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domingo, 31 de dezembro de 2017

A VERDADE OFERECE A VERDADE 
E NÃO CONSOLOS


UMA vez mais, que confortadores são os vários consolos que se referem à morte e à sua angústia implícita! O céu – não por completo sem inferno -, a reencarnação, o espiritismo: poder-se acreditar seja em que teoria for que mais nos conforte.

Não existe lugar para nenhuma destas ilusões confortadoras nos ensinos de Krishnamurti. Ele fala de uma coisa única, de uma só – a busca da Verdade; e a “Verdade não oferece consolos”. Assim, pois, o primeiro passo ao longo deste caminho é o nos despojarmos das ilusões.

É o que Krishnamurti nos propele a fazer em todas as suas palestras; pois que mais do que isso significa a análise critica de nossos pensamentos, emoções e ações? E não é fácil, especialmente a uma geração por tal maneira envolta em ilusões como a nossa o tem sido, o tornar-se rude ao rasgar os envoltórios da alma. Produz feridas o abandonar crenças que nos tem suavizado e confortado, mesmo que se haja reconhecido sua vacuidade.

É duro como nada mais o é, estar-se internamente ativo e externamente ocioso, quando toda a nossa vida temos estado a fazer o inverso do que devêramos.

Quando se fica nu, tiritando em um cimo árido da montanha, é difícil não olhar por vezes para trás, para os vales verdejantes e macios que estão lá em baixo. É em momentos tais que volvemos sobre Krishnamurti a nossa ânsia quase desesperada para que ele reconheça as nossas dificuldades e resolva pelo menos um de nossos problemas de maneira a que nos proporcione paz. E sua resposta é: “A Verdade não traz consolos e eu falo somente da Verdade”.

Vem-me à memória um símile que pode servir para mostrar a situação tal como a vejo: quando outro dia o Professor Picard e seu companheiro subiram dez milhas em balão, passaram para além das nuvens, para o claro espaço azul.

Se então os houvessem inquirido acerca dos problemas que nos preocupam do lado de cá das nuvens, que resposta útil nos poderiam eles dar? Para eles, então nada mais existia que o céu azul sem nuvens.

Assim, pois, quando vamos a Krishnamurti e lhe perguntamos como poderemos solver nossos problemas humanos, como havemos de defrontar-nos com o amor e o ódio, com a fome e a saciedade, com a morte e o além, responde-nos ele: “realizai a Verdade, libertando-vos da consciência-do-ego e verificareis que todos esses problemas terão cessado de existir”.

Podemos viajar a qualquer distância sobre o solo, em sentido horizontal e continuaremos a estar ainda na região do sol e da sombra, alternando-se, na região das nuvens e dos céus límpidos. Se, porém, mudarmos nossa direção e passarmos através as nuvens, verticalmente, chegaremos ao azul eterno do espaço.

Krishnamurti não nega a existência de nossos problemas, nega, porém, o valor das soluções por nós propostas, pois que elas apenas perpetuam a causa que conduz a todo o sofrimento.

Muitas pessoas hão sido perturbadas e se têm sentido angustiadas pelo repúdio aparente de Krishnamurti no que se refere ao fato da reencarnação, e ainda pelos seus últimos enunciados a respeito.

Em parte alguma disse ele que a reencarnação é coisa que não exista, porém insiste em afirmar que a reencarnação nada mais sendo que o prolongamento do ego através do tempo, não pode, de forma alguma, curar-nos das tristezas que se originam da existência dessa individualidade separada a que denominamos ego. Continuidade alguma através do tempo e do espaço pode conduzir o homem a essa Verdade que é integridade (completeness) para além do tempo e do espaço.

Portanto, o conforto que desejamos encontrar mediante a ideia da reencarnação é puramente ilusório.

Krishnamurti nos diz que “tudo isto é tão simples” – e como tal deve apresentar-se ao homem que encontrou a Verdade. Não pode, porém, ser tão simples ou fácil, para o homem que se encontra emaranhado nas complexidades, o libertar-se de tais embaraços. Uma geração que tem sido encaminhada pela autoridade, consolada pelas ilusões, tecida pelos temores, não acha simples ou fácil permanecer solitária sobre um cimo de montanha fazendo face aos ilimitados espaços da Verdade, isolada e intrépida.

À medida que pusermos à prova nossa força, nossos temores se desvanecerão e nossa coragem surgirá e abençoaremos, então, a mão que nos desemaranhou das ilusões, mesmo que o processo haja sido penoso.

À medida que os nossos temores se esvaecem, nosso anseio pelo conforto desaparecerá também. Se quisermos consolos, eles abundam nas várias religiões e filosofias do mundo; se pretendermos a Verdade, lancemos fora o anseio de conforto, pois que “a Verdade não oferece consolos”


 
Mary Lutiens
pensarcompulsivo



"A verdade não é uma crença, 
é inteligência absoluta. É uma chama acima 
das fontes ocultas da vida, é uma experiência iluminante da sua consciência". (Osho)  Como diz sabiamente Neal Donald Walsch "...Quando se alcança a maestria os sons do mundo se calam, as distrações se aquietam..." Quando os sons do mundo não mais nos afetarem, então, e só então conheceremos a Verdade.

 
FLORES NO DESERTO

Mesmo em terras áridas nascem flores belas.
 
“A vida não observada, não examinada, 
não vale a pena ser vivida, 
porque não é vida” 
 (Sócrates)

 Para refletir


Aceite tudo que estiver presente, e uma vez aceito incondicionalmente, tudo fica belo. Mesmo a dor tem efeito purificador. Assim, por tudo que surgir em seu caminho, fique grato. (Osho)

Evite machucar o coração das pessoas. O veneno da dor causado a outros retornará para você. Seja sincero e verdadeiro em todas as situações. A honestidade é o grande teste para a nossa herança do universo. (Código de Ética dos Índios Norte Americanos )

Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes. (A. Einstein)

Tudo na terra tem um propósito; cada doença uma erva para curar, cada pessoa uma missão para cumprir. Esta é a concepção dos índios sobre a existência. (Índia Salish)

Quando compreendermos profundamente a verdade dos nossos corações saberemos louvar, amar e agradecer ao Grande Espírito. (Provérbio Oglala Sioux)

... Trace o seu caminho, sinta satisfação em saber que o final do arco-íris que você tem procurado pode ser encontrado no dedão do pé em seu sapato, após perceber quem nós somos e o que nós temos. (Chefe John "Eagle Spirit")

Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você vai chamá-lo de destino. (Carl Jung)

Quando me desespero eu me lembro que durante toda a história o caminho da verdade e do amor sempre ganharam. Tem existido tiranos e assassinos e por um tempo eles parecem invencíveis, mas no final eles sempre caem - pense nisso SEMPRE. (Mahatma Gandhi)

Não é possível viver neste mundo sem ambição, simplesmente sendo quem você é? Se você começar a compreender o que você é sem tentar mudar isto, então o que você é passa por uma transformação. Penso que se pode viver neste mundo anonimamente, completamente ignorado, sem ser famoso, ambicioso, cruel. Pode se viver muito felizmente quando nenhuma importância é dada ao ego; e isto também faz parte da educação correta. O mundo todo adora o sucesso. Você ouve histórias de como o menino pobre estudou a noite e, finalmente, se tornou juiz, ou como ele começou vendendo jornais e acabou multimilionário. Você é alimentado com a glorificação do sucesso. Com o empreendimento do grande sucesso há também grande sofrimento, mas a maioria de nós está presa no desejo de empreender, e o sucesso é muito mais importante para nós do que a compreensão e dissolução do sofrimento.(J. Krishnamurti)
 
 Tudo é mutável, tudo aparece e desaparece; só pode haver a bem-aventurada paz quando se puder escapar da agonia da vida e da morte. (Sakyamuni)

Não se acostume com o que não o faz feliz. Rebele-se quando julgar necessário. Alargue seu coração de esperanças, mas não permita que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte. Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o! (Fernando Pessoa) 

O que é meu inimigo? Eu mesmo. Minha ignorância, meus apegos, meus ódios. Aí está meu inimigo... (Dalai Lama)

Quando se alcança a maestria os sons do mundo se calam, as distrações se aquietam. Toda a vida se transforma em meditação. O som mais doce é o som do silêncio. Essa é a canção da alma. (N. Donald Walsch)


Frases extraídas da internet

sábado, 30 de dezembro de 2017

O MARAVILHOSO MISTÉRIO
CHAMADO VIDA


QUASE TODOS NÓS ESTAMOS APEGADOS a uma certa parte insignificante da vida, e pensamos que, através dessa parte, descobriremos o todo. Sem sairmos de nosso quarto, achamos que podemos explorar toda a extensão e toda a amplidão do rio e perceber a riqueza dos verdes prados que o margeiam. Vivendo em estreito aposento, pintamos uma pequena tela e pensamos ter "tomado a vida pela mão” e compreendido o significado da morte. Mas, tal não aconteceu. Para que aconteça, temos de sair para o ar livre. Mas é-nos extremamente difícil sair para o ar livre, deixar nosso pequeno aposento de estreita janela, para vermos as coisas como são, sem julgar, sem condenar, sem dizer "Disto eu gosto e daquilo não gosto” — porque a maioria de nós pensa que através da parte será possível compreender o todo. Examinando um raio, esperamos compreender a roda, não é verdade? São precisos muitos raios, e mais o cubo e o aro, para termos a coisa chamada "roda”; e precisamos ver a roda toda para podermos compreendê-la. Do mesmo modo, precisamos perceber o inteiro processo do viver, se realmente desejamos compreender a vida.

Espero estejais seguindo o que estou dizendo, porque a educação deve ajudar-vos a compreender o todo da vida, e não apenas preparar-vos para obter um emprego e seguir a rotina habitual — casamento, filhos, segurança, e vossos pequenos deuses. Mas, para suscitar a educação correta necessita-se de muita inteligência, discernimento, e por essa razão é tão importante que o próprio educador seja educado para compreender o processo total da vida, e não cuide meramente de ensinar-vos de acordo com determinada fórmula velha ou nova.

A vida é um maravilhoso mistério — não o mistério de que falam certos livros ou certas pessoas, porém um mistério que cada um de nós tem de desvendar por si próprio. Eis porque tanto importa compreenderdes o que é pequeno, limitado, mesquinho, e passardes além.

Se não começais a compreender a vida desde jovens, crescereis muito feios, interiormente; sereis estúpidos e vazios, ainda que, exteriormente, tenhais dinheiro, andeis em carros de luxo e pareçais muito importante. Por isso é tão relevante que saiais de vosso quarto para ver a amplidão do firmamento. Mas, isso não podeis fazer se não tendes amor — não "amor físico’’ ou "amor divino’’, porém amor, puro e simples: amar os pássaros, as árvores, as flores, vossos mestres, vossos pais e, além do país, toda a humanidade.

Não será uma verdadeira tragédia se não descobrirdes, por vós mesmo, o que é amar? Se não conhecerdes o amor agora, nunca mais o conhecereis, porque, quando ficardes mais velhos, o que se chama "amor” será uma coisa muito feia — uma propriedade, uma espécie de mercadoria que se compra e vende. Mas, se começardes agora a ter amor no coração, se amardes a árvore que plantais, o cão vadio que afagais, então, quando crescerdes, não permanecereis no pequeno aposento de estreita janela, mas saireis para amar a totalidade da vida.

O amor é realidade; não é emoção, efusão de lágrimas; não é um sentimento. O amor, em si, é sem sentimentalismo. Este é um ponto muito sério e importante: que deveis amar enquanto estais jovens. Vossos pais e mestres talvez desconheçam o amor, e foi por esta razão que criaram um mundo terrível, uma sociedade perpetuamente em guerra contra si mesma e com outras sociedades. Suas religiões, suas filosofias e ideologias são todas falsas, porque sem amor. Eles só percebem uma parte; estão a olhar pela estreita janela, que poderá apresentar uma vista aprazível e extensa, mas que não é toda a amplidão da vida. Sem esse sentimento de intenso amor, não podeis ter a percepção do todo; por conseguinte, sereis sempre um ente digno de comiseração e, ao chegardes ao fim da vida, não tereis senão cinzas, um amontoado de palavras ocas.

Krishnamurti em, A cultura e o problema humano
pensarcompulsivo
A PAZ NASCE DO CORAÇÃO 
E NÃO DA MENTE


 
PENSO QUE, se pudermos compreender o que significa “estar em paz”, o que significa a paz, haverá a possibilidade de se compreender o verdadeiro significado do amor. Supomos que a paz é algo que se obtém com a mente, com a razão; mas pode a paz resultar de algum processo de quietação, de controle, de domínio do pensamento? Todos desejamos a paz. Para a maioria de nós, “paz” significa estar livre de importunação, de intromissões, cercar a nossa mente com uma muralha de idéias. Esta questão é de grande importância em nossas vidas; porque, ao vos tornardes mais velhos, tereis de encarar estes problemas concernentes à guerra e à paz. Será a paz algo que a mente deva perseguir, pegar, e domesticar? A paz, como em regra a entendemos, é um lento declínio; onde quer que estejamos, aparece a estagnação; pensamos, que se nos apegamos a uma ideia, se levantamos muralhas de segurança, de proteção, de hábitos, de crenças; se cultivamos um princípio, uma determinada tendência, uma determinada fantasia, um determinado desejo, encontraremos a paz. É o que quer a maioria: evitar canseiras e viver, sem esforço, numa condição qualquer de estagnação. Quando reconhecemos a impossibilidade de ter essa espécie de paz, forcejamos para conseguir paz, para encontrar algum canto no universo ou em nosso ser, para onde possamos arrastar-nos, e viver fechados na escuridão do “eu”. É isso o que queremos, em geral, nas relações com nossos maridos, nossas esposas, pais, amigos. Inconscientemente, queremos a paz a qualquer preço, e por isso a buscamos.

Pode a mente porventura encontrar a paz? A mente não é, ela própria, uma fonte de perturbação? A mente só é capaz de juntar, acumular, negar, afirmar, lembrar e seguir. Será a paz, que é tão essencial — porque sem ela não se pode viver, não se pode criar — será à paz algo realizável por meio de lutas, de renúncias, de sacrifícios espirituais? Compreendeis o que estou dizendo? Quando nos tornarmos mais idosos, se não formos sensatos e não nos conservarmos vigilantes, — ainda que agora, na juventude, tenhamos descontentamento, esse descontentamento se canalizará para alguma forma de pacata resignação diante da vida. A mente está sempre procurando criar, em alguma parte, algum hábito, crença ou desejo, onde possa viver isolada e em paz com o mundo. Mas ela não pode achar a paz, porque só é capaz de pensar dentro dos limites do tempo — seu passado, seu presente, seu futuro — o que foi, o que é, e o que será — sempre condenando, e julgando, e pesando, alimentando suas próprias vaidades, hábitos e crenças. A mente nunca pode estar em paz, ainda que às vezes se refugie numa paz ilusória. Mas isso não é paz. Ela pode hipnotizar-se com palavras, com a repetição de frases, com o seguir meramente a alguém, com o saber; mas não se mantém em paz, porque ela mesma é o centro de atração, e, por sua própria natureza, a essência do tempo. Assim, a mente, com que pensais, com que calculais, com que planejais, com que comparais, não pode encontrar a paz.

A paz não é produto da razão; e, todavia, se observais as religiões organizadas que conheceis, vereis como todas elas preconizam a paz que é produto do pensamento. Mas a paz é algo tão criador quanto a guerra é destrutiva, tão pura quanto a guerra é corruptora; e para termos essa paz, precisamos compreender a beleza. Eis porque tanto importa que, na juventude, estejamos rodeados de beleza, a beleza dos edifícios, das proporções harmônicas, da exata apreciação, do asseio, da lúcida conversação — de modo que, compreendendo o que é belo, saibamos o que é o amor, e que a beleza do coração é a paz do coração.

A paz nasce no coração e não na mente. Cumpre, pois, compreender o que é a beleza. Muito importa a maneira como falais; porque as palavras que empregais, os gestos que fazeis, revelam o grau de excelência do vosso coração. Porque a beleza é algo indefinível, inexplicável. Só podemos chamá-la ou compreendê-la com o espírito tranquilo.

Assim, quando jovens e sensíveis, é essencial que crieis — tanto vós como os responsáveis pela mocidade, pelos estudantes — é essencial criardes essa atmosfera de beleza. A maneira de vestir, a maneira de sentar-se, a maneira de falar e comer, tanto quanto as coisas que nos circundam, são de grande importância. Porque, ao crescerdes, ireis encontrar todas as fealdades da vida — edifícios feios, gente feia, malícia, inveja, ambição, crueldade — e, se não houver nos vossos corações o sentimento da beleza, solidamente alicerçado em vós mesmos, podeis ser facilmente arrastados pela monstruosa correnteza da vida; e ver-vos-eis empenhados na luta pela obtenção da paz que é produto da mente. A mente cria a ideia da paz, procura cultivar essa ideia e fica emaranhada na rede das palavras, das fantasias, das ilusões.

A paz, por conseguinte, só poderá vir ao compreendermos o que é o amor. Porque, se temos a paz unicamente na segurança, financeira ou de outra natureza, a paz proporcionada pelo dinheiro ou por certos dogmas, ritos e repetições, não existirá criação; não existe em nós nenhum impulso para realizarmos no mundo uma revolução fundamental, radical; porque essa paz só significa estagnação e resignação. Mas, quando compreenderdes a quietude em que existe amor e beleza, compreenderdes a sua extraordinária originalidade, tereis então essa paz — aquela que a mente não pode alcançar. Eis a paz criadora, a que implanta a ordem dentro em nós, dissipando toda confusão. Mas essa serenidade não resulta de esforço nenhum. Manifesta-se quando estamos em constante vigilância, sensíveis tanto para o feio como para o belo, para o bom e para o mau, para todas as vibrações da vida. Porque a paz é uma coisa de rara grandiosidade e extensão, e não uma frivolidade da imaginação. Ela só pode ser compreendida com a plenitude do coração.

 
Krishnamurti em, Novos Roteiros em Educação
pensarcompulsivo 
 

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

LAVE E LIMPE A SUA MENTE


Lave e limpe sua mente para obter a verdadeira visão original, pode você estar sem contaminação?

Desista de aprender e se torne livre de preocupações.

Cale seu conhecimento; feche a porta da sua inteligência.

Aprenda como não precisar aprender, para evitar repetir o erro dos outros.

Aqueles que sabem a verdade não possuem conhecimento. Aqueles que possuem conhecimento não conhecem a verdade.



Lao Tzu
pensarcompulsivo.blogspot.com.br


APRENDENDO A DOMINAR A MENTE

Embora a palavra dominar a mente seja usualmente empregada, a verdade é que ela não expressa totalmente a realidade.

A mente não pode ser dominada, o que podemos fazer é aprender a não dar a ela energia suficiente para que nos mantenha aprisionados.

Quanto mais atenção e foco mantemos nos conteúdos da mente, maior poder lhe atribuímos e, consequentemente, tornamo-nos seus escravos.

Para que possamos assumir o pleno controle de nossas vidas, é imprescindível que nos mantenhamos sempre alertas sobre a qualidade dos pensamentos, crenças e sentimentos que cultivamos.

Na medida em que nos habituamos com esta prática, o exercício se torna cada vez mais fácil, até chegar o momento em que conseguimos ficar plenamente conscientes das tentativas da mente de nos manter aprisionados a problemas, preocupações, medos e inseguranças.

Quando isto acontece, a vida se torna automaticamente mais calma, relaxada, celebrativa e serena, pois já não vivemos no passado, nem projetados adiante, no futuro, buscando antever soluções para problemas que só existem no plano da nossa imaginação.

É este o real significado da palavra libertação.

...Consciência é não dual e a mente é dual. Então apenas observe. Não lhe ensino algumas soluções. Eu lhe ensino a solução: basta recuar um pouco e observar. Crie uma distância entre você e sua mente.

Seja isso bom, belo, delicioso, algo que você gostaria de desfrutar intimamente ou que seja feio permaneça tão longe quanto possível.

Veja isso como se você estivesse vendo um filme...

Identificação é a causa raiz da sua miséria. E toda identificação é identificação com a mente. Apenas dê um passo para o lado e deixe a mente passar. E logo você será capaz de ver de que não há nenhum problema...

Osho
http://www.sementesdasestrelas.com.br


O CÉREBRO PRODUZ A MENTE

O que é a mente? Quando faço essa pergunta, por favor não espere uma resposta minha. Olhe para sua própria mente; observe os caminhos de seu próprio pensamento. O que descrevo é apenas uma indicação; não é a realidade. A realidade você tem que experimentar por si mesmo. A palavra, a descrição, o símbolo, não é a coisa real. A palavra porta não é obviamente a porta. A palavra "amor" não é o sentimento, a extraordinária qualidade que a palavra indica. Então, não vamos confundir a palavra, o nome, o símbolo, com o fato. Se você fica meramente no nível verbal e discute o que é a mente, está perdido, porque então nunca sentirá a qualidade desta coisa surpreendente chamada mente.
 
Então, o que é a mente? Obviamente, a mente é toda nossa consciência; é toda nossa existência, todo o processo do nosso pensar. A mente é o resultado do cérebro. É a filha do cérebro. Se o cérebro é limitado, danificado, a mente também é danificada. 
 
O cérebro, que registra toda sensação, todo sentimento de prazer e dor, o cérebro com todos os seus tecidos, com todas as suas respostas, cria o que chamamos mente, embora a mente seja independente do cérebro. Você não tem que aceitar isto. Pode experimentar e ver por si mesmo.

 
J. Krishnamurti, The Book of Life
http://www.jkrishnamurti.org 
 

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O SILÊNCIO...


Na Terra, o homem é o primeiro animal capaz de servir-se de sons articulados. Ele é muito orgulhoso disso.

Aliás, se utiliza dessa capacidade sem medida e sem discernimento.

O mundo está ensurdecido pelo ruído de suas palavras, mas, às vezes, se é tentado a lastimar o silêncio harmonioso do reino vegetal.

O constante zumbido das palavras parece o acompanhamento indispensável das tarefas cotidianas.   
 
No entanto, logo que se procura reduzir o ruído ao mínimo, percebe-se que muitas coisas são feitas melhor e mais rápidas no silêncio, e que isso ajuda a manter a paz interior e a concentração.

Se você não é sozinho e vive com outros, adquira o hábito de não se exteriorizar constantemente em palavras pronunciadas em voz alta, e você perceberá que, pouco a pouco, uma compreensão interior se estabelece entre você e os outros; poderá então intercomunicar-se reduzindo as palavras ao mínimo, ou mesmo sem palavra alguma.

Esse silêncio exterior é muito favorável à paz interior, e com boa vontade e constância na aspiração você poderá criar um ambiente harmonioso, muito propício ao progresso.

Na vida em comum, às palavras que dizem respeito à existência e às ocupações materiais virão juntar-se aquelas que exprimem as sensações, as emoções e os sentimentos.

É aqui que o hábito do silêncio exterior se revela como uma ajuda preciosa.
 
Pois quando somos invadidos por uma onda de sensações ou de sentimentos, esse silêncio habitual nos dá tempo de refletir, e, se for preciso, de nos retomarmos, antes de projetarmos em palavras a sensação ou o sentimento experimentado.
 
Quantas disputas podem assim ser evitadas!

Quantas vezes seremos salvos de uma dessas catástrofes psicológicas que são, na maioria das vezes, o resultado de uma incontinência verbal.

A menos que você seja responsável por certas pessoas, seja como guardião, instrutor ou chefe de serviço, você não tem nada a ver com o que elas fazem ou não fazem, e é preciso abster-se de falar deles, de dar sua opinião sobre eles e sobre o que fazem, ou mesmo de repetir o que os outros podem pensar e dizer deles.

Em todos os casos, e de uma maneira geral, quanto menos se fala dos outros, mesmo se for para elogiá-los, melhor.

Se já é tão difícil saber exatamente o que acontece em si mesmo, como saber, então, com certeza, o que acontece nos outros?

Abstenha-se, portanto, totalmente de pronunciar sobre uma pessoa um desses julgamentos definitivos que só podem ser uma tolice, se não uma maldade.
 
Ninguém conhece a verdade exata das coisas aqui, e cada um fala como se soubesse, mas ninguém sabe realmente.

Se, um dia, a verdade fosse desvelada a todos, a maioria das pessoas, aqui e em toda parte, ficaria apavorada pela enormidade de sua ignorância e de sua falsa interpretação.

Por isso, aconselho todos a ficarem em paz e  absterem-se de todo julgamento. Isso é o mais seguro.

  
  Mira Alfassa, a Mãe
http://agharta-mundointerior.blogspot.com.br
 
 
RECOLHER-SE


A maior parte de vocês vive na superfície de seu ser, expostos ao contato das influências externas. Vocês vivem, por assim dizer, quase que projetados para fora de seus corpos, e quando encontram um ser desagradável, projetado como vocês fora do corpo, vocês ficam perturbados. Toda a dificuldade provém do fato de que seu ser não possui o hábito de recolher-se. Vocês devem sempre recuar um passo para o interior de si mesmos. Aprendam a mergulhar profundamente no interior. Recolham-se e estarão em seguraça. Não se abandonem às forças superficiais que se movem no mundo externo.

Mesmo que estejam apressados para fazer alguma coisa, recolham-se por um instante e descobrirão, para a sua própria surpresa, que farão muito mais rápido e melhor o trabalho que tiverem que realizar.

Se alguém encolerizar-se contra vocês, não se deixem tomar por suas vibrações, mas, simplesmente, interiorizem-se, e a raiva da pessoa, não encontrando em vocês nenhum suporte ou resposta, desaparecerá.

Permaneçam sempre em paz, resistam a toda tentação de perder esta paz. Não decidam nada sem recolher-se ao interior, jamais digam uma palavra sem recolher-se, jamais se lancem à ação sem recolher-se.

(…) Ponham em prática essa paz interior, ao menos tentem um pouco e continuem a se exercitar até que isso se torne um hábito em vocês.”



Mirra Alfassa, “A Mãe”, em “O Caminho Ensolarado” 
http://dharmalog.com 
 
UMA VIAGEM DA ALMA



Você é perfeito, é Deus ! Seu corpo Átmico é a maior expressão de perfeição individual deste Universo. Acima dele, seus outros corpos abandonam a questão da evolução individual e dedicam-se exclusivamente aos assuntos planetários e universais.

Abaixo dele, sua consciência Búdica trabalha pela absorção dos resultados das novas experiências e planeja as transformações de consciência pelas quais você deverá passar na próxima encarnação. É o seu grande Juiz. Independente dos conceitos de “crime e castigo”, é Ele que decide as experiências necessárias a nova encarnação, os objetivos de você encarnar novamente, se isto for necessário. Aqui é definida a sua missão de vida.

Logo abaixo, sua consciência Causal faz o projeto de sua nova encarnação: seu corpo e sua personalidade. Tudo que será necessário para a execução de sua missão.

É a tríade divina, sua Alma imortal decidindo passar ou não por mais uma experiência de encarnação, em qual planeta e como você vai voltar.

Tomada a decisão de encarnar, inicia-se a formação das consciências e corpos que irão compor a personalidade. Muito antes da concepção acontecer, inicia-se a formação do corpo Mental, da sua mente racional e todos os atributos necessários de memória e capacidades intelectivas. Aqui você passa a existir como Amor puro.

Em seguida cria-se o corpo Astral, com sua forma biológica futura e você passa a ter a forma da sua espécie. Passa a transitar no Astral com um corpo e lá já encontra seus futuros pais. Através do amor você adquire a capacidade criativa e surgem os desejos.

Logo após inicia-se a formação do corpo Etérico, seu corpo das emoções, que dão suporte aos desejos.

Neste momento ocorre a sua concepção, sua alma desce e ancora-se no óvulo fertilizado, gira três voltas e meia e reveste-se de matéria densa, no estágio da mórula, nas oito células mágicas que farão parte de seu corpo pelo resto da vida. Com a Kundalini instalada, inicia-se a formação do corpo físico.

Serão mais nove meses de tempo linear para completar o corpo físico, e você nasce conectado à sua alma. O acoplamento com os outros três corpos da personalidade será um trabalho lento, que passará pela formação do seu ego, que vai pouco a pouco tirando a consciência de conexão com a alma.

Finalmente você assume a sua personalidade e esquece de todo o resto. Começa a pensar que é esta personalidade que recebeu, confunde-se com a fantasia que vestiu e recomeça o longo processo de despertar.

Pensa no EU e esquece da Alma.

Você veio para despertar, para viver pela Alma.
Não esqueça de voltar para casa, não se prenda a este mundo de ilusões!



Prama Shanti
http://mara-mariangela.blogspot.com.br/
 

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

O EGOÍSMO, O PROBLEMA DO SEXO, A SANTIFICAÇÃO DA VIDA CONJUGAL


Última Parte - A Santificação 
da Vida Conjugal 


A maioria das pessoas entra na vida conjugal como uma coisa natural, mas o casamento vai se tornar uma ajuda ou um obstáculo de acordo com a maneira pela qual ele é tratado. Não há dúvida de que algumas possibilidades espirituais imensas são acessíveis através de vida conjugal, mas tudo isso depende de ter a atitude certa. Do ponto de vista espiritual, a vida conjugal será um sucesso somente se for completamente determinada pela visão da Verdade. Ela não poderá oferecer muito se basear-se em nada aléms do que os motivos limitados de mero sexo, ou se for inspirada por considerações que normalmente prevalecem em uma parceria de negócios. Ela tem de ser assumida como uma empreitada realmente espiritual, que está destinada a descobrir o que a vida pode ser no seu melhor. Quando os dois parceiros lançam-se juntos na aventura espiritual de explorar as possibilidades mais elevadas do espírito, eles não podem começar por limitar a sua experiência por nenhum cálculo interessante relativo à natureza e à quantidade de ganho individual.
 
A vida de casado quase sempre faz muitas exigências aos dois parceiros de adaptação e compreensão mútua e cria muitos problemas que não eram originalmente esperados. Embora isso possa ser verdadeiro em um sentido na vida em geral, é particularmente verdadeiro na vida conjugal. Na vida de casado as duas almas ficam ligadas de muitas maneiras, com o resultado que elas são chamadas a resolver todo o problema complexo da personalidade em vez de qualquer problema simples criado por algum desejo isolado. É precisamente por isso que a vida conjugal é totalmente diferente das relações sexuais promíscuas.

O sexo promíscuo tenta separar o problema do sexo das outras necessidades da personalidade em desenvolvimento e procura resolvê-lo de uma forma isolada delas. Embora este tipo de solução possa parecer fácil, acaba por ser muito superficial e tem a desvantagem adicional de desviar o aspirante de tentar a solução real. Os valores relativos das várias facetas da personalidade limitada podem ser melhor apreciados quando se entrelaçam e aparecem em variadas situações e perspectivas. É difícil discriminar entre elas se aparecem intermitentemente em uma série desconexa. Na vida conjugal existe um amplo espaço para a experiência variada, com o resultado de que as diferentes tendências latentes na mente começam a se organizar em torno do esquema cristalizado da vida de casado.
 
Essa organização de fins diversos, não só oferece um campo ilimitado para a discriminação entre os valores superiores e inferiores, mas também cria entre eles uma tensão necessária, que requer e exige a sublimação eficaz e inteligente.

Em certo sentido, a vida conjugal pode ser encarada como a intensificação da maioria dos problemas humanos. Como tal, torna-se o terreno para mobilizar as forças de escravidão, bem como as forças da liberdade, os fatores de ignorância, bem como os fatores de luz. Como a vida de casado de pessoas comuns é determinada por diversas motivações e considerações, ela inevitavelmente convida uma intransigente oposição entre o ser superior e o ser inferior. Essa oposição é necessária para o desgaste do ser inferior e o alvorecer do verdadeiro Ser Divino. A vida de casado desenvolve tantos pontos de contato entre duas almas que o rompimento de toda a conexão significaria o desajuste e o desarranjo de praticamente todo o curso da vida. Uma vez que essa dificuldade de rompimento um do outro convida e precipita um reajuste interior, o casamento é realmente uma oportunidade disfarçada para as almas estabelecerem um entendimento real e duradouro que pode lidar com as situações mais complexas e delicadas. O valor espiritual da vida de casado está diretamente relacionado com a natureza dos fatores preponderantes que determinam a sua conduta diária. Se estiver baseado em considerações superficiais, pode deteriorar-se em uma parceria no egoísmo dirigida contra o resto do mundo. Se é inspirado pelo idealismo elevado, pode elevar-se para uma fraternidade que não apenas exige e requer sacrifícios cada vez maiores um pelo outro, mas na verdade se torna um meio através do qual as duas almas podem oferecer o seu amor unificado e seus serviços para toda a família da humanidade. Quando a vida de casado é assim alinhada diretamente com o plano divino para a evolução dos indivíduos, torna-se uma bênção pura para as crianças que são o fruto do casamento. Pois elas têm a vantagem de absorver uma atmosfera espiritual desde o início da sua carreira terrena. Embora as crianças sejam, portanto, os beneficiários da vida conjugal dos pais, a vida conjugal dos pais é por sua vez enriquecida pela presença dos filhos. As crianças dão aos pais uma oportunidade para expressarem e desenvolverem um amor verdadeiro e espontâneo no qual o sacrifício torna-se fácil e delicioso. E o papel desempenhado pelas crianças na vida dos pais é de grande importância para o progresso espiritual dos próprios pais. Dessa forma, quando as crianças fazem sua aparição na vida conjugal, devem ser recebidas calorosamente pelos pais.

Tendo em vista as reivindicações que as crianças têm sobre a vida de casado, o controle de natalidade merece uma atenção cuidadosa e um exame crítico. A questão não deve ser considerada do ponto de vista de nenhum interesse especial ou limitado, mas do ponto de vista do máximo bem-estar dos indivíduos e da sociedade. O parecer correto a esse respeito, como a respeito de todas as coisas, deve acima de tudo basear-se em considerações espirituais. A atitude que a maioria das pessoas tem em relação ao controle de natalidade é oscilante e confuso, pois contém uma mistura de bons e maus elementos. Enquanto o controle de natalidade está certo no seu objetivo de garantir a regulação da população, é desastrosamente infeliz na escolha dos seus meios.
 
Não há dúvida de que a regulação da gravidez é sempre desejável por razões pessoais e sociais. A reprodução descontrolada intensifica a luta pela existência e pode levar a uma ordem social em que a concorrência impiedosa torne-se inevitável. Além de criar uma responsabilidade para os pais, que podem ser incapazes de cumpri-las adequadamente, torna-se uma causa indireta e contributiva de crime, guerra e pobreza. Embora considerações humanitárias e racionais demandem e justifiquem todas as tentativas sérias para regular o nascimento dos filhos, o uso de meios físicos para a obtenção deste objetivo continua a ser fundamentalmente insustentável e injustificável. Os meios puramente físicos, geralmente defendidos pelos defensores do controle de natalidade são mais censuráveis do ponto de vista espiritual.

Embora os meios físicos de controle de natalidade sejam defendidos por razões humanitárias, eles são quase sempre utilizados pela generalidade das pessoas para servir a seus próprios fins egoístas e evitar a responsabilidade de sustentar e educar os filhos. Uma vez que as consequências físicas de ceder à luxúria pode de maneira efetiva ser evitada através da utilização desses meios, aqueles que não começaram a despertar para os valores mais elevados não têm qualquer incentivo para a moderação na gratificação das paixões. Eles tornam-se vítimas da indulgência excessiva e trazem ruína a sua própria integridade física, espiritual e moral por negligenciarem o controle mental e se tornarem escravos da paixão animal. A facilidade de uso de meios físicos obscurece o lado espiritual da questão e está longe de ser positivo para o despertar dos indivíduos para a sua verdadeira dignidade e liberdade como seres espirituais.

A indulgência desmedida e descontrolada levará inevitavelmente à reação e à escravidão espiritual. Para os aspirantes espirituais em particular, mas também para todos os seres humanos (porque todos são potenciais aspirantes espirituais), é extremamente inoportuno contar com meios físicos para a regulação da procriação. Para tal regulação os indivíduos devem confiar em nada além do controle mental. O controle mental garante os fins humanitários que inspiram o controle da natalidade, mas se mantém limpo dos desastres espirituais decorrentes da utilização de meios físicos. O controle mental não só é útil para a regulação do número de filhos, mas é também indispensável para restaurar a humanidade a sua dignidade divina e bem-estar espiritual. Somente através do exercício sábio de controle mental é possível para a humanidade elevar-se da paixão para a paz, da escravidão para a liberdade e da animalidade para a pureza. Nas mentes de pessoas ponderadas o lado espiritual muito ignorado dessa questão deve assumir a importância que merece.

Sendo que a mulher tem de assumir o trabalho e a responsabilidade de sustentar e criar os filhos, ela pode parecer ser afetada mais seriamente por qualquer possível falha no controle mental do que o homem. Na verdade, isso não significa qualquer injustiça real para a mulher. Embora seja verdade que a mulher tem de realizar o trabalho e a responsabilidade de sustentar e criar os filhos, ela também tem a alegria recompensante de alimentá-los e aconchegá-los. Assim, a alegria da maternidade é muito maior do que a alegria da paternidade. Além disso, o homem também deve enfrentar e assumir as responsabilidades econômicas e educacionais para as crianças. Em um casamento devidamente ajustado não é preciso haver nenhuma injustiça na distribuição das responsabilidades dos pais a serem divididas entre o homem e a mulher. Se ambos estiverem verdadeiramente conscientes da sua responsabilidade mútua, a desconsideração dará lugar a um esforço ativo e cooperativo para atingir o controle mental completo. Em caso de haver alguma falha no controle mental, eles vão com alegria e boa vontade cumprir a responsabilidade conjunta da paternidade. Para aqueles que não estão preparados para assumir a responsabilidade das crianças, existe apenas uma direção que lhes resta.

Eles devem permanecer celibatários e praticar controle mental rigoroso, embora tal controle mental seja extremamente difícil de atingir, não é impossível. Do ponto de vista puramente espiritual, o celibato estrito é o melhor, mas já que é tão difícil, poucos podem praticá-lo. Para aqueles que não podem praticá-lo, o caminho mais próximo é o de se casar, em vez de tornar-se presa da promiscuidade. Dentro de uma vida de casado pode-se aprender a controlar a paixão animal. Esse obrigatoriamente será um processo gradual, e em caso de falha ao praticar o controle, o casal deve permitir que a natureza siga seu próprio curso, em vez de interferir com ela através de meios artificiais. Eles devem alegremente dar boas-vindas às consequências e estarem preparados para assumir a responsabilidade de educar os filhos. Do ponto de vista espiritual, o controle da natalidade deve ser essencialmente efetuado através do controle mental e nada mais. Os meios físicos não são aconselháveis em nenhuma circunstância, mesmo quando os parceiros recorrem a eles para usá-los apenas como uma ajuda provisória e secundária, sem a intenção de ignorar o ideal de desenvolver o controle mental. Utilizando os meios físicos eles não poderão nunca chegar a um controle mental real, mesmo que realmente queiram sinceramente alcançá-lo. Pelo contrário, eles se tornam dependentes do uso de meios físicos e até começam a justificá-los.

Para explicar mais claramente o que acontece no uso de meios físicos é que, enquanto os indivíduos pensam que estão usando-os apenas como um passo preliminar antes que o controle mental seja plenamente desenvolvido, eles realmente ficam viciados em seu uso e tornam-se escravos do hábito. Embora possam permanecer por algum tempo sob a ilusão de que estão tentando desenvolver um controle mental (lado a lado com o uso de meios físicos), eles estão realmente perdendo-o gradualmente. Em suma, o poder mental é necessariamente neutralizado por meio desse apoio nos meios físicos. Assim, o uso de meios físicos é prejudicial ao desenvolvimento do autocontrole e é positivamente desastroso para o avanço espiritual. É, portanto, totalmente desaconselhável, mesmo pelos melhores dos motivos.
 
No início da vida conjugal os parceiros são atraídos um pelo outro pela luxúria e bem como pelo amor, mas com a cooperação consciente e deliberada, eles podem diminuir gradualmente o elemento de luxúria e aumentar o elemento do amor. Através desse processo de sublimação, por fim a luxúria dá lugar ao amor profundo. Pela partilha mútua de alegrias e tristezas os parceiros marcham de um triunfo espiritual para outro, do profundo amor para um amor sempre mais profundo - até que o amor possessivo e ciumento do período inicial é totalmente substituído por um amor expansivo e auto-doador. Na verdade, ao lidar de maneira inteligente com o casamento eles podem atravessar tanto do caminho espiritual que será preciso apenas um toque de um Mestre Perfeito para elevá-los para dentro do santuário da Vida Eterna.
 
Meher Baba
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