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segunda-feira, 31 de maio de 2021

IMITAÇÃO DE CRISTO - IV

 

Se queres fazer algum progresso conserva-te no temor de Deus; não vivas com demasiada liberdade mas submete os teus sentidos a uma severa disciplina e não te entregues à vã alegria. Dá-te à compunção do coração e acharás a piedade; a compunção traz consigo muitos bens que a dissipação logo nos faz perder. É para maravilhar que nesta vida possa ter alegria perfeita o homem que medita e considera o seu exílio e os muitos perigos a que está exposta a sua alma.

Por causa da leviandade do nosso coração e do esquecimento dos nossos defeitos não sentimos os males de nossa alma e rimos muitas vezes sem motivo quando com razão devêramos chorar. Verdadeira liberdade e alegria pura não há sem temor de Deus e boa consciência. Ditoso aquele que pode desembaraçar-se do impedimento das distrações para unir-se a Deus no recolhimento da santa compunção! Ditoso aquele que de si aparta tudo o que lhe pode manchar ou agravar a consciência! Peleja varonilmente; hábito com hábito se vence. Se souberes deixar os homens também eles te deixarão fazer o que quiseres.

Não te metas na vida alheia e não te enredes nos negócios dos grandes. Põe sempre os olhos em ti primeiro; e repreende-te a ti mesmo de preferência a todos os teus amigos. Não te aflijas por não ter o favor dos homens; só deve entristecer-te o não viver com a virtude e circunspecção que convém a um servo de Deus e a um bom religioso. É muitas vezes mais útil e seguro não ter nesta vida muitas consolações, sobretudo consolações sensíveis. Contudo, se não temos as consolações divinas ou só raras vezes as experimentamos, a culpa é nossa porque não nos damos à compunção do coração nem de todo rejeitamos as vãs consolações exteriores.

Reconhece-te por indigno das consolações de Deus e merecedor de muitas tribulações. Ao homem que se deixa penetrar da compunção perfeita o mundo todo entra logo a parecer-lhe fastidioso e amargo. O justo sempre acha motivo bastante para afligir-se e chorar; porque ou se considere a si ou pense no próximo sabe que ninguém passa pela vida sem tribulações; e quanto mais atentamente se considera tanto maior é a sua dor. Matéria de justa aflição e de compunção interior são os nossos pecados e vícios em que estamos de tal maneira enterrados que raras vezes podemos contemplar as coisas do céu.

Se mais amiúde pensaras na morte do que na duração da vida, sem dúvida te emendarias com mais fervor. Se meditaras também seriamente nas penas futuras do Inferno ou do Purgatório estou certo que suportaras de boa vontade o trabalho e o sofrimento e não temeras nenhuma austeridade. Mas porque estas verdades nos não penetram o coração e amamos ainda tudo o que nos afaga os sentidos, ficamos frios e preguiçosos.

É muitas vezes por fraqueza da alma que tão facilmente se lastima nosso miserável corpo. Ora pois com humildade ao Senhor para que te conceda o espírito de compunção e dize com o Profeta: "Dai-me Senhor a comer o pão das lágrimas e a beber a água abundante de meu pranto. (Salmos LXXIX,6).

Miserável és onde quer que estejas e para onde quer que te voltes se te não convertes a Deus. Por que razão te inquietas por não te irem as coisas como queres e desejas? Quem é que tem tudo à medida de seu gosto? Nem eu, nem tu, nem homem algum na terra. Ninguém há neste mundo, ainda que rei ou papa, sem alguma tribulação ou angústia. Quem está melhor? Certamente o que pode padecer alguma coisa por Deus.

Na sua fraqueza e imbecilidade dizem muitos: "Que vida feliz leva aquele homem! Como é rico! nobre! poderoso e elevado!" Considera, porém, os bens do céu e verás que os bens temporais nada valem: muito incertos, são mais um fardo porque nunca se possuem sem temores e cuidados. Não consiste a felicidade do homem em ter abundância de bens terrenos: basta-lhe a mediania. Em verdade, grande miséria é viver na terra. Quanto mais espiritual quer ser o homem tanto mais amarga se lhe torna a vida presente, porque sente melhor e vê com mais clareza as deficiências da natureza humana corrompida. Comer, beber, velar, dormir, descansar, trabalhar, estar sujeito às demais necessidades da natureza é, de fato, grande miséria e aflição para o homem piedoso que deseja viver desatado dos laços do corpo e livre de todo pecado.

Muito oprimido, com efeito, se sente neste mundo, o homem interior com as necessidades do corpo. Por isto pede devotamente o Profeta de ver-se livre delas, dizendo: "De minhas necessidades, livrai-me Senhor" (Salmos XXIV,17). Infelizes os que não conhecem a sua miséria! e mais infelizes ainda os que amam esta vida miserável e transitória! Porque alguns há que a ela se apegam tão fortemente, ainda que trabalhando ou mendigando mal consigam o necessário, que se pudessem viver sempre aqui, nada se lhes daria do reino de Deus.

Oh! corações insensatos e sem fé! tão profundamente míseros nas coisas da terra que já não sabem apreciar senão o que é carnal! Infelizes, sentirão um dia dolorosamente a vileza e o nada de quanto amaram. Mas os santos de Deus e os fiéis amigos de Cristo não atendiam ao que agradava à carne ou ao que brilhava no mundo; com toda a sua esperança e intenção aspiravam aos bens eternos. Todo o seu desejo elevava-se para os bens invisíveis e perenes, afim de que não os arrastasse para a terra o amor das coisas visíveis.

Não percas, irmão, a esperança de progredir na vida espiritual: tens ainda tempo e oportunidade. Por que razão queres adiar o teu propósito? Levanta-te, começa neste mesmo instante e dize: "É tempo de agir, é tempo de pelejar, é tempo de corrigir-me." Quando te sentes aflito e atribulado, então tempo é de merecer. É preciso "passares por fogo e por água antes de chegares ao refrigério" (Salmos LXV,11). Se te não fizeres violência não vencerás o vício. Enquanto estamos neste frágil corpo não nos podemos conservar sem pecado nem viver sem tédio e sem dor. Bem quiséramos fruir de um descanso livre de toda miséria; mas, porque pelo pecado perdemos a inocência perdemos também a verdadeira felicidade. Importa-nos, por isso, perseverar na paciência e aguardar a misericórdia de Deus, "até que passe esta iniquidade" (Salmos LXVI,2) e "o que é mortal seja absorvido pela vida" (II Cor. V,4).

Oh! como é grande a fragilidade humana sempre inclinada aos vícios! Hoje confessas os teus pecados e amanhã tornas a cair neles; agora propões estar sobre ti e daqui a uma hora procedes como se nada houveras proposto. Bem razão temos de nos humilharmos e não nos termos em grande conta: somos tão frágeis e inconstantes! Em pouco tempo também se pode perder por negligência o que só à custa de muito trabalho se adquiriu, com o auxílio da graça.

Que será de nós no fim se já no princípio somos tão tíbios? Ai de nós se queremos entregar-nos ao descanso como se já estivéramos em paz e segurança, quando em nossa vida não se vislumbra ainda nenhum sinal de verdadeira santidade! Bem precisaríamos ser de novo instruídos na virtude como bons noviços para ver se haveria ainda alguma esperança de emenda para o futuro e de maior proveito espiritual.

Bem depressa chegará o teu fim; vê lá como te portas. Hoje o homem está vivo e amanhã já não existe; e quando desapareces dos olhos bem depressa passa também da lembrança. Oh! cegueira e dureza do coração humano que só pensa no presente e não prevê o futuro. Deves pensar e agir sempre como se hoje houveras de morrer. Se tiveras boa consciência não temerás muito a morte. Melhor fora evitar o pecado que fugir à morte. Se hoje não estás preparado, como o estarás amanhã? O dia de amanhã é incerto; quem sabe se lá chegarás?

Que importa viver muito se tão pouco nos corrigimos? A vida longa nem sempre traz emenda e muitas vezes aumenta os pecados. Oxalá um só dia sequer tivéssemos vivido bem neste mundo! Muitos contam os anos de sua conversão; mas, de ordinário, bem pouco é o fruto da emenda. Se terrível é morrer, mais perigoso, talvez, seja viver muito. Feliz daquele que traz sempre diante dos olhos a hora da morte e cada dia se prepara para morrer. Se já viste morrer alguém, pensa que pelo mesmo transe hás de passar.

Pela manhã pensa que não chegarás à noite; e à noite não contes chegar ao dia seguinte. Por isso está sempre aparelhado e vive de tal forma que nunca a morte te surpreenda desapercebido. Muitos morrem súbita e improvisamente; porque "na hora que não se pensa virá o Filho do Homem" (Luc. XII,40) Quando chegar aquela hora extrema, do modo muito diferente começarás a julgar toda a tua vida passada e muito te arrependerás de ter sido tão negligente e relaxado.

Quão ditoso e prudente é o que se esforça por ser tal em vida qual deseja que o encontre a morte! Grande confiança de bem morrer lhe dará o completo desprezo do mundo, o desejo ardente de aproveitar na virtude, o amor da observância, o trabalho da penitência, a prontidão da obediência, a abnegação de si mesmo, a constância em sofrer todas as adversidades por amor de Cristo. Muito bem podes fazer enquanto tens boa saúde; mas, não sei de que serás capaz quando estiveres enfermo. Poucos melhoram com a enfermidade; como raros são os que se santificaram com muitas romarias.

Não confies em parentes e amigos, nem deixes para mais tarde o negócio de tua salvação; mais depressa do que imaginas, de ti se hão de esquecer os homens. Melhor é prover a tempo e mandar boas obras diante de ti do que esperar no auxílio dos outros. Se não cuidas de ti agora, quem cuidará de ti mais tarde? Agora é o tempo precioso; "eis o tempo propício, eis os dias de salvação" (II Cor. VI,2). Mas, que tristeza, não aproveitares melhor agora esse tempo em que podes merecer a vida eterna. Virá o momento em que suspirarás por um dia ou uma hora para te corrigires e não sei se alcançarás.

Coragem, irmão, não imaginas de quantos perigos e de quanto temor te poderás livrar, se agora pensares sempre na morte com receio e desconfiança. Procura viver agora de tal maneira que na hora da morte tenhas mais motivo de alegria que de temor. Aprende agora a morrer para o mundo afim de então começares a viver com Cristo. Aprende agora a desprezar todas as coisas afim de voares então livremente para Cristo. Castiga agora o teu corpo com a penitência para teres então uma confiança certa.

Oh! insensato! por que pensas que hás de viver muito quando não tens um dia seguro? Quantos se iludiram e foram arrancados do corpo quando menos esperavam! Quantas vezes ouviste dizer: este homem morreu assassinado, aquele afogou-se, o outro caiu e quebrou a cabeça; um expirou comendo, outro jogando; este pereceu pelo ferro, aquele pelo fogo; este pela peste, aquele às mãos dos ladrões. E assim o fim de todos é a morte e a vida passa como uma sombra.

Quem se lembrará de ti depois da morte? Quem rezará por ti? Faze, faze agora, irmão meu, tudo o que puderes; não sabes quando hás de morrer nem o que te há de suceder depois da morte. Enquanto tens tempo, entesoura riquezas imperecíveis. Preocupa-te unicamente com a tua salvação e cuida só das coisas de Deus. "Faze, agora, amigos", venerando os santos de Deus e imitando-lhes as ações, para que, "ao saíres desta vida, eles te recebam nas moradas eternas" (Luc. XVI,9).

Vive na terra como hóspede e peregrino a quem nada se lhe dá dos negócios do mundo. Conserva o coração livre e elevado para Deus, porque "não tens aqui morada permanente" (Hebr. XIII,14). Para o céu dirige todos os dias as tuas preces, os teus gemidos e lágrimas para que, depois da morte, mereça a tua alma passar ditosamente ao Senhor. Assim seja.

Em todas as coisas considera o fim e como um dia comparecerás ante o Juiz severo, a quem nada é oculto, que não se deixa aplacar com dádivas nem admite desculpas, mas julga com justiça. Oh! miserável e insensato pecador! que responderás a Deus que conhece todas as tuas maldades, tu que às vezes treme à vista de um homem irado! Por que não te preparas para o dia do juízo em que ninguém poderá ser escusado ou defendido por outrem mas cada qual terá bastante que ver consigo? Agora produz fruto o teu trabalho; as tuas lágrimas são acolhidas e aceitos os teus gemidos; a tua dor é satisfatória e purificativa.

Grande e salutar purgatório tem o homem paciente que, injuriado, mais se aflige com a maldade alheia do que com a ofensa própria; que roga sinceramente pelos que o contrariam e de coração lhes perdoa; se a alguém magoa, não tarda em pedir-lhe perdão; que mais facilmente se inclina à compaixão do que à cólera; que, muitas vezes, faz violência a si mesmo e se esforça por sujeitar de todo a carne ao espírito. Mais vale purificar agora os pecados e extirpar os vícios do que deixar para expiá-los na outra vida. Em verdade nos enganamos a nós mesmos pelo amor desordenado que temos à carne.

Que há de devorar aquele fogo senão os teus pecados? Quanto mais agora te poupares e seguires os apetites da carne tanto mais rigoroso será depois o castigo e mais matéria ajuntas para o fogo eterno. No que o homem mais pecou será mais severamente punido. Ali os preguiçosos serão exasperados com aguilhões ardentes e gulosos, atormentados com grande fome e sede. Ali os luxuriosos e amantes da volúpia serão imersos em pez abrasador e fétido enxofre; e, como cães danados, uivarão de dor os invejosos.

Nenhum vício há que não tenha o seu suplício próprio. Ali, os soberbos estão cheios de confusão e os avarentos, reduzidos à mais miserável indigência. Ali será mais terrível uma hora de tormento do que aqui cem anos da mais rigorosa penitência. Aqui, de quando em quando, cessam os trabalhos e consolamo-nos com os amigos; lá, para os condenados, nenhum descanso, nenhuma consolação. Tem agora cuidado e dor de teus pecados para que no dia do juízo possas partilhar a segurança dos bem-aventurados: porque "então os justos estarão com grande confiança contra os que os angustiaram" (Sap. V,1) e oprimiram. Então se erguerá para julgar o que agora humildemente se curva ao juízo dos homens. Então grande confiança terá o pobre e humilde; e de pavor será envolvido o soberbo.

Ver-se-á então como foi sábio neste mundo o que aprendeu a ser louco e desprezado por Cristo. Então dará prazer toda tribulação suportada com paciência "e a iniquidade não ousará abrir a boca" (Salmos CVI,42). Então exultará de alegria o homem devoto e de tristeza se consternará o ímpio. Mais se alegrará então a carne mortificada que se fora nutrida com delícias. Então resplandecerá o hábito grosseiro e perderão o seu brilho as vestes suntuosas. Mais louvores terá então o casebre do pobre que o palácio resplandecente de ouro. Então mais aproveitará a paciência constante que todo o poder do mundo. Mais exaltada será a obediência simples que toda a astúcia do século.

Então mais alegria causará a pureza de uma boa consciência que a douta filosofia. Mais peso terá o desprezo das riquezas que todos os tesouros da terra. Mais consolação te dará a oração fervorosa, que as iguarias delicadas. Mais alegria terás pelo silêncio guardado do que pelas longas conversas. De maior valor serão as obras santas que as belas frases. Mais te há de agradar então a vida estreita e a penitência rigorosa que todos os prazeres do mundo. Aprende agora a sofrer pouco para te livrares então de sofrimentos mais graves. Experimenta primeiro nesta vida o de que serás capaz na outra. Se não puderes agora suportar tão pouco como poderás sofrer tormentos eternos? Se o menor incômodo te causa agora tanta impaciência, que fará então o inferno? Em verdade duas venturas não poderás reunir: deliciar-te neste mundo e reinar depois com Cristo.

Se até hoje houveras vivido sempre em honras e prazeres, de que te aproveitaria tudo isso se viesses a morrer nesse instante? Assim, pois, "tudo é vaidade" (Ecles. I,2) exceto amar a Deus e só a Ele servir. Quem ama a Deus de todo coração não teme nem a morte nem o castigo, nem o Juízo, nem o Inferno: porque o perfeito amor nos dá acesso seguro junto a Deus. Não admira, porém, que tema a morte e o juízo, aquele que ama ainda o pecado. Se contudo o amor de Deus não te aparta ainda do mal, bom é que, ao menos, te retenha o temor do inferno. Aquele, porém, que despreza o temor de Deus não terá forças para perseverar no bem por muito tempo e bem depressa cairá nas ciladas do demônio.

Tomás de Kempis, trechos do livro "Imitação de Cristo" 
 http://www.monergismo.com
 
(Quarta Parte) 

 O QUE SÃO OS NOSSOS SONHOS ?

Todos nós sonhamos, apesar de muitas vezes não nos lembrarmos dos sonhos. Freud foi um dos grandes pesquisadores a respeito dos sonhos e explicou um conceito muito importante: quando a pessoa dorme sua mente subconsciente desperta. E quando acordamos, a mente consciente acorda e a subconsciente adormece. Freud também concluiu que durante o sonho todos os nossos desejos frustrados, emoções, pensamentos que não foram liberados durante o dia são libertados por nossa mente inconsciente. Isso são os nossos sonhos segundo Freud.

De acordo com a Kabbalah isso é verdade. Mas é verdade somente em um nível. Qual nível? Voltando um pouco no assunto do sono comentado anteriormente: se durante o dia a pessoa usa seu desejo de receber somente para si mesma, não faz restrição, não compartilha a Luz que recebe, ao dormir não permite que a alma se liberte. Fica cheia de frustração, de rancor; a alma está como que nadando, lutando nos pensamentos frustrados da mente, tentando livrar-se de todo esse turbilhão de pensamentos.

Mas a Kabbalah explica que há outros níveis de sonhos, que são os sonhos espirituais. Quando a pessoa usa o desejo de receber para compartilhar, durante o sono sua alma se eleva à dimensão da Sefirá de Biná, recebendo energia e mensagens desse nível de consciência de Biná. Essas mensagens são os sonhos espirituais, através dos quais recebemos muito conhecimento espiritual, podendo até mesmo receber mensagens proféticas do mundo superior. Por isso, segundo a Kabbalah existem três níveis de sonhos:

1º nível: Não tendo feito restrição, a alma fica presa; a alma pode até receber mensagens, mas por estar presa elas vêm obscuras, recebe mensagens misturadas, verdades e mentiras, e quando a pessoa desperta sente-se confusa, sabe que sonhou e passa dias tentando entender o sonho ou livrar-se dessa confusão. Os outros dois níveis são sonhos espirituais.

2º nível: São os sonhos repetitivos. Esse tipo de sonho pode ter uma mensagem que quer nos mostrar ou ensinar algo, às vezes até de nossas vidas passadas. Neste nível estão também os sonhos dos quais nos lembramos de maneira muito vívida, como se tivéssemos vivido mesmo esse sonho.

3º nível: São os sonhos proféticos. Já lemos ou ouvimos falar de Profetas que entraram em estado de transe e receberam profecias através de sonhos. São os sonhos de nível mais elevado.

Como podemos perceber, o sono ou os sonhos não são fenômenos isolados; a qualidade de nosso sono e de nossos sonhos está diretamente relacionada aos nossos pensamentos e ações durante o dia todo, todos os dias.


QUAL A IMPORTÂNCIA DO SONO?

Quando falamos do sono entendemos que é uma necessidade física, assim como a alimentação, mas também uma necessidade espiritual e um processo pelo qual temos que passar. Pesquisas já concluíram que após 72 horas sem dormir, corre-se o risco de morrer. Por que é tão importante dormir?

A pessoa trabalha o dia todo, tem inúmeras atividades e à noite está cansada e quer dormir, num processo que ocorre ao longo dos anos. Mas às vezes vemos que este processo não parece muito bem organizado, porque às vezes acordamos muito cansados, embora tenhamos dormido bastante.

Quando uma pessoa vai dormir, não só o corpo está cansado. A alma também está cansada do corpo, porque o corpo geralmente não colabora com a alma para que ela faça seu tikun, sua correção. Ao dormir, o corpo pode ser neutralizado e a alma, que não está limitada ao mundo físico, pode ter sua liberdade para elevar-se ao mundo espiritual, receber mais energia de vida e retornar ao corpo de manhã, quando então despertamos. Então por que nem sempre acordamos recarregados de energia?

Nossa consciência do corpo está ligada a Sefirá de Malchut (nosso mundo físico). Quando dormimos, nos desconectamos de Malchut e vamos para a Sefirá de Biná, uma dimensão cuja consciência é a de receber para compartilhar.

Segundo a Kabbalah, quando a pessoa acorda de manhã, a questão é: o que acorda? Qual nível de nossa consciência que desperta?

Nosso corpo desperta. Nosso corpo, enquanto não estiver corrigido, representa o aspecto do desejo de receber somente para si mesmo. Então quando a pessoa desperta de manhã é o ego, a consciência do corpo que desperta: ela imediatamente quer comer, receber, ter; todo esse processo de absorver coisas que é importante para a consciência do corpo. Mas precisamos saber que também existe a consciência da alma, e que essas duas forças são conflitantes quando despertamos.

Se a pessoa usa somente a consciência do corpo, seu desejo de receber somente para si mesma durante o dia todo, ela está recebendo muita Luz, muita energia, mas não faz restrição, não compartilha a energia que recebeu (compartilhar refere-se a tudo, amor, paciência, bens materiais etc.). Ao longo do tempo a alma vai ficando cansada, aprisionada pelas energias negativas do corpo e já não consegue se desconectar do corpo para entrar nesta outra dimensão de energia e se reabastecer. Aí a pessoa pode dormir o quanto quiser e sempre estará cansada.

Por isso, quando aprendemos a respeito do processo da vida e o compreendemos, entendemos que a Alma anseia pela consciência de Biná, pois é somente lá que ela pode receber a Luz do Mundo Infinito. Devemos ter em mente quando acordamos e observamos o mundo: o que queremos fazer hoje? Esse livre arbítrio nos é oferecido toda manhã.

Rabino Joseph Saltoun
https://www.ippb.org.br

sábado, 29 de maio de 2021

 A GRANDE EDUCADORA

Chama-se Dor.   

Revela-se na desventura do amante, na desolação da orfandade, na angústia da miséria, no alquebramento da saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilhação do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafalsos, na insatisfação dos ideais, na tortura das impossibilidades – no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade.   

Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa.  Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.   

O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacerações sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que precisará provar o amargor das desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe decalcou no ser desde os longínquos dias do seu princípio!   

A alma humana é o diamante raro que a Natureza – Deus – criou para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança d´Aquele mesmo Foco que a concebeu. Mas o diamante – Homem – acha-se envolvido das brutezas das paixões inferiores. É um diamante bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfeição que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se imperfeito e tardo nas sombras da matéria! Sonha com a sublimação das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os instintos primitivos!   

Então o diamante – Homem – inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfeiçoamento dos valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem. E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomina-se Evolução!   

A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante, e terrível! Dele requer todas as reservas de energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura-lhe a alma, e o martirológico, quase sempre, segue com ele, rondando-lhe os passos! Mas seu destino é imortal, e ele prossegue! E prosseguindo, vence!... Então, já não é o bruto de antanho... O diamante tornou-se joia preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da Espiritualidade – esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus!   

A Dor, pois, é para o Espírito humano o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurreição! Porque, se este aclara os horizontes da Terra, levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes dons que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da experiência, educando o caráter, dignificando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que vivifica e benfaz as regiões em que se mostra.   

A Dor é o Sol da Alma...   

A criatura que ainda não sofreu convenientemente carrega em si como que a aridez que desola os polos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifestações do Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz. Nada possuirá para oferecer aos que se lhe aproximam pelos caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela inspiração da Dor!   

O orgulho e o egoísmo, cancerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o levarão a redimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o homem a irremediáveis, precipitosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo, cerceia, para implantar depois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o desinteresse, a tolerância, a paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da abnegação e do sacrifício pelo bem alheio – remanescentes daquelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno fizeram o mensageiro do Eterno!   

Ela, a Dor, é o maior agente do sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento sairá purificado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego – tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas virtudes! Ela é quem, no além-túmulo, nos leva a meditar através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de nós mesmos, o critério indispensável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comiseração é o sentimento que arrasta à Beneficência. E é ainda ela mesma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino Mestre!   

Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisioneiro do atraso, o homem somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é experiência. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que – depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus se aureolou da glória que converterá os séculos: - “Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim”. – Ele próprio o confirmou, falando a seus discípulos.   

Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericordioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa consolação suprema! 

As ilusões passageiras da Terra, os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sentimento de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que – para levantar na aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é bastante poderosa para reconciliar os homens – filhos pródigos – com o seu Criador e Pai! 

Seu concurso é, portanto, indispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante, nobre heróica – ela é o infalível corretivo às ignomínias do coração humano! 

Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se conservou serena e comedida em face do infortúnio. Palpita nessa alma a epopeia de todas as vitórias! Responde por um atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões felizes do Invisível, onde o comemoraram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também conheceram as correções da Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição! 

Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespero! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao findar dessa trajetória de lágrimas a que as existências vos obrigam – é a glorificação eterna que recebereis por prêmio! 

Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração humano! E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a redenção das almas através da Dor!

Leon Denis
http://www.caminhosluz.com.br 
UMA OLHADA NOS ENSINAMENTOS 
DE LEON DENIS
Tudo nos Murmura

Lá em cima, outros problemas me atraem.

Para onde vão esses mundos inumeráveis? Em virtude de que forças se movem, se procuram no seio do insondável abismo? Sempre, no fundo de tudo, surge o pensamento de Deus, energia eterna, eterno amor! A mão que dirige os astros na extensão, escreveu ali um nome, em letras de fogo! Todos esses mundos conhecem seu trilho, sua missão sagrada; prosseguem infalivelmente. Sabem que representam um papel no plano divino, e a este se associam estreitamente.

Todo o segredo da Natureza está nisso. Os mares, as florestas e as montanhas não dizem outra coisa.

A Via-Láctea, que desenrola através do Espaço sua poeira de mundos; os cedros gigantescos, que estendem seus longos ramos acima dos precipícios; a flor, que se expande aos beijos do Sol; tudo nos murmura: É a Ele que devemos o ser; é por Ele que vivemos e morremos!
 

Solidariedade - Comunhão Universal

De pé sobre a Terra, meu sustentáculo, minha nutriz e minha mãe, elevo o meu olhar para o infinito, sinto-me envolvido pela imensa comunhão da vida; os eflúvios da Alma universal penetram em mim e fazem vibrar meu pensamento e meu coração; forças poderosas me sustentam, avivam em mim a existência. Por toda a parte para onde minha inteligência alcança, vejo, distingo, contemplo a grande harmonia que rege os seres e, através de caminhos diversos, guia-os para um objetivo único e sublime. Por toda parte, vejo irradiar a bondade, o amor, a justiça!
 
Ó meu Deus! Ó meu Pai! fonte de toda a sabedoria e de todo o amor, Espírito supremo cujo nome é luz, ofereço-te minhas louvações e minhas aspirações! Que elas subam a ti como perfume de flores, como os odores inebriantes dos bosques sobem para o céu. Ajuda-me a avançar no caminho sagrado do conhecimento, para uma compreensão mais elevada das tuas leis, a fim de que desenvolva-se em mim mais simpatia, mais amor pela grande família humana. Pois sei que através do meu aperfeiçoamento moral, através da realização, da aplicação ativa em torno de mim e em proveito de todos, da caridade, da bondade, aproximar-me-ei de ti e merecerei conhecer-te melhor, comunicar-me mais intimamente contigo na grande harmonia dos seres e das coisas. Ajuda-me a libertar-me da vida material, a compreender, a sentir o que é a vida superior, a vida infinita. Dissipa a escuridão que me envolve; deposita em minha alma uma centelha desse fogo divino que reaquece e abrasa os espíritos das esferas celestes. Que tua luz suave e, com ela, os sentimentos de concórdia e de paz se espalhem sobre todos os seres! 
 
Nossos Destinos

Nossos destinos são idênticos. Não há privilegiados nem deserdados. Todos percorrem a mesma vasta carreira e, através de mil obstáculos, todos são chamados a realizar os mesmos fins. Somos livres, é verdade, livres para acelerar ou para afrouxar a nossa marcha, livres para mergulhar em gozos grosseiros, para nos retardarmos durante vidas inteiras nas regiões inferiores; mas, cedo ou tarde, acorda o sentimento do dever, vem a dor sacudir-nos a apatia, e, forçosamente, prosseguiremos a jornada. 

 
O Silêncio e a Arte de Gerenciar a Alma

Deus nos fala por todas as vozes do Infinito. E fala, não em uma Bíblia escrita há séculos, mas em uma bíblia que se escreve todos os dias, com esses caracteres majestosos que se chamam oceanos, montanhas, os astros do céu; por todas as harmonias doces e graves, que sobem do imo da Terra ou descem dos espaços etéreos. Fala ainda no santuário do ser, nas horas de silêncio e de meditação. Quando os ruídos discordantes da vida material se calam, então a voz interior, a grande voz, desperta e se faz ouvir.

 
Anjo da Guarda

Todos temos um desses gênios tutelares que nos inspira nas horas difíceis e nos dirige pelo bom caminho. Daí a poética tradição cristã do Anjo da Guarda. Não há concepção mais grata e dor'>consoladora. Saber que temos um amigo fiel e sempre disposto a nos socorrer, de perto como de longe, nos influenciando a grandes distâncias ou se conservando junto de nós nas provações; saber que ele nos aconselha por intuição e nos aquece com seu amor, eis uma fonte inapreciável de força moral. 

O pensamento de que testemunhas benévolas e invisíveis veem todos os nossos atos, regozijando-se ou entristecendo-se, deve inspirar-nos mais sabedoria e circunspeção. É por essa proteção oculta que se fortificam os laços de solidariedade que ligam o mundo celeste à Terra, o Espírito livre ao homem, Espírito prisioneiro da carne. 

É por essa assistência contínua que se criam, de um a outro lado, as simpatias profundas, as amizades duradouras e desinteressadas. O amor que anima o espírito elevado vai pouco a pouco se estendendo a todos os seres sem cessar, revertendo tudo para Deus, pais das almas, foco de todas as potências efetivas.

 
Lembra-te

A vida terrestre é uma escola, um meio de educação e de aperfeiçoamento pelo trabalho, pelo estudo e pelo sofrimento. Não há felicidade, nem mal eternos. A recompensa ou o castigo consistem na extensão ou no encurtamento das nossas faculdades, do nosso campo de percepções, resultantes do bom ou mau uso que houvermos feito do nosso livre arbítrio, e das aspirações ou tendências que tivermos em nós desenvolvido.

Livre e responsável, a alma traz em si a lei dos seus destinos; prepara, no presente as alegrias ou as dores do futuro. A vida atual é a consequência, a herança das nossas vidas precedentes, e a condição das que se lhe devem seguir. O espírito se esclarece, se engrandece em potências intelectuais e morais, na medida do trajeto efetuado, e da impulsão dada aos seus atos para o bem e para a verdade.

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 VER E OUVIR


A visão e a audição devem ser educadas, tanto quanto as palavras e as maneiras.

Em visita ao lar de alguém, aprendamos a agradecer o carinho do acolhimento sem nos determos em possíveis desarranjos do ambiente.

Se ouvimos alguma frase imperfeitamente burilada na voz de pessoa amiga, apreciemos a intenção e o sentimento, na elevação em que se articula, sem anotar-lhe o desalinho gramatical.

Veja com bondade e ouça com lógica.

Saibamos ver os quadros que nos cercam, sejam eles quais forem, sem sombra de malícia a tisnar-nos o pensamento.

Registrando anedotas inconvenientes, em torno de acontecimentos e pessoas, tenhamos suficiente coragem de acomodá-las no arquivo do silêncio.
 
Toda impressão negativa ou maldosa que se transmite aos amigos, em forma de confidência, é o mesmo que propinar-lhes veneno através dos ouvidos.
 
Em qualquer circunstância, é preciso não esquecer que podemos ver e ouvir para compreender e auxiliar. 
 
Andre Luiz, do livro "Sinal Verde"- medium Franciso Cândido Xavier http://www.caminhosluz.com.br  
 
Ouvir e Escutar
 
A arte da escuta é algo divino.
 
Se você puder escutar corretamente, aprenderá o segredo mais profundo da meditação.
 
Ouvir é uma coisa, escutar é totalmente diferente; são mundos separados. Ouvir é um fenômeno físico; você ouve porque tem ouvidos.
 
Escutar é um fenômeno espiritual; você escuta quando tem atenção, quando seu interior se une a seus ouvidos. Escute os sons da natureza e da mesma forma escute as pessoas. Escute sem impor coisa alguma ao que você está escutando – não julgue, pois no momento em que você julga, a escuta cessa.
 
Uma pessoa realmente atenta permanece sem tirar conclusões, nunca conclui sobre coisa alguma, porque a vida é um processo, não se esgota no seu julgamento. Somente os tolos podem concluir; o sábio hesitará ante as conclusões.
 
Escute, portanto, de uma forma aberta, atenciosa, alerta e receptiva. Simplesmente esteja presente, totalmente com o som que o circunda. Você ficará surpreso, pois perceberá que está realmente escutando e, ainda assim, haverá silêncio.

Osho
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sexta-feira, 28 de maio de 2021

 A  V  E  R  S  Õ  E  S

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação. Não são os da consanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos, antes, durante e depois de suas encarnações.

Somos defrontados, em todos os departamentos da família humana, pelas ocorrências da aversão inata. Pais e filhos, irmãos e parentes outros, não raro, se repelem, desde os primeiros contatos. Claramente verificáveis os fenômenos da hostilidade, entre adultos e crianças, trazidos pelo imperativo do berço à intimidade do dia a dia. Pais existem nutrindo antipatia pelos próprios rebentos, desde que esses rebentos lhes surgem no lar, e existem filhos que se inimizam com os próprios pais, tão logo senhoreiam o campo mental, nos labores da encarnação.

Arraigado no labirinto de existências menos felizes, decerto que o problema das reações negativas, culpas, remorsos, inibições, vinganças e tantos outros está presente no quadro familiar, em que o ódio acumulado em estâncias do pretérito se exterioriza, por meio de manifestações catalogáveis na patologia da mente. Nessa base de raciocínio, determinada criança terá sofrido essa ou aquela humilhação da parte dos pais ou tutores e se desenvolveu abafando propósitos de desforço, com o que intoxicou a si mesma, no curso do tempo, e certos pais haverão sentido inesperada animosidade por esse ou aquele filho recém-nato, alimentando ciúme contra ele, embora sufocando tal sentimento, com benéficas atitudes de convenção. Não muito raro, os cadastros policiais registram infanticídios em que pais ou mães aniquilam o corpo daqueles mesmos Espíritos aos quais favoreceram com a encarnação na Terra. Indubitavelmente, o tratamento psicológico, visando à cura mental e à sublimação da personalidade, é o caminho ideal para semelhantes pacientes; urge entender, porém, que médicos e analistas humanitários conseguirão efetuar prodígios de compreensão e de amor, liberando enfermos dessa espécie; no entanto, o estudo da reencarnação é igualmente chamado a funcionar, nos alicerces da obra de salvamento.

Quantos milhares de existências terminam anualmente, no mundo, pelos golpes da criminalidade? Claro está que as vítimas não foram arrebatadas para céus ou infernos teológicos. Se compenetradas, quanto às leis de amor e perdão que dissipam as algemas do ódio, promovem-se a trabalho digno na Espiritualidade, às vezes até mesmo em auxílio aos próprios algozes. Na maioria das circunstâncias, todavia, persistem no caminho daqueles que lhes dilapidaram a vida profunda, transformando-se em perseguidores magoados ou vingativos, jungidos mentalmente aos antigos ofensores, e finalmente reconduzidos, pelos princípios cármicos, ao renascimento junto deles, a fim de sanarem, no clima da convivência, os complexos de crueldade que ainda se lhes destilem do ser. Quando isso aconteça, o apostolado de reajuste há de iniciar-se nos pais, porquanto, despertos para a lógica e para o entendimento, são convocados pela sabedoria da vida ao apaziguamento e à renovação. Observemos, no entanto, que em semelhantes domínios da alma o apoio da fé religiosa se erguerá em socorro e terapêutica. É indispensável amar e desculpar, compreender e servir, tantas vezes quantas se façam necessárias, de modo a que sofrimento e dissensão desapareçam e a fim de que, nas bases da compreensão e da bondade de hoje, as crianças de hoje se levantem na condição de Espíritos reajustados, perante as Leis do Universo, garantindo aos adultos, nas trilhas das reencarnações porvindouras, a redenção de seus próprios destinos.

Emmanuel, do livro "Vida e Sexo", Médium: Chico Xavier
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A IMPORTÂNCIA DE SABER PONDERAR
DIANTE DOS FATOS DA VIDA

 

Ponderar significa observar com atenção minuciosa. Significa medir e pesar todos os lados de uma questão antes de formar juízo sobre ela ou antes de agir. É requisito para uma ação interior profunda.


Portanto, precisamos dedicar-nos a avaliar amplamente os assuntos, a vê-los de diferentes ângulos, e não só conforme a nossa própria reação. Precisamos aprender a considerar os pontos de vista dos demais, alargar nossas perspectivas.

Algumas atitudes são requeridas para nos tornarmos ponderados. A primeira delas é a sinceridade na aspiração e a determinação a evoluir, a ir adiante mesmo que exista alguma reação nossa, mesmo que não estejamos dispostos. Para optar com correção temos, portanto, de diferenciar o que provém da natureza da alma, do interno do nosso ser daquilo que provém da personalidade, da natureza externa.

Outra atitude é a de não fazermos as coisas superficialmente em razão de alguma pressão externa, como prazos, debilidade física ou outras. Mesmo quando o tempo parece que vai terminar, mesmo quando o corpo físico parece não estar bem, não podemos deixar de refletir e buscar perceber o que é mais indicado em dado momento. Se agirmos assim, com verdadeira ponderação, o tempo passa a ser suficiente, o corpo passa a responder de modo positivo e tudo começa a corresponder às nossas decisões mais íntimas.

A terceira atitude é a de não deixar a mente vagar por conta própria. A mente tem de se organizar e estabelecer as prioridades entre os assuntos do dia, para fazermos com ordem o que nos cabe.
 

Para conquistarmos essas atitudes precisamos de firme intenção e de esforço. Não nos tornamos ponderados de um momento para outro. É necessário buscar tal qualidade com persistência.

Enquanto ponderamos, podemos ir além da nossa experiência se pedirmos sugestões ao profundo do nosso ser e aguardarmos em silêncio, porém sem criar expectativas. Podem então surgir ideias ou vislumbres de caminhos inusitados. Podem emergir sentimentos que não conhecíamos ou transformarem-se sentimentos antigos. Ponderar é usar todos os recursos de que dispomos: aqueles de que temos consciência e outros, da consciência superior, que se tornam acessíveis porque estamos receptivos.

Precisamos aprender a ponderar e não mostrar fraqueza. Isso significa refletir sem nos entregar a desânimos nem a pensamentos negativos. Conseguimos isso com a atenção treinada, com a qual seguimos nitidamente e com equilíbrio as etapas de um processo ou acontecimento.

Quando pedimos luz sobre algo, temos de observar como aquilo se desenvolve sem nos condicionar ao que já discernimos, pois sempre pode advir um fato novo, e o processo pode tomar outro rumo. Tudo o que discernimos é posto à prova, e precisamos continuar observando e buscando níveis mais internos da realidade.

Saber ponderar sem mostrar fraqueza leva-nos a mudanças importantes. Se tivermos essa reflexão incorporada em nossa vida, coisa alguma poderá nos surpreender. Passamos a prever os fatos e a entrever oportunidades ocultas nos acontecimentos. O inusitado deixará de ser incômodo ou fator de decepção.

Tendo aprendido a ponderar, ficamos diante do desenrolar da vida com muita simplicidade e naturalidade. Ficamos, também, preparados para suportar qualquer tipo de tensão. A ponderação tem, pois, repercussões profundas: com ela, por nada mais nos abalamos.
 

José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br

 

Além da dualidade
 
Você não está consciente disto? Não suas ações óbvias, seu sofrimento esmagador? Quem criou isto a não ser cada um de nós? Quem é responsável por isto a não ser cada um de nós? Como criamos o bem, embora pequeno, também criamos o mal, embora vasto. Bem e mal são parte de nós e são, também, independentes de nós. Quando pensamos-sentimos limitadamente, invejosamente, com ganância e ódio, estamos adicionando ao mal que se volta e nos despedaça. Este problema de bem e mal, este problema conflitante, está sempre conosco já que o estamos criando. Ele se tornou parte de nós, este querer e não querer, amar e odiar, pedir e renunciar. Estamos continuamente criando esta dualidade em que pensamento-sentimento fica preso. Pensamento-sentimento só pode ir além e acima do bem e seu oposto quando compreender sua causa. Na compreensão de mérito e demérito há liberdade dos dois. Os opostos não podem se fundir e têm que ser transcendidos através da dissolução do anseio. Cada oposto tem que ser ponderado, sentido, tão extensa e profundamente quanto possível, através de todas as camadas da consciência. Através desta ponderação, sentimento, uma nova compreensão é despertada, que não é produto de anseio ou do tempo.
 
Existe mal no mundo para o qual contribuímos como contribuímos para o bem. O homem parece se unir mais pelo ódio do que pelo bem. Um homem sábio percebe a causa de bem e mal, e pela compreensão liberta pensamento-sentimento disto. 
 
J. Krishnamurti, The Book of Life 
http://legacy.jkrishnamurti.org

quinta-feira, 27 de maio de 2021

 TIPOS DE JEJUM 
E A IMPORTÂNCIA DA MODERAÇÃO
 
 
 
Normalmente compreendido como abstinência total ou parcial de alimentos físicos, o jejum, todavia, pode ser feito em vários níveis. Se for inspirado pelo nosso mundo interior e isento de expectativas, tanto o jejum de alimentos quanto a abstinência de palavras, de sentimentos e de pensamentos ajudam na nossa transformação, na purificação do organismo e até mesmo a trazer saudáveis simplificações à vida. 
 
A intenção de purificar-nos, quando autêntica, cautelosa, persistente e tranquila, constitui importante parte do jejum e determina seus resultados. Em algumas pessoas, essa intenção é suficiente para provocar na consciência mudanças que em geral se conseguem pela abstinência ou pelo controle. 
 
Como o jejum é uma via de equilíbrio para nos relacionarmos com as vidas externa e interna, podemos perguntar-nos também: “Como aplicá-lo para encontrar equilíbrio na maneira de lidar com os bens materiais?” 
 
O procedimento é o mesmo adotado no jejum de alimentos, no de sentimentos, no de pensamentos, no de ações e no de palavras. Algumas vezes jejuamos de bens materiais pela abstinência; outras, pelo uso moderado deles ou pela austeridade. 
 
Quando alguém recebe a ordem interior de dispor de todos os seus bens, é porque está pronto para isso. Sabe que tanto para seu próprio caminho como para o serviço evolutivo é a atitude mais indicada. Sempre houve, através dos tempos, os que agiram assim. Entretanto, esse não é o caminho da maioria. Contudo, em qualquer circunstância, é possível treinar a moderação. Podemos perguntar-nos: “Utilizo os bens materiais para tornar a vida de meus semelhantes mais digna, menos desgastante? No dia a dia levo em conta que mais da metade da humanidade se encontra em estado subumano, sem teto, sem alimentação básica, sem higiene e sem educação? Trato com o devido respeito a água, a energia elétrica, as habitações e as coisas com que lido?”. 
 
Reflexões como essas ajudam-nos a não abusar dos bens materiais. E não abusar dos bens materiais é usá-los com desapego e, ao mesmo tempo, sem desperdício. 
 
Para alguns, a moderação é mais difícil que um período de abstinência total. Em princípio, a moderação requer humildade: requer que sejamos verdadeiros conosco e que nos reconheçamos falhos em certas circunstâncias. Essa atitude leva-nos a pedir orientação ao nosso ser interior antes de fazer qualquer coisa. 
 
Por outro lado, a moderação requer também ousadia. Precisamos levar em conta que, se estivermos receptivos à luz interior, nossos recursos serão adequados, mesmo que imperfeitos. A sabedoria da vida tudo ajusta quando estamos entregues à vontade do nosso ser interior, e até inclui as imperfeições da personalidade. Mas é preciso ousar fazer o que é para ser feito. Só damos passos realmente quando nos dispomos a ir um pouco além do que estaria ao nosso alcance. 
 
Se buscarmos a moderação, reconheceremos que ousar não é agir irrefletidamente. É confiar no potencial que temos dentro de nós, entregando-o à condução da nossa alma. Ao agirmos permeados desse espírito, descobrimos o sentido de jejuar em ações, de atuar na justa medida para a luz interna revelar-se. 
 
Por último, a moderação requer desapego. É preciso realizar tais ações sem se prender a elas, agir como um semeador que lança os grãos na terra e os deixa entregues à chuva, ao vento e à dinâmica da força de vida que há em seu interior.
 
José Trigueirinho Netto 
https://www.otempo.com.br 
 
 

A ARTE DE COMER

 
Sempre quando você está fazendo alguma coisa com o coração dividido, isso se prolonga.

Se você está sentado na sua mesa comendo, e se você come somente com parte do coração sua fome permanece, desse modo você irá continuar a pensar sobre comida pelo resto do dia. Você pode tentar jejuar, você verá: você irá pensar continuamente em comida. Porém, se você comeu bem – e quando digo comer bem, não quero dizer somente que você encheu seu estômago. Então não é necessariamente assim que você tenha comido bem. Você pode ter se empanturrado. Contudo, comer bem é uma arte. Não é somente encher. É uma grande arte: saborear a comida, cheirar a comida, tocar na comida, mastigar a comida, digerir a comida, e digeri-la como se divina. Ela é divina; é um presente do divino.

Os Hindus dizem, Anam Brahma comida é divina. Assim, você come com grande respeito, e enquanto come você se esquece de tudo, porque isso é uma oração. É uma oração existencial. Você está comendo o divino e o divino lhe dará nutrição. É um presente a ser aceito com um profundo amor e gratidão. E você não enche o corpo, porque encher o corpo é ser anticorpo. É o outro polo. Existem pessoas que estão obcecadas com o jejum e existem pessoas que estão obcecadas para se encher de comida. Ambas estão erradas porque de ambas as maneiras o corpo perde o equilíbrio.

Um amante do corpo verdadeiro come somente até o ponto onde o corpo se sente perfeitamente quieto, equilibrado, tranquilo; onde o corpo não se sente inclinado nem para a direita nem para a esquerda, mas bem no meio. É uma arte compreender a linguagem do corpo, entender a linguagem de seu estômago, entender o que é necessário, dar somente o que é necessário, e fazer isso de uma maneira artística, de uma maneira estética.

Os animais comem, o homem come. Então qual é a diferença? O homem faz uma grande experiência estética no comer. Qual o sentido de ter uma bela mesa de jantar? Qual é o sentido de ter velas acesas lá? Qual é o sentido do incenso? Qual o sentido de pedir aos amigos para vir e participar? É para fazer disso uma arte, não somente encher o estômago. Mas esses são sinais externos da arte; os sinais internos são compreender a linguagem de seu corpo: escutá-lo, ser sensível para com as necessidades dele. E assim você come, e então, por todo o dia, você não se lembrará de comida de jeito nenhum. Apenas quando o corpo estiver novamente faminto a lembrança voltará. Assim é natural.
 
Osho, The Beloved
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