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sábado, 30 de setembro de 2017

O RIO DA VIDA



Você sabe o que significa busca a permanência? Significa desejar que as coisas agradáveis durem eternamente, e as desagradáveis terminem o mais rápido possível. Desejamos que nosso nome se torne famoso e tenha continuidade em nossa família e em nossos bens materiais; queremos o sentimento de permanência em nossas relações e atividades; e tudo isso significa que desejamos uma existência duradoura, contínua, em nosso fosso estagnado; lá, não queremos verdadeiras mudanças e, assim, edificamos uma sociedade que nos garante a permanência de nossos bens, nosso nome, nossa fama.

Mas, veja, a vida de modo algum é assim; a vida não é permanente. Como as folhas que caem da árvore, todas as coisas são impermanentes, nada perdura; há sempre mutação e morte. Você já observou uma árvore nua, desenhada contra o céu? Em seus galhos bem delineados, em sua nudez, há um poema, uma canção. Foram-se todas as suas folhas e ela aguarda a primavera. Com a vinda da primavera, de novo se enche a árvore com a música de suas folhas que, na estação própria, caem e são levadas pelo vento. Assim também é a vida.

Mas nós não a queremos assim. Apegamo-nos aos nossos filhos, nossas tradições, nossa sociedade e nossas insignificantes virtudes, porque desejamos permanência; por isso é que temos medo de morrer. Tememos perder as coisas que conhecemos. Mas a vida não é como desejamos; a vida em coisa nenhuma é permanente. Os pássaros morem, a neve derrete, as árvores são abatidas pelo homem ou destruídas pelas tempestades, e assim por diante. Mas, queremos que perdure a nossa posição, a autoridade que sobre outros exercemos. Recusamo-nos a aceitar a vida como efetivamente é.

O fato é que a vida é como o rio: eternamente em movimento, perenemente buscando, explorando, impelindo, transbordando, penetrando todas as frestas com sua água. Mas, veja, a mente não quer que assim aconteça. Percebe que é perigoso, arriscado, viver num estado de impermanência, de insegurança e, por conseguinte, constrói uma muralha em torno de si própria: a muralha da tradição, da religião organizada, das teorias políticas e sociais. Família, nome, bens materiais — tudo isso se encontra atrás das muralhas, separado da vida. A vida, que é movimento, impermanência, procura incessantemente penetrar, demolir essas muralhas, atrás das quais só há confusão e angústia. Os deuses que moram atrás das muralhas são falsos deuses, e suas escrituras e filosofias são sem significação, porque a vida as excede.

Ora, para a mente que não tem muralhas, que não está pejada de aquisições, acumulações, conhecimentos, para a mente que vive fora do tempo, na insegurança, para essa mente a vida é uma coisa maravilhosa. Essa mente é a própria vida, porque a vida não tem pouso. Mas, quase todos nós queremos um pouso, uma pequena casa, um nome, uma posição, e consideramos essas coisas muito importantes. Exigimos permanência, e criamos uma “cultura” baseada nessa permanência, inventamos deuses que não são deuses, mas, tão só, “projeções” de nossos próprios desejos.

A mente que busca a permanência depressa se estagna; como a vala ao lado do rio, depressa se enche de corrupção, deterioração. Só a mente que não tem muralhas, que não tem ponto de apoio, não tem barreira, não tem pouso, que se move, toda inteira, com a vida, eternamente ousando, explorando, “explodindo” — só essa mente pode ser feliz, eternamente nova, porque ela é essencialmente criadora.
 
Entende o que estou dizendo? Você deve compreendê-lo, porque faz parte da verdadeira educação e, quando o compreender, sua vida será completamente transformada, suas relações com o mundo, com o próximo, com seu cônjuge, terão significado de todo diferente. Você já não tentará, então, preencher-se com coisa alguma, porque perceberá que a busca de preenchimento só atrai sofrimento e confusão. 
 
Por essa razão, você deve perguntar aos seus mestres sobre tudo isso, e discuti-lo também entre vocês. Se você o compreende, terá começado a compreender essa verdade extraordinária que é a vida, e nessa compreensão encontra-se grande beleza e amor, o florescimento da bondade. Mas, os esforços da mente que busca um fosso de segurança, de permanência, só podem conduzir à treva e à corrupção. Uma vez instalada naquele fosso, a mente teme aventurar-se fora dele, para buscar, explorar; mas a Verdade, Deus, a Realidade — ou o nome que você quiser — encontra-se além dos limites do fosso.

Você sabe o que é religião? Não é o cântico, não é a execução de rituais, não é a adoração de deuses de lata ou imagens de pedra; ela não se encontra nos templos e igrejas, nem na leitura da Bíblia ou do Gita; não é a repetição de um nome sagrado ou o seguir de qualquer outra superstição inventada pelos homens. Nada disso é religião.

Religião é o sentimento da bondade, daquele amor semelhante ao rio — que é um movimento vivo, eterno. Naquele estado, você verá chegar um momento em que não haverá busca de espécie alguma; e esse findar da busca é o começo de algo totalmente novo.

A busca de Deus, da Verdade, o sentimento de se ser integralmente bom (não o cultivo da bondade, da humildade, porém o buscar, além das invenções e dos artifícios da mente, uma certa coisa — e isso significa ser sensível a essa coisa, viver nela, sê-la) isso que é a verdadeira religião. Mas nada disso lhe será possível se você não abandonar o fosso que você cavou para si mesmo, e entrar no rio da vida.

A vida cuidará então de você de uma maneira surpreendente, pois, de sua parte, nada haverá para cuidar. A vida, então, lhe levará aonde lhe aprouver, porque você será uma parte dela; não haverá mais problemas concernentes à segurança ou ao que “os outros” digam ou não digam. E esta é que é a beleza da vida."

 
 
J.Krishnamurti — A cultura e o problema humano
Fonte:ventosdepaz 





"Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada que percorreu, para os cumes, as montanhas, para o longo caminho sinuoso que trilhou através de florestas e povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto, que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. O rio precisa de se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entrar no oceano é que o medo desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas de tornar-se oceano." (Osho)
 
LIBERTANDO A VIDA QUE ESTÁ DENTRO DE VÓS MESMOS


"Liberdade é isso: 
estar no momento, ser do momento, 
nunca se preocupar com o passado, 
nunca se preocupar com o que ainda não veio 
e nunca tentar fazer uma sequência lógica 
de coisa alguma". (Osho)
  

Pergunta: Se a libertação é independente do crescimento evolucionário e se um homem apenas ligeiramente evoluído pode atingir a libertação e, com ela, o aniquilamento do eu, como pode tal homem prosseguir em sua evolução se não possui ego no qual possa armazenar a essência de suas futuras experiências?


Krishnamurti: Evolução é a extensão da individualidade —aquilo a que chamareis consciência individual, autoconsciência no tempo. Ora aquilo que é imperfeito, que é a individualidade, não pode ser multiplicado; a imperfeição não pode ser evolucionada e, se o for, permanecerá sempre imperfeição. De nada serve multiplicar aquilo que é separatividade digamos, até o grau “n” — pois que ficará sempre separado pelo fato de possuir suas raízes na separação. Portanto, a multiplicação desse “eu sou”, que é separatividade, jamais conduzirá à exclusividade. A evolução desse “eu sou” tem de permanecer sempre imperfeita, pois que parte da imperfeição. Na melhor das hipóteses, não é mais que uma expansão da separatividade. A libertação, por outro lado, é o libertar-se da consciência a qual não é a multiplicação do “eu sou”; e sim o desgaste do sentimento de separatividade.


Pergunta: Torna-se a vida de um indivíduo de qualquer modo melhor e mais útil no mundo simplesmente pelo fato de deixar ele de seguir a instrutores menores e aderir ao maior de todos, embora este maior não deseje seguidores e sim apenas que se viva a vida?


Krishnamurti: Para que vindes assistir a estas reuniões? Por pensardes que aqui existe alguém que é honesto e sincero e que atingiu a meta. Assistis afim de compreenderdes certa atitude que eu sustento ser a atitude única. Não vos digo que deveis formar divisões acerca deste fato e criar intolerância. Se estiverdes pensando que este é um método único que vos explicará o processo integral de viver, jamais o compreendereis. Se, porém, continuamente vos ajustardes à vida, não somente aqui no momento presente, porém depois que daqui vos retirardes, então não estareis seguindo a ninguém. Vede, pois, que o atingimento espiritual não está no seguir a outrem, seja um guia, um instrutor, ou um profeta. Eu não sou nenhuma destas coisas. É uma desgraça o atribuírem-me tantos nomes. Eles irão desaparecendo gradualmente. A coisa que me importa é o estar unido com a vida, o ser livre e feliz; e somente podereis chegar a isto libertando a vida que está dentro de vós mesmos.


 
Jiddu Krishnamurti 
Fonte:pensarcompulsivo
 

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O CONHECIMENTO SUBLIME 
E A ELIMINAÇÃO DOS ENTRAVES 
NO CAMINHO DA VIDA



Queridos de Deus, vou falar hoje sobre o resultado que é alcançado através do conhecimento sublime. Em primeiro lugar, o resultado da realização espiritual é tão vasto e grande que as palavras jamais poderão explicar. Isso pelo fato que o que as palavras podem explicar é limitado, é aprendido ou ensinado, comprado ou vendido, e aquilo que não pode ser aprendido ou ensinado e que não pode ser comprado ou vendido é algo superior, ou que não pode ser colocado em palavras. 
 
Mas, a primeira coisa que você começa a ver em si mesmo é que pensamentos tais como "Não posso" ou "É impossível" ou "Estou desamparado" ou isso "não pode ser feito", deixam de existir. Naturalmente, a alma torna-se positiva. Ela diz, "Se é difícil, hoje, amanhã será fácil," "Se não pode ser feito exatamente agora, mais tarde poderá ser feito." Esse otimismo vem não só na imaginação, mas brota do espírito; sua raiz está no espírito e fortalece o homem imensamente para realizar as coisas. O medo da morte que cada pessoa tem, em maior ou menos grau, desaparece e assim não há nenhuma outra coisa que irá assustar a pessoa, pois essa é a coisa que mais assusta a todos. Muitos dizem: "Não tenho medo de morte", mas não irão continuar a dizer isso quando a morte estiver diante deles. 
 
Uma história que é ensinada na Índia, conta que um lenhador costumava dizer em seus momentos de autopiedade, depois de ter trabalhado o dia todo, "Oh, que vida! Que vida terrível, ter que trabalhar o dia todo no sol quente cortando madeira; eu preferia estar morto." E às vezes ele costumava dizer, "Ó morte, por que você não vem? Prefiro morrer do que viver esta vida." E um dia a morte se penalizou com seus apelos e apareceu diante dele. E no momento em que olhou para a morte, ele ficou tão apavorado que começou a implorar-lhe para deixá-lo por mais algum tempo neste mundo, que ele nunca invocaria o nome dela novamente, que ele gostaria muito de viver uns dias mais ainda na terra. Assim é com todos. Eles chamam a morte quando a morte não está presente, mas quando a morte chega, então ficam apavorados.
 
É a alma espiritual que, como resultado da realização espiritual, começa a estabelecer-se acima de todo o medo. Como disse Ali: "o medo já não permanece no coração das pessoas espirituais." Pois o medo é como a escuridão e a iluminação é a luz. 
 
Quando a iluminação vem, a obscuridade desaparece. A pessoa que chega à realização espiritual deixa de ter dúvidas. E sem a realização espiritual, por mais inteligente que o homem possa ser, ele ainda tem dúvidas. E muitas vezes, quanto mais inteligente uma pessoa, mais dúvidas ela terá. E você irá perceber entre os mais inteligentes, que eles não podem tomar uma decisão. Eles não podem decidir por si, porque eles duvidam. E a dúvida é a decadência que destrói cada ação. Há apenas uma coisa que eleva-se acima das dúvidas e que não é crença mas sim convicção. E essa convicção vem pela realização espiritual. 
 
Muitas vezes você verá um homem mais sábio, que estudou vários livros e que é mais inteligente, dizer, "Eu suponho que seja assim" ou "Pode ser assim" ou "Existe essa possibilidade." O místico nunca diz isso. O místico diz, "É assim". Existe uma convicção. É a realização espiritual que dá a convicção para a pessoa. Os profetas e os sábios por acaso disseram, "pode haver uma outra vida, pode haver uma alma," ou "Talvez haja um dia do juízo final", ou "Talvez haja um Deus"? Não, eles disseram, "É assim". Não é apenas que eles disseram, é que eles sabiam. Além disso, a alma começa a ver um caminho para a imortalidade, e, portanto, não duvida e nem teme. Ela olha de coração aberto para o que está por vir.
 
A Realização espiritual também torna a visão penetrante. Em outras palavras, diante dos olhos da pessoa espiritual os objetos e as pessoas mostram-se mais profundamente. Eles revelam a sua natureza, caráter e segredo.  É como um químico experiente; qualquer composto, tudo o que existe no seu campo de trabalho ele sabe como utilizar, sabe como fazer os remédios, como prescrevê-los. Do mesmo modo, perante uma alma espiritual todos se apresentam com o registro da sua natureza e caráter, juntamente com o seu passado, presente e futuro.
 
Cada pessoa é como uma carta escrita. Mas uma carta não é uma boa comparação, pois uma carta está morta; aqui é algo vivo, algo mais comunicativo, revelador. Uma carta pode revelar muito pouco, mas uma pessoa revela milhares de vezes mais. Tudo o que as palavras jamais podem expressar é confidenciado para a alma espiritual num piscar de olhos. Muitas vezes as pessoas são iludidas pela grande compaixão, pela graciosidade, fineza e a santidade de uma alma espiritual. Mas em sua negatividade, eles veem nisso falta de energia, mas não é realmente assim. Pelo contrário. Mesmo por detrás desse refinamento, dessa santidade e essência, por trás dessa atitude simpática e compassiva, um grande poder está oculto, um poder de resistência, um poder de realização. Só que eles não usam todos os seus poderes. Quanto maior você é, quanto mais espiritual você é, menos você usa seus poderes. 
 
Por exemplo, é como uma alma de criança a alma amadurecida. Se você der dinheiro na mão de uma alma infantil, essa pessoa irá em lojas, em diferentes lugares e irá comprar tudo que lhe atrair e irá gastar esse dinheiro e em pouco tempo ficará sem nada. Já uma alma amadurecida que possuir a mesma quantia, vai usá-lo mais devagar, de forma mais inteligente e fará melhor uso dele, irá proporcionar felicidade para si mesma e para os outros através disso. Da mesma forma, a pessoa espiritual também não faz uso de sua inspiração, nem de seu poder em qualquer coisa mundana pequena. Ela é mais econômica do que se o mesmo poder, ou um centésimo desse poder, estivesse nas mãos de uma alma não refinada.
 
Por exemplo, uma pessoa que soubesse sobre todos os seus arredores e ainda se mantivesse presa a coisas pequenas e ficasse falando sobre tudo o que visse com todo mundo, estaria abusando daquele insight. E todo mundo faz essa mesma coisa. As pessoas são muito curiosas em saber sobre a vida dos outros. Elas se importam muito pouco em saber sobre si mesmas. E se algo de ruim é falado de alguém, todos gostam de ouvir, mas se algo de bom é falado as pessoas duvidam, porque acham que não há tal coisa como bondade. Essa é a natureza humana. Portanto, a pequeneza de natureza é a primeira coisa que deve ser sacudida, que a pessoa tem que se livrar.
 
Quando a pessoa se eleva moralmente acima dessa tendência de especular sobre a vida dos outros, sem ter nada a ver com isso, para de ficar falando sobre os outros, formando opiniões sobre as pessoas, e quando tudo isso é abandonado, ela torna-se eleita à realização espiritual.
 
E se uma pessoa vier a ter algum poder e for infantil o suficiente para usá-lo, seja para fazer coisas mirabolantes ou para realizar coisas de natureza mundana do dia a dia, ela estará abusando do poder espiritual também.  Outro dia uma cientista me perguntou se havia alguma forma de levantar uma caneta que estava na mesa através do magnetismo espiritual. Eu disse, "nada é impossível para um místico. Mas por que perder tempo com levantar canetas, onde existem tantos seres humanos para serem erguidos mais alto? Isso traria um resultado muito melhor do que levantar uma caneta."
 
O que as pessoas desejam hoje em dia é obter insight espiritual e poder usá-lo para sua vantagem material. Elas acham que, "se isso pode tornar nossas coisas mundanas mais rentáveis, vale a pena conquistar." É como usar pérolas para comprar seixos. Portanto, não se pode comprar boas pérolas  pagando-se com seixos. Seria melhor pagar os seixos com moedas de um centavo do que gastar pérolas espirituais com seixos. O que um negócio, uma atividade e todas as outras coisas requerem é esforço, perseverança, qualificação e trabalho inteligente. Se você fizer assim, você será bem sucedido. Mas achar que a realização espiritual deve ser apenas para trazer sucesso mundano é um objetivo muito pequeno de ser realizado. A Realização espiritual é o sucesso em si.
 
Todas as coisas vêm para a pessoa. Se for um homem de negócios, ele estará fadado a ser mais bem sucedido. Mas ele não deve tentar alcançar a espiritualidade para ter sucesso nos negócios. A ênfase deve ser na realização espiritual, as outras coisas são atraídas naturalmente. 
 
Mas por outro lado um homem de negócios pode ser bem sucedido sem a espiritualidade. Existem muitos que são muito bem sucedidos. A espiritualidade não deve ser usada ou não deve ser atingida com qualquer outra intenção, deve ser respeitada para fins espirituais. Outras coisas devem estar atrás. Como o Cristo afirmou, "buscai primeiro o Reino do céu e todas estas coisas vos serão acrescentadas." Portanto, em todas as profissões, seja um escritor, um poeta, um industriário, um político, um inventor ou em qualquer outra profissão, a realização espiritual sempre ajudará em todas as direções. Mas não deve ser alcançada porque você deseja ser bem sucedido em uma determinada direção, não porque queria ajuda em algo mais. Porque isso torna o percurso mais longo; depois leva um tempo ainda maior. Além disso, a realização espiritual é o sucesso em si, não há nenhum sucesso maior do que a realização espiritual porque é o sucesso mais elevado, um sucesso que se reflete em tudo o que você faz e traz resultados frutíferos.
 
Portanto, os antigos chamaram-lhe de a pedra filosofal, o que quer que seja que a pedra filosofal toque, se transforma em ouro, seja de aço, ferro, cobre ou bronze. Em outras palavras, qualquer coisa que o coração da pessoa espiritual toca, transforma-se em vida.  Moralmente, uma pessoa que tenha atingido a espiritualidade não necessita cultivar simpatia, pois a simpatia vem naturalmente por uma questão de curso natural. Uma pessoa espiritual não pode ser de outro jeito senão simpática. É uma contínua efusão de amor que se manifesta pela realização espiritual. Esse amor flui tanto para o sábio como para o tolo, para os bons e para os maus, como o perdão de Cristo estava sempre pronto para os ímpios, seu afeto sempre para o bem.
 
É o amor manifestando-se em diferentes aspectos, como compaixão, perdão, bondade, graciosidade, como afeto, simpatia, é a mesma coisa. E no final uma pessoa espiritual não vê em outra pessoa uma entidade separada. Sua realização lhe faz sentir, "Sou eu mesmo". Portanto, ela não pode errar com a outra pessoa, uma vez que começa a ver a outra pessoa como ela mesma. E ninguém no mundo parece-lhe diferente e distinto de si mesma, ela vê neles os vários aspectos do seu próprio ser. É desta forma que a alma espiritual se expande e alcança a perfeição. Deus abençoe.
 
 
Hazrat Inayat Khan 
Fonte:portaldoconhecimentodivino

RANCOR, BOA VONTADE 
E CONTENTAMENTO

  
A Ajuda Mútua é a Lei
da Bênção e do Bom Carma
 
Todo peregrino tem diante de si vários procedimentos possíveis pelos quais é capaz de avaliar se quiser o estado em que está aquela ponte oculta e interna que leva até o seu eu superior, sua alma espiritual.
 
Um dos procedimentos consiste em comparar a quantidade relativa de ressentimento e de gratidão no modo como ele olha para os outros, e para a vida.

A má vontade, naturalmente, é tímida. Tem vergonha de si mesma. Trata de disfarçar-se sob o manto de outros sentimentos mais nobres.

A frustração diante da vitória e das qualidades positivas de outras pessoas é um sintoma de que o antahkarana enfrenta um problema: o contato com nossa verdadeira alma está sendo asfixiado pelo monóxido de carbono do orgulho pessoal, do medo, da ambição e sentimentos similares.

A inveja é uma forma de cegueira. É um problema sério na oftalmologia da alma. O problema básico de quem sente inveja é que não pode enxergar o seu próprio valor e gostaria de roubar o valor de alguma outra pessoa.

A gratidão é diferente.

O agradecimento interior não é “tímido” e não tem motivo para permanecer em segredo. Tampouco é algo de que devamos ter orgulho. Assim como o peregrino não pode sentir-se orgulhoso da sua humildade, ou do seu contentamento, haverá algo de errado se fizer propaganda excessiva da sua gratidão.

A humildade abre caminho para o agradecimento interior, assim como a gratidão estimula a humildade, mas estes dois aspectos da vida são silenciosos.

Os sentimentos destrutivos com frequência fazem demasiado ruído em uma sociedade orgulhosa do seu materialismo. Os sentimentos voltados para a cooperação sincera fluem em harmonia com a nossa alma espiritual e preferem o silêncio, ou a expressão verbal sucinta, especialmente quando são profundos e duradouros.

O Poder da Ajuda Mútua

O desejo de competir e ver os outros como inferiores a si, ou de considerar-se mais sábio e superior a eles, é uma forma em grande parte subconsciente de optar pela surdez e pela cegueira.

O mesmo sentimento expressa uma falta de coragem de olhar para si mesmo de um modo honesto.

Logo que alguém toma a decisão madura de trilhar o caminho da sabedoria, torna-se incapaz de sentir prazer quando vê um erro, real ou imaginário, em seus colegas de caminhada. Tal indivíduo celebra o progresso dos colegas. Ele sabe que é beneficiado pela vitória deles.

Quando vemos uma atmosfera no movimento esotérico em que são possíveis os ataques pessoais, ostensivos ou encobertos, e na qual as pessoas desejam competir para ver “quem é o mais sábio” ou “tem mais poder”, é importante reconhecer com clareza um fato central. Esta espécie de atmosfera coletiva é venenosa. Ela estimula o oposto da bondade e está diretamente relacionada com a morte espiritual de associações esotéricas.

A ajuda mútua honesta e duradoura é a Lei da Bênção e do Bom Carma. Ser sincero inclui examinar os erros com a intenção de corrigi-los e curá-los. Não há sinceridade real, a menos que haja boa vontade.

Meus semelhantes são todos colegas de caminhada. São espelhos imperfeitos, mas valiosos, que refletem aspectos da minha própria alma.

Com graus variados de exatidão, os outros seres mostram os níveis superiores e inferiores da minha existência, e interagem com eles. Devo lembrar que cada pessoa sincera possui uma alma imortal. É graças ao respeito pelo eu superior do outro que preservo a qualidade do contato com minha própria alma.
 
 
 
Carlos Cardoso Aveline
Fonte:http://www.filosofiaesoterica.com
 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

AMOR E DISCIPLINA


Um Trecho do Livro 
“Os Sete Níveis da Intimidade”


Quando você pensa na palavra “disciplina”, o que lhe vem à mente? Para muitos, disciplina faz lembrar um professor exigente, um pai ou mãe controladores. Tente deixar de lado essa ideia e pense na disciplina que um atleta adota livremente para obter o melhor de si mesmo. Ninguém pode torná-lo disciplinado. A disciplina é um presente que damos a nós mesmos.

Todos os aspectos do ser humano desabrocham com disciplina, e o mesmo acontece com os relacionamentos. A disciplina é o preço que a vida cobra pela felicidade. Novamente, não estou falando do prazer passageiro, e sim de felicidade duradoura. Você não pode ser feliz por um período longo se não tiver disciplina.

A disciplina é a estrada que leva à plenitude da vida.

Pense nos quatro aspectos do ser humano: físico, emocional, intelectual e espiritual. Quando nos alimentamos bem, nos exercitamos com frequência e temos uma rotina de sono regular, nos sentimos mais plenamente vivos fisicamente. Quando amamos, quando damos prioridade aos relacionamentos significativos de nossas vidas, quando nos dedicamos a ajudar os outros em sua jornada, nos sentimos mais vivos intelectualmente. Quando entramos na escola do silêncio e nos postamos diante de Deus [1] em oração, vivenciamos a vida mais plenamente do ponto de vista espiritual.

Cada uma dessas formas de vida mais plena requer disciplina.

Alimentar-se bem requer disciplina. Exercitar-se requer disciplina. Pensar nas necessidades dos outros antes das nossas requer disciplina. Tornar-nos as melhores pessoas que podemos ser exige escolhas, e as escolhas requerem disciplinas.

Você está desabrochando? Ou apenas sobrevivendo?

Quando nos sentimos mais plenamente vivos? Quando adotamos uma forma de disciplina. O ser humano desabrocha com a disciplina.

A disciplina é a chave da liberdade. É fácil ceder ao apelo dos prazeres momentâneos que este mundo oferece com tanta facilidade, mas todos os grandes homens e mulheres conhecem o valor de adiar as gratificações imediatas. Os heróis, líderes, campeões e santos que povoam os livros de história souberam adotar a disciplina muito bem.

Neste momento da história, o prazer e a gratificação imediata parecem ser os mestres da maioria das pessoas. Nós nos vemos escravizados e aprisionados por milhares de caprichos, anseios, vícios e apegos. Interiorizamos a ideia de que liberdade é a capacidade de fazer o que se quer, quando e onde se tem vontade, sem interferência de qualquer autoridade.

Mas liberdade não é a capacidade de se fazer o que se quer. Ser livre é ser capaz de escolher. Liberdade é a capacidade de escolher a cada momento o que é bom, verdadeiro, nobre e certo, para ir se tornando a melhor pessoa que você pode ser. Liberdade sem disciplina é impossível.

Mas a liberdade não é o centro da vida. Não. O amor é a essência da vida. O amor é a grande alegria da vida e sua maior lição. O amor é a única razão pela qual se dá a vida. Nós nos mantemos ocupados com tantas coisas e deixamos de lado, ignoramos, negligenciamos essa única e grandiosa tarefa. O amor é a principal e mais importante tarefa – amar a si mesmo, esforçando-se para se tornar a melhor pessoa possível; amar os outros, incentivando-os em sua busca para se tornarem as melhores pessoas possíveis; e amar a Deus, tornando-se tudo aquilo que você foi criado para ser.

Para amar, porém, você precisa ser livre, pois amar é entregar-se a alguém ou a alguma coisa gratuitamente, de forma completa, incondicional e sem reservas. Mas, para se entregar – a outra pessoa, a uma missão, a Deus -, é preciso primeiro se conhecer e ser dono de si mesmo. A posse de si mesmo é a liberdade. Ela é um pré-requisito para o amor e só pode ser obtida por meio de disciplina.

É por isso que tão poucos relacionamentos florescem na nossa época. A própria natureza do amor exige a posse de si mesmo. Sem autocontrole e autodomínio, somos incapazes de amar e de nos entregarmos.

O problema é que não queremos disciplina. Queremos que alguém nos diga que podemos ser felizes sem disciplina. Mas é impossível. Na verdade, se você quiser medir seu nível de felicidade, meça o nível de disciplina em sua vida. Os dois estão diretamente relacionados.

Cada passo em direção à melhor pessoa que podemos ser requer disciplina. (…)

Se não houver disciplina, não há amor.
 
 
 

Matthew Kelly
Fonte: http://www.filosofiaesoterica.com 
 
 
 
NOTA:

[1] A filosofia esotérica ensina que os deuses monoteístas são uma ilusão predominantemente medieval, fabricada por sacerdotes desinformados. Em teosofia, a palavra “deus” pode significar a Lei Universal do Equilíbrio e da Justiça. No caso do recolhimento em oração e meditação, o estudante se reúne com a voz da sua consciência, a voz sem palavras do seu próprio eu superior ou alma espiritual. O estudante é inspirado pela lei impessoal de justiça e harmonia que rege o universo.

 
O SEGREDO DA LUZ



A VOZ DE DENTRO


A grande pergunta sem resposta do homem tem uma resposta simples. A Voz Silenciosa dentro de cada homem está constantemente sussurrando essa resposta para a sua consciência desperta. Todo desejo escrito no coração do homem é levado para a fonte - e sua resposta está fadada a vir - mas poucos são os que pedem de forma abrangente e menos ainda são os que ouvem

São muitas eras de preparação para que nos tornemos dignos de ouvi-la, pois a consciência do homem está isolada de sua Fonte pelas sensações de seu corpo eletricamente condicionado, as quais ele erroneamente pensa ser a sua Mente e seu Ser pessoal.

O que ele chama de sua mente humana objetiva é apenas a sede das sensações elétricas de seu corpo. O que ele confunde com sendo pensamento não é senão uma consciência elétrica de coisas sentidas e registradas dentro das células de seu cérebro para o uso repetitivo através do que é chamado de "memórias". As memórias não têm mais relação com o conhecimento da Mente Universal que está no homem do que as gravações de uma Vitrola estão relacionadas com a fonte de suas gravações.

O que ele pensa como sendo seu corpo vivo é apenas uma máquina eletricamente motivada, que simula a vida através do movimento estendido a ela a partir de sua Alma-Ser centralizadora, que é, de fato, quem vive e faz o corpo se mover.

O que ele chama de sua mente subjetiva é a sua consciência, seu armazém espiritual de todo conhecimento, todo o poder e toda presença. Essa consciência é o seu Ser, seu Eu eterno através do qual sua onisciência, onipresença e onipotência são expressos conforme ele lentamente se torna ciente dessa presença dentro de si mesmo.

Os fios-nervosos elétricamente oscilantes que operam o seu mecanismo corporal agem quase que inteiramente através de reflexos automáticos e controle instintivo, e, em muito pequena medida, através de decisões mentais. Cada célula e órgão do seu corpo tem uma consciência elétrica de sua finalidade e cada uma cumpre esse objetivo, sem nenhuma ação mental, por parte da Inteligência que ocupa esse corpo. O batimento cardíaco, por exemplo, é puramente automático. Os glóbulos brancos do sangue correm para reparar uma lesão no corpo de maneira tão automaticamente quanto uma campainha que soa quando um botão é pressionado.

Neste corpo e em seu gravador elétrico (seu cérebro), o homem acha que ele mesmo pensa e vive, ama e morre. Ele acha-se consciente enquanto acordado e inconsciente durante o sono; sem saber que em toda a Natureza não existe tal condição como a inconsciência quando a sensação cessa durante o sono.

O homem não diz que seu dente está inconsciente quando ele é posto para dormir por um curto-circuito na corrente elétrica no fio nervoso que dá consciência elétrica sensorial para seu dente. Ele sabe que seu dente não pode ser consciente, mas ao mesmo tempo ele não percebe que seu corpo não pode ser consciente.

Ele também não sabe ainda que a consciência nunca dorme, nunca muda, pois a consciência no homem é a sua imortalidade. É a luz que ele está inconscientemente buscando, mas assume que a sensação de seu cérebro é o seu pensamento.

O homem ainda é novo. Ele acabou de sair da escuridão de sua selva. Por um milhão ou mais anos de sua manifestação, ele tem se apoiado na sensação para suas ações e nas evidências de seus sentidos para o seu conhecimento.

Ele tem se dado conta do espírito nele mesmo apenas há alguns poucos milhares de anos. Neste início de sua nova consciência ele está confuso, não sabendo o que é a Mente nele, o que é a consciência nele e o que é a sensação.

Ele ainda não aprendeu que os corpos são apenas mecanismos auto-criados, que manifestam seu Ser centralizador, e que esse Ser manifesta Deus como sendo um com ele mesmo. Da mesma forma que ele ainda não aprendeu que os corpos nem vivem nem morrem, mas se repetem continuamente e para sempre, assim como toda a ideia de Mente da mesma forma se repete.

A roda, por exemplo, é um mecanismo que consiste num eixo, raios e um aro. Uma pequena parte da roda toca e sente o chão, em seguida, sai da roda para desaparecer do alcance das sensações que ligam aro, raios e solo.

Mas, então, reaparece. Quando isso acontece ao homem, dizemos: "Ele nasceu, viveu e morreu." Quando isso acontece com uma maçã, uma chama, ou uma árvore, nós dizemos: "A maçã foi comida, a chama se apagou e a árvore apodreceu."

Dizemos isso porque apenas uma pequena parte do ciclo de qualquer ideia chega dentro do alcance dos nossos sentidos. A maior parte do ciclo está fora do nosso campo de percepção, assim como a maior parte da roda está além da percepção do sentido do solo.

Nós ainda não sabemos que a parte invisível dos ciclos de toda a ideia é tão contínua como a roda é contínua. O ciclo da maçã é a luz que chega do sol e terra para aquela metade positiva do ciclo da maçã que temos em nossas mãos. A metade negativa do ciclo é luz que retorna ao sol e a terra para a repetição como uma outra manifestação da ideia eterna da maçã.

O mesmo é verdade para a chama, a árvore ou qualquer outra parte de toda a Ideia Una da criação.  A chama pode "extinguir" à nossa detecção. Mas ela ainda É. Da mesma forma a árvore, a floresta, a montanha, o planeta e a nebulosa dos céus mais distantes aparecem, desaparecem e com certeza reaparecem.

Da mesma forma o homem aparece para desaparecer e reaparecer de novo e de novo, em inúmeros ciclos, para expressar a vida eterna do espírito em repetições eternas daquela parte do ciclo do homem, que o corpo do homem pode sentir.

O homem nunca morre. Ele é tão contínuo quanto a eternidade é contínua. Jesus disse corretamente que o homem não verá a morte, pois não existe morte para ver ou conhecer.

Da mesma forma o corpo do homem não vive, e por nunca ter vivido não pode morrer. Somente o espírito vive. O corpo apenas manifesta o espírito. Aquilo que nós pensamos como sendo a vida no espírito do homem manifesta-se ao arbitrar o corpo a agir.

As ações assim produzida pelo organismo sob o comando da sua Alma centralizadora, não têm poder ou inteligência motivadora em si mesmas; elas são apenas máquinas motivadas por uma inteligência onisciente e onipotente estendida a elas.

Essas coisas ainda não sabemos, pois o homem está em sua infância. Ele está apenas começando a conhecer a Luz.


SEJAIS TRANSFORMADOS PARA SEMPRE


O homem está sempre buscando a Luz para guiá-lo nessa estrada longa tortuosa que conduz da selva de seu corpo para o topo da montanha de sua alma desperta.

O homem está eternamente encontrando a Luz, e está eternamente sendo transformado cada vez que ele a encontra. E conforme a encontra, ele gradualmente encontra o ser dele, que É a luz.  E   torna-se mais e mais transformado pela Luz-Deus do Ser desperto dentro dele, ele deixa a selva mais longe abaixo dele no escuro.

Há aqueles que buscam a Luz que estão desanimados porque eles aparentemente não podem encontra-la, totalmente inconscientes que eles têm encontrado a Luz eternamente. Os desavisados esperam encontra-la toda de uma vez em algum ofuscante clarão de todo-poder, todo conhecimento e todo-presença.

Isso não vem dessa maneira até que a pessoa esteja chegando perto do seu topo da montanha. O homem não pode suportar muito da Luz de uma vez, enquanto seu corpo ainda é novo e muito perto de sua selva. Todos os que estão bem fora da selva já encontraram o suficiente da Luz para iluminar seu caminho para fora de suas profundezas escuras.

Aquele que está longe da selva e ainda procura a Luz nos céus mais elevados está para sempre encontrando-a, e está para sempre sendo transformado conforme a encontra.

Não se pode nem por um momento tirar os olhos de seu céu elevado, pois sempre um leve vislumbre abaixo na escuridão traz-lhe de volta aos medos do escuro, que tentá-lo a mergulhar de volta para eles.
Olhai, pois, sempre para cima, para os céus mais elevados de inspiração, onde a glória aguarda os destemido e oniscientes buscadores da Beleza na pureza da Luz universal.

Para aquele cujos olhos estão nos céus mais elevados, a Luz para sempre virá, e ele será transformado para sempre conforme a encontrar.

A estrada escura que vai de sua selva para o seu topo da montanha de glória torna-se cada vez mais iluminada durante a subida do corpo para o espírito.

É uma estrada difícil mas gloriosa para se trilhar. Todos devem trilhar a subida.


Walter Russell 
Fonte:http://ricardo-yoga.blogspot.com.br

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

TRANSCENDENDO NOSSAS 
GAIOLAS DE TRISTEZAS


Pergunta: Perdi todo o interesse pela propaganda de quaisquer ideias, até mesmo as vossas. A propaganda não me parece ter valor de qualquer espécie. Sinto-me completamente desorientado quanto à maneira pela qual poderei realmente auxiliar o progresso da humanidade. Que fazer?


Krishnamurti: Este parece-me ser o caso da maioria das pessoas que aqui se encontram. Para encontrardes a razão de ser deste estado mental necessitais de interrogar-vos a vós próprios sobre o que é que vos esforçais por propagar — se são meras ideias ou algo que estais vivendo. Se meramente propagardes ideias, estas não terão valor algum e ninguém com elas se preocupará; é por isso que perdeis todo interesse por tais ideias. Se, porém, estiverdes propagando realidades as realidades vivas que houverdes encontrado por vós mesmos e pelas quais vos bateis, lutando a todo o momento do dia então não mais será assunto de propaganda: hão de vir a vós as pessoas interessadas e não necessitareis ir até elas. Se não estou ajuizando mal nesta questão, tendes, aparentemente, estado a propagar ideias de outrem e não realidades que tenhais vivido. Daí a perda total de interesse. Coisa essa muito boa! — pois que, então por vós mesmos verificareis que essas ideias que haveis propagado não tiveram influência sobre a vossa vida; e assim ficareis ansiosos por buscar, por descobrir as ideias que vos hão de proporcionar a inata, a intrínseca capacidade de viver. 
 
Então não mais se tratará de propaganda. Sei que é coisa muito fácil converter os outros, trazer os outros para a vossa gaiola particular. Porém o homem que realmente vive, que luta, que anseia, não deseja engaiolar a outrem — ao contrário, a todos quer libertar de todas as gaiolas, destruí-las todas. Assim, portanto, o mero interesse pelas ideias teológicas, pelas discussões filosóficas e metafísicas, não tem valor. 
 
Essas coisas são excelentes como ginástica mental. Porém, ideias que vos proporcionem o perfume da vida e o interesse de viver, de compreender, de crescer, de lutar, com toda a experiência, que dela colheis para vosso uso e riqueza, — isto não exige propaganda, para isto não necessitais de ter em vista a autoridade de outrem. Para tanto, o que é necessário é vivenciar vós próprios o exemplo; a maneira de viverdes abrirá o caminho do entendimento para outrem. Assim, o vosso interesse depende daquilo a que derdes realce na vida, e do fato daquilo que estais vivendo ter ou não valor essencial em si mesmo. Se o não possuir, estareis ainda nas garras da tristeza. Se o possuir, então estareis transcendendo essa limitação, essa gaiola, esse presidio de tristeza.


 
Krishnamurti 
Fonte:pensarcompulsivo

  



Interessante, não? 
Creio que esta frase de Osho explica bem isso: "Amar significa: aceitar isso como isso é".