impossível; é árduo, mas não impossível. É com certeza 
muito difícil, mas acontece. Aconteceu comigo, 
pode acontecer consigo.
 

Mas não se prenda a remédios baratos. 
Não tente trapacear, seja quimicamente, seja como for. 
Não tente pegar conhecimento emprestado. 
 Não fique acumulando.
 

Já está aí, os acúmulos apenas o ocultam. Já está aí. 
Quando você parar de acumular e jogar fora todo o lixo 
que tem acumulado dentro de si — é o que a sua mente é: 
lixo. Se você se livrar desse lixo, de repente está presente, 
em sua absoluta pureza, em sua absoluta beleza,
 em sua absoluta benção.
 

Correndo para a dimensão do ter, só acontece uma coisa — você perde o seu ser. A vida é uma grande oportunidade, 
uma grande oportunidade. Na verdade, existem milhares 
de oportunidades nela para se alcançar a si mesmo, 
para saber quem se é. Mas este caminho é o mais difícil. 
Você tem que trabalhar por ele.
 


Não tente pedir emprestado. Nada pode ser emprestado 
no mundo interior. E não tente ser apenas uma pessoa 
de conhecimento. Alcance a clareza, alcance a visão na qual
 não existe nenhum pensamento em sua mente. Esta é a coisa mais árdua do mundo. Abandonar os pensamentos é a coisa mais árdua do mundo, é o maior desafio. Todos os outros desafios são pequenos. Esta é a maior aventura que você pode ter, e os que são corajosos aceitam o desafio e lançam-se a ele.
 

O maior desafio é o abandono da mente, porque só quando 
a mente cessa Deus pode existir. Só quando o conhecido desaparece, o desconhecido pode entrar. Só quando 
não há mente, não há você, não resta nada de você, 
de repente lá está o que você esteve buscando. Deus está 
quando você não está. Esta é a coisa mais difícil de se fazer.
 

Lembre-se, a mente nada mais é do que tudo o que você 
juntou até agora. É tudo o que você tem dentro do ser ser. 
Além da mente está o ser real, além do ter está o ser real. 
Por fora você colecionou coisas, por dentro, juntou pensamentos — ambos estão na dimensão do ter. 
Quando você não está mais ligado às coisas 
nem aos pensamentos, de repente — o céu aberto, 
o céu aberto do ser. E essa é a única coisa que vale a pena ter 
e a única coisa que você realmente pode ter. 

Abandonar a cabeça é uma das coisas mais difíceis
 porque você está identificado com ela. Você é a cabeça! 
Os seus pensamentos, as suas ideologias, a sua religião, 
a sua política, as suas escrituras, o seu conhecimento,
 a sua identidade — tudo está em sua cabeça. Como pode abandoná-la? Imagine-se abandonando a cabeça. 
Quem será você? Sem a cabeça você não é ninguém. 
É preciso crescer em compreensão. Só quando se pode desenvolver uma nova cabeça acima desta, é que é possível abandonar esta cabeça. Este é todo o esforço da meditação — ajudar a desenvolver uma nova cabeça, uma cabeça nova que não precise de pensamentos, não precise de ideologias; 
que seja percepção pura, que seja suficiente em si mesma; 
que não necessite de influências externas para viver; 
que viva a partir de seu próprio centro interior. 
Quando você tiver desenvolvido uma nova cabeça, 
a velha será facilmente abandonada. 
Desaparecerá por ela mesma.

 
O S H O



É como um salto quântico. Pulamos para uma vibração mais elevada quando aquele plano de consciência em que estávamos já nos saturou. Então precisamos deixar lá a velha cabeça - o passado e toda a ilusão criada, pois o que vai nos preencher necessita de uma cabeça nova - consciência ampliada e novos padrões de conduta. KyraKally