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sábado, 29 de fevereiro de 2020

A  B  O  R  R  E  C  I  M  E  N  T  O  S

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"Exige muito de ti e espera pouco dos outros, assim evitarás muitos aborrecimentos"
(Confúcio)

 
Nada mais comum, nas atividades terrenas, do que o hábito enraizado das querelas, dos desentendimentos, das chateações.

Nada mais corriqueiro entre os indivíduos humanos.

Como um campo de meninos, em que cada gesto, cada nota, cada menção se torna um bom motivo para contendas e mal-entendidos, também na sociedade dos adultos o mesmo fenômeno ocorre.

Mais do que compreensível é que você, semelhante a um menino de pavio curto, libere adrenalina nos episódios cotidianos que desafiem a sua estabilidade emocional.

Compreensível que se agite, que se irrite, que alteie a voz, que afivele ao rosto expressões feias de diversos matizes.

Em virtude do nível do seu mundo íntimo, tudo isso é possível de acontecer.

Contudo, você não veio à Terra para fixar deficiências, mas para tratá-las, cultivando a saúde.

Você não se acha no mundo para submeter-se aos impulsos irracionais, mas para fazê-los amadurecer para os campos da razão lúcida.

Você não nasceu para se deixar levar pelo destempero, pela irritação que desarticula o equilíbrio, mas tem o dever de educar-se, porque tem na pauta da sua vida o compromisso de cooperar com Deus, à medida que cresça, que amadureça, que se enobreça.

Desse modo, os seus aborrecimentos diários, embora sejam admissíveis em almas infantis e destemperadas, já começam a provocar ruídos infelizes, desconcertantes e indesejáveis, nas almas que se encontram no mundo para dar conta de compromissos abençoados com Jesus Cristo e com Seus prepostos.

Assim, observe-se. Conheça-se no aprendizado do bem, um pouco mais. Esforce-se por melhorar-se.

Resista um pouco mais aos impulsos da fera que ainda ronda as suas experiências íntimas.

Aproxime-se um pouco mais dos Benfeitores Espirituais que o amparam.

Perante as perturbações alheias, aprenda a analisar e não repetir.

Diante da rebeldia de alguém, analise e retire a lição para que não faça o mesmo.

Notando a explosão violenta de alguém, reflita nas consequências danosas, a fim de não fazer o mesmo.

Cada esforço que você fizer por melhorar-se, por educar-se, será secundado pela ajuda de luminosos Imortais que estão, em todo tempo, investindo no seu progresso, para que, pouco a pouco, mas sempre, você cresça e se ilumine, fazendo-se vitorioso cooperador com Deus, tendo superado a si mesmo, transformando suas noites morais em radiosas manhãs de perene formosura.


Quando você for visitado por uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponha-se a ela.

E quando houver conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, diga, de si para consigo, cheio de justa satisfação: Fui o mais forte. 
 

Redação do Momento Espírita com base no cap. 13 do livro "Para uso diário", pelo Espírito Joanes, psicografia de Raul Teixeira.
 
http://www.momento.com.br

A   C   E   I   T  A   Ç   à  O

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 "Nós não podemos mudar nada 
sem que primeiro a aceitemos".
(Carl Jung)


Quando precisamos aceitar uma circunstância que não foi planejada, o primeiro impulso que temos é o de ser resistente à nova situação.

É difícil aceitar as perdas materiais ou afetivas, a dificuldade financeira, a doença, a humilhação, as traições.

A nossa tendência natural é resistir e combater tudo o que nos contraria e que nos gera sofrimento.

Agindo assim, estaremos prolongando a situação. Resistir nos mantém presos ao problema, muitas vezes perpetuando-o e tornando tudo mais complicado e pesado.

Em outras ocasiões, nossa reação é a de negação do problema e, por vezes, nos entregamos a desequilíbrios emocionais como revolta, tristeza, culpa e indignação.

Todas essas reações são destrutivas e desagregadoras.

Quando não aceitamos, nos tornamos amargos e insatisfeitos. Esses padrões mentais e emocionais criam mais dificuldades e nos impedem de enxergar as soluções.

Pode parecer que quando nos resignamos diante de uma situação difícil, estamos desistindo de lutar e sendo fracos.

Mas não. Apenas significa que entendemos que a existência terrestre tem uma finalidade e que a vida é regida pela lei de ação e reação; que a luta deve ser encarada com serenidade e fé.

Na verdade, se tivermos a verdadeira intenção de enfrentar com equilíbrio e sensatez as grandes mudanças que a vida nos apresenta, devemos começar admitindo a nova situação.

A aceitação é um ato de força interior que desconhecemos. Ela vem acompanhada de sabedoria e humildade, e nos impulsiona para a luta.

É detentora de um poder transformador que só quem já experimentou pode avaliar.

Existem inúmeras situações na vida que não estão sob o nosso controle. Resta-nos então acatá-las.

É fundamental entender que esse posicionamento não significa desistir, mas sim manter-se lúcido e otimista no momento necessário.

No instante em que aceitamos, apaga-se a ilusão de situações que foram criadas por nós mesmos e as soluções surgem naturalmente.

Aceitar é exercitar a fé. É expandir a consciência para encontrar respostas, soluções e alívio. É manter uma atitude saudável diante da vida.

É nos entregarmos confiantes ao que a vida tem a nos oferecer.



Estamos nesta vida pela misericórdia de Deus, que nos concedeu nova oportunidade de renascimento no corpo físico.

Os sentimentos de amargura, desespero e revolta, que permeiam nossa existência, são frutos das próprias dificuldades em lidar com os problemas.

Lembremos que todas as dores são transitórias.

Quando elas nos alcançarem, as aceitemos com serenidade e resignação. Olhemos para elas como mecanismos da lei universal que o Pai utiliza para que possamos crescer em direção a ele.

Busquemos, desse modo, as fontes profundas do amor a que se reporta Jesus que o viveu, e o amor nos dirá como nos devemos comportar perante a vida, no crescimento e avanço para Deus.


 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Aceitação, de autoria desconhecida e com parágrafo final do cap. 20,do livro Terapêutica de emergência, por diversos Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco.
 
 http://www.momento.com.br

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

'NÃO RESISTAIS AO MALIGNO'

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“Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal;
mas, se qualquer te bater na face direita, 
oferece-lhe também a outra”.
(Mateus, 5: 39)

É esta, certamente, uma das palavras mais enigmáticas do Mestre Nazareno, das menos compreendidas e ainda menos praticadas, sobretudo no ocidente cristão, essencialmente violentista. No número de abril de 1959, da célebre revista mensal “Stimmen der Zeit”, dos padres jesuítas alemães, aparece um artigo, da autoria do jesuíta P. Hirschmann, provando que a guerra atômica pode ser lícita, no caso que seja necessária para salvar o Cristianismo sobre a face da terra No mesmo sentido escreve 0 jesuíta P. Gundlach, que foi conselheiro espiritual do Papa Pio XII, afirmando que a guerra atômica, e mesmo a extirpação de um povo inteiro (naturalmente a Rússia!) é não somente lícita, mas pode até ser dever de consciência, no caso que esse povo seja um impedimento para o triunfo do Cristianismo.

O que inspira semelhantes monstruosidades, oficialmente aprovadas pela respectiva igreja, é a clamorosa confusão entre “Cristianismo” e “Cristo”. Por “Cristianismo” entendem esses autores uma determinada organização eclesiástica, engendrada, através dos séculos, por hábeis teólogos e devidamente codificada pelos chefes hierárquicos dessa sociedade eclesiástica. A fim de preservar da destruição essa orgariização político-financeiro-clerical apregoam esses homens a liceidade da destruição do espírito do Cristo, que em hipótese alguma aprovaria a morte de um único ser humano, menos ainda a extinção de muitos milhões de inocentes, a fim de salvar o reino de Deus. Como se pode salvar o verdadeiro Cristianismo, que é o reino de Deus, destruindo-o radicalmente pela matança em massa?

Por onde se vê que esses doutores em teologia eclesiástica são perfeitos analfabetos na suprema sabedoria do Sermão da Montanha, e do Evangelho do Cristo em geral.

O gentio Mahatma Gandhi, não permitindo a morte de um só homem para libertar a Índia, compreendia mil vezes melhor o espírito do Cristo do que esses chamados “cristãos”, razão por que declarava a todos os missionários do ocidente que procuravam convertê-lo ao Cristianismo: “Aceito o Cristo e seu Evangelho - não aceito o vosso Cristianismo “Não resistais ao maligno!”...

Nenhuma igreja, nenhum Estado cristão aceitou, até hoje, essa doutrina do divino Mestre. Todos praticam violência, por sinal que todas as sociedades, civis e eclesiásticas, se guiam, até hoje, pela lei do talião, estabelecida por Moisés, “olho por olho, dente por dente”. Aliás, parece mesmo que uma sociedade organizada não pode guiar-se pelo espírito do Evangelho do Cristo, porque qualquer sociedade organizada é baseada sobre o egoísmo, que aprova a violência; parece que só um indivíduo pode ser realmente crístico, não violentista. A sociedade tem determinados estatutos, leis, parágrafos jurídicos, que implicam sanção, isto é, violência, punição aos infratores dos estatutos jurídicos da sociedade. Sendo que toda a sociedade é produto da inteligência, e a inteligência é, essencialmente, egoísta, não pode haver uma sociedade não-egoísta, não-violentista. Se Mahatma Gandhi conseguiu libertar a Índia com ahimsa (não-violência) foi unicamente porque, ao redor dele, havia numerosos indivíduos firmemente alicerçados na mesma verdade, como concebeu o próprio Presidente Nehru, e não porque a sociedade como tal se guiasse pelo princípio altruísta da ahimsa. Toda e qualquer sociedade, como sociedade, pratica necessariamente himsa (violência), sob pena de se destruir a si mesma, não fazendo valer as suas leis; só um indivíduo pode praticar ahimsa, não pagando mal com mal, mas pagando o mal com o bem, amando aos que o odeiam.

“Não resistir ao maligno” é, pois, uma ordem que visa diretamente o indivíduo em vias de cristificação. Uma sociedade, sendo fundamentalmente egoísta, nunca pode ser crística, embora possa dizer-se cristã, isto é, egoísta envernizada de Cristianismo.

Nenhuma sociedade organizada pode abrir mãos dos seus “direitos”, sob pena de cometer suicídio, ela só existe em virtude dos seus “direitos”; o direito, porém, é uma forma de egoísmo, e egoísmo gera violência. Só se a sociedade abdicasse dos seus “direitos”, tudo endireitaria; mas, enquanto ela faz valer os seus “direitos”, tudo está torto.

O contrário do “direito” é a “justiça”, que é praticamente idêntica ao amor. A “justiça”, no sentido bíblico, é invariavelmente a “justeza”, o perfeito “ajustamento”, a harmonia entre o indivíduo e o Universal, entre o homem e Deus, entre a creatura finita e o Creador Infinito. Essa justiça, porém, é o perfeito amor, como aparece no “primeiro e maior de todos os mandamentos”, enunciado por Jesus.

No frontispício do Fórum da cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, se acham gravadas estas palavras do jutista-filósofo Cícero: “Summum jus - Sumida injuria” (o supremo direito é a suprema injustiça). Quem reclama todos os seus direitos pessoais, age em nome de seu ego, que é necessariamente egoísta; mas quem pratica a justiça, age em nome da Constituição Cósmica do Universo, age em nome da própria alma do Universo, que é Deus; age, em nome do amor cósmico, que é a voz do divino Eu no homem.

Quem apela para seus “direitos” age em nome do ego, que é violentista.

Quem apela para a “justiça” age em nome do Eu, que não é violentista.

“Não resistir ao maligno” é, pois, um apelo para o divino Eu no homem, e não para ser humano ego.

Há, na legislação mosaica, uma matemática estranha: supõe que uma violência se neutralize com outra violência. Se alguém me arranca um olho ou quebra um dente, e eu lhe arrancar também um olho e quebrar um dente, estamos quites; porque cobrei do meu devedor uma dívida em aberto. Na realidade, porém, não estamos quites, nem eu nem ele, porque um negativo dele mais um negativo meu dão dois negativos; quer dizer que nós dois, meu ofensor e eu, ofensor dele, criamos dois males no mundo; e, como a segunda ofensa exige uma terceira, da parte dele, e essa reclama uma quarta ofensa, da minha parte, e assim por diante, numa indefinida “reação em cadeia” - é claro que nós dois, o ofensor de lá e o ofensor de cá, vamos piorando o mundo cada vez mais, enchendo-o de negativos e mais negativos.

Contra essa falsa matemática de Moisés opõe Jesus a verdadeira matemática, absolutamente lógica e racional, afirmando que o negativo (mal) só se neutraliza pelo positivo (bem), e que o único modo de melhorar o mundo e a humanidade é pelo processo de: 1) não resistir ao mal; 2) de opor o bem ao mal. O meu positivo oposto ao negativo do meu ofensor neutraliza esse negativo, e o resultado é zero; mas, se eu opuser ao negativo do ofensor não apenas um positivo (um bem), porém muitos - digamos 10 - neste caso não somente neutralizei 0 negativo (mal) dele, mas ainda há um superavit de positivos, isto é, enriqueci a humanidade de bens positivos.

Mahatma Gandhi - precisamente por ser mabatma, “grande alma” - compreendeu e praticava admiravelmente essa matemática espiritual do Evangelho do Cristo, dando à não-resistência o nome sanscrito de ahimsa e à política benevolência para com o ofensor o nome de satyagraha (apego à verdade), ou seja amor, justiça cósmica. Naturalmente, para que alguém possa praticar essa não-violência e essa benevolência, tem de passar por uma profunda experiência mística sobre a sua verdadeira natureza, e não se identificar com seu ego físicomental-emocional.
 
 
Huberto Rohden 
http://www.imagick.org.br


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

ESGOTANDO A AMBIÇÃO
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Osho, Eu fiz ou tive todas as coisas que sempre quis no mundo. Parece que esgotei toda a ambição de conseguir qualquer coisa a mais. Mesmo a iluminação parece uma meta remota e impossível, fora do domínio do meu entendimento. É como se eu estivesse simplesmente esperando e dando um tempo. Não há nada a fazer e nenhum lugar para ir. Contudo, tenho uma sensação de tristeza e um sentimento de insatisfação. Por favor, comente.

 
Um dos momentos mais significativos na vida de um homem é quando ele sente que se esgotaram as ambições e está simplesmente esperando, sem saber o quê. Esse é o momento em que a iluminação está mais próxima.

A iluminação não é uma meta. Não está lá, longe, para você alcançá-la. Você não pode fazer da iluminação uma ambição: essa é a maneira mais correta de perdê-la. A iluminação acontece nesse vazio, quando todas as suas ambições terminaram. Você não sabe o que fazer, aonde ir.

Nesse silêncio — porque não há um tumulto de desejos, nenhum desejo ardente de ambição — a iluminação acontece por conta própria. É um subproduto, não uma meta.

E é por isso que você está se sentindo triste, insatisfeito: muito embora todas as ambições tenham terminado… Por que uma pessoa deveria se sentir insatisfeita? Deve existir algo na vida que não seja parte da mente ambiciosa, sem a qual uma pessoa não pode se sentir satisfeita.

Você pode realizar todos os seus desejos, todas as suas ambições, e ainda assim se sentirá insatisfeito. Na verdade, você se sentirá mais insatisfeito do que aqueles que ainda estão correndo atrás de desejos, porque pelo menos para eles existe uma esperança de que amanhã eles alcançarão a meta.

Hoje pode parecer vazio, mas a ilusão, a alucinação do amanhã mantêm o hoje, de certa forma, escondido para eles. Mas agora, para você, não há nada que possa esconder sua realidade: você está insatisfeito.

Portanto, uma coisa fundamental está muito clara: mesmo que todas as ambições sejam satisfeitas, o homem não está satisfeito. Existe algo que não é uma ambição, e, a não ser que você o alcance — e não é um empreendimento —, a não ser que ele aconteça a você, a insatisfação o deixará triste.

Essa situação acontece a todas as pessoas afortunadas; quanto ao mais, todos estão correndo atrás de seus desejos, e existem tantas coisas a fazer na vida. Não há tempo para se sentir insatisfeito, não há tempo para sentir tristeza. A esperança no amanhã dissipa toda a tristeza.

Mas agora você não tem nenhuma esperança no amanhã. Somente o hoje está com você, e é bom que você esteja esperando, sem saber o quê. Se você está esperando intencionalmente por algo, isso é desejo, então a mente estará lhe pregando uma peça.

Se você está simplesmente esperando, terá chegado ao fim da estrada. Não há mais nenhum lugar para ir; o que você pode fazer exceto esperar? Mas esperar pelo quê?

Se você pudesse responder “estou esperando por isso ou por aquilo”, perderá a iluminação. Então sua espera não é pura. Não é uma simples espera. Se você puder ter certeza de que é uma espera pura, não dirigida a nada, a nenhum objeto, estará na situação correta, na qual a iluminação acontece.

Portanto, você está em um belo estado, inconsciente dele, por causa da pura espera e tristeza… A pessoa não pode ver o que existe de belo nisso. Somente os despertos podem perceber o que há de belo nisso.

Essa é a situação na qual você desperta, como um subproduto. De outro modo a vida permanece um sono espiritual. Todos os desejos e ambições não são nada além de sonhos desse sono.

Uma tristeza, uma profunda insatisfação, em geral não parece algo muito glorioso, não é algo de que se orgulhar; mas eu lhe digo que isso é algo de que você pode se orgulhar. Apenas permaneça na sua tristeza. Não tente transformar isso em outra coisa.

Permaneça na sua espera — não tente dar a ela um objeto. A pura espera atrai a derradeira experiência que chamamos de iluminação. A pessoa não deve buscar a iluminação como uma meta. A iluminação vem a você quando você está maduro, e esse é um tipo de amadurecimento necessário.

No Ocidente isso está acontecendo com muitas pessoas, mas elas não sabem. Estão tristes, em profunda angústia; estão se afogando no álcool, nas drogas, em perversões sexuais; estão tentando esquecer a tristeza com todo tipo de coisas. Estão tentando, de alguma maneira, transformar sua espera em objeto.

Alguns tornam-se religiosos e começam a esperar por Deus. Alguns começam a filosofar que a vida não tem sentido, que a vida não é nada além de angústia, que dá náusea.

E a beleza é que Jean-Paul Sartre, que dizia continuamente que “a vida é sem sentido, apenas ansiedade, angústia, náusea” — também escreveu um livro chamado A Náusea —, viveu muito tempo. Então para que viver se a vida é apenas náusea, para que escrever um livro sobre isso? Se a vida é sem sentido, para que questionar isso? Para conseguir um Prêmio Nobel?

O que estou dizendo é totalmente diferente do que está acontecendo no Ocidente. O que estou dizendo é o que tem acontecido no Oriente nos últimos dez mil anos: quando o homem chega ao ponto em que todas as ambições são inúteis, é porque ele as viveu e descobriu que não valem a pena; ele alcançou a meta que queria e descobriu, então, que não havia nada a ser descoberto, que foi apenas uma alucinação, um oásis que parecia real à distância, mas que, à medida que se aproximou, desapareceu, restando somente o deserto.

O Oriente tem usado isso de diferentes maneiras. Nem um único filósofo pregou o suicídio. Nem um único homem nesse estado ficou maluco ou se voltou para as drogas. Mas durante séculos tem sido aceito que esse é o momento de maior potencial da vida.

Se você puder apenas esperar, sem esperar por nada; apenas esperar, pura espera… deixe a tristeza estar lá, deixe a insatisfação estar lá, elas não podem impedir sua iluminação. Somente uma coisa pode deter sua iluminação: se você fizer da sua iluminação um objeto.

Se a espera for pura, a iluminação acontecerá, e com o seu acontecimento existe a satisfação, grande regozijo, e a vida vem a florescer. É por isso que eu digo que esse é um momento tremendamente belo. Não o perca.
 
Osho
https://bibliotecaoshobrasil.wordpress.com
 
 
Por que somos espertos e ambiciosos? A ambição não é um impulso para evitar o que é? Esta esperteza não é realmente estúpida, que é o que somos? Por que temos tanto medo do que é? Qual é o bem de fugir se o que quer que sejamos está sempre ali? Podemos ter sucesso ao fugir, mas o que somos ainda está ali, gerando conflito e miséria. Por que temos tanto medo de nossa solidão, de nosso vazio? Qualquer atividade fora do que somos vai provocar sofrimento e antagonismo. O conflito é a negação do que é ou a fuga do que é; não existe outro conflito além desse. Nosso conflito se torna mais e mais complexo e insolúvel porque não encaramos o que é. Não existe complexidade no que é, mas apenas nas muitas fugas que buscamos. 
 
Enquanto houver o desejo de ganhar, obter, se tornar, em qualquer nível, inevitavelmente haverá angústia, sofrimento, medo. A ambição de ser rico, de ser isto ou aquilo, se afasta apenas quando vemos a podridão, a natureza corruptora da ambição em si. No momento em que vemos que o desejo de poder sob qualquer forma – o poder de um primeiro ministro, de um juiz, um sacerdote, um guru – é fundamentalmente pernicioso, nós não mais vamos ter o desejo de ser poderosos. Mas nós não vemos que a ambição é corrupta, que o desejo de poder é pernicioso; ao contrário, dizemos que devemos usar o poder para o bem, o que é tudo tolice. Um meio errado nunca pode ser usado para um fim correto. Se o meio é pernicioso, o fim será também pernicioso. O bem não é o oposto do mal; ele só se manifesta quando aquilo que é mal cessa completamente. Assim, se não compreendemos toda a significação do desejo, com seus resultados, seus subprodutos, simplesmente tentar se livrar do desejo não tem significado.
 
J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org 
 
 
I  N  S  A  T  I  S  F  A  Ç  à O

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Osho, por que eu vivo sentindo que alguma coisa está faltando, que eu deveria ser algo mais?
 
É porque desde a sua infância lhe foi dito que você, em si mesmo, é intrinsecamente inútil. Do jeito que você é não tem valor algum. O valor tem que ser obtido, o mérito tem que ser evidenciado. Desde o início de sua infância, isto lhe foi ensinado milhões de vezes... E a melhor maneira de destruir uma criança é destruindo a sua crença em si mesma.

Para destruir a crença dentro de uma criança, você tem que lhe provar que o valor não é algo dado pela natureza, mas sim que deve ser conquistado na vida. E você pode perdê-lo, a não ser que você trabalhe, seja muito ambicioso, lute com os outros... E para alcançar esse valor tem que lutar, olho por olho, dente por dente, tem que pisar na garganta do outro. Você foi condicionado a ser violento, ambicioso e cheio de desejos: para ter mais dinheiro, mais poder e mais prestígio.

... Por tanto tempo você permaneceu agarrado àquilo, pensando que era belo, precioso e nutritivo. Agora eu digo. 'Tudo isto é tolice! Abandone isto e simplesmente seja um Buda, a partir deste exato momento!

Não é uma questão de se alcançar, é apenas uma questão de se tornar consciente. É apenas uma questão de se tornar consciente, alerta e desperto... Uma parte sua acena com a cabeça dizendo sim, pois o que está sendo dito é simplesmente a verdade da vida, embora todo o seu treinamento seja contra isto. Quando você se afasta de mim, a mente salta de novo sobre você com vingança. E naturalmente ela é poderosa. E, por ser tão poderosa, ela destrói a sua inteligência.

A inteligência nada tem a ver com a mente. Inteligência tem algo a ver com o coração. É a qualidade do coração. Intelectualidade é qualidade da cabeça. O intelectual não é necessariamente uma pessoa inteligente. E uma pessoa inteligente não é necessariamente intelectual.

...Toda a sociedade tentou fazê-lo inconsciente de sua inteligência. A sociedade é contra a sua inteligência. Ela quer que você seja medíocre, porque somente os medíocres podem ser bons escravos. Ela quer você sem inteligência e estúpido, porque somente as pessoas estúpidas podem ser dominadas.

E as pessoas estúpidas são obedientes, nunca são rebeldes. Pessoas estúpidas simplesmente vegetam. Elas nunca se esforçam para otimizar suas vidas. Elas nunca acendem as tochas de suas vidas, elas não têm intensidade. A estupidez é obediente e a obediência cria estupidez.(...)

....Eu estou lhe dizendo que antes de tudo você nada perdeu. Por favor, pare de tentar encontrar, pare de buscar e procurar. Você já tem! Tudo o que é preciso você já tem. Simplesmente olhe para dentro e você encontrará tesouros infinitos e inesgotáveis de alegria, amor e êxtase.

Nada estará faltando se você olhar para dentro, mas se você continuar procurando do lado de fora se sentirá mais e mais frustrado.... E toda a ironia é que... aquilo sempre esteve dentro de você, neste momento está dentro de você.

Mas não acredite em mim. Eu não estou aqui para criar crentes. Eu estou aqui para ajudá-lo a experienciar. No momento em que a verdade se torna sua experiência, ela liberta. A verdade liberta, diz Jesus - não a crença, mas a verdade.

Mas a minha verdade não pode ser a sua verdade. A minha verdade será a sua crença. Somente a sua verdade pode ser verdadeira para você. A verdade certamente liberta, mas eu acrescento que a verdade tem que ser a sua verdade. A verdade de nenhuma outra pessoa pode libertar você. A verdade de outra pessoa se tornará apenas um aprisionamento.

Nada está lhe faltando. Nada está faltando a ninguém. Pela própria natureza das coisas, nada pode estar nos faltando. Nós somos parte de Deus e ele é parte de nós. Não tem jeito, não há possibilidade de estar faltando algo. (...)

...Você tem que ser justamente você mesmo e ninguém mais. Na verdade isto é o que significa natureza búdica: ser você mesmo.

... Sempre que as pessoas se tornam gananciosas, elas ficam bem apressadas, e tentam encontrar meios de ir mais rápido. Estão sempre correndo pois acreditam que a vida está se esgotando. São essas as pessoas que dizem, "tempo é dinheiro."Tempo é dinheiro? Dinheiro é muito limitado; o tempo é ilimitado. Tempo não é dinheiro, tempo é a Eternidade. Sempre foi e sempre será. E você sempre esteve aqui e sempre estará aqui.

Então abandone a ambição e não se incomode com o resultado. Às vezes acontece que, devido a sua impaciência, você perde muitas coisas.

O homem fica completo se estiver em sintonia com o Universo; caso contrário estará vazio, completamente vazio. E dessa vacuidade procede a ganância. A ganância serve para preencher esse vazio – com dinheiro, com casas,com mobília, com amigos, com amantes, com qualquer coisa – pois ninguém pode viver vazio. Isso é horrível, é uma vida fantasma. Se você estiver vazio e nada houver dentro de você, fica impossível viver.

Para ter a sensação de plenitude, só há dois caminhos; ou você entra em sintonia com o Universo... Assim você fica preenchido pelo Todo, com todas as flores e estrelas. Elas estão dentro de você assim como estão fora de você. Essa é a verdadeira plenitude.

Mas se não fizer isso – e milhões de pessoas não estão fazendo isso – então o mais fácil é preencher o vazio com qualquer porcaria. Ambição simplesmente significa que você está sentindo um vazio profundo e você quer preenchê-lo com o que for possível, não importa o que seja. E uma vez que você compreende isso, então você nada mais tem a ver com a ambição. Você tem algo a ver com vir para uma comunhão com o Todo, assim a vacuidade interior desaparece. E com isso, toda ganância desaparece.

Mas há pessoas loucas por todo o mundo, e elas estão colecionando coisas para preencher a vacuidade delas. Há quem esteja acumulando dinheiro embora nunca o utilize. Há os que comem compulsivamente; e ainda que não sintam fome continuam a engolir. Sabem que isso irá criar sofrimento, que ficarão doentes, mas não conseguem parar. Essa comilança também é uma forma de preenchimento.

Portanto, pode haver muitas maneiras de preencher o vazio, embora este nunca seja preenchido – permanece vazio, e você permanece miserável, pois nunca há o bastante. Mais é necessário, e esse mais e a exigência por mais é infinita.

Você precisa entender a vacuidade que você está tentando preencher, e faça a pergunta, “Porque estou vazio? A existência é tão plena, porque me sinto vazio? Talvez tenha perdido o rumo – não esteja mais movendo-me na mesma direção, não seja mais existencial. Essa é a causa da minha vacuidade.”

Então siga a existência. Relaxe, e aproxime-se da existência em silêncio e paz, em meditação. E um dia você irá perceber que estará pleno– abundante, transbordante – de alegria, de êxtase, de bem-aventurança. Você estará tão pleno desses sentimentos que poderá distribuí-los para o mundo inteiro e ainda assim não se sentirá cansado.

Nesse dia, pela primeira vez você não terá qualquer ambição – por dinheiro, por comida, ou por qualquer outra coisa. Você viverá naturalmente, e encontrará tudo que você precisar.


Osho, The Book of the Books
https://www.somostodosum.com.br
 
 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

A   M U S I C A   D O   S I L E N C I O

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 A Paz Interior Brota da Ausência de Ruído
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
Os sábios pitagóricos diziam que o universo é musical. De fato, cada som e cada silêncio parecem ter um efeito especial sobre o ser humano. Seu significado específico pode ser libertador ou não, trazendo alívio, paz, serenidade, ou talvez inquietação. Por isso o excesso de ruídos – a moderna poluição sonora – está longe de ser um problema sem importância.

Sabe-se, por exemplo, que o lixo é apenas uma matéria-prima potencialmente útil, colocada em lugar errado. Do mesmo modo, o barulho é um som, em si mesmo inofensivo, que evoca fragmentação e desarmonia porque foi emitido no momento, no tom e no volume errados.

Os sons da natureza são, geralmente, musicais. É certo que às vezes – como durante uma tempestade – podem parecer terríveis para quem não os entende. Um cachorro doméstico, por exemplo, sempre irá para debaixo da cama, assustado, ao ouvir trovões. Mas, no conjunto, do ponto de vista sonoro, a natureza é silenciosa e harmônica. Essa percepção se reforça quando a comparamos a uma cidade moderna. Basta imaginar, por um momento, o ruído das ondas do mar batendo numa praia deserta, o canto dos pássaros no alto das árvores, o barulho do vento provocando o farfalhar das folhas, e de outro lado o buzinar dos veículos, o ronco dos motores e o ruído das sirenes. Mesmo nossas paisagens rurais são cortadas atualmente pelo ronco de tratores e motosserras.

O ruído ameaça não só o silêncio e a musicalidade presentes na natureza, mas também a saúde do ser humano. A surdez física não é o único resultado do excesso de barulho. Submetido à poluição sonora, o cidadão apresenta uma variedade de sintomas. O sistema nervoso periférico sofre, e provoca vasoconstrição; os vasos sanguíneos se comprimem. O batimento cardíaco fica alterado. As pupilas se dilatam. Quando o problema é constante, a perda de audição aparece como uma defesa do organismo. O organismo surdo se fecha para o meio ambiente: ele declara uma paz interior unilateral, cujo preço é a incomunicação definitiva. Quem hoje ouve “rock” a todo volume, em alguns anos poderá não ouvir, nem mesmo querendo, os acordes mais suaves da música clássica.

O ruído excessivo é uma espécie de exteriorização forçada da consciência, e pode ser buscado como meio para evitar o confronto com a ansiedade. É o caso de certo tipo de música. O barulho também pode ser imposto ao homem desde fora, transformando-o em vítima de um processo de contaminação ambiental.

Todo ser humano precisa do silêncio para viver bem, e é na ausência de barulho que ocorrem e são compreendidas as coisas mais importantes. “O silêncio não deve ser buscado como uma maneira de evitar a vida”, escreve Nicolas Caballero, das Filipinas. “Não pode ser apenas um refúgio da agitação, ou do que nós chamamos de estar cansado da vida. O silêncio é o contexto em que nós reconstruimos a interioridade e a exterioridade.” Para Caballero, devemos aprender a produzir silêncio em nossas vidas.[1]

O barulho e a desarmonia, de um lado, e o silêncio e o equilíbrio, de outro, podem ocorrer simultaneamente em três níveis de consciência: físico, emocional e mental. Estas três instâncias formam uma tela vital única, cuja qualidade devemos aumentar de modo gradativo e constante.

“O ruído é uma desinteriorização que me separa das coisas ou das pessoas”, alerta Caballero. Ele faz com que se distorça a percepção da realidade. Investigando a fonte do ruído na mente e na vida humana, o autor filipino chega ao que se chama de “falsa espiritualidade”: o problema da pessoa não-religiosa é, essencialmente, um problema de barulho. A pessoa barulhenta é egocêntrica, mesmo que aparentemente religiosa. O importante, neste caso, não é o mundo divino, mas suas ideias sobre ele, porque o egocêntrico só consegue enxergar a si mesmo. Esse egoísmo é a fonte do barulho, isto é, daquela aparente ausência de uma musicalidade natural que deve expressar-se livremente em cada processo vivo.

O ser egocêntrico é incapaz de ouvir, mas quer ser escutado; e para isso ele faz barulho, físico e emocional.

Alguém escreveu que a capacidade de suportar ruídos está na razão inversa da inteligência das pessoas. A afirmativa é verdadeira, mas não deve ser superestimada. Os idosos, por exemplo, não gostam de barulho, independentemente do seu grau maior ou menor de inteligência. É verdade, porém, que um idoso quase sempre tem uma certa sabedoria interior.

Através do cultivo do silêncio, a pessoa desenvolve o desapego em relação ao que parece agradável ou desagradável. Inversamente, o desapego torna possível ter paz e silêncio interiores. O tema é vasto e complexo: a produção de silêncio e paz no mundo psicológico é um processo que precisa ser estudado, diz Caballero.

O silêncio pode mostrar-se como um vazio, ou como uma plenitude. Nos dois casos, está ligado à observação do que é real, a partir de uma consciência que não se abala com os altos e baixos da vida cotidiana.

O significado da existência e o caminho do auto aperfeiçoamento acelerado são compreendidos em silêncio, com o corpo físico, a percepção mental e o centro emocional serenos, se não imóveis.

A luta entre o silêncio – onde se expressam os significados interiores – e o barulho (que provoca confusão mental) se desdobra em todos os níveis e momentos do cotidiano. Inclusive sociologicamente.

Os veículos automotores, a construção civil, os aeroportos, os bares noturnas e as grandes indústrias são algumas das principais fontes de poluição sonora em nossas cidades. O processo de conscientização em relação ao problema é complexo e não começou há pouco.

“A juventude paga para se ensurdecer nas discotecas”, já disse décadas atrás um técnico encarregado de combater o ruído. [2]

De fato, para muitos o ruído é sinônimo de intensidade vital. Certas motos são intencionalmente adaptadas para causar mais barulho. Uma característica da mente barulhenta é a sua necessidade de chamar a atenção dos outros, ainda que perturbando o sossego público. Tais exageros são relativamente raros. Mesmo assim, a poluição sonora causa níveis cada vez maiores de preocupação pública. Os decibelímetros – medidores de ruído – são instrumentos úteis na luta de moradores incomodados por fábricas barulhentas, ou de promotores públicos que defendem o sossego de um bairro.

Uma atitude mais vigilante tende a espalhar-se – e é indispensável que isso ocorra; mas ela não será suficiente. É recomendável atacar também a causa interna da poluição sonora. Esta causa está na mente humana, e escapa à mera análise ecológica, econômica ou legal da questão.

Por falta de autoconhecimento, o ser humano sente necessidade de fugir do seu próprio ruído interior e psicológico. Para isso, provoca barulhos externos que distraiam sua atenção para o mundo externo. É o caso da dependência psicológica da televisão. Fugindo das suas próprias angústias e incertezas, rodeia-se de sons (ou imagens) que o prendem momentaneamente a este ou aquele aspecto do mundo exterior.

A verdadeira solução não é esta.

O primeiro passo é aprender a calar por completo e então ouvir a voz da consciência. Quando o silêncio pode ser ouvido, a paz ilumina os diferentes aspectos do mundo. A fonte da felicidade está, de um lado em obedecer à alma presente em nosso interior, e, de outro lado, em perceber a alma do universo.

A música das esferas, de que falavam os pitagóricos, é escutada quando a nossa vida física, emocional e mental está em consonância com o grande processo vital do planeta e do cosmo. “Ora, direis, ouvir estrelas” – escreveu Olavo Bilac, antecipando o desprezo dos céticos. E, no entanto, sabemos que é possível ouvir as estrelas, e que elas não necessitam de palavras para falar. Basta que haja silêncio mental da parte de quem escuta.

No caminho do autoconhecimento, a ausência de ruídos constitui, pois, uma condição essencial. Alfred de Vigny afirmou:

“Só o silêncio é grande: todo o resto é fraqueza”.

Helena P. Blavatsky pensa de modo semelhante. Ao abordar o estudo e a percepção da sabedoria divina, ela escreveu:

“Em suas horas de meditação silenciosa, o estudante descobrirá que há um espaço de silêncio dentro de si, em que ele pode se refugiar dos pensamentos e desejos, do turbilhão dos sentidos, e das ilusões da mente. Mergulhando sua consciência profundamente em seu coração, ele pode alcançar este lugar – a princípio, somente quando ele está sozinho em silêncio e na escuridão. Mas quando a necessidade de silêncio cresce, ele o procurará mesmo no meio da batalha com o eu, e o encontrará. Ele apenas não deve abandonar seu eu exterior nem seu corpo. Deve aprender a retirar-se em sua cidadela quando a batalha se torna árdua; mas precisa fazê-lo sem perder de vista a batalha; sem se permitir fantasiar que assim ele vencerá. Essa vitória só se conquista quando tudo é silêncio fora e dentro da cidadela interior.” [3]
 
NOTAS:
 
[1] “Silence and the Liberation of Consciousness”, por Nicolas Caballero, “Theosophical Digest”,  Philippines, quarto trimestre de 1991, pp. 95 a 123.
 
[2] “Revista Dirigente Municipal”, agosto 1992, pp. 42 a 44.
 
[3] “O Grande Paradoxo”, H. P. Blavatsky. O artigo está disponível em nossos websites associados.  
 
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