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quarta-feira, 31 de julho de 2019

O QUE IMPORTA É A MANEIRA 
PELA QUAL VIVEIS


Pergunta: Outro dia haveis falado do propósito da vida. Por isto pensamos que quereis significar o propósito da existência individual. Podeis desenvolver a ideia de que a pura vida não pode ter propósito?

Krishnamurti: Naturalmente, a vida, pura ação, pura vida em si mesma considerada, a totalidade, a soma de toda a vida, não tem propósito. Ela é. Esta vida não pertence a temperamento algum especial ou a uma espécie qualquer do mesmo; ela é impossível. 
 
Assim, a vida não pode ser compreendida, por intermédio de temperamento algum, por meio de qualquer caminho; ela é o Ser de todas as coisas. Porém, entre Ser e o entendimento dele pelo indivíduo, acha-se essa existência individual, esta cicatriz de sofrimento da qual tenho falado. No desgaste desta individualidade, este ego de reação, reside o propósito da existência individual, da vida com “v” minúsculo. Na Vida, por outro lado — Vida com “V” maiúsculo — na Vida Pura, que não tem propósito, não há divisão; não existe distinção entre manifestação e vida. 
 
No indivíduo que é autoconsciente existe um propósito — este é o de realizar completamente, sem atributos, qualidades, relações especiais, esta totalidade que é auto-existente, cuja causa está em si mesma. Porém, nesta Vida auto-existente, causa-de-si-mesma, não existe propósito. O indivíduo que conhece separação, é apanhado pelo esforço (sendo o esforço imperfeição) e para ele, como seguimento separado dessa Vida, existe o propósito. Assim, o indivíduo precisa verificar a verdade deste Eu, que é Puro Ser, que está em todas as coisas, e assim, realizando-o, preenche a consciência separada do indivíduo. Separação é limitação, tristeza, infelicidade, esforço. E, nesta e por meio desta infelicidade escolhe esforço e contínuo ajuste a existência individual, que tem a todo o instante, conformar-se à si mesmo com esta Verdade. 
 
Assim, precisa ele ter concebido, colhido um vislumbre dessa Pura Vida, este Puro Ser que é a súmula de todos os esforços e daí isento de qualquer esforço. É ele a súmula do bem — de um bem no qual não existe esforço. Realizado isto, e compreendido isto, desfará ele, por meio da ação espontânea, a parede da separação. Quando houver total realização, ou união com essa Vida, então não mais haverá anseio pela existência separada, — ele é todas as coisas, ele é criação, é perfeição — imaculado, por ter a cicatriz da individualidade desaparecido.

Sei que a maioria dentre vós hão de pensar imediatamente que isto significa o aniquilamento total, porque, direis, como pode isto ser alcançado sem a destruição da existência individual? A partir do momento em que olheis para tal, sob este ponto de vista, vossa existência individual tornar-se-á à coisa mais importante; ao passo que, do ponto de vista da Vida a individualidade é imperfeição, é um mero fragmento da totalidade, e pelo fato de sentir-se a si mesma apenas uma parte é que está a todo o instante buscando fundir-se a si mesma, realizar-se a si mesma na totalidade. 
 
A ideia de que a verdade é o desdobramento do indivíduo, precisa ser colocada de lado. Não podeis desenvolver algo que é por sua própria natureza, imperfeito — e é isto que a individualidade é. Podeis, porém, desmanchá-la por meio de contínuas reparações — pelas reparações da conduta em ação. Por isso, é que tem importância vital aquilo que agora sois, e a razão pela qual necessitais colocar de lado todas as teorias filosóficas e metafísicas. O que importa é a maneira pela qual viveis, o vosso modo de vos comportardes, vossa conduta, vossa ação, vossa seleção — não para saber se o Eu existe ou se aquilo que existe não é o Eu — se é o “Eu” que progride ou o “não eu”. Quem virá a importar-se futuramente com essas teorias? O que realmente tem importância é o estardes com tristeza. Quando um homem é colhido pela tristeza, quer ficar livre dela, quer estabelecer dentro de si a tranquilidade e a paz; necessita de uma mente plácida e aguda, e isto somente pode ser desenvolvido por meio da seleção. A seleção é a contínua descoberta da Verdade. 
 
É preciso que exista esse agudo apercebimento para contínua reparação — sem jamais ceder nem por um segundo sequer. Isto, para mim, não é teoria, pois que eu próprio executei. Eu coloco perante vós para que o vivais ou o abandoneis. O homem sábio, o homem que se acha prisioneiro da tristeza (e o homem sábio acha-se em tristeza por estar a todo o instante lutando na sua busca) examina, analisa, procura mediante a crítica, o princípio fundamental; e por meio dessa crítica, por meio do exame impessoal, torna-se ele apercebido da realidade total.
 
Krishnamurti
http://pensarcompulsivo.blogspot.com

O HOMEM DO TAO


Última Parte

O homem (do Tao) que segue seu caminho sem nenhum objetivo, vivendo unicamente o presente... Não prejudica nenhum outro ser com suas ações. Como ele pode prejudicar? Você só pode prejudicar os outros quando já prejudicou a si mesmo – lembre-se: esse é o segredo.
 
Assim, quem vive com feridas, quem vive na angústia e na miséria, seja o que for que faça, só criará mais miséria e mais angústia para os outros – você só pode dar aquilo que tem.
 
Você dá apenas o que tem. Você sempre dá, na verdade, o seu ser. Se você está morto por dentro, não pode ajudar a vida. Você pode até pensar que está ajudando os outros, mas ainda assim está prejudicando.
 
Perguntaram uma vez ao grande psicanalista Wilhelm Reich – pois ele estava estudando crianças, os problemas delas: “Qual é o problema mais básico com relação às crianças? O que o senhor encontrou na raiz de toda infelicidade delas, seus problemas, anomalias?”
 
Ele disse: “Os pais”
 
Nenhum pai ou mãe vai concordar com isso, porque os pais estão apenas ajudando seu filho, sem nenhum egoísmo da parte deles. Eles vivem e morrem pelo filho.
 
Mas se você está aleijado por dentro, você vai prejudicar seus filhos. E você não pode evitar, porque você dá o que há em seu ser – raiva, impaciência, irritação, ciúme, inveja – não existe outra maneira de dar.

Por isso Chunag Tzu diz:
O homem (do Tao) que segue seu caminho sem nenhum objetivo, vivendo unicamente o presente...
Não prejudica nenhum outro ser com suas ações.

Não que ele cultive a não violência, não que ele cultive a compaixão, não que ele se comporte de maneira santificada, não. Ele não pode prejudicar porque parou de agredir a si mesmo. Ele não tem divisões, fragmentos. Ele não é uma multidão.
 
Um homem assim, que atingiu a natureza interior, não é um homem de muita atividade. Somente o necessário irá acontecer. O desnecessário é completamente descartado, porque ele consegue ficar à vontade sem nenhuma atividade. Ele consegue relaxar, consegue fazer companhia a si mesmo, consegue ficar com seu eu.
 
Perceba... Com você acontece exatamente o oposto. Você está ocupado com mil e uma atividades apenas para fugir de si mesmo. Você não consegue tolerar a si mesmo, não consegue tolerar a sua própria companhia. Você vive à procura de alguém, como um modo de fugir, vive à procura de alguma ocupação com a qual possa se esquecer de si mesmo. Você está entediado com você mesmo.
 
Daí a necessidade constante de buscar companhia. De ir a um clube, a uma reunião, a uma festa, estar com uma multidão, onde você não esteja sozinho. Você tem tanto medo de si mesmo que se ficar sozinho ficará louco.
 
Toda a sua atividade serve apenas para livrá-lo da sua loucura, é uma catarse.
 
Esse mundo, o mundo dos negócios, da atividade e da ocupação, salva você do hospício. Se você está ocupado, a energia se move para fora, então você não precisa se preocupar com o interior, o mundo interior; você pode esquecê-lo.
 
Perceba... Você faz o que não é essencial, você continua fazendo o que não é essencial. Olhe para as suas atividades: noventa e nove por cento não são essenciais. Você pode deixa-las de lado, você pode poupar muita energia, pode economizar muito tempo. Mas você não consegue deixa-las porque tem medo, tem pavor de si mesmo. Se não houver rádio, televisão, jornal, ninguém para conversar, o que você vai fazer?
 
Você não consegue descartar o não essencial. O essencial não é suficiente, e a mente anseia pelo não essencial, porque o essencial é tão pouco, tão pequeno, pode ser satisfeito facilmente. Então o que você vai fazer?
 
As pessoas não estão interessadas em ter uma boa alimentação, pois a boa comida pode ser obtida com muita facilidade. Então para quê? As pessoas não estão interessadas em ter corpos saudáveis. Isso pode ser conseguido com muita facilidade. Elas estão interessadas em algo que não pode ser conseguido tão facilmente, algo impossível, e o não essencial é sempre esse “impossível”. Há casas maiores, carros maiores, eles vão ficando cada vez maiores e você nunca pode descansar.
 
O mundo inteiro está em busca do não essencial. E a humanidade está morrendo de fome, as pessoas estão morrendo sem comida, e metade da humanidade está interessada em algo absolutamente não essencial.
 
Ir à Lua é algo absolutamente não essencial. Se fôssemos um pouco mais sábios não pensaríamos nisso. É absolutamente insensato desperdiçar tanto dinheiro quando poderíamos alimentar toda a Terra. As guerras não são essenciais, mas a humanidade é louca, e ela precisa mais de guerras do que de alimento.
 
Perceba... O não essencial é necessário para que sua loucura permaneça ocupada. Então as Luas não são suficientes, teremos de ir mais longe, teremos que continuar criando o inútil. Ele é necessário. Ficar ocupado, isso é necessário.
 
O homem (do Tao) que segue seu caminho sem nenhum objetivo, vivendo unicamente o presente, não é um homem de muita atividade. Suas ações são as mais essenciais – aquelas que não podem ser evitadas. O que pode ser evitado ele evita.
 
Ele está tão feliz consigo mesmo que não há necessidade de empreender ações. Sua atividade é como a inatividade; ele faz sem que haja alguém fazendo.

Ele é um barco vazio, navegando no mar, indo a lugar nenhum.

Osho
http://blogdoosho.blogspot.com
 
O HOMEM DO TAO


Segunda Parte

O homem (do Tao) que segue seu caminho sem nenhum objetivo, vivendo unicamente o presente...
Age sem impedimentos...

Esse movimento na totalidade é a maior beleza que pode acontecer. Às vezes você tem vislumbres disso. Às vezes quando a mente não está funcionando, isso acontece.
 
De repente, você vê o sol nascente e quem vê não está lá, não surgiu ainda, não se tornou um pensamento - o sol não está lá e você não está lá. O sol está simplesmente nascendo e sua mente não está para dizer: “Que lindo!”
 
O sol está nascendo e não há ninguém ali, o barco está vazio, há bem aventurança, um vislumbre...
 
Mas a mente imediatamente entra em cena e diz: “Esse nascer do sol é tão bonito!” A comparação entra em cena e a beleza se vai.
 
Você muitas vezes verá esses vislumbres na meditação. Lembre-se, sempre que você sentir esse vislumbre, não diga “que lindo, que maravilha!” Porque é assim que você vai perder esse momento.
Sempre que o vislumbre vier, deixe-o ali – não permita que a mente interfira.
 
Quando, na meditação, você tem o vislumbre de algum êxtase, deixe acontecer, deixe-o ir fundo. Não se divida. Não faça nenhuma declaração, caso contrário o contato se perde.
 
Às vezes você tem lampejos, mas já se tornou tão eficiente em perder contato com esses vislumbres que não consegue entender como eles surgem e como você, mais uma vez, os perde.
 
Eles surgem quando você não está presente, você os perde quando você volta. Quando você está presente, eles não estão. Quando o barco está vazio, a felicidade está sempre acontecendo – é a própria natureza da existência. Não depende de nada – ela se derrama sobre você, é o próprio sopro da vida.
 
É realmente um milagre que você consiga ser infeliz, tão sedento, se chove o tempo todo. Você tem feito mesmo o impossível!
 
Em todos os lugares é luz e você vive na escuridão. A morte não está em lugar nenhum e você está constantemente morrendo; a vida é uma bênção e você está no inferno.

E como as pessoas conseguem isso? Através da divisão, através do pensamento – o pensamento depende da divisão, da análise. Meditação é quando não há nenhuma análise, nenhuma divisão, quando tudo se tornou um.


Osho 
http://blogdoosho.blogspot.com   
 
O HOMEM DO TAO


Primeira Parte

Relaxe seu corpo; Observe a sua respiração; Agora, observe a sua mente...
 
A coisa mais difícil, quase impossível, para a mente, é permanecer no meio.
 
A natureza da mente é passar de um extremo ao outro. Ela depende do desequilíbrio. Se você está equilibrado, a mente desaparece.
 
É por isso que é fácil para uma pessoa que come demais fazer jejum. Perceba... Não é realmente mudar a si mesmo – antes comia demais, agora está com fome demais, mas a mente continua focada em comida no extremo oposto.
 
Por que é difícil permanecer no meio? É como um pêndulo de um relógio. O pêndulo vai de um lado para o outro – o relógio todo depende desse movimento. Se o pêndulo permanece no meio o relógio para.
 
Preste atenção em uma coisa: sempre que você avança, também está avançando para o oposto. O oposto está escondido, não está aparente.
 
Quando está no meio, você não está ganhando impulso. E essa é a beleza – um homem que não está ganhando impulso para se mover para lugar nenhum pode ficar despreocupado, pode ficar à vontade consigo mesmo.
 
A lógica é superficial, a vida é mais profunda, e na vida todos os opostos estão unidos, eles existem juntos. Lembre-se disso, porque então a meditação se torna equilíbrio.
 
A segunda coisa a se entender sobre a mente é que ela sempre anseia pelo que está distante, nunca pelo que está próximo. O que está próximo lhe dá tédio, você fica farto disso; o distante lhe dá sonhos, esperança, a possibilidade de prazer.
 
Então, a mente sempre pensa no que está distante. É sempre a mulher ou o marido de outra pessoa que é atraente; é sempre a casa de outra pessoa que te atrai; é sempre o carro de outra pessoa que o fascina. É sempre o que está distante.
 
Então, perceba... O que está muito longe? O que está mais distante? O oposto é o mais distante. Você ama uma pessoa – agora o ódio é o fenômeno mais distante; você come demais – agora as dietas rigorosas é o fenômeno mais distante; você é celibatário – agora o sexo é o fenômeno mais distante; você é um rei – agora ser um monge é o fenômeno mais distante.
 
O que está mais distante é o que se parece mais com um sonho. Atrai, obceca, chama você, convida você, e então, quando você tiver alcançado o outro polo, esse lugar de onde você veio ficará bonito outra vez.
Para a mente o oposto é magnético e, a menos que você transcenda isso por meio da compreensão, a mente vai continuar se movendo da esquerda para a direita, da direita para a esquerda.
 
É assim que as coisas são. Na infância, você não vê a hora de crescer rápido, porque as pessoas mais velhas são poderosas. A criança só anseia crescer rapidamente. Mas pergunte ao velho – ele sempre acha que o paraíso estava lá na infância. E todos os velhos morrem pensando na juventude, na inocência, na beleza, na terra dos sonhos.
 
Tudo o que você tem parece inútil, tudo o que você não tem parece útil. Lembre-se disso, caso contrário a meditação pode não acontecer, porque meditação significa isso – entender a mente, entender o funcionamento da mente, o próprio processo da mente. A mente faz você ir o tempo todo para o oposto. E esse é um processo infinito, que nunca termina, amenos que de repente você caia fora dele, a menos que você de repente se torne consciente do jogo, se torne consciente do truque da mente e pare no meio.
 
Parar no meio é meditação!
 
Em terceiro lugar, a mente consiste em polaridades, você nunca está inteiro. A mente não pode ser inteira, ela é sempre metade.
 
O amor não é total, não é completo; bem atrás dele todas as forças da escuridão estão escondidas e podem entrar em erupção a qualquer momento.
 
Quando ama alguém, você simplesmente esquece que tem raiva, que tem ódio, que tem ciúme. Você simplesmente os descarta como se nunca tivessem existido. Mas como você pode descarta-los? Você só pode escondê-lo no inconsciente. Você pode se tornar amoroso apenas na superfície; bem no fundo fica escondido o tumulto. E mais cedo ou mais tarde, quando o ser amado se tornar familiar essa escuridão vem à tona; estava apenas esperando o momento certo, a semente estava lá.
 
A mente sempre tem o oposto dentro dela, e esse oposto vai para o inconsciente e aguarda o seu momento de vir à tona. Se você conseguir entender isso, vai parar no meio.
 
Quando você está equilibrado, a mente não está presente – então você está inteiro. Assim, a meditação é um estado de “não mente”, de ausência da mente.
 
Perceba... Como você criou muita tensão em sua vida, agora você está meditando. Mas isso é o oposto da tensão, e não a verdadeira meditação. Você está tão tenso que a meditação se tornou atraente.
 
Algumas pessoas me procuram e dizem: “Eu meditei por alguns anos, depois ficou chato, não era mais divertido.”
 
Quando alguém diz que a meditação não é mais divertida, ela está querendo dizer que agora a tensão não está mais presente, então como a meditação pode ser divertida? Ela vai ter que se mover para o outro extremo novamente, terá que se mover para a tensão novamente, então a meditação se tornará novamente atraente.
 
Olhe que absurdo é a mente: você tem que ir longe para chegar perto, você tem que se tornar tenso para ser meditativo. Mas isso não é meditação; esse é mais um truque da mesma mente.
 
Quando digo meditação, quero dizer ir além do jogo dos opostos, cair fora do jogo todo, olhar para o absurdo que esse jogo é, e transcende-lo. A própria compreensão torna-se transcendência.
 
A mente irá força-lo para o oposto – não vá para o oposto. Pare no meio e veja que esse sempre foi o truque da mente. É assim que a mente tem dominado você – por meio do oposto. Você já sentiu isso?
 
O entendimento dá liberdade. O conhecimento de todo o mecanismo da mente é a transformação. Então, de repente o relógio para, o tempo desaparece – e quando o contador para, não existe mais mente.

Com a parada do tempo, onde está você? O barco está vazio.


Osho 
http://blogdoosho.blogspot.com

terça-feira, 30 de julho de 2019

SEU MUNDO 
PODE MUDAR

Onde quer que você esteja, tenha a idade que tiver; saiba que você pode mudar seu mundo. Pode transformar sua realidade. A magia interna existe. Modificar o curso requer apenas uma simples questão de atitude, que abre as portas para uma nova percepção sobre a vida. A felicidade e a alegria se fazem presente quando alguém se anima a fluir com a existência, quando tem a coragem de abrir seu coração. Somos responsáveis por nossas ações. Nenhum mortal pode tirar-nos o direito de voar até a luz e co-criar um mundo mais humano, sensível e harmonioso, onde o sentimento não é uma utopia e o amor reina para sempre.

Não seria novidade que alguns dos que leem estas linhas me achem um louco, que seria bom internar. É assim que os mortos pensam. Que mortos? Aqueles que conservam suas mentes fechadas e não permitem seus corações florescerem. É verdade que vocês os veem desenvolver-se dentro da sociedade, ocupando diferentes cargos e desempenhando atividades diversas, mas não se deixe enganar, pois são corpos que caminham respirando inconsciência em direção a uma tumba que lhes dará a ilusão de terem vivido.

Os mortos em vida são fáceis de identificar. Eles vivem procurando. Eles parecem amar, parecem felizes, parecem viver, parecem saber, parecem gostar. Eles só aparentam. Palavras como acumular, status, poder, dinheiro e prestígio são uma constante em suas bocas rígidas, que não mais se lembram de como é sorrir. Eles são os mestres da confusão. São aqueles que querem nos fazer acreditar que não é o mais feliz quem menos precisa, mas aquele que mais tem. Os mortos também são aqueles que abusam do álcool e das drogas para se sentirem vivos, que exploram os outros para sentirem-se importantes. Aqueles que fazem da sua imagem um culto. Aqueles que não se atrevem a viver a própria vida. Aqueles que temem mudar. Aqueles que não se atrevem a crescer. Mortos. Estão mortos.
 
Morrer pode parecer um problema relacionado ao tempo, mas é principalmente uma atitude em relação à vida. A chave é poder sentir, mas para isso você tem que dar um passo anterior: abrir seu coração. Se  conseguir, se permitir-se sentir, sua percepção do mundo mudará. Nascerá de novo. A vida vai explodir em mil cores, aromas e sons. Você verá a divindade se manifestar em todos e em tudo. Seu ser interior vai dançar dentro de um mar de novas sensações inexplicáveis. Você conhecerá a alegria de estar vivo. A bem-aventurança vai beijar seus lábios.
 
É verdade que, do ponto de vista objetivo, você permanecerá imerso na mesma realidade. As paredes da sua casa serão as mesmas, você terá os mesmos vizinhos, continuará dirigindo o mesmo carro, etc; A diferença estará dentro de você. Você não será mais o mesmo. Verá com novos olhos.Terá profundidade e sensibilidade. Seu mundo estará vestido de festa. Será uma celebração constante, porque você aprenderá a reconhecer quais são as coisas que realmente importam. Você se sentirá privilegiado. 
 
Pode parecer simples, mas esse novo sentimento não é tão simples quanto parece. A casca interior que era funcional na época, porque nos ajudou a suavizar e suportar os golpes do destino, sufoca-nos quando tentamos dar os primeiros passos de abertura. Apenas ali, naquele momento de profunda reflexão, a pessoa se torna verdadeiramente consciente da espessura da armadura e reconhece que, para  sentir é preciso ter a coragem de se tornar vulnerável. 
 
Não há fórmulas matemáticas para o desarmamento. Só posso sugerir que você desligue o ruído em sua mente. Ouça! Há uma voz dentro do seu ser que implora que você mude. Não tenha medo. Nunca é tarde. Deixe-se guiar pela intuição. Desista da vergonha. Termine a monotonia. Transcenda a rotina. Aproxime-se de uma árvore, abraçe-a. Cheire uma flor. Assista um pôr do sol e extasie-se. Expresse seus sentimentos. Seja grato. Compartilhe. Aproveite. Liberte suas emoções. Cante. Faça exercícios. Expanda sua luz. Deixe sua imaginação decolar. Pinte!
 
Faça o que você sente, independentemente das críticas. Você não pode se dar ao luxo de passar por essa vida sem sentir.

Às vezes, consideramos que o mundo é feito por outros, que a realidade é algo que é assistido na televisão, porque nossas obras não são significativas e nossas ações parecem irrelevantes. Mentiras. Simples crença. Somos todos os construtores dessa realidade.

Gestos, palavras, atos, olhares, ações, pensamentos ... cada passo que damos constrói e, muitas vezes, destrói. Portanto, torne-se consciente. Acorde. Abra seu coração. Sinta-se pela primeira vez. Viva. Seu mundo pode mudar.
 
 
 
Julio Andrés Pagano  
https://hermandadblanca.org 
 

domingo, 28 de julho de 2019

SOBRE A DEPENDÊNCIA




Somos capazes de ser livres da dependência. É o que os místicos nos disseram. Porém, não estou declarando que o "eu", o eu condicionado, não retorne às vezes aos seus padrões habituais, pois assim fomos condicionados. Mas surge a questão de saber se é concebível viver uma vida em que alguém está sozinho, mas que não dependa emocionalmente de ninguém.

Todos nós dependemos uns dos outros para todos os tipos de coisas, não ? Dependemos do açougueiro, do padeiro... Isso está bem! Organizamos uma sociedade desta maneira e atribuímos diferentes funções a pessoas diferentes para o bem-estar de todos, para que possamos funcionar melhor e viver de forma mais eficaz - pelo menos esperamos que sim. Mas dependendo psicologicamente de outra pessoa - o que isso implica? Isso significa depender de outro ser humano para minha felicidade.

Pense nisso. Esteja ciente disso ou não; mas se não estiver estará exigindo que os outros contribuam para a sua felicidade; então haverá outro aspecto: medo, medo de perder, medo de ser alienado, medo de ser rejeitado, controle mútuo. O amor perfeito expulsa o medo. Onde há amor não há exigências, não há expectativas, não há dependência. Eu não exijo que você me faça feliz; Minha felicidade não está em você. Se você me deixasse, eu não sentiria pena de mim mesmo; gosto muito da sua companhia, mas não me apego.

Eu desfruto sem me apegar. O que eu realmente gosto não é você; É algo maior que você e eu. É algo que descobri, uma espécie de sinfonia, uma espécie de orquestra que toca uma melodia em sua presença, mas quando você sai a orquestra não para. E quando me encontro com outra pessoa a orquestra interpreta outra melodia, que também é agradável. E quando estou só a melodia continua; tem um ótimo repertório e nunca para de tocar. Isso é o despertar. 

Estamos hipnotizados, sofremos lavagem cerebral, estamos dormindo. Parece terrível perguntar, mas pode-se dizer que você me ama se apega-se e não me deixar ir? Se você não me permite ser? Você pode dizer que me ama se precisar de mim psicológica ou emocionalmente para sua felicidade? Isso contradiz o ensino universal de todas as escrituras, todas as religiões, todos os místicos. "Como poderíamos ignorá-lo por tantos anos?" Repetidamente eu digo para mim mesmo: Como foi possível que eu não visse? Quando alguém lê essas coisas radicais nas escrituras, pergunta: esse homem é louco? Mas depois de um tempo começa a pensar que todo mundo é louco. "Se você não desiste de tudo o que possui, você não pode ser meu discípulo." Você tem que deixar tudo. Não é uma renúncia física, entenda; isso é fácil. Quando suas ilusões terminarem, você finalmente estará em contato com a realidade e, acredite em mim, nunca se sentirá sozinho, nunca mais.

A solidão não é curada pela companhia humana. A solidão é curada pelo contato com a realidade. Eu tenho muito a dizer sobre isso. O contato com a realidade, o desaparecimento de nossas ilusões, o contato com o real. Seja o que for não tem nome. Só podemos saber abandonando o que é irreal. Você pode saber o que é a solidão quando para de se apegar, quando desiste da sua dependência. Mas o primeiro passo para alcançar essa realidade é vê-la como desejável. Se você não enxerga  isso como desejável, como pode se aproximar?

Pense na sua solidão. Ele desapareceria por causa da companhia humana? Isso servirá apenas como uma distração. Dentro há um vácuo, não é? E quando o vácuo vem à superfície, o que você faz? Foge, liga a televisão, liga o rádio, lê um livro, procura companhia humana, procura entretenimento, procura distrair-se. Todo mundo faz isso. Atualmente esse é um grande negócio, um setor organizado para nos distrair ou nos entreter.


Volte para você mesmo onde quer que esteja. Observe! É por isso que  a auto observação é algo extremamente agradável e extraordinário. Depois de um tempo você não precisa fazer nenhum esforço, porque, à medida que as ilusões começam a desmoronar, você começa a conhecer coisas que não podem ser descritas. Isso é chamado de felicidade. Tudo muda e você se torna viciado em consciência.

Há uma história sobre um discípulo que foi ao professor e disse: “Você poderia me dar uma palavra de sabedoria?” “Você poderia me dar algo para me guiar através dos meus dias?” Era o dia do silêncio do professor, então como ele pegou um bloco e escreveu: "Consciência". Quando o discípulo leu, disse: "É muito curto. Você pode expandi-lo um pouco? "Então o professor pegou o bloco e escreveu:" Consciência, consciência, consciência. " O discípulo disse: "Sim, mas o que isso significa?" O professor pegou o caderno novamente e escreveu: "Consciência, consciência, consciência significa: consciência". 

Isso é o que a auto observação significa. Ninguém pode mostrar como fazer, porque qualquer um ao dar-lhe uma técnica, estaria programando-o. Mas observe a si mesmo. Quando você fala com alguém está ciente disso ou simplesmente se identifica com isso? Quando fica chateado com alguém está ciente de que está furioso ou simplesmente está identificado com sua raiva? Mais tarde, quando a raiva passar, analise sua experiência e tente entendê-la. De onde veio isso? O que causou isso? Não conheço outro caminho para a consciência. Você só muda o que entende. Você reprime o que não entende e o que não sabe. Você não muda, mas quando você entende, isso muda.

Às vezes eles me perguntam: "Essa transição para a consciência é algo gradual, ou é algo repentino?" Algumas pessoas sortudas conseguem isso repentinamente. Simplesmente eles se tornam conscientes. Outros avançam lentamente, gradualmente, progressivamente. Eles começam a ver as coisas: as ilusões acabaram, as fantasias desapareceram e começam a entrar em contato com os fatos. Não há regra geral. Há uma famosa história de um leão que encontrou um rebanho de ovelhas e, surpreendido, descobriu um leão entre as ovelhas. Era um leão que crescera entre as ovelhas desde que era um filhote. Berrava como uma ovelha e corria como uma ovelha. O leão se aproximou dele, e quando o leão das ovelhas se viu na frente do leão real, começou a tremer. 

O leão disse: "O que você está fazendo entre essas ovelhas?" 

O leão das ovelhas respondeu: "Eu sou uma ovelha".

- "Não, você não é uma ovelha, venha comigo". 

Então ele levou o leão das ovelhas para um lago e disse: - "Olha!"

Quando o leão das ovelhas viu o seu reflexo na água, deu um grande rugido, e nesse momento foi transformado. Nunca mais foi como era antes.

Se você tem sorte e os deuses são benevolentes, ou se receber a graça divina - use qualquer expressão teológica que queira -  repentinamente poderia entender quem "eu" é  e nunca mais seria o mesmo de ontem, nunca nada poderá voltar a afetá-lo e ninguém poderia machucá-lo novamente. Você não terá medo de ninguém e não terá medo de nada. Isso não é extraordinário? Você vai viver como um rei, como uma rainha. Isto é o que significa viver como a realeza. Você não tem medo de ninguém porque está completamente satisfeito por não ser ninguém. Não está interessado em sucesso ou fracasso. Eles não significam nada. Honras, desgraça, não significam nada! Se você se comporta como um tolo, isso também não significa nada. Que estado maravilhoso!

Algumas pessoas atingem essa meta com dificuldade, passo a passo, após meses e semanas de autoconsciência. Mas eu lhes digo que não conheço uma única pessoa que não tenha passado algum tempo ciente de que ele não viu a diferença em questão de semanas. A sua qualidade de sua vida muda e você não precisa mais aceitar isso como uma questão de fé. Instala-se em você algo diferente. Você reage de maneira diferente;  na verdade reage menos e age mais. Perceberá coisas que nunca viu. Terá muito mais energia, Estará muito mais vivo. A maioria das pessoas acredita que se não tiver mais desejos vai ser como lenha seca, mas, na realidade, deixaria de ficar tensa. Liberte-se de seu medo do fracasso, de suas tensões sobre o sucesso; você será você mesmo. Relaxado. Não vai dirigir com os freios. Isso será o que vai acontecer.

Há um belo ditado de Tranxu, um sábio chinês, que me dei ao trabalho de aprender de cor. Ele diz: "Quando um arqueiro dispara sem procurar um prêmio ele tem toda a sua habilidade; quando ele dispara para ganhar uma medalha de bronze, fica nervoso; quando ele atira para ganhar uma barra de ouro, ele cega, vê dois alvos e fica fora de si. Sua destreza não mudou, mas o prêmio o divide, ele se importa! Ele pensa mais em ganhar do que em atirar, e a necessidade de vencer tira seu poder". Não é uma imagem que retrata o que a maioria das pessoas é? Quando você não está vivendo para algo tem toda a sua capacidade, tem toda a sua energia, está relaxado, não se importa, porque é insignificante se você vai perder ou vai ganhar.

Essa é a vida humana. É disso que a vida é e isso só pode vir da consciência. E na consciência você vai perceber que a honra não significa nada. É um convencionalismo social, só isso. Por essa razão os místicos e os profetas não se preocupavam com isso. Honra ou desonra não significam nada para eles. Eles viviam em outro mundo, o mundo do desperto. Sucesso ou fracasso não significavam nada para eles. Eles tinham a atitude: "Eu sou estúpido, você é estúpido, então, qual é o problema?"

Alguém disse: "As três coisas mais difíceis para um ser humano não são proezas físicas ou realizações intelectuais, elas são, em primeiro lugar, o retorno do amor ao ódio; segundo: inclua os excluídos; e em terceiro lugar: admita que está errado". Mas estas são as coisas mais fáceis do mundo se você não se identifica com o "meu". Então é capaz de dizer coisas como: "Eu estava errado! Se você me conhecesse melhor veria quantas vezes eu estou errado. O que se poderia esperar de um tolo?" Se não tivermos identificados com esses aspectos do "meu", ninguém nem nada pode nos machucar. A princípio, o antigo condicionamento protestará e ficamos deprimido e ansioso. Vamos chorar, chorar, resmungar: "Antes de acordar, estava deprimido: depois de acordar, continuo deprimido." Mas há uma diferença: não nos identificamos mais com a depressão. 

Você sabe o quão grande é a diferença?

Você se deixa e olha a depressão e não se identifica mais com ela, não faz nada para acabar com isso; está perfeitamente disposto a seguir sua vida enquanto ela passa por você e desaparece. Se você não sabe o que isso significa realmente tem algo a descobrir. E a ansiedade? Ali está e você não se preocupa. Que estranho! Ele está ansioso, mas não preocupado.

Isso não é um paradoxo? Mas você está disposto a permitir que esta nuvem negra invada sua vida? Porque quanto mais lutar contra ela mais poder ela terá sobre você. Você está disposto a observá-la à medida que passa ? Você pode ser feliz no meio da sua ansiedade. Isso não é loucura? Você pode ser feliz em sua depressão. Mas não pode ter um conceito errado de felicidade. Você achava que felicidade era emoção ou excitação? Isso é o que causava a depressão. Ninguém lhe contou? Você está animado, bem, tudo bem; mas está apenas preparando o caminho para a próxima depressão. Você está animado, mas sente ansiedade depois disso e diz para si mesmo: "como posso fazer isso durar?" Isso não é felicidade é vício.

Eu me pergunto quantos não-viciados estão lendo este artigo? Se você se parece com o grupo médio, há muito poucos, muito poucos. Não despreze alcoólatras e viciados em drogas: você pode ser tão viciado quanto eles são. A primeira vez que vislumbrei este novo mundo foi aterrorizante. Eu entendi o que significa estar sozinho, sem um lugar para descansar a cabeça, deixar todos serem livres e ser livre, não ser especial para ninguém e amar a todos - porque o amor faz isso. Ela brilha nos mocinhos e nos bandidos também; chove tanto sobre santos como sobre pecadores igualmente.

É possível que a rosa diga: "Eu darei meu perfume aos bons que querem me cheirar, mas não aos maus? Ou é possível que a lâmpada diga: "Eu vou iluminar os bons que estão nesta sala, mas não vou iluminar os bandidos"? Ou a árvore pode dizer: "Eu darei a minha sombra aos bons que descansam comigo, mas não aos maus"? Estas são imagens do que é amor?

Ele, o amor, sempre esteve lá, diretamente à nossa frente nas escrituras, embora nunca quiséssemos vê-lo porque estávamos imersos no que nossa cultura chama de amor, com suas canções e poemas de amor; isso não é amor, é o oposto do amor. Isso é desejo, controle e posse. Isso é manipulação, medo e ansiedade; isso não é amor. Disseram-nos que a felicidade é uma pele macia, um lugar para férias. Não são essas coisas, mas temos maneiras sutis de fazer com que nossa felicidade dependa dessas coisas, tanto dentro quanto fora de nós. Dizemos: "Recuso-me a ser feliz até que minha neurose desapareça". Tenho boas notícias: você pode ser feliz agora com neurose. Você quer notícias ainda melhores? Há apenas uma razão pela qual você não está experimentando o que na Índia chamamos de anand: felicidade. Há apenas uma razão pela qual você não está feliz neste momento: porque está pensando ou se concentrando no que não tem. Caso contrário ficaria feliz. Você está se concentrando no que você não tem. Mas agora você tem tudo que precisa para ser feliz.

Jesus falou do bom senso com os leigos, com os famintos, com os pobres; Ele estava dando boas notícias: aceite, é seu. Mas quem escuta? Ninguém está interessado; as pessoas preferem permanecer dormindo.


Anthony de Mello, texto extraído do livro "Desperta"
https://hermandadblanca.org

sábado, 27 de julho de 2019

ABRA SEUS OLHOS


Participante - Eu estou tateando no escuro. Osho, você poderia tirar-me disso?"

Osho - Eu não vejo escuridão em lugar algum. Você é que está mantendo os olhos fechados. A escuridão não existe. É criação sua. O sol está em todo lugar, a luz está em todo lugar, estamos em pleno meio-dia. Mas você continua apertando os seus olhos, mantendo-os fechados. Daí a escuridão. Agora, ninguém pode forçar os seus olhos a se abrirem. (...)

Existem algumas coisas que você tem que fazer por si mesmo. Esta é uma das coisas mais fundamentais da vida. Se não fosse assim, mesmo em sua liberdade, você seria um escravo. Se eu pudesse tirá-lo da sua escuridão, ou qualquer outra pessoa, aquela luz não seria muito luminosa. Você continuaria aprisionado naquela luz, você não viria de livre e espontânea vontade, você não floresceria espontaneamente.

Alguma vez você já observou uma criança tentando abrir à força um botão de flor? O botão pode ser aberto, mas não será uma flor, alguma coisa ficará faltando, algo de grande significado. A alma estará faltando. A flor tem alma quando ela floresce espontaneamente, daí ela tem vida. Quando você a força, você a destrói. Tudo que é belo na vida pode apenas acontecer; não pode ser feito.(...)

Você está mantendo os seus olhos fechados, e despendendo muita energia para mantê-los fechados. A mesma energia que os está mantendo fechados, se relaxados, irá ajudá-los a se abrirem.(...)

Um mestre é compassivo com você, ele tem compaixão. O que mais ele pode fazer? Um mestre verdadeiro não pode segurar suas mãos, porque isso o manterá sempre dependente. Trazer você para fora à força é o mesmo que mantê-lo ainda dentro. Na hora em que o mestre soltar suas mãos você voltará para o seu velho mundo, para a sua velha mente. Aquilo ainda não estava encerrado, ainda estava agarrado dentro de você.

Um mestre verdadeiro ajuda sem ajudar.... A sua ajuda é muito indireta, ele nunca vem imediatamente ajudá-lo. Ele vem de maneira muito sutil. Ele se aproxima de você como uma brisa muito frágil, não como uma ventania selvagem. Ele se aproxima de você como uma aura, invisível. Ele o ajuda certamente, mas nunca força você. Ele o ajuda apenas até onde você está pronto para ir, nunca um passo a mais. Ele nunca empurra você violentamente, porque qualquer coisa feita violentamente será perdida, mais cedo ou mais tarde.

Aquilo que você não desenvolveu de livre e espontânea vontade, você perderá. Você não pode desfrutar aquilo que não cresceu em seu ser espontaneamente. Você desfruta o seu próprio crescimento. Eu posso até mesmo dar-lhe a verdade, e você irá jogá-la fora, porque você não irá reconhecê-la.(...)

Ninguém pode ser acordado antes da sua hora, nem deve ser.



Osho, em O Livro dos Segredos
http://ventosdepaz.blogspot.com