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domingo, 31 de março de 2019

OS PROBLEMAS NÃO EXISTEM


Você tem que apenas aceitar e amar você e não há problema. Eu tenho que repetir, não há problema! Eu nunca me deparei com um problema real.
 
Até agora não. E eu devo ter ouvido milhares de pessoas e seus milhares de problemas e ainda nunca me deparei com um problema real e não creio que acontecerá porque o verdadeiro problema não existe. Problema é algo criado.
 
As situações estão lá, os problemas não estão. Problemas são as suas interpretações das situações. A mesma situação pode não ser um problema para uma pessoa e talvez seja para outra. Então depende de você se vai criar um problema ou não, mas os problemas não estão lá, os problemas não estão na existência, eles estão no psicológico do homem.

Apenas observe quando você estiver tendo uma ‘viagem’ e ‘pilotando’ um problema. Apenas observe.  Apenas fique de lado e observe o problema. Está realmente lá ou você o criou? Observe profundamente e subitamente você irá perceber que não está aumentando, está diminuindo, está ficando cada vez menor e menor. Quanto mais você coloca a sua energia na observação, menor vai ficando e o momento chega em que subitamente não está mais lá e você dará uma ótima gargalhada.
 
Sempre que você estiver tendo um problema, apenas observe-o. Os problemas são fictícios;   não existem. Apenas contorne o problema e observe por todos os ângulos. Como poderia ser? É um fantasma. Você o quis e por isso está aí. Você pediu por isso e é por isso que está aí. Você o convidou e é por isso que está aí. Mas as pessoas não gostam quando você diz que o problema delas não é um problema. Não gostam! Sentem-se muito mal.
 
Se você ouve seus problemas elas se sentem muito bem. E se você diz que sim, que este é um grande problema; elas ficam muito felizes. É por isto que a psicanálise se tornou uma das coisas mais importantes deste século. O psicanalista não ajuda a ninguém! Talvez ajude a si mesmo, mas não ajuda a ninguém. Ele não pode.
 
Mesmo assim as pessoas vão e pagam. Eles desfrutam. Ele aceita seus problemas. Qualquer problema absurdo que você leve ao psicanalista ele o ouve muito sinceramente, muito seriamente como se o problema estivesse lá. Ele dá como certo que você esteja sofrendo profundamente e ele começa a trabalhar nisso, analisa e leva anos! Mesmo depois de anos de psicanálise o problema não foi resolvido, porque, em primeiro lugar, o problema nunca esteve lá. Então como alguém poderia resolvê-lo?
 
Mas depois de anos de psicanálise você se cansa e termina com o velho problema, então agora você quer outro novo problema. Então, subitamente um dia, você diz que não está mais lá, que se foi e você agradece ao psicanalista. Mas foi apenas o tempo que ajudou,  o que curou, não é a psicanálise. Mas há pessoas que não vão gostar de apenas observar e esperar.
 
Nos monastérios Zen quando você traz alguém ‘maluco’ eles simplesmente o colocam num canto, numa cabana pequena, longe do monastério. Dão-lhe comida e dizem para apenas ficar lá, quieto. Ninguém vai lá conversar com ele e a comida é fornecida. Todos os confortos lhe são garantidos. Mas ninguém se incomoda com ele e o que a psicanálise faz em três anos eles alcançam em três semanas. Em três semanas a pessoa sai e diz que o problema terminou. Por três semanas você é deixado com o seu problema, como poderá evitar de vê-lo? E nenhuma análise é proposta. Então não há nenhum desvio, você não é distraído.
 
O psicanalista o distrai. O problema poderia ter morrido por si só em três semanas, mas não morrerá agora, porque com o suporte do psicanalista, viverá por três anos ou até mais. Depende de quão rico você é (risos). Se você for rico o suficiente, o problema poderá continuar por toda a sua vida. Isso significa que depende de quanto você pode dispor. As pessoas pobres não sofrem de muitos problemas. Os ricos sofrem. Eles podem bancar. Podem desfrutar do jogo de terem grandes problemas. A pessoa pobre não pode bancar nem desfrutar deste jogo.

Da próxima vez que você tiver um problema, observe-o, observe-o severamente; não há nenhuma necessidade de analisar, não analise! Porque a análise é uma forma de distração. Quando você começa a analisar, você não observa o problema, começa a perguntar o porquê, de onde, como veio, da sua infância, do relacionamento com sua mãe, do relacionamento com seu pai... Você se perde. Agora você não está olhando o problema em si.
 
A psicanálise Freudiana é realmente um jogo da mente e jogado com grande perícia. Não vá até as causas, não há necessidade porque não há causa! Não vá até o passado, não há necessidade pois seria se distanciar do problema presente. Observe-o como uma coisa aqui e agora. Apenas entre nele e não pense sobre causas, razões; apenas observe o problema como é e você ficará surpreso, que ao observá-lo severamente ele começará a se dispersar... Continue observando-o e perceberá que se foi.
 
Os problemas não estão lá, nós os criamos, porque não podemos viver sem problemas. Está é a única razão pela qual os criamos. Ter um problema é ter uma ocupação. Você se sente bem, há algo lá para ser feito. Quando não há problema você é deixado sozinho, vazio. O que fazer a seguir? Todos os problemas resolvidos. Apenas pense que um dia chega Deus e diz: ‘Nenhum problema mais’ ‘Tudo acabado, todos os problemas resolvidos’ O que você fará? Apenas pense nesse dia. As pessoas ficariam paralisadas. As pessoas ficariam bravas com Deus e diriam que isso não é uma bênção. E agora o que devemos fazer? Sem problemas?
 
Então subitamente a energia não está se movendo e você vai se sentir estagnado. O problema é uma forma de você se mover, de continuar em frente, de ter esperança, de desejar, de sonhar. O problema gera tantas possibilidades de permanecer ocupado e estar desocupado é ser capaz de ser desocupado e a isto eu chamo de meditação. Uma mente desocupada que desfruta um momento de desocupação é uma mente meditativa. Comece a desfrutar de alguns desocupados momentos. Mesmo que o problema esteja lá  e você sente que está lá, mas eu digo que não está, mas você sente que está lá, então, coloque-o de lado e diga ao problema ‘espere’!
 
‘A vida está lá, toda a vida está lá, eu vou te mostrar, mas agora me de um pouco de espaço desocupado de qualquer problema’ e comece a ter alguns momentos desocupado, e uma vez que você comece a desfrutar deles, verá que de fato os problemas são criados por você, porque você não é capaz de desfrutar dos desocupados momentos, assim os problemas preenchem a lacuna.
 
Você já se observou sentado em um quarto sem nada a fazer e como você começa a se sentir inquieto? Começa a se sentir desconfortável, a se sentir agitado... Vai ligar o rádio ou irá ligar a tv, começará a ler o mesmo jornal que já leu três vezes pela manhã, ou há apenas um caminho, você pegará no sono para poder criar sonhos e novamente permanecer ocupado, ou começará a fumar. Já observou que quando você não tem nada para fazer fica muito difícil de ser, apenas ser! Eu vou repetir novamente, não há problema ! Olhe para o fato de que não existem problemas na vida. Se você quer tê-los, é seu prazer, desfrute-os com todas as minhas bênçãos!

A vida, de nenhuma maneira é um problema, é um mistério para ser vivido e desfrutado! Os problemas são criados por você porque você tem medo de desfrutar a vida.
Mas a verdade é que não existem problemas. A vida de nenhuma maneira é um problema, é um mistério para ser vivido e desfrutado! Os problemas são criados por você porque você tem medo de desfrutar a vida. E você tem medo de viver a vida. Os problemas lhe dão uma proteção contra à vida, contra à alegria, contra o amor.
 
Você pode dizer a si mesmo: ‘Como poderei desfrutar se tenho tantos problemas?’ ‘Como posso amar uma mulher ou um homem se tenho tantos problemas?’ ‘Como posso dançar e cantar? É impossível!’ Você pode encontrar algumas razões para não cantar e não dançar. Os seus problemas lhe dão grandes oportunidades para evitar. Observe dentro dos problemas e irá perceber que são fictícios
e mesmo que você tenha um problema e sinta que é real eu digo que está tudo bem!
 
Por que eu digo que está tudo bem? Porque no momento que você sentir que está tudo bem, ele irá desaparecer. No momento que você diz a um problema que está tudo bem, você parou de dar-lhe energia. Você o aceitou! No momento que você aceita o problema, não é mais um problema. Um problema somente pode ser um problema quando você o continua rejeitando, quando você diz que não deveria ser assim e é! E não deveria ser!
 
O problema é instantâneo. É por isso que eu digo às pessoas que vêm até a mim com seus grandes problemas: Está tudo bem, que está muito bom. Você apenas tem que aceitar e amar a si mesmo e eu entendo quando você diz que é muito louca essa sabedoria que continuamente diz que está tudo bem, que diz ‘Ok’ e que não há problema!

Você tem gritado toda a sua vida! Se você grita ou não, não é o caso, mas, de fato, tem gritado por toda a sua vida! Não fez nada além disso até agora. Algumas vezes alto e as vezes silenciosamente, mas você tem gritado. É como vejo as pessoas, pessoas gritando. Os seus corações estão gritando. Os seus seres gritam, mas isso não ajudará, você pode gritar, mas não vai ajudar. Tente entender ao invés de gritar. Tente perceber o que estou dizendo a você e o que estou dizendo não é uma teoria, é um fato e digo porque sei desta forma. Se pode acontecer comigo e não há problema, por que não poderia acontecer a você?

Aceite esse desafio! Eu sou tão comum quanto você é. Não possuo nenhum poder milagroso.  Eu sou muito comum, igual a você. Nossa única diferença é que você não diz ‘ok’ a si mesmo e eu disse absolutamente ‘ok’ a mim mesmo. Está é a única diferença. Você está constantemente tentando melhorar a si mesmo e eu não estou tentando melhorar. Eu já disse que ‘incompleta’ é como a vida é. Você está tentando ser perfeito e eu aceito a minha imperfeição. Está é a única diferença. Então eu não tenho nenhum problema, pois quando você aceita a sua imperfeição de onde poderia vir o problema? O que quer que aconteça você diz que está ‘ok’. Então de onde o problema poderia vir quando você aceita as suas limitações ?
 
O problema surge da sua não aceitação. Você não pode aceitar a forma que você é, por isso o problema, e enquanto não aceitar a forma que é  o problema sempre estará lá. Você consegue imaginar a si mesmo, algum dia, aceitando isso? Aceitando totalmente a forma que você é? Se você consegue imaginar, então por que não fazer agora mesmo? Por que esperar? Por quem? Pelo que?
 
Eu aceitei a forma que sou e naquele exato momento todos os problemas desapareceram, naquele exato momento todas as preocupações desapareceram. Não que eu tenha me tornado perfeito, mas comecei a desfrutar da minha imperfeição. Ninguém jamais se torna perfeito,  porque tornar-se perfeito é tornar-se absolutamente morto. A perfeição não é possível porque a vida é eterna. A perfeição não é possível porque a vida continua e continua e continua... Não há fim nela. 

Então a única forma de sair desses chamados problemas é aceitar a sua vida como ela se apresenta neste momento. E viva-a, desfrute-a, deleite-se nela. O próximo momento será de mais alegria porque surgirá deste momento, e o próximo a ele será de ainda mais alegria. Porque pouco a pouco você se torna mais e mais feliz, não que você tenha ficado feliz por algum aperfeiçoamento, mas por viver o momento, porém permanecerá imperfeito, sempre terá limitações e sempre terá situações nas quais, se quiser criar problemas, poderá imediatamente criá-los e se não quiser criar problemas, não há necessidade de criá-los

Osho
Mensagem recebida sem identificação da fonte
 
A VIDA NÃO É UM PROBLEMA,
MAS SIM UM MISTÉRIO

 


Relaxe seus olhos... Respire suave e tranquilamente e com Plena Atenção em sua respiração mantenha-se sem expectativas... Descansando a mente... Simplesmente flua com o momento presente... 
 
Os místicos tibetanos e os mestres zen têm falado sobre as nuvens brancas. As nuvens brancas tem atraído o ser interno de muitas pessoas.

Eles dizem que a vida não deve ser tomada como um problema, pois quando você começa por esse caminho, fica perdido.  A vida não é um problema, mas um mistério.

E uma nuvem branca é o que há de mais misterioso, aparece de repente, de repente, desaparece. Alguma vez você já pensou que as nuvens não têm nenhum nome, nenhuma forma? Que nem mesmo por um único momento a forma é a mesma? Ela está sempre mudando, sempre se tornando: é como o fluir de um rio.

E você pode dar uma forma às nuvens, mas isso é projeção sua. Uma nuvem não tem forma ou está continuamente se formando – é um fluxo. E assim é a vida. Todas as formas são projetadas.

Nesta vida, você chama a si mesmo de homem, e justamente na vida anterior pode ter sido uma mulher. Nesta vida você é branco, e na próxima pode ser preto. Neste momento, você é inteligente, e no próximo pode se tornar louco, agressivo.

Se compreender isto, que não tem identidade, se tornará uma nuvem, sem forma, sem nome... E começará a vaguear.

Se puder viver sem existir, estará no caminho das nuvens brancas. Quanto mais você existir, mais doença terá. Quanto menos você existir, mais saudável será. Quanto menos existir, mais leve será. Quanto menos existir, mais divino e abençoado será.

Quando digo que a vida não é um problema, mas um mistério, isto significa que você não pode solucioná-la – mas pode transformar-se nela. Um problema é algo para ser solucionado intelectualmente; mas mesmo quando você o soluciona, nada é ganho. Apenas acumula um pouco mais de conhecimento, mas nenhum êxtase a partir disso.

Um mistério é algo no qual você pode se transformar. Pode tornar-se um com ele, imerso. Então, o êxtase, a felicidade surge – você sente o prazer supremo.

Olhe para o que é misterioso na vida. Onde quer que olhe – para as nuvens brancas, para as estrelas na noite, para as flores, para um rio fluindo – onde quer que olhe, procure pelo mistério. E sempre que encontrar um mistério, medite sobre ele.

Meditação significa dissolver-se diante do mistério, anular-se diante do mistério, dispersar-se diante do mistério. É simplesmente deixar de ser, e permitir que o mistério seja tão total que você seja absorvido por ele.

E de repente, uma nova porta se abrirá, uma nova percepção será alcançada. De repente, o mundo terreno da divisão, da separação, desaparecerá, e um mundo diferente, totalmente diferente, de unicidade chegará a você. Todas as coisas perderão seus limites; todas as coisas estarão unidas.

Entretanto, isto só poderá ser obtido se você fizer algo consigo mesmo.

Quando você soluciona um problema, está fazendo algo com o problema. Quando você encontra um mistério tem que fazer algo consigo mesmo, não com o mistério – com ele, nada pode ser feito.

Somos impotentes diante de um mistério. Eis porque continuamos a transformar os mistérios em problemas – porque com os problemas somos potentes; com os problemas sentimos que estamos no controle. Com os mistérios, somos impotentes, não podemos fazer nada. Com os mistérios encaramos a morte e não podemos manipulá-la.

Eis porque quanto mais o intelecto humano cresce, matemática, logicamente, menor é a possibilidade de êxtase aberta à mente humana. Cada vez menos a poesia é possível. O romance se perde e a vida torna-se factual, nada simbólica.


Osho
http://blogdoosho.blogspot.com


Queremos uma resposta para tudo, pois somos uns incrédulos, nossa fé é pouca. Geralmente nos movemos de acordo com as sugestões da mente, que nos enlaça sutilmente transformando nossas intuições em problemas e, como diz Osho: "...com os problemas somos potentes; com os problemas sentimos que estamos no controle..." Para os problema há soluções. E para os mistérios ? Não há fórmulas nem soluções humanas. Eles estão acima de nós, da mente pensante e, então, é aí que ela entra em parafuso e, se estivermos identificados com ela ... lá vamos nós também. Permanecemos presos na teia sem possibilidade de ir além, rumo ao desconhecido, ao mistério. É dessa forma que perdemos a vida, pois vida é alegria, poesia, romance, paixão. Necessitamos nos apaixonar novamente pelo mistério e tornarmo-nos vivos e não sombras.

sábado, 30 de março de 2019

REVENDO ANTIGAS POSTAGENS 
 
INVESTIGUE, NÃO SIGA


Segunda Parte


A Verdade não pode ser ensinada; tendes de descobri-la por vós mesmos; mas não tereis possibilidade de descobri-la se começardes com o pressuposto de que a Verdade existe ou não existe, de que Deus existe ou não existe.

Só poderemos descobrir se existe ou não a Verdade, se começarmos a aprender, se passarmos a investigar, a indagar; e não há investigação quando se começa com uma conclusão, um pressuposto.

Se observares vossa própria mente, vereis quanto é difícil estar-se livre de conclusões. Afinal, o que sabeis é uma série de conclusões, constituída daquilo que vos foi ensinado, do que aprendestes dos livros ou do que achastes em vossas próprias reações - e sobre tal base começais a pensar, a levantar o edifício do pensamento!

Mas, sem dúvida, a mente que deseja descobrir o que é Verdade ou Deus, deve começar sem nenhum pressuposto, nenhuma conclusão, quer dizer, livre para investigar. E se observares vossa própria mente, vereis que não é livre.

Está cheia de conclusões, pejada de conhecimentos, provindo de muitos milhares de dias passados; ela pensa segundo o Gita, segundo a Bíblia ou o Alcorão, ou um certo instrutor, e começa com o pressuposto de que o que dizem é a Verdade. Mas, se ela já sabe o que é a Verdade, é claro que não tem necessidade de procurar a Verdade.

Uma mente torturada, frustrada, moldada pelo que a rodeia, que se conforma à moral social estabelecida é, em si própria, confusa; e uma mente confusa não pode descobrir o que é a Verdade. Para a mente descobrir esse estranho mistério - se tal coisa existe - ela precisa de construir as bases de uma conduta moral, o que não tem nada a ver com a moralidade social, uma conduta sem medos e, portanto, livre.

Só então - depois de lançada esta base profunda - a mente poderá prosseguir no sentido de descobrir o que é meditação, essa qualidade de silêncio, de observação, no qual o "observador" não existe.

Se esta base de conduta correta não está presente na existência de cada um, na sua ação, então a meditação tem muito pouco significado.

Aqueles que desejam entender, que estão procurando descobrir o que é eterno, sem começo e sem fim, caminharão juntos com maior intensidade, e constituirão um perigo para tudo o que não é essencial, para as ilusões, para as sombras. E eles se congregarão, tornar-se-ão a chama, pois compreendem. Este é o conjunto de pessoas que devemos criar, e este é o meu propósito.

Por causa dessa verdadeira amizade... haverá uma cooperação de verdade da parte de cada um. E não haverá autoridade.


Krishnamurti
http://ventosdepaz.blogspot.com

   
REVENDO ANTIGAS POSTAGENS 

INVESTIGUE, NÃO SIGA


Primeira Parte
 
Tendes que ser "impiedosos" com vós mesmos e viver no "verdadeiro estado de investigação". A menos que vos investigueis profundamente, em vosso interior, não tendes possibilidade de descobrir o que é verdadeiro. Ninguém vos pode levar a esse descobrimento - ninguém! - e, tampouco, nenhum sistema. 

A verdade não é uma coisa estática, que fica à vossa espera, enquanto seguis um sistema uniforme, enquanto praticais dia a dia um certo método, enquanto aprimorais a vossa mente e o vosso coração para alcançar aquele estado a que chamais "a verdade".
 
A Verdade não espera por vós!
 
Não procureis um caminho, um método. Não há métodos nem caminho para a verdade. Não procureis um caminho, mas tornai-vos apercebidos do obstáculo. O apercebimento não é apenas intelectual; é simultaneamente mental e emocional; é a plenitude da ação. Então, nessa chama de apercebimento, todos esses obstáculos se desmoronam porque os penetrastes. Então podereis perceber diretamente, sem escolha, aquilo que é verdadeiro. A vossa ação será assim oriunda da plenitude e não da insuficiência da segurança; e nessa plenitude, nessa harmonia da mente e do coração, está a realização do eterno.
 
Só os indivíduos amadurecidos encontrarão a Verdade. Aquele que alcançou a madureza não segue caminho algum, seja o caminho dos Adeptos, seja o caminho do saber, da ciência, do devotamento ou da ação. 

O homem que foi posto num determinado caminho não está amadurecido e não encontrará, jamais, o Eterno, o atemporal... Aqueles de nós que estão seguindo determinados caminhos, tem interesses adquiridos, interesses mentais, emocionais e físicos, e esta é a razão porque achamos tão difícil o amadurecer; como nos será possível abandonar aquilo que estamos apegados há cinquenta ou sessenta anos?... 

Mas, vós vos entregastes a uma organização, da qual sois presidente, secretário ou simples membro... O homem que se entregou a um determinado caminho ou norma de ação, está preso a sistemas, e não encontrará a Verdade.
 
Através da parte nunca se encontra o todo. Através de uma estreita fenda da janela, não podemos ver o céu, o céu maravilhoso e brilhante, só pode ver com clareza o céu o homem que está de fora, longe de todos os caminhos, de todas as tradições, e nesse homem há esperanças...
 
Aquele que deseja descobrir a verdade, o real, o eterno, cumpre que abandone todos os livros, sistemas, "gurus", pois aquilo que deseja achar só encontrará quando compreender a si próprio. É a Verdade que liberta; não o meio, ou o sistema. 

Só a Verdade pode nos libertar. A compreensão apenas pode vir quando não estamos seguindo alguém, quando não existe a autoridade de espécie alguma - seja a autoridade da tradição, seja a autoridade dos livros, do guru, da nossa própria experiência. Nossa experiência é resultado de nosso condicionamento, e tal experiência não pode nos ajudar a descobrir o que é a Verdade.
 
Visto que a nossa mente está, em geral, narcotizada pelas ideias de outras pessoas e pelos livros, como também está constantemente a repetir o que outros disseram, tornamo-nos repetidores e não pensadores. 
 
Se citais o Bhagavad-Gita, ou a Bíblia, ou os livros sagrados chineses, por certo não fazeis mais do que repetir. Não achais? E o que repetis não é a Verdade. É uma mentira, pois a Verdade não pode ser repetida. Uma mentira pode ser ampliada, encarecida e repetida, mas a Verdade não pode; e enquanto repetis a Verdade, deixa ela de ser a Verdade, e por isso são destituídos de importância os livros sagrados, uma vez que através do autoconhecimento, através de vós mesmos, podeis descobrir o eterno.
 
Para mim, a verdade, essa integridade de que falo, encontra-se em todas as coisas. Portanto, a ideia de que necessitais progredir em direção a realidade, é uma ideia falsa. Não se pode progredir na direção de uma coisa que sempre está presente. Não se trata de avançar para o exterior ou de voltar-se para o interior, mas sim de se libertar dessa consciência que se percebe a si mesma como separada. Quando houverdes realizado tal integridade, vereis que tal realidade não têm ela futuro nem passado; e todos os problemas relacionados com tais coisas desaparecem inteiramente. Uma vez que o homem realize isso, vem-lhe a tranquilidade, não a da estagnação, porém a da criação, a do ser eterno. 

Para mim a realização desta verdade é a finalidade do homem.
 
Algumas pessoas vão à Índia, mas não sei por que fazem isso: a verdade não está lá; o que está lá é a fantasia, e a verdade não é uma fantasia. A verdade está onde você está. Não em algum país estrangeiro, mas onde você está. A verdade é o que você está fazendo, como está se comportando. Está aí, não nas cabeças raspadas e naquelas bobagens que os homens têm feito.
 
Os que desejam deveras descobrir a Verdade relativa aos seus problemas, devem, naturalmente, por à margem tudo quanto é autoridade. Isto é dificílimo, porque quase todos nós estamos cheios de temor. Precisamos de alguém para nos escorar, para nos dar coragem; precisamos do "irmão mais forte" - aquele que mora na Rússia, ou na Inglaterra, ou na América, ou do outro lado do Himalaia, ou "ali na esquina". Todos precisamos de alguém para ajudar-nos. 
 
Enquanto estivermos encostados em alguém, nunca chegaremos a compreender o "processo" do nosso pensar; negaremos, assim, a nós mesmos, o descobrimento da Verdade.
 
Ansiamos a segurança e esse anseio é um obstáculo à nossa libertação pelo conhecimento da Verdade. Cada um de nós deseja submeter-se a algum padrão; porque a submissão é mais fácil do que a vigilância. A submissão a padrões representa a base de nossa existência social, pois temos medo de estar sós. O temor e a renúncia ao pensar acarretam a aceitação e a submissão, a aceitação de autoridade. Tal como acontece com o indivíduo, assim também acontece com o grupo, com a nação.
 
A Realidade só pode manifestar-se quando a mente percebe o seu próprio processo, percebe o quanto está condicionada e  livre do seu próprio processo de reconhecimento. Só então há possibilidade de a mente ficar tão tranquila que seja capaz de receber aquilo que é a Verdade. 
 
A Verdade é atemporal. Não depende do tempo. Por consequência, não pode ser aprendida e guardada para uso, ou lembrada e seu nome repetido. A Verdade é criadora. É ela sempre nova e a mente nunca pode compreende-la.
 
A verdade não está longe de nós. Ela se acha à nossa frente, só temos de saber olhá-la. A mente cheia de preconceitos, conclusões, crenças, não tem nenhuma possibilidade de vê-la; um dos nossos piores preconceitos é o processo analítico. Percebendo isso, o abandonareis. E, uma vez abandonado, ele não tornará a enredar-vos; nunca mais pensareis com propósitos de ascensão, de repressão, de resistência, porque tudo isso está implícito na análise.
 
Para descobrir o que é verdadeiro, ou qual a finalidade da vida, ou para achar a verdade relativa a reencarnação ou qualquer problema humano, aquele que investiga, que busca a verdade, que deseja conhecer a verdade, precisa estar absolutamente certo de suas intenções.
 
Se estas consistem em procurar segurança ou conforto, evidentemente ele não deseja a verdade; porque a verdade pode ser uma das coisas mais devastadoras e desconfortáveis para quem procura segurança ou conforto. O homem que busca o conforto, não deseja a verdade: deseja apenas segurança, proteção, um refúgio onde não seja perturbado. Já o homem que busca a verdade, tem de abrir-se às perturbações; porque só nos momentos de crise há o estado de alerta, há vigilância, ação. Só então aquilo que é pode ser descoberto e compreendido.

 
Krishnamurti
http://ventosdepaz.blogspot.com       
 
 
Será que realmente estamos dispostos a encontrar a Verdade ou estaremos o tempo todo sendo engolidos pela atração e beleza da planta carnívora ?(sociedade) 
 

sexta-feira, 29 de março de 2019

SOBRE OS ALTOS E BAIXOS 
DO PROCESSO DE RETOMADA 
DA CONSCIÊNCIA



Essas variações na consciência durante o dia são uma coisa que é comum a quase todos na prática espiritual. O princípio de oscilação, relaxamento, recaída de um estado mais alto, experienciado mais ainda não perfeitamente estável, para uma condição mais baixa habitual ou passada, torna-se muito forte e acentuado quando o trabalho da prática espiritual é feito na consciência física. Pois há uma inércia na natureza física que não permite facilmente que a intensidade, natural à consciência mais alta permaneça constante — o físico está sempre submergindo de volta para algo mais ordinário; a consciência mais alta e sua força têm que trabalhar por muito tempo e voltar sempre de novo, antes que elas possam se tornar constantes e normais na natureza física. Não fique perturbado ou desencorajado por essas variações na consciência ou este atraso, por mais longo e tedioso que seja; apenas tenha cuidado em ser tranquilo, sempre com uma quietude interior, e tão aberto quanto possível ao Poder Superior, não permitindo que qualquer condição realmente adversa se aposse de você. Se não houver onda adversa, então o resto é somente uma persistência de imperfeições que todos têm em abundância; a Força deve trabalhar sobre essa imperfeição e essa persistência e eliminá-las, mas para a eliminação é necessário tempo.

Você não deveria permitir-se ficar desencorajado pela persistência dos movimentos da natureza vital mais baixa. Alguns deles tendem sempre a persistir e a retornar, até que toda a natureza física seja mudada pela transformação da consciência mais material; até lá, a pressão deles ocorre repetidamente — algumas vezes com uma revivificação de sua força, algumas vezes mais frouxamente — como um hábito mecânico.Tire deles toda força de vida, recusando-lhes todo consentimento mental ou vital; então o hábito mecânico perderá o poder de influenciar os pensamentos e os atos, e finalmente cessará. (¹)

Fidelidade é não admitir ou manifestar nenhum outro movimento a não ser os movimentos inspirados e guiados pelo Divino.

Sinceridade significa elevar todos os movimentos do ser ao nível da consciência e da realização mais altas já alcançadas.

A sinceridade exige a unificação e a harmonização do ser inteiro, em todas as suas partes e movimentos, em torno da Vontade Divina central.

O Divino se dá àqueles que se dão sem reservas e em todas as suas partes ao Divino. São para eles, a calma, a luz, o poder, a alegria, a liberdade, a amplidão, as alturas do conhecimento, os mares de bem-aventurança.

Falar de entrega ou ter uma ideia ou um tépido desejo de consagração integral não é a coisa; deve haver um impulso ardente para uma mudança radical e total.

Não é tomando uma mera atitude mental que isto pode ser feito, ou mesmo por um número qualquer de experiências interiores que deixam o homem exteriorizado como ele era. É este homem exteriorizado que tem que se abrir, entregar-se e mudar. O menor de seus movimentos, hábitos, ações, tem que ser entregue, visto, levado para cima e exposto à Luz divina, oferecido à Força divina, para que suas velhas formas e motivos sejam destruídos e a Verdade divina e a ação da consciência transformadora da Mãe divina tomem seu lugar.(²)
 
(¹) Sri Aurobindo em, A Consciência que vê - vol. 1
(²) Sri Aurobindo em, A Consciência que vê - vol. 2 
 
 http://pensarcompulsivo.blogspot.com
 
O ESTADO MAIS ELEVADO 
DE AMOR


O estado mais elevado de amor não é, de modo algum, um relacionamento: é simplesmente um estado do seu ser. Assim como as árvores são verdes, aquele que ama é amoroso. Elas não são verdes apenas para determinadas pessoas: não é que quando você aparecer, elas se tornam verdes. A flor continua espalhando sua fragrância quer alguém apareça ou não, quer alguém aprecie ou não. A flor não começa a liberar sua fragrância quando um grande poeta está se aproximando – 'Bem, este homem apreciará, este homem será capaz de compreender quem eu sou'. E ela não fecha suas portas quando vê que uma pessoa estúpida, idiota, está passando por ali – uma pessoa insensível, obtusa, um político ou alguém parecido... Ela não se fecha – 'Qual o sentido? Por que jogar pérola aos porcos?' Não, a flor continua espalhando sua fragrância. Trata-se de um estado, não de um relacionamento.

Osho
 https://pensarcompulsivo.blogspot.com

POR QUE A PESSOA CRIA UMA IMAGEM 
A RESPEITO DE SI PRÓPRIA ?


Pergunta: Como se pode descobrir o nosso problema principal?

Krishnamurti: Por que dividir os nossos problemas em principais e secundários? Não é tudo problema? Por que fazer eles pequenos problemas ou grandes problemas, problemas essenciais ou não essenciais? Se pudéssemos compreender um só problema, examiná-lo muito profundamente, por maior ou menor que ele seja, esclareceríamos todos os outros problemas. Esta não é uma resposta teórica. Consideremos um problema qualquer: cólera, ciúme, inveja, ódio — conhecemo-los todos muito bem. Se examinardes com profundeza a cólera, em vez de procurardes expulsá-la, que encontrais então? Por que se encoleriza uma pessoa? Por que se sente magoada: alguém lhe disse algo ofensivo; e se lhe dizemos algo que a lisonjeia, sente-se satisfeita. Por que se ofende uma pessoa? Porque atribui importância a si mesma, não é verdade? E por que existe essa importância própria? Porque cada um tem de si uma ideia, um símbolo, uma imagem — uma ideia do que deveria ser, do que é, do que não deveria ser. 

Por que cria uma pessoa uma imagem a respeito de si própria? Porque nunca estudou o que ela é realmente. Pensamos que devemos ser isto ou aquilo, o ideal, o herói, o exemplo. O que nos desperta a cólera é ver que está sendo atacado o nosso ideal, a ideia que temos de nós mesmos. E a ideia que temos de nós mesmos representa nossa fuga ao fato real, o que sois realmente, ninguém vos pode ofender. Então, se uma pessoa é mentirosa e lhe dizem que ela é mentirosa, isso não pode significar uma ofensa, porque se trata de um fato. Mas, se queremos aparentar que não somos mentirosos e alguém nos diz que somos, tornamo-nos encolerizados, violentos. 

Assim, estamos sempre vivendo num mundo imaginário, mítico, e nunca no mundo da realidade. Para se observar o que é, vê-lo, familiarizar-se com ele, não deve haver julgamento, nem avaliação, nem opinião, nem medo.
 
Krishnamurti
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