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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A LEI DO CAMINHO


Primeiro esteja certo do chamado e da resposta de tua alma. Se o chamado não for verdadeiro, não for o toque dos poderes de Deus, ou a voz de seus mensageiros, mas a ilusão de teu ego, o fim de teus esforços será um pobre fiasco espiritual ou até mesmo um desastre mais profundo.
 
E se não for o fervor da alma, mas apenas o consentimento ou o interesse da mente que responde às intimações divinas, ou somente o desejo da vida inferior que se agarra a algum aspecto da atração dos frutos do Poder do Yoga ou do prazer do Yoga, ou apenas uma emoção transitória, que salta como uma chama insegura, movida pela intensidade da Voz ou sua doçura ou grandeza, então, também, pode haver pouca certeza para ti no difícil caminho do Yoga.
 
Os instrumentos exteriores do homem mortal não têm força para o levar através dos ardores severos desta jornada espiritual e da titânica batalha interior, ou para enfrentar suas provações terríveis e obstinadas, ou encorajá-lo a vencer seus perigos sutis e tremendos. Somente a vontade firme e venerável do espírito e o fogo insaciável do ardor invencível de tua alma é que são  suficientes para esta transformação difícil e este empreendimento elevado e improvável.
 
Não imagines que o caminho seja fácil; a senda é longa, árdua, perigosa e difícil. A cada passo existe uma emboscada, em cada curva uma cilada. Milhares de inimigos, vistos e não vistos, lançar-se-ão contra ti, terríveis em sua sutileza contra tua ignorância, tremendos no poder contra tua fraqueza. E quando com dor conseguires destruí-los, outros milhares lançar-se-ão para tomar seu lugar. O Inferno vomitará suas hordas para opor, cercear, ferir e ameaçar; os Céus enfrentar-te-ão com seus testes impiedosos e suas negações luminosas e frias.
 
Encontrar-te-ás sozinho em tua angústia, os demônios furiosos em teu caminho, os Deuses relutantes acima de ti. Antigos e poderosos, cruéis, inconquistáveis, próximos e inumeráveis são os Poderes terríveis e escuros que lucram com o reino da Noite e da Ignorância, que não querem mudança e são hostis. 

Longínquos, lentos em chegar, distantes e poucos e breves em suas visitas, são os Luminosos que querem e são permitidos dar socorro. Cada passo para a frente é uma batalha. Há descidas precipitadas, há ascensões infindáveis e sempre picos e picos mais elevados para conquistar. Cada planalto escalado é apenas um estágio no caminho e revela, além, alturas sem fim. Em cada  vitória que tu pensas ser a última luta triunfante, evidencia-se somente o prelúdio de batalhas perigosas e centenas de vezes mais ferozes.

Mas tu não disseste que a mão de Deus estará comigo e a Divina Mãe perto com seu gracioso sorriso de socorro? E não sabes tu que a Graça de Deus é mais difícil de ter e de conservar que o néctar dos Imortais ou os tesouros inestimáveis de Kuvera? Pergunta a teus escolhidos e eles dir-te-ão quantas vezes o Eterno escondeu deles Sua face, quão frequentemente Ele se retirou para trás de seu véu misterioso e eles se encontraram sozinhos nas garras do Inferno, solitários no horror da  escuridão, expostos e sem defesa na agonia da batalha. E se sua presença for sentida por trás do véu, todavia é como o sol de inverno por trás das nuvens e não salva da chuva e da neve e da tempestade calamitosa e do vento áspero e do frio cortante e da atmosfera de um cinzento doloroso e da monotonia parda e enfadonha.
 
Sem dúvida o auxílio existe, mesmo quando parece ter se retirado, mas ainda há a aparência da noite total, sem um sol para chegar, e sem a estrela da esperança para dar prazer na escuridão. Bela é a face da Divina Mãe, mas ela também pode ser dura e terrível. Mas é, então, a imortalidade um brinquedo para ser dado levianamente a uma criança, ou a vida divina um prêmio sem esforço ou a coroa para um fraco? 

Esforça-te corretamente e conseguirás; confia e tua confiança acabará justificada; mas a Lei terrível do Caminho existe e ninguém pode derrogá-la.

Nas profundezas existe uma profundeza maior, nas alturas, uma altura maior. Mais rápido chegará o homem às fronteiras do espaço ilimitado, do que à plenitude de seu próprio ser. Porque esse ser é ilimitado, é Deus.

Aspiro pela força infinita, pelo conhecimento infinito, pela ventura infinita. Posso eu alcançá-los? Sim, mas a natureza do ilimitado é não ter fim. Não digas, portanto, que o posso atingir. Torno-me ele... Só assim pode o homem alcançar Deus, tornando-se Deus...


Sabedoria de Sri Aurobindo
(Seleção de seus escritos)
 
TRÊS PALAVRAS DEVEM SER COMPREENDIDAS



Três palavras têm de ser compreendidas: uma é “religião”, ou “espiritualidade”; a segunda é “moralidade”; e a terceira é “legalidade”. 

Religiosidade (ou espiritualidade) não subsiste em ideias morais – está além do moral e do imoral, está além do certo e do errado; não possui consciência externa; vive da pura consciência em si. Existe um tremendo “estado de alerta”, e a pessoa age a partir desse “estado de alerta”. Quando acontece de a ação surgir do “estado de alerta”, ela é inevitavelmente boa.

Mas o ser humano vive num “estado não alerta”. Toda a vida do ser humano é repleta de “estados não alertas” – ele é quase como um robô. Ele vê e, contudo, não vê; ele ouve e, contudo, não ouve. Ele existe, mas somente no sentido literal da palavra, não realmente, não como um Buda ou um Cristo ou um Zaratustra… ou como Dionísio, Pitágoras, Heráclito. Não, ele não existe com tal intensidade, com aquele “estado de alerta”.

Desse modo, a moralidade se torna quase uma necessidade – ela é um substituto. Quando não se pode ter a coisa verdadeira, acaba sendo melhor ter alguma coisa não-verdadeira do que não ter absolutamente nada, porque o ser humano precisa ter um certo código de comportamento. Mas se este código flui do “estado de alerta”, então não há nenhum problema.

É assim que as pessoas estão: vivendo apenas em uma espessa nuvem de inconsciência. Suas vidas não são aquela vida de luz, mas a de escuridão – e, vindo dessa escuridão, dessa confusão, dessa fumaça, o que você pode esperar? Elas estão fadadas a fazer algo tolo, algo errado.

A menos que todos se tornem um Buda, permanecerá a necessidade de alguma espécie de moralidade. A moralidade não é algo grandioso; é um substituto pobre da religiosidade. Se você pode ser religioso, então, não há necessidade de moralidade.

Minha ênfase aqui é na religiosidade, não na moralidade, porque observei o completo fracasso da moralidade. Ela tem sido de algum modo útil; ajudou as pessoas a viverem de algum modo umas com as outras, sem cortarem-se as gargantas muito violentamente. Elas cortam, mas cortam de maneira indireta e gradualmente, não repentinamente; e cortam de modo sofisticado. Primeiro, lhes dão tranquilizantes, ou drogas, para anestesiá-las e, assim, não sentirem muita dor.

Todas as ideologias políticas e religiosas não são nada mais do que tranquilizantes não-medicinais. Todo o propósito é o de fazê-los viver no sono, de modo que vocês possam ser explorados, oprimidos, escravizados e, ainda assim, não estarem alertas para o que lhes está acontecendo.

Karl Marx está certo nesse sentido –  a religião é o ópio do povo. Mas por “religião” ele quer dizer “cristainismo, hinduismo, budismo…” Ele não estava ciente da religião da qual eu estou falando, da religião dos Budas. Ele estava falando sobre as religiões institucionalizadas, organizadas. E não sobre a experiência viva dos iluminados. Porque esta não é um ópio, é exatamente o oposto disso – é cheia de ciência.

Há uma diferença entre os padrões moral e legal. “Moral” significa que você vive “de acordo com os mais elevados padrões que a sociedade impôs sobre você” e não de acordo com sua própria luz. É o potencial máximo, a esperança da sociedade, que foi imposta sobre você. E o padrão legal é o mínimo.

O padrão moral é o máximo, a maior expectativa da sociedade; e o padrão legal é a expectativa mínima: pelo menos deve-se cumprir o legal. Se você não puder alçar-se ao moral, então, por favor, cumpra o legal. O legal é o limite mais baixo e o moral é o limite mais elevado, daí a diferença. A diferença existe.

Há muitas coisas imorais que não têm nada a ver com a lei. Você pode estar fazendo muitas coisas imorais, mas não pode ser apanhado legalmente, porque a legalidade consiste, no mínimo, no limite mais baixo.

Dizem que o melhor professor é aquele que é capaz de explicar o que está dizendo ao aluno mais estúpido da classe. Se o mais estúpido pode compreendê-lo, então, é claro, todos os outros compreenderão. A lei pensa na pessoa mais estúpida, na pessoa mais inumana, naquela que está próxima ao animal. A moralidade pensa no mais inteligente, no mais humano. Daí a diferença entre as duas – e a diferença continuará.

E eu tenho de lembrá-los de uma terceira coisa também; do padrão espiritual. Este é o maior, o transcendental, além do qual não existe nada. Os Budas vivem de acordo com o último, os santos vivem de acordo com o moral e os assim chamados cidadãos vivem de acordo com o legal. Estas são as três categorias de seres humanos.

Será a maior evolução da sociedade quando houver somente um único padrão, o espiritual – então não haverá necessidade de nenhuma lei, nenhuma necessidade de alguma moralidade, nenhuma necessidade do estado, de magistrados, de polícia, de militarismo. Quase 99% de nossa energia é desperdiçada neste mundo administrativo. 

Se o ser humano puder viver de acordo com sua própria luz – e isso só será possível se ele alcançar seu âmago mais profundo, por meio de meditação -, então todo esse criminoso desperdício de energia poderá  ser interrompido. A terra poderá tornar-se o próprio paraíso, porque se 100% da energia tornar-se disponível para a criatividade, para a arte, para a ciência, para a música, para a pintura, para a poesia, nós poderemos criar, pela primeira vez, uma verdadeira sociedade de seres humanos.

Até agora, o ser humano apenas parece humano: lá no fundo, ele não é nada mais do que animal mascarado de ser humano. Sua humanidade não tem nem a espessura da pele; basta arranhá-lo um pouquinho e o animal sai. O ser humano com o qual estamos convivendo, com o qual vivemos até aqui, está tão interessado no trivial, que só isso já prova a sua mediocridade…não pode dar nenhum indício de sua inteligência.

A humanidade continua discutindo sobre grandes coisas. Mas prossegue vivendo de maneira totalmente diferente. Seus pensamentos são muito elevados; sua vida é muito imatura. Na verdade, ela cria todos esses grandes pensamentos para encobrir sua imaturidade.


Osho


terça-feira, 29 de novembro de 2016

NÃO TENHA MEDO 
DA LIBERDADE


A felicidade nunca é sua, ela está onde o 'eu' 
não está. Não digo que esteja além de seu alcance;
só tem que ir além de si mesmo e a encontrará.


As circunstâncias e as condições governam o ignorante. O conhecedor da realidade não é obrigado a nada. A única lei a que obedece é a do amor.

O prazer depende das coisas, a felicidade não. Enquanto acreditarmos que necessitamos de coisas para nos fazer felizes, também deveremos acreditar que, na ausência delas, seremos miseráveis.

A mente sendo um produto das condições e das circunstâncias, depende delas e muda junto com elas. O que é independente, incriado, eterno, imutável, e ainda assim sempre novo e fresco, está além da mente. Quando a mente pensa nele, ela se dissolve e só a felicidade permanece.

Quando o mundo não o aprisiona, ou limita, converte-se em uma morada de alegria e beleza. Você pode ser feliz no mundo apenas quando é livre dele.

O mundo lhe parece tão esmagadoramente real porque você pensa nele o tempo todo; deixe de pensar nele, e ele se dissolverá numa névoa sutil. Você não precisa esquecer; quando o desejo e o medo terminam, o cativeiro também termina. O que cria o cativeiro é o envolvimento emocional, o padrão estabelecido de gostos e desgostos, o que denominamos caráter e temperamento.

Não tenha medo da liberdade do desejo e do medo. Ela permite que você viva uma vida tão diferente de tudo o que você conhece, tão muito mais intensa e interessante, que, verdadeiramente, por perder tudo, você ganha tudo.


 
  Nisargadatta Maharaj
 
 
 
 
 
"Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, 
mas uma consequência". 
(Léon Tolstoi)


COMPAIXÃO




- Para a realização divina, é necessária a compaixão para com todos os seres (daya), uma vez que o próprio Deus é transbordante desta qualidade. Aqueles que possuem um coração sensível podem colocar-se no lugar dos outros, sentir o seu sofrimento e tentar aliviá-lo.

- Ó Senhor de Compaixão, ensina-me a derramar lágrimas de amor por todos os seres. Possa eu vê-los como sendo o meu próprio ser - expressões diferentes de meu Eu divino.

- Eu desculpo facilmente as minhas faltas; deixa-me portanto, perdoar rapidamente as falhas dos outros. Abençoa-me, ó Pai, para que eu não inflija aos meus companheiros críticas inoportunas. Se eles pedirem o meu conselho, na tentativa de reformarem-se, possa eu oferecer-lhes sugestões inspiradas por Ti.

- Cada dia, tente ajudar a se reerguer, assim como você ajudaria a si mesmo ou a sua família, qualquer pessoa à sua volta que esteja física, mental ou espiritualmente enferma. Assim, seja qual for o seu papel no palco da vida, você saberá que o interpretou corretamente, sob a orientação do Diretor de cena de todos os destinos.

- A Tua divina luz está oculta, mesmo na criatura mais viciada e mergulhada nas trevas, esperando para brilhar quando surgirem as condições adequadas: andar em boas companhias e possuir o ardente desejo de auto-aperfeiçoamento.
Nós Te agradecemos por nenhum pecado ser imperdoável, nenhum mal ser insuperável, pois o mundo de relatividade não contém absolutos.
Inspira-me, ó Pai Celestial, para que eu possa despertar os Teus filhos desorientados para a consciência de sua pureza inerente, imortalidade e filiação celestial.

- Eu tratarei aquele que se considera meu inimigo como um divino irmão, escondido sob um manto de algum mal-entendido. Eu chorarei sinceramente ao lado desse manto com uma lança de amor, de forma tal que, vendo minha humildade, clamando por compreensão, ele não mais desprezará a oferta da minha boa-vontade.

- Que a feiúra da indelicadeza dos outros possam me impelir a me fazer belo com a bondade. Possam os modos grosseiros dos meus companheiros lembrar-me de usar palavras doces, sempre. Se pedras de mentes pecadoras forem arremessadas contra mim, permita-me enviar de volta apenas mísseis de boa-vontade. Assim como o jasmim deixa cair suas flores sobre as mãos que portam machados e que golpeiam suas raízes, assim, sobre todos aqueles que agem hostilmente contra mim, possa eu derramar flores de perdão.

- Que eu não aumente a ignorância dos pecadores com minha intolerância ou vingança. Inspira-me a ajudá-los com meu perdão, minhas orações e lágrimas de amor fraterno.

- Procure fazer coisas corajosas e amáveis que deixam de ser feitas pela maioria das pessoas. Dê presentes de amor e paz àqueles que os outros ignoram.

- Assim como os raios vitais do sol tudo vivificam, assim deve você também levar raios de esperança aos corações dos pobres e esquecidos, despertar a coragem nos corações dos desesperados e dar novo ânimo aos corações daqueles que se julgam vencidos.

- Se Deus não responde às suas preces é porque você não está sendo fervoroso. Se você Lhe oferece orações mecânicas, não pode esperar prender a atenção do Pai Celestial. O único modo de tocar Deus através da prece é pela persistência, regularidade e profundo fervor. Limpe a sua mente de toda negatividade, como o medo, a preocupação, a raiva. Então, encha-a com pensamentos de amor, serviço aos outros e alegre expectativa. No santuário do seu coração deverá reinar um poder, uma alegria, uma paz - Deus.

 
 PARAMAHANSA YOGANANDA
 
 
A COMPREENSÃO NÃO SURGE
ATRAVÉS DO ISOLAMENTO



É muito importante compreender todo o processo do nosso pensamento, e essa compreensão não surge através do isolamento. Não existe uma vida isolada. A compreensão do processo do nosso pensamento surge quando nos observamos nos nossos relacionamentos diários, nas nossas atitudes, nas nossas crenças, a maneira como falamos, a maneira como olhamos as pessoas, a maneira como tratamos nossos maridos ou nossas esposas e nossos filhos. O relacionamento é o espelho no qual se refletem os processos do nosso pensamento. Nos fatos do relacionamento se encontra a verdade, não fora do relacionamento. Não existe, é claro, a vida isolada. Podemos, cuidadosamente, eliminar diversas formas de relacionamento físico, mas, ainda assim, a mente permanecerá relacionada. A própria existência da mente implica relacionamento, e o autoconhecimento advém de se enxergarem os fatos do relacionamento tais como eles são, sem inventar, condenar ou justificar. No relacionamento, a mente faz certas avaliações, julgamentos e comparações; ela reage ao desafio de acordo com as várias formas de recordação, e essa reação é chamada de pensamento. Você descobrirá que, se a mente puder ao menos estar ciente de todo o processo, o pensamento se imobiliza. A mente então fica bastante quieta, bastante silenciosa, sem incentivo, sem movimento em qualquer direção, e, nessa quietude, a realidade adquire existência.

Krishnamurti
 
 
 
 
"Jamais poderei encontrar-me se me isolar 
dos demais homens como se eu fora 
uma espécie diferente de ser" 
(Thomas Merton)




"Somos infelizes porque ficamos excessivamente encerrados em nós mesmos. O que quero dizer quando falo que nós ficamos excessivamente encerrados em nós mesmos? E o que acontece exatamente, quando ficamos excessivamente encerrados em nós mesmos? Ou você vive a vida, ou fica encerrado em si mesmo -- as duas coisas ao mesmo tempo, são impossíveis. Estar em si mesmo significa estar à parte, estar separado. Estar em si mesmo significa tornar-se uma ilha. Estar em si mesmo significa traçar uma linha divisória à sua volta. Significa estabelecer uma distinção entre "isto eu sou" e "isto eu não sou". Essa definição, essa fronteira entre "eu" e "eu não" circunscreve o território do "si mesmo" (self) - o si mesmo isola. E ele o torna congelado: você deixa de fluir. Quando alguém está fluindo, o si mesmo não pode existir.


Com esse jeito de ser, as pessoas quase se transformaram em cubos de gelo. Já não têm calor nenhum, não sentem nenhum amor -- têm medo do amor, porque amor é calor. Se o calor se aproximar, elas começarão a derreter, e as fronteiras irão desaparecer. As fronteiras desaparecem no amor; na alegria também, porque a alegria não é fria".



Osho
 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

MOMENTOS COM CARL JUNG



Aprenda a teoria o melhor que você possa, mas depois deixe-a de lado quando você estiver em contato com a maravilha de uma alma viva.

Em todo adulto espreita uma criança - uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo, e que solicita, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa.

Não conseguimos mudar coisa alguma sem antes aceitá-la. A condenação não liberta, oprime.

Até você tornar-se consciente o inconsciente irá dirigir sua vida e você irá chamá-lo de destino.

... Posso apenas desejar e esperar que ninguém se torne 'junguiano' ... Eu não proclamo qualquer doutrina predeterminada, e abomino os 'partidários cegos'. Deixo todas as pessoas livres para lidar com os fatos à sua própria maneira, pois também reclamo essa liberdade para mim.

A liberdade do eu cessa onde começa a esfera dos complexos, pois esses são esferas psíquicas cuja natureza mais profunda ainda não foi alcançada.

Só em nós mesmos podemos mudar algumas coisas; nos outros é uma tarefa quase impossível.

O homem completo sabe que mesmo o seu mais feroz inimigo, não só um, mas um bom número deles, não chega aos pés daquele terrível adversário, ou seja, aquele 'outro' que habita em seu seio.

Do mesmo modo aquele que fere ao outro fere a si próprio, aquele que cura, cura a si mesmo.

Alimentar os famintos, perdoar as ofensas e amar os inimigos - essas são grandes virtudes. Mas, o que dizer quando descubro que o mais pobre dos mendigos e o mais insolente dos agressores estão em mim, e que preciso das esmolas da minha própria bondade? Que eu mesmo sou o inimigo que precisa ser amado? O que dizer então?

Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minhas respostas; caso contrário estarei reduzido à resposta que o mundo me der.

Não há despertar de consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando aos limites do absurdo para evitar enfrentar sua própria alma. Ninguém se torna iluminado por inventar figuras de luz, mas sim por tornar consciente a escuridão.

Tudo aquilo que não enfrentamos em vida acaba se tornando o nosso destino.

O maior trabalho político, social e espiritual que podemos fazer é parar de projetar nossas sombras no outro.

Gostamos de aparentar ou imaginar que somos capazes de lidar com a sombra ou que o problema consiste em como nós lidamos com a sombra. Porém não imaginamos como a sombra lida conosco.

Qualquer árvore que queira tocar os céus precisa de raízes tão profundas a ponto de tocar os infernos.

O conhecimento baseia-se não somente na verdade, mas no erro também.

Nós precisamos entender melhor a natureza humana, porque o único perigo real que realmente existe é o próprio homem.

Tudo que nos irrita nos outros pode levar a um melhor conhecimento de nós mesmos.

Uns sapatos que ficam bem numa pessoa são pequenos para uma outra; não existe uma receita para a vida que sirva para todos.

Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem são sabe o que uma coisa é, já é um avanço do conhecimento saber o ela não é.



Frases colhidas da internete 

 

domingo, 27 de novembro de 2016

NÃO EXISTE LIBERTAÇÃO 
SEM A ENTREGA DO CORAÇÃO



O investigar requer mente equilibrada, sã, mente que não se deixe persuadir por opiniões, próprios ou alheias e, portanto, seja capaz de ver as coisas com toda a clareza, em cada minuto de seu movimento, de seu fluir. A vida é um movimento de relações, e portanto — ação. E, se não há liberdade, a mera revolta nenhuma significação tem. O homem verdadeiramente religioso nunca se revolta. É um homem livre — não do nacionalismo, da avidez, da inveja, etc.; livre, simplesmente. 

E o investigar requer a compreensão da natureza e significado do medo, porque a mente que, em qualquer de seus níveis, sente medo, é obviamente incapaz do rápido movimento que exige o investigar. Sabeis que neste país, em virtude da tradição e do prestígio da autoridade, gostamos de gabar-nos de nossa civilização sete vezes milenária. E os que tanto se orgulham dessa civilização provavelmente nada têm para dizer; por esta razão tanto se fala a respeito dela. Não é livre o espírito que está sob o peso da tradição e da autoridade. Terá de transcender a civilização e a cultura, porque só então será capaz de investigar e descobrir a verdade; de contrário, só saberá discorrer sobre a verdade, e a seu respeito ter inumeráveis teorias. O descobrir exige um espírito totalmente livre da autoridade e, portanto, do medo. 

A compreensão do medo é um enorme e complexo problema. Não sei se alguma vez já lhes destes a vossa mente — não só a mente, mas  também o coração. A mente talvez já tenhais dado, mas com toda a certeza nunca destes o coração. Para compreender uma coisa, temos de dar-lhe nossa mente e nosso coração. Quando só aplicamos a mente a uma certa coisa — principalmente ao medo — tratamos de resistir a essa coisa, de erguer uma muralha contra ela, de fechar-nos e isolar-nos, ou, ainda, tratamos de fugir da coisa. É o que fazemos quase todos nós, e para isso é que serve a maioria das religiões. Mas, quando aplicais o coração à compreensão de uma coisa, verifica-se então um movimento muito diferente. Quando dais o coração à compreensão de vosso filho — se isso vos interessa — observais todo o incidente, toda minúcia; nada é insignificante, e nada importante demais; e nunca vos enfadais. Entretanto, nunca damos o coração a coisa alguma — nem mesmo a nossa esposa ou marido, ou filhos; e muito menos à vida. Quando o indivíduo dá o seu coração, é instantânea a comunhão. 

"Dar o coração" é uma ação total. "Dar a mente" é ação fragmentária. E a maioria de nós dá a mente a tantas coisas! Por isso, vivemos uma vida fragmentária: pensando uma coisa e fazendo outra; e vemo-nos divididos pela contradição. Para compreender uma coisa, temos de dar-lhe não só a mente, mas também o coração. 

E para compreender esse complexo problema do medo... não se requer um mero esforço intelectual, porém que a ele nos apliquemos totalmente. Quando amamos uma coisa — e emprego a palavra "amor" em seu sentido total, isto é, sem dividir em "amor a Deus" e "amor ao homem", ou "amor profano" e "amor divino"; tais distinções não são o amor, em absoluto — quando amamos uma coisa, a ela nos entregamos com nossa mente e nosso coração. Isso não é o mesmo que vincular-se a uma coisa. Pode um indivíduo devotar-se de corpo e alma a uma certa causa — social, filosófica, comunista, religiosa. Mas, isso não é dar-se; é seguir uma mera convicção intelectual, uma ideia de que terá de cumprir certos deveres, a fim de melhorar a si próprio ou à sociedade, etc. Estamos, porém, falando de coisa bem diferente.

Ao darmos o coração, todas as coisas são percebidas claramente, na esfera dessa compreensão. Tentai fazê-lo — ou melhor, espero que o estejais fazendo neste momento. O homem que diz "Tentarei" — está no caminho errado, porque  tempo não existe; só há o presente momento, o agora. E se o fizerdes agora, vereis que, quando se dá o coração, a ação é total — e não uma ação fragmentária, forçada, nem uma ação que segue certo padrão ou fórmula. Se derdes o coração, compreendereis imediatamente, instantaneamente, qualquer coisa; isso nada tem de sentimentalismo ou devoção — que são coisas muito pueris.

Para dar o coração, necessitamos de muita compreensão, de muita energia e clareza, para que, na luz dessa compreensão, possamos ver as coisas claramente. E não podeis vê-las claramente, se não estais livre de vossa tradição, de vossa autoridade, de vossa cultura, de vossa civilização, de todos os padrões sociais; não é fugindo da sociedade, indo-se viver numa montanha, tornando-se eremita que se compreende a vida. Pelo contrário, para compreenderdes esse extraordinário movimento da vida — que é relação, que é ação — e o acompanhardes infinitamente, necessitais de liberdade, e esta só vem àquele que dá sua mente, seu coração, seu ser inteiro. Então, compreendereis a vida. Na compreensão não existe esforço; é um ato instantâneo.

Só a mente livre, lúcida — só essa mente é capaz de ver o verdadeiro e de afastar o falso. 
 
 
 
Jiddu Krishnamurti, em a Suprema Realização

sábado, 26 de novembro de 2016

NINGUÉM MAIS ENTENDE 
A LINGUAGEM DO CORAÇÃO


Estamos obcecados pela mente — nossa educação e nossa civilização têm uma fixação pela mente porque ela foi responsável por todos os avanços tecnológicos, e para nós isso resume tudo. 

O que o coração pode nos dar? Com certeza, nada hightech, industrial ou capaz de gerar dinheiro. Mas pode nos proporcionar alegria, celebração e também uma enorme sensibilidade para a beleza, celebração e também uma enorme sensibilidade para a beleza, a música e a poesia. Além disso, é capaz de guiá-lo no mundo do amor e da oração, mas essas coisas não são commodities. 

Você não pode aumentar sua conta bancária usando apenas o coração nem lutar em grandes guerras, assim como não pode produzir bombas atômicas nem destruir as pessoas pelo coração. O coração sabe criar, enquanto a mente é destrutiva — infelizmente, nossa educação, ficou presa à mente. 

Nossas universidades, faculdades e escolas estão destruindo a humanidade. Pensam estar lhe prestando um grande serviço, mas apenas enganam a si mesmas. A menos que a raça humana atinja um equilíbrio e o coração e a mente amadureçam, continuaremos sofrendo. 

à medida que nos tornamos mais centrados na mente e, por outro lado, cada vez mais alheios ao coração, nosso sofrimento tende a aumentar. Somos responsáveis por criar um inferno na Terra e só pioramos essa situação. 

O paraíso pertence ao coração. Ainda assim, ninguém entende mais essa linguagem. O coração foi completamente esquecido. Somos capazes de compreender a lógica, não o amor. Compreendemos a matemática, não a música. Nós nos tornamos cada vez mais acostumados às coisas mundanas e ninguém parece ter a coragem de trilhar os percursos do desconhecido, os labirintos do amor e do coração. Entramos em sintonia com o mundo da prosa, e a poesia acabou se tonando insignificante. 

(...) Tudo o que há de criativo no homem está sendo reduzido à produção cada vez mais de "coisas". A criatividade está perdendo. seu apelo, e a produtividade se transforma no principal objetivo da vida. 

Em vez da criatividade, valorizamos a produtividade: discutimos como produzir mais, mas esquecemos que isso nos proporciona apenas coisas, não valores. As pessoas podem se tornar ricas externamente, mas empobrecidas interiormente. 

A produção se preocupa com a quantidade, enquanto a criação se preocupa com a qualidade. A produção não exige capacidade de criação, ela é medíocre: qualquer imbecil pode se dedicar a ela, basta aprender alguns truques básicos. 

O homem perdeu seu lado poético, seu impulso criativo. Nós estamos demasiadamente interessados em produtos, em novidades eletrônicas, em produzir cada vez mais coisas. É fundamental trazer de volta o coração e o amor à natureza. Precisamos prestar mais atenção às rosas, às flores de lótus, às árvores, às rochas e aos rios. Precisamos recomeçar a dialogar com as estrelas.
 
 
OSHO
 
 
 
"Tenha coragem de seguir o que o seu coração 
e a sua intuição dizem. Eles já sabem 
o que é realmente importante para você. 
O resto é secundário".
 (Steve Jobs)
 

APRENDA A SER PACIENTE


Última Parte


A maturidade chega vagarosamente. É certo que ela chega, mas isto leva um tempo. E lembre-se: para cada pessoa ela chegará num ritmo diferente, por isso não compare, não comece a pensar: ‘alguém está se tornando tão silencioso, e tão feliz, e eu ainda não alcancei isto. O que está acontecendo comigo?’ Não se compare com quem quer que seja, porque cada um viveu de uma maneira diferente em suas vidas passadas. Mesmo nesta vida, as pessoas têm vivido diferentemente. 

Por exemplo, um poeta pode ter mais facilidade em ir para dentro que um cientista; seus treinamentos são diferentes. Todo o treinamento científico é para ser objetivo, para se preocupar com o objeto, para observar o objeto, para esquecer a subjetividade. Para ser um cientista é preciso colocar-se completamente ausente do seu experimento. Ele não pode estar envolvido no experimento, não pode haver qualquer envolvimento emocional. É preciso estar completamente desapegado, como um computador. Ele não deve ser um humano, de jeito algum. Só assim ele será um verdadeiro cientista e será bem sucedido na ciência.

Um poeta tem uma habilidade totalmente diferente, ele fica envolvido. Quando ele observa uma flor, ele começa a dançar ao redor dela. Ele participa, ele não é um observador desapegado. Um dançarino pode vivenciar isto ainda com mais facilidade porque ele e a sua dança são apenas um e a dança é tão interna que o dançarino pode movimentar-se em seu espaço interior mais facilmente. Então, nas velhas e misteriosas escolas de mistérios do mundo, a dança era um dos métodos secretos. A dança era o fenômeno mais religioso, mas ela perdeu o seu significado tão completamente que quase caiu na polaridade oposta. Ela tornou-se um fenômeno sexual; a dança perdeu a sua dimensão espiritual. 

Mas lembre-se, tudo o que é espiritual, se fracassar, pode se tornar sexual; e tudo o que é sexual, se elevar-se, pode se tornar espiritual. Espiritualidade e sexualidade são irmãs gêmeas. Um músico pode ter mais facilidade que um matemático para entrar em meditação. Vocês têm habilidades diferentes, mentes diferentes e condicionamentos diferentes.

Por exemplo, um cristão pode ter mais dificuldade para meditar que um budista, porque com vinte e cinco séculos de meditação constante, o budismo criou uma certa qualidade em seus seguidores. Assim, quando um budista vem a mim, ele pode entrar em meditação muito facilmente. Quando um cristão vem, a meditação lhe é muito estranha, porque o cristianismo esqueceu-se completamente da meditação; ele só conhece prece.

A prece é um fenômeno totalmente diferente. Na prece, é necessário o outro; ela nunca pode ser independente. A prece é mais como o amor: ela é um diálogo. A meditação não é um diálogo; ela não é como o amor; ela é exatamente o oposto ao amor. Na meditação você fica totalmente só, nenhum lugar para ir, ninguém com quem se relacionar, nenhum diálogo, porque o outro não existe.Você é simplesmente você mesmo, totalmente você. Esta é uma abordagem completamente diferente.

Assim, tudo depende de suas habilidades, de sua mente, de seu condicionamento, de sua educação, da religião na qual você foi criado, dos livros que tem lido, das pessoas com as quais tem vivido, da vibração que criou dentro de si mesmo. Tudo dependerá de mil e uma coisas, mas é certo que ela chegará. Tudo que se precisa é paciência, trabalho silencioso, trabalho paciente e o centramento acontece e a maturidade chega. Na verdade, a pessoa madura e a pessoa centrada são apenas dois aspectos de um mesmo fenômeno. 

É por isto que a criança não consegue estar centrada, elas estão constantemente se movimentando, elas não conseguem ficar em um ponto, fixas. Tudo as atrai – um carro que passa, um pássaro que canta, o riso de alguém, o rádio do vizinho, uma borboleta voando – tudo, o mundo inteiro lhe atrai. Elas simplesmente pulam de uma coisa para outra. Elas não conseguem estar centradas, elas não conseguem viver com uma coisa tão totalmente que tudo o mais desapareça e se torne não-existencial.

Com a maturidade, o centramento surge. Maturidade e centramento são dois nomes para uma mesma coisa. Mas a primeira coisa a ser lembrada é que ela chega gradualmente. Não compare e não tenha pressa.


Osho
                                                                 


 The Secret of Secrets vol. II,
                                                                         Tradução de Sw.Bodhi Champak
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