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quarta-feira, 25 de abril de 2007

FÁBULA DA CONVIVÊNCIA


Durante uma glaciação muito remota, 
quando parte do globo terrestre estava coberto 
por densas camadas de gelo, muitos animais 
não resistiram ao frio intenso e morreram, 
indefesos, por não se adaptarem 
às condições do clima hostil.

Foi então, que uma grande vara de porco-espinho, 
numa tentativa de se proteger e sobreviver, 
começou a se unir, a juntar-se mais e mais.


Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro e, juntos, bem unidos agasalhavam-se mutuamente,
aqueciam-se, enfrentando por mais tempo 
aquele inverno tenebroso.


Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um 
começaram a ferir os companheiros mais próximos,
justamente aqueles que lhes forneciam mais calor,
aquele calor vital, questão de vida ou morte.


Afastaram-se feridos, magoados, sofridos.


Dispersaram-se por não suportarem mais tempo 
os espinhos dos seus semelhantes.


Doíam muito… Mas, essa não foi a melhor solução. 
Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.


Os que não morreram voltaram a se aproximar, 
pouco a pouco, com jeito, com precaução, 
de tal forma que, unidos, cada qual conservou 
uma distância do outro, mínima mas o suficiente 
para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, 
sem causar danos recíprocos.


Assim suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.

É fácil trocar palavras, difícil é interpretar os silêncios.
É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar.
É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração.
É fácil apertar as mãos, difícil é reter o seu calor.
É fácil sentir o amor, difícil é conter a sua torrente.



Autor Desconhecido