A ESPIRITUALIDADE CLÁSSICA 

DE JOÃO DA CRUZ

"A Paixão é um ladrão. Não apenas deixa de trazer algo à nossa vida, mas rouba-nos o que de bom já possuímos. Se não a colocarmos sob controle, vai nos devorar vivos. Vai matar nosso relacionamento com Deus. E, no final, será a única coisa a viver em nossa alma. 

Se não a matarmos primeiro, ela nos matará. Quando permitimos que a paixão nos desvie de Deus, o esforço de praticar a virtude se torna um triste fardo.

Vivemos insatisfeitos com nós mesmos, indispostos com o nosso próximo, preguiçosos em nosso relacionamento com Deus. Com nossa força espiritual enfraquecida, adoecemos. Na verdade, começamos a nos consumir - atormentados, cansados, enfraquecidos e cegos. 

Por outro lado, se aniquilarmos o domínio que a paixão exerce sobre nós, convertendo, com toda a sinceridade, nossa vida a Deus, então a paz vai florescer em nós com força revigorada, com energia renovada e com visão restaurada.

Senhor, desce sobre mim a vossa Luz como um rio de paz para me libertar das minhas incertezas, do meu medo da escuridão; faz-me de novo lembrar que no caminho do amor não se cansa nem descansa".

Não esperemos que algo aconteça em nossa vida, preparemo-nos para receber esse manancial de luz, que diariamente nos é ofertado, pois a menos que estejamos inflamados de um grande desejo pelas coisas evolutivas, jamais superaremos a atração avassaladora que nos aprisiona, pela paixão, a superficialidade dos movimentos materiais. Estamos preparados para renunciar as nossas paixões? Se não estivermos, precisaremos de toda a nossa coragem para nos esvaziar das satisfações passageiras, transformando-as em amor a Deus. Somente assim viveremos em liberdade. "É necessário um amor superior". KyraKally

CAMINHANDO E REFLETINDO

Costumo caminhar com os cães à tardinha e mesmo em meio a atribulação do trânsito, pessoas e estudantes que amontoam-se pelas calçadas, outras aguardando coletivos em paradas lotadas, porém, apesar de tudo isso, recebo "insights", provenientes certamente de dimensões superiores; do meu guia espiritual, provavelmente. Quem mais poderia transmitir ensinamentos tão reais!

Hoje estava pensando sobre algo muito triste que se deu comigo dias atrás. Triste porque esse tipo de atitude não deveria mais fazer parte do meu comportamento. Estava num supermercado, primeira da fila, atenta ao chamado do caixa, quando aproximou-se de mim um senhor de faixa etária entre 85 a 90 anos, desejava passar a frente, então esquecendo a lei do amor, disse-lhe que aquele caixa não era exclusivo e que ele deveria dirigir-se a outro que lhe correspondesse à idade e ainda agredi com comentários ásperos a moça do caixa que, educadamente, solicitava a minha compreensão.

Hoje então, ao caminhar com os cães, veio-me à mente aquele acontecimento no supermercado, e antes que pudesse divagar mais, pensamentos que não eram os meus tomaram-me a mente: "Gostas de confeccionar power points, cada qual mais profundo, que trazem ensinamentos tão evolutivos, entretanto, esqueces de praticar a lei do amor! Que custaria ceder teu lugar àquele senhor, tão velho, tão vivido!!! Não nos adianta ler, tornar-nos cada vez mais intelectuais se não praticamos o que aprendemos. É indispensável compreender o outro, colocar-se em seu lugar, principalmente quando já temos algum conhecimento das leis divinas. Para compreender o outro temos que esquecer de nós, das nossas expectativas, enfim, daquilo que nos prende a esse mundo sensorial, pois se não o fizermos, retardaremos muito o nosso aprendizado e, se não experienciarmos o que aprendemos ficaremos intelectuais, eruditos, mentais, racionais, todavia, longe de sermos amorosos, generosos, fraternos."

É incrível, não é? Senti muita gratidão e também muita vergonha pelo meu comportamento. Sou muito grata ao Pai Supremo e a esses seres que nos encorajam com seus ensinamentos, trazendo-nos à nossa realidade e fazendo-nos compreender e aceitar as leis superiores com o coração aberto e cheio de amor. KyraKally