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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

SERENIDADE É PERFEITA UNIDADE ENTRE MENTE E CORAÇÃO

 

 


Na Primavera, toda a árvore, todo o arbusto, tudo na natureza sofre uma mudança vital, uma renovação de vida. Uma tal renovação de vida, no homem, vem à existência por meio de um forte sentimento. Se olhardes para dentro de vós mesmos, verificareis que sabeis muito mais do que aquilo que sois capazes de sentir. No entanto é esta capacidade de sentir que tem importância, não o conhecimento. A razão é que o conhecimento não provoca a ação. O que provoca a ação é o sentimento. Por outro lado, sentimento sem conhecimento não dará em resultado ação clara ou propositada. Sob este ponto de vista podemos pensar no conhecimento como sendo o lime ou ponto entre o sentimento e a ação, evitando o sentimento de se tornar mera sentimentalidade, e dando unidade ou propósito à ação. Resumindo, sentimento sem conhecimento é sentimentalidade; conhecimento, sem sentimento, é falta de poder. Sentimento forte, combinado com claro entendimento, é indispensável à verdade em ação.

O perfeito equilíbrio do conhecimento e do sentimento encontra-se na intuição. É necessário recordar isto, porque o intelecto, abandonado a si mesmo, somente desperdiçará suas energias na sistematização e por este modo tornar-se-á divorciado da vida. A vida não pode ser sistematizada — é coisa muito rica e flexível. Por isso é que é importante o como pensais, sentis e viveis — e não aquilo em que acreditais; pois toda a crença implica um sistema. E, no entanto, se me é dado falar-vos com toda a singeleza, o que mais importa na opinião de todos vós é a crença. Vós vos preocupais, principalmente, com os sistemas aos quais pertenceis — e muito menos com a maneira de vosso sentir e pensar, com a vossa capacidade de sensibilidade, com a vossa habilidade instintiva de escolher e discernir. Todos os sistemas são invenções da mente, e não podeis chegar à mais alta realidade por meio de um sistema particular, qualquer que ele seja, porque, em relação à vida, os sistemas são externos, ao passo que aquilo de que necessitais para a vida é da união entre o que é externo e o que é interno. A razão de haver desarmonia dentro de vós — do vosso eu real — e a expressão de vós próprios, é que o intelecto e o sentimento, não se acham em unidade e, por esse modo, ao sentimento falta direção e ao intelecto introspecção. A verdadeira função do intelecto, portanto, é formar um liame vivo entre o sentimento interior e a ação exterior. Por isto é que tanto eu sou contra os sistemas; pois a partir do momento que a mente começa a sistematizar, cessa de ser uma ponte entre o sentimento e a ação e opera independentemente. O perigo de todos os sistemas é o de que sois capazes de leva-los acima da plenitude e da riqueza da própria vida. Um outro perigo é o de que a própria rigidez de qualquer sistema torna fácil o adaptar as coisas a ele, em vez de se julgar cada coisa pelo seu próprio mérito, tal como nos é apresentada no imediato fluir da vida. Um sistema é um substituto para o apercebimento, a atenção, a vigilância; e é justamente por tal apercebimento e discernimento serem penosos e perturbadores que as pessoas preferem os sistemas. Pois que o agir sem sistemas é ter que julgar independentemente e lutar por si mesmo.

Aquilo que às vezes chamamos intuição, é, pois, a união entre o verdadeiro sentimento e o verdadeiro pensamento e, assim, é o liame real entre os mundos subjetivo e objetivo. Sem um tal liame o verdadeiro sentimento jamais se pode externar a si mesmo e, semelhantemente, sem verdadeiro sentimento, o intelecto jamais poderá atingir aquilo que é a verdadeira função, isto é, trazer à harmonia os mundos interno e externo. Tentar endireitar o mundo por meio de um sistema, é aplicar um remédio que, por si mesmo, é externo, ao passo que a harmonia somente pode ser estabelecida no que é externo se primeiro existir uma harmonia interna ou subjetiva. Voltando ao ponto de partida, significa isto que é somente quando o verdadeiro sentimento interior flui para o mundo exterior por meio do verdadeiro sentimento, que a harmonia pode ser estabelecida no mundo exterior.

O que há a lembrar, portanto, é que, só por meio do conhecimento, nada podereis alcançar — e sim apenas por meio do conhecimento inspirado pelo verdadeiro sentimento. Assim, pois, precisais vos libertar do orgulho intelectual e vos tornar simples, diretos e livres. Podeis possuir qualquer quantidade de conhecimento, mesmo avalanches dele, mas, se não tiverdes a capacidade de sentir, de ser sensitivos, de vos enamorardes da vida, de que vos serve esse conhecimento? Sereis colhidos pelos seus sistemas e deles vos tornareis escravos. Vós não o utilizais como instrumento. O conhecimento único que é de algum valor é o conhecimento que é fruto do sentimento, isto é, da experiência pessoal. Qualquer coisa que venha do intelecto por meio de qualquer outra fonte é inútil para a Vida. Para o verdadeiro entendimento, tendes que varrer todos os sistemas. Tendes que vos movimentar com a continuidade do fluxo da vida e não vos deixardes colher pelas águas retardadas. O intelecto, para dar frutos, necessita torna-se essa coisa viva que denominamos intuição. Deve ser o principio diretor do impulso de vossa vida, ajudando-a a mover-se no sentido de verdadeiramente avançar e não algo que lhe coloque embaraços no trajeto. O que ele vos deve proporcionar, não é um sistema, porém um instinto de direção. Deveis ser capazes de acompanhar o refinamento da verdade em todas as suas circunvoluções, julgando infalivelmente, momento a momento e, onde falhar o conhecimento, permitir o verdadeiro sentimento atuar como vosso guia.

 
Krishnamurti
pensarcompulsivo
  
NEM TEMPO, NEM ESPAÇO...


Nem tempo nem espaço existem 
para o homem que conhece o eterno.

O espaço e o tempo são reais para o homem que é ainda imperfeito e o espaço acha-se para ele dividido em dimensões, e o tempo em passado e futuro. Ele olha para trás e vê seu nascimento, suas aquisições, tudo quanto rejeitou. Este passado vai sempre sendo adicionado. Do passado o homem desvia os olhos para o futuro onde a morte, o desconhecido, a treva, o mistério, o esperam.

Fascinados por estas coisas ele não pode mais desapegar-se delas. O mistério do futuro encerra para ele o preenchimento de todos os seus desejos, que o passado lhe negou e, em seus sonhos, voa ele para esse horizonte brilhante onde a felicidade deve existir e onde tem ele de procurar.

Erro fatal!

Ninguém jamais penetrará o infinito mistério do futuro, impenetrável em sua evanescente ilusão — nem mago, nem profeta, nem Deus! Porém, ao contrário, há de ser o mistério que há de engolfar o homem, que o não deixará escapar, que há de despedaçar a mola principal da sua vida.

A vida não pode ser atingida por meio do passado, nem através da miragem do futuro. A vida não pode ser atingida por interferência de intermediários, nem conquistada por outrem.

Essa descoberta somente pode ser efetuada no imediato presente — pelo indivíduo, para si próprio e não para os outros — pelo indivíduo que se haja tornado o “Eu” eterno. Esse “Eu” eterno é criado pela perfeição do ser — perfeição na qual todas as coisas estão contidas, mesmo a humana imperfeição: O homem — se não tiver ainda atingido essa condição de vida no presente — vive no passado que deplora, vive no futuro pelo qual alimenta esperança, porém jamais no presente que ignora. É este o caso que se dá com todos os homens.

Equilibrado entre o passado e o futuro, está o “Eu” como tigre preste a dar o bote, como águia pronta a voar, qual o arco no momento de deferir a seta.

Este momento de equilíbrio, de alta tensão, é “criação”. É ele a plenitude de toda a vida, é imortalidade.

O vento do deserto, apaga todo o vestígio do viajor.

A impressão única é a pegada do presente. O passado... o futuro... areias levadas pelo vento.


 
Krishnamurti
pensarcompulsivo



"Quando nada mais nos interessa realmente, quando as coisas do mundo não exercem mais aquele poder de atração sobre os nossos sentidos... bem, podemos até sentir o afago de um caloroso abraço, uma vibração profunda ao roçar nossos lábios em outros lábios... mas sabemos que por trás de todos esses sentimentos existem bilhões de células que trabalham em unidade para que isso aconteça... quando passei a ter essa visão do avesso, outra compreensão surgiu e passei a perceber o 'mundo' que há em cada indivíduo. Então, para mim, a partir desse momento, mudou tudo!" Alguém muito amado, que tive a oportunidade de encontrar pelos caminhos da vida, relatou-me essa experiência. Suponho que cada um de nós chega a um determinado ponto de ruptura com o mundo sensual. "Este momento de equilíbrio, de alta tensão, é criação. É ele a plenitude de toda a vida, é imortalidade".

 

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

CITAÇÕES DE OSHO SOBRE YOGA


Última Parte


Yoga Não É Uma Terapia
 
 “Um discípulo significa um buscador que não é uma multidão, que está tentando ser centrado e cristalizado – pelo menos tentando, fazendo esforços, esforços sinceros para se tornar indivíduo, para sentir o seu ser, – para se tornar seu próprio mestre. Toda a disciplina da Yoga é um esforço para torná-lo um mestre de si mesmo. Como você é, você é apenas um escravo de muitos, muitos desejos. Muitos, muitos mestres estão lá e você é apenas um escravo – e puxado em muitas direções. Agora, a disciplina de Yoga. Yoga é disciplina. É um esforço de sua parte para mudar a si mesmo. Muitas outras coisas tem que ser entendidas.

Yoga não é uma terapia. No Ocidente, muitas terapias psicológicas estão agora prevalecendo, e muitos psicólogos ocidentais pensam que Yoga também é uma terapia. Não é! É uma disciplina. E qual é a diferença? Esta é a diferença: uma terapia é necessária se você está doente, uma terapia é necessária se você estiver enfermo, uma terapia é necessária, se você é patológico. Uma disciplina é necessária, mesmo quando você está saudável. Realmente, só quando você está saudável, uma disciplina pode ajudar. Ela não é para casos patológicos”.


A Disciplina De Yoga Significa Que Yoga Quer Criar Um Centro Cristalizado Em Você

“Se chegou o momento em que você sente que todas as direções tornaram-se confusas, todos os caminhos desapareceram, o futuro é escuro e cada desejo se torna amargo e através de cada desejo você tem conhecido apenas decepção, todo o movimento para esperanças e sonhos cessaram: agora, a disciplina de Yoga. Este “agora” pode não ter vindo. Então eu posso continuar a falar sobre Yoga, mas você não vai ouvir. Você pode ouvir somente se o momento está presente em você. Você está realmente insatisfeito? Todo mundo vai dizer que sim, mas essa insatisfação não é real. Estás insatisfeito com isso, podes estar insatisfeito com aquilo, porém você não está totalmente insatisfeito. Você ainda está esperando. Estás insatisfeito por causa de suas esperanças passadas, porém você ainda está esperando pelo futuro. Sua insatisfação não é total: você ainda está ansiando alguma satisfação em algum lugar, por alguma gratificação em algum lugar.

Às vezes você se sente sem esperança, mas essa desesperança não é verdadeira. Você se sente sem esperança porque certas esperanças não foram alcançadas, certas esperanças caíram – mas a esperança ainda está ali, a esperança que não se dissipou. Você ainda tem esperança. Você está insatisfeito com esta esperança, aquela esperança, mas você não está insatisfeito com esperança como tal. Se você está decepcionado com a esperança, como tal, é chegado o momento, e então você pode entrar na Yoga. E então esta entrada não será uma entrada em um fenômeno mental, especulativo. Esta entrada será uma entrada em uma disciplina. O que é disciplina? Disciplina significa o que cria uma ordem dentro de você. Como você é, você é um caos. Como você está, você está totalmente desordenado.

Gurdjieff costumava dizer – e Gurdjieff é em muitos aspectos como Patanjali, ele estava novamente tentando fazer do centro da religião uma ciência – Gurdjieff disse que você não é um, você é uma multidão, nem mesmo quando você diz “eu”, não há nenhum eu. Há muitos eu’s em você, muitos egos. Na parte da manhã um eu, na parte da tarde um outro eu, de noite o terceiro eu, mas você nunca tomou consciência dessa bagunça – porque quem vai se tornar consciente disso? Não existe um centro que possa tornar-se consciente. A disciplina de Yoga significa: a Yoga quer criar um centro cristalizado em você”


Para a Yoga Uma Frustração Total É Necessária

“Assim, alguém pode entrar na Yoga, ou no caminho da Yoga, apenas quando ele está totalmente frustrado com sua própria mente como ela é. Se você ainda está esperando que pode ganhar algo através de sua mente, Yoga não é para você. Uma frustração total é necessária – a revelação de que essa mente que projeta é fútil, a mente que espera é um absurdo, não leva a lugar nenhum. Ela simplesmente fecha seus olhos, ela intoxica você, nunca permite a realidade ser revelada a você. Ela protege você contra a realidade. Sua mente é uma droga. Ela é contra aquilo que é. Assim a menos que você esteja totalmente frustrado com sua mente, com o seu modo de ser, com o jeito que você tem existido até agora, se você pode abandoná-lo incondicionalmente, então você pode entrar no caminho.

Muitos tornam-se interessados, mas muito poucos entram, porque seu interesse pode ser apenas por causa de sua mente. Você pode estar esperando que agora, através da Yoga, você possa ganhar alguma coisa, mas a intenção de alcançar está lá – que você pode tornar-se perfeito através da Yoga, você pode chegar ao estado de êxtase de ser perfeito, você pode tornar-se um com Brahman, você pode atingir o satchitananda. Esta pode ser a causa de por que você está interessado em Yoga. Se esta for a causa, então não pode haver um encontro entre você e o caminho que é Yoga. Então, você fica totalmente contra ele, movendo-se em uma dimensão totalmente oposta”.


O Caminho Da Yoga É Muito Difícil

“Porém o caminho da Yoga é muito difícil. É simplesmente impossível, quase impossível, que você possa alcançar a perfeição do ego. Isso significa que você se torna o centro de todo o universo. O caminho é muito longo e árduo, e realmente, ele nunca chega ao fim. Então, o que acontece com os seguidores do caminho da Yoga, em alguma vida, eles se voltam para o Tantra. Intelectualmente Yoga é concebível; existencialmente é impossível. Se é possível, você alcançará pela Yoga também, mas geralmente isso nunca acontece. Mesmo se isso acontecer, acontece muito raramente, como a um Mahavira.

Às vezes, passam séculos e séculos e, então, um homem como Mahavira aparece, aquele que alcançou através de Yoga. Mas ele é raro, uma exceção, e ele quebra a regra. Mas Yoga é mais atraente do que o Tantra. Tantra é fácil, natural, e você pode alcançar através de Tantra muito facilmente, muito naturalmente, sem esforço. E por causa disto, Tantra nunca te atrai tanto. Por quê? Qualquer coisa que te atrai, atrai teu ego.  Qualquer coisa que sintas que vai satisfazer seu ego, lhe atrairá mais. Você está agarrado no ego; por isso Yoga atrai muito você."

 
O Corpo Deve Passar Por Uma Catarse Primeiro
 
“Hatha yoga não leva isso em conta, porque no tempo antigo uma mente reprimida e atitude reprimida não eram predominantes, especialmente na Índia. Naqueles dias, a Índia foi um dos países menos reprimidos. Agora, isso não é assim. E no Ocidente, o cristianismo tem causado tanta repressão que todo mundo está aleijado por dentro. Estas repressões no corpo têm que ser liberadas primeiro, caso contrário, você começa com um corpo que não está certo, não é natural, e muitos problemas desnecessários podem ser criados por ele.

É por isso que algo totalmente desconhecido para hatha yoga tem de ser introduzido agora: o corpo deve passar por uma catarse primeiro. Para provocar essa catarse, será necessária uma ciência totalmente nova, porque esta repressão é algo novo. Por exemplo, se você reprimiu muito o sexo, então a kundalini pode não mover-se Está bloqueada. A estrutura inteira de onde a kundalini pode mover-se está simplesmente bloqueada, bloqueada pela energia sexual reprimida. Ou, se você já saciou muito o sexo, então não lhe sobrou nenhuma energia para se mover para cima. Estes são os dois problemas: ou você tem uma mente reprimida e a energia tornou-se bloqueada ou você já se satisfez muito que não sobrou nenhuma energia para mover dentro de você.

Você não está em um estado natural, sua energia não está equilibrada, não é um fluxo natural. Isso vem tanto da repressão como do exagero. Com a energia equilibrada, a hatha yoga pode ser usada facilmente, mas caso contrário, cria problemas. Outra coisa é que todas essas técnicas de Hatha Yoga foram desenvolvidas para uso em mosteiros. São técnicas monásticas destinadas a pessoas que estão totalmente envolvidas nelas durante vinte e quatro horas por dia, sem fazer qualquer outra coisa. Então também, você tem que trabalhar com elas por um período muito longo, por anos. Se hatha é ensinada a uma pessoa que não está totalmente envolvida com ela – que só vem para fazer hatha yoga uma ou duas vezes, ou mesmo uma hora por dia, mas que está envolvida durante vinte e três horas por dia em um mundo bastante diferente, num trabalho que é exatamente o contrário – não vai ajudar muito. Tudo o que você ganhou se perde todos os dias. O próprio método é um método monástico”.


Osho
http://www.osho.com/pt

CITAÇÕES DE OSHO SOBRE YOGA


Parte I

Yoga É Apenas Uma Tecnologia

“A tecnologia vem da mente, e tecnologia religiosa também vem da mente – yoga, mantra, yantra. Yoga significa posturas do corpo, que podem ajudá-lo a ir fundo dentro de si mesmo; elas são criadas pela mente. Isso é tecnologia religiosa. É por isso que a yoga não é parte de nenhuma religião em particular. Pode haver yoga cristã, pode haver yoga hindu, há certamente yoga budista, yoga jaina – pode haver tantas Yogas quanto religiões. Yoga é apenas uma tecnologia. Nenhuma máquina é hindu, nenhuma máquina é maometana. Você não vai ao mercado comprar um carro maometano ou um carro hindu. Máquinas são simplesmente máquinas. Yoga é tecnologia. Mantra é tecnologia, ela é criada pela mente. De fato, mantra vem da mesma raiz que a mente – ambos vêm da palavra sânscrita homem. Uma ramificação se torna mente, e a outra se torna mantra – ambas são parte da mente”.


O Elemento Básico Da Existência Para Yoga É o Som

“Assim como os físicos pensam que o todo consiste de nada mais que os elétrons, energia elétrica, yoga pensa que o todo é composto de nada mais que os elétrons de som. O elemento básico da existência da yoga é som porque a vida nada mais é do que uma vibração. A vida não é nada exceto uma expressão do silêncio. A partir do silêncio nós viemos e no silêncio nos dissolvemos novamente. Silêncio, espaço, nada, não ser, é o seu centro mais profundo, o eixo da roda. A menos que você chegue a esse silêncio, o espaço onde nada mais resta exceto o seu próprio ser, a liberação não é alcançada. Esta é a estrutura da yoga.

Eles dividem o seu ser em quatro camadas. Eu estou falando com você, esta é a última camada. Yoga a chama de vaikhari, a palavra significa  ‘realização’, florescimento. Mas antes que eu fale para você, antes de eu pronuncie algo, se manifesta em mim como um sentimento, como uma experiência, essa é a terceira fase. A yoga chama de madhyama, ‘a metade’. Mas antes algo é experimentado dentro, move-se na forma de uma semente.

Você não pode experimentar isto normalmente, a menos que você seja muito meditativo, a menos que você tenha se tornado tão totalmente calmo que mesmo uma agitação na semente que ainda não brotou pode ser percebida, é muito sutil. Yoga chama isso pashyanti; a palavra pashyanti significa  ‘olhar para trás’, olhar para a fonte. E além disso há o seu ser fundamental de onde tudo surge. Isso é chamado para; para significa ‘o transcendental’”.


A Yoga Sempre Será Associada Com Patanjali

“Na verdade, não foi ele (Patanjali) que inventou Yoga; Yoga é muito mais antiga. Yoga já existia muitos séculos antes de Patanjali. Ele não é o descobridor, mas quase se tornou o descobridor e fundador só por causa desta rara combinação de sua personalidade. Muitas pessoas tinham trabalhado antes dele e quase tudo era conhecido, mas Yoga estava à espera de um Patanjali. E de repente, quando Patanjali falou sobre isso, tudo se organizou e ele se tornou o fundador. Ele não foi o fundador, mas sua personalidade é uma tal combinação de opostos, que ele compreende em si mesmo tais elementos incompreensíveis, que ele se tornou o fundador – quase o fundador. Agora Yoga estará sempre associada com Patanjali”.


A Yoga Tenta Passo A Passo Penetrar No Mistério Interior

“Toda a Yoga é uma metodologia: como descobrir isso que é tão escondido, como abrir as portas dentro de si mesmo, como entrar no templo que você é, como descobrir a si mesmo. Você está lá, você esteve lá desde o início, mas você não o descobriu. O tesouro é carregado por você a todo momento. A cada inspiração ou expiração sua, o tesouro está lá. Você pode não estar consciente, mas você nunca o perdeu.

Você pode ter esquecido completamente, mas você nunca o perdeu. Você pode tê-lo esquecido completamente, mas não há nenhuma maneira de perdê-lo – porque você é isso. Assim, a única questão é: como descobri-lo. Ele está coberto; muitas camadas de ignorância o cobrem. A Yoga tenta passo a passo, lentamente, penetrar no mistério interior. Em oito passos a yoga completa o descobrimento. Os passos iniciais são chamados de bahirang yoga, a yoga do lado de fora. Yam, niyam, asan, pranayam, pratyahar­ ,estes cinco passos são conhecidos como a yoga do lado externo. Os três seguintes, os três últimos–dharana, dhyan, samadhi–,são conhecidos como antarang, a yoga do interior.”


Yoga É Esforço, Tantra É Sem Esforço

“Yoga é esforço; Tantra é sem esforço. Com esforço, com a sua minúscula energia, e seu pequeno ego, você luta com o todo. Isto levará milhões de vidas. Então, também não parece possível que você vá se tornar iluminado. Lutar com o todo é estúpido, você é apenas uma parte. É como se uma onda está lutando com o oceano, uma folha está lutando com a árvore, ou a sua própria mão lutando com seu corpo. Com quem você está lutando? Yoga é esforço, intenso esforço. E Yoga é uma forma de lutar contra a corrente, mover-se contra a corrente. Então, tudo o que é natural, Yoga tem largar; e tudo o que é antinatural, Yoga tem que lutar por ele. Yoga é o caminho antinatural: lutar com o rio e mover contra a corrente. Claro, há desafio e o desafio pode ser apreciado. Mas quem aprecia o desafio? – seu ego aprecia.”


A Yoga Pode Lhe Ensinar Novamente Como Estar Aqui E Agora

“Onde quer que você esteja, nesse momento, curta, não peça pelo o futuro. Sem futuro na mente, somente o momento presente, a atualidade do momento, e você está satisfeito. Então, não há necessidade de ir a qualquer lugar. Onde quer que esteja, a partir desse mesmo ponto você vai cair no oceano, você vai se tornar um com o cosmos. Mas a mente não está interessada no aqui e agora. A mente está interessada em algum lugar no futuro, em alguns resultados. Então a questão é, de certa forma, relevante para uma mente assim – será melhor chamá-la a mente moderna, em vez de ocidental – a mente moderna, que está constantemente obcecada com o futuro, com o resultado, não com o aqui e agora.

Como se pode ensinar Yoga a essa mente? A essa mente pode ser ensinada Yoga porque esta orientação para o futuro está levando a lugar nenhum. E esta orientação para o futuro está criando miséria constante para a mente moderna. Nós criamos um inferno – e nós o temos criado em demasia. Agora, ou o homem terá de desaparecer deste planeta Terra, ou ele terá que se transformar. Ou a humanidade terá de morrer completamente, porque este inferno não pode mais ser continuado, ou vamos ter que passar por uma transformação. Portanto, Yoga pode se tornar muito significativa e importante para a mente moderna, porque Yoga pode salvar. Ela pode ensinar-lhe novamente como estar aqui e agora, como esquecer o passado e como esquecer o futuro e como permanecer no momento presente com tal intensidade que este momento se torna atemporal. O próprio momento torna-se eternidade.”


Yoga É Para Uma Ordem De Saúde Mais Elevada

“Yoga é para aqueles que são completamente saudáveis, naquilo que a ciência médica considera normal. Eles não são esquizofrênicos, eles não são loucos, eles não são neuróticos. Eles são pessoas normais, pessoas saudáveis, sem nenhuma patologia específica. Ainda assim eles se tornam conscientes de que tudo o que é chamado de normalidade é inútil, tudo o que é chamado de saúde não se usa. Algo mais é necessário, algo maior é necessário, algo mais santo e total é necessário. Terapias são para pessoas doentes. Terapias podem ajudá-lo a vir para a Yoga, mas Yoga não é uma terapia. Yoga é para uma ordem superior de saúde, uma ordem diferente de saúde – um tipo diferente de ser e plenitude. A terapia pode, no máximo, fazer você ajustado. Freud diz que não podemos fazer mais. Podemos torná-lo um membro da sociedade ajustado, normal – mas, se a própria sociedade é patológica, então? E ela é! A própria sociedade está doente. Uma terapia pode torná-lo normal no sentido de que você está ajustado à sociedade, mas a própria sociedade está doente”.


Osho
http://www.osho.com/pt 
 

domingo, 28 de janeiro de 2018

A VERDADE RESIDE 
NO ADESTRAMENTO DO EU


Vou narrar-vos pequeno incidente que se passou comigo o ano passado, enquanto estava na Índia. Fui ao encontro de alguns amigos em uma estação de caminho de ferro — e não podeis imaginar o que é uma estação indiana, muito mais bulhenta e mesmo suja do que o costumam ser vulgarmente as estações ferroviárias. Vi um homem que fazia rodeios, desejoso de falar-me. Era um daqueles que puxam os rickshaw — carros de duas rodas nos quais um homem se senta e um outro o puxa. Por fim ele encheu-se de suficiente coragem e veio falar-me. Perguntou-me em inglês muito errado e falho onde eu morava, que fazia e se estava para assistir à chegada de irmãos e irmãs minhas. Expliquei-lhe onde me encontrava domiciliado; e, finalmente, perguntou-me se lhe seria permitido descer a plataforma, acompanhando-me. Achava-se quase tão acanhado quanto eu! Daí a pouco puxou um cigarro do bolso e começou a fumar. Após algumas baforadas perguntou-me se fumava. Disse-lhe que não. Então, olhou por algum tempo para o cigarro e disse: “Suponho ser desnecessário fumar”, e eu respondi-lhe: “Provavelmente”. Pois esse homem, cujo maior prazer era talvez fumar, retrucou: “De hoje para o futuro, nunca mais fumarei”, e atirou fora o cigarro com uma violência que, realmente, me surpreendeu.

Não vos narro este incidente para vos incitar a que não fumeis — isto é assunto aparte. Porém, um ato de real entendimento praticado com real profundeza de sentir, colocará um homem em um pináculo de grande visão, de grande entendimento, de grande deleite. Como disse em minhas palestras, para descobrir essa eternidade que é o eu em consecução, essa harmonia de estabilidade entre a razão e o amor, é necessário, do meu ponto de vista, afastar-se de todas as coisas não-essenciais e deve produzir-se uma expressão física desse afastamento. Por favor, não penseis que pelo fato de as coisas não serem essenciais deveis continuar a condescender com elas; sei que muita gente dirá: “Continuarei a fazer estas coisas por não serem elas essenciais”. Isto pode ser maneira muito cômoda de encarar a vida, porém vós necessitais, ao contrário, pelo processo de eliminação, afastar-vos de todas essas coisas não-essenciais, por serem absolutamente infantis, triviais, absurdas. Mediante este afastamento descobrireis o eu verdadeiro e disciplinareis a esse eu. Não é por meio dessas complicações, por meio dessas coisas não-essenciais, mas antes pela sua eliminação, pelo deixa-las de parte que encontrareis a verdade, que encontrareis o eu verdadeiro, mediante o qual o genuíno processo de autodisciplina começará.

Pela autodisciplina eu não entendo a repressão, mas antes a auto disciplina mediante o entendimento que vos conduz à libertação, esse equilíbrio da razão e do amor. Se quiserdes encontrar a verdade, essa disciplina do eu, que é a semente da razão e do amor, deve ter lugar a todo o instante do dia, deve estar focalizada agudamente em toda a coisa que fizerdes. A verdade está no processo e não na consecução. À medida que viverdes, vos manifestardes e atuardes na vida diária, a encontrareis. No adestramento desse eu reside a Verdade — e em nada mais. O assunto de importância, pois, não é a invenção de multidão de teorias ou filosofias, mas antes a descoberta do “Eu” que é progressivo e tornar esse “Eu” progressivo incorruptível. No educar, no cuidar, no encorajar este “Eu” em direção à liberdade, em direção ao reino no qual não existe limitação do ser, reside a verdade. Tendo como vossa visão essa libertação da qual vos falo, mediante o processo da autodisciplina imposta a vós próprios por vós próprios, não tendo em conta a recompensa ou o tenor da punição, encontra-se o verdadeiro atingimento, o preenchimento, a incorruptibilidade do eu. Toda a manifestação — não em sentido filosófico, pois estou usando a linguagem vulgar — é a criação do eu, é a sombra do eu. Se o eu for impuro, corruptível, então todas as manifestações desse eu serão impuras, e corruptíveis. Assim, necessitais buscar primeiramente a perfeição, a incorruptibilidade do eu, pois somente nisso reside a verdade. Deveis afastar-vos de todas as coisas não-essenciais, pois que põem uma limitação sobre o eu. Tendes de vir descarregados, livres, ilimitados; então essa verdade, que não está longe nem está perto, será descoberta e aquele que a houver descoberto constituir-se-á um perigo para todas as irrealidades, para todas as falsidades da vida.


 
Krishnamurti
pensarcompulsivo


"Chega um momento em que o caminho é dentro e é preciso disposição para fazer esse movimento para dentro com a mesma vontade que você se moveu para fora e conquistou tantas coisas. Há que se ter disposição para se sentar com os olhos fechados, pelo menos por alguns minutos durante o dia. Fechar os olhos para se desligar do mundo externo - os olhos são a janela da mente. Por isso você fecha os olhos para se desligar da sociedade e do outro a quem você tão desesperadamente quer agradar. Há que se ter disposição para ficar consigo mesmo". Sri Prem Baba está certo; é muito sério isso, pois se não 'adestrarmos' o eu não conseguiremos sair dessa roda de repetições. Carl Jung nos adverte muito bem quando diz que 'não há despertar de consciência sem dor... ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim por se tornar consciente da escuridão'. 
 
POR MEIO DO MEDO
 O HOMEM CRIA DEUS


Pergunta: Imaginais que a experiência Russa de suprimir “Deus” constitui um movimento na direção acertada?

Krishnamurti: O homem cria a Deus por meio do medo. Os Russos, como qualquer outro povo, podem destruir a ideia de Deus; se, porém, continuar o medo, criar-se-ão novos deuses; portanto, o assunto resume-se no medo, na busca de objetos externos para encontrar a realidade, quando essa verdade reside dentro de nós mesmos. A partir do momento em que objetiveis a realidade, dar-se-á necessariamente a criação de um “eu sou” maior, projetado como Deus. Porém, a totalidade, onde não existe nem elemento objetivo nem subjetivo, não existe coisa que se pareça com “tu” e “eu”. Havendo “tu” e “eu” há separação e daí a ilusão do objeto e sujeito; e desta divisão provém o medo, do medo nascendo a busca de conforto. A este santuário de conforto dais nomes, como — “Deus”.

O propósito do homem é chegar a ser pura Vida, ao passo que a maioria das pessoas ainda são sub-humanas. Isto não é acusação; explicarei o que quero dizer. A Natureza preenche-se a si mesma no homem; isto é, a função da Natureza é a de criar seres autoconscientes separados, o indivíduo. E a finalidade do homem é chegar a ser completo, integral, e não mais conhecer a separação. Por isso, vós, como indivíduos, tendes que ser homens puros, sem características de vida sub-humana, como cobiça, instinto de arregimentar-se, o amor das posses, a crueldade. Quando estiverdes libertos destas coisas sereis o homem puro, tereis realizado a totalidade da vida sem distinção, sem o sentimento de serdes o sujeito de algo.

Fazeis muitas experiências com imagens esculpidas criadas pelo homem por meio do medo, se, porém, não removeis o temor de dentro de vós mesmos, de nada serve destruir meramente as coisas exteriores. Portanto, cuidais de que vós, como indivíduos, estejais livres de temor. Somente podeis colocar à prova a extensão de vossa liberdade no que concerne ao medo se a ele não cederdes, pois quanto mais cederdes ao medo, mais ele crescerá. Podeis eliminar igrejas, religiões, e deuses, se, porém, não houverdes removido a causa dessas coisas, que é o medo, será vã a mera destruição das suas manifestações.


Krishnamurti
pensarcompulsivo
PARA VIVER NO PRESENTE 
É PRECISO GRANDE CONCENTRAÇÃO


Pergunta: Se temos de fixar nossa meta inteligentemente, devemos saber, pelo menos, alguma coisa a seu respeito, ainda que possa ser vagamente. Com o fim de nos habilitar a fazê-lo, podereis ter a bondade de explicar se a meta ou a liberdade de que falais é a liberdade dos obrigatórios nascimentos e mortes de que outros falam? Outrossim, se essa meta é o passo final no atingimento ou é um na série dos passos?

Krishnamurti: Não vou responder a esta pergunta, porque não vos devem preocupar os nascimentos e mortes. O que vos deve interessar é a vida presente. Quando cultuais a morte, como faz a maioria das pessoas, precisais saber tudo a respeito dela, quais são as suas qualidades, se há nascimento e renascimento. Mas, se estais concentrado no viver presentemente, profundamente focado no presente, então não tendes receio da morte ou do renascimento. Não estou fugindo à pergunta; não estou interessado com o nascimento ou a morte. Não me preocupa se renascentes ou não. Nenhum valor tem isso; o que é valioso é como estais vivendo agora. Porque o dia de hoje encerra o passado e o futuro, o espaço e o tempo, tudo. O todo da existência está no agora. Isto não é uma coisa metafísica, extraordinária de compreender. O agora projeta-se no passado e no futuro, em ambos os sentidos, em todos os sentidos, e um homem que vive sinceramente se preocupa com a tentativa de se fazer cada vez mais perfeito no presente, cada vez mais incorruptível no presente. Se estais com fome agora, não vos adiantará saber que sereis alimentado dentro de dez dias. Se estais sofrendo de alguma moléstia vital, precisais ser curado imediatamente, não estais preocupado em saber como a apanhastes e qual será o fim dela. Precisais ser curado, se estiverdes sofrendo. Assim, se posso sugeri-lo, não vos deveis preocupar com estas coisas, mas concentrar vossa mente, vossos pensamentos, vosso desejos, no presente e não no futuro. Para viver no presente, no agora, para ser profundamente cauteloso no agora, é preciso grande concentração. Exige tal energia que preferis procurar alívio na morte e no renascimento. Atendei a isso, porque é vital, essencial que sejais incorruptível agora, que tenteis compreender agora, e não confundais aquilo que vos fica adiante ou atrás. Há inúmeras teorias a respeito do que está aquém e do que está além. Aceitais uma ou outras. Do meu ponto de vista, qualquer que seja a teoria que adoteis, não tem valor. Mas, o que tem valor é o que sois agora, como estais lutando agora, de que modo estais fazendo vosso amor cada vez mais incorruptível, quais são as vossas reações, de que modo tratais vossos amigos, de que modo considerais os outros dentro do vosso coração. O prisioneiro sabe que será solto da prisão alguns anos mais tarde, mas quer ser solto imediatamente. Um homem que está preocupado em resolver o imediato do ponto de vista do eterno não tem futuro e nem passado. Deveis solve-lo do ponto de vista do eterno, que é vida, não só a vida do indivíduo, mas a vida do todo, não o vosso futuro imediato, mas a totalidade da vida. Assim, se puderdes lutar, compreender e viver no presente, batalhando com poderosa energia, então não haverá, para vós, em nascimento e nem morte.


Krishnamurti
pensarcompulsivo

sábado, 27 de janeiro de 2018

A VERDADE É MUITO SIMPLES



Não há nenhum mistério em torno dela. O mistério existe na mente, que é guiada pelas existências relativas. Quando a mente transcende as aparências, sua compreensão amplia-se progressivamente até a consciência cósmica.

Sentes que existes, porque Deus está em ti. Sentes que o mundo é animado, porque Deus está nele. A morte não te agrada, porque a existência eterna é a tua verdadeira natureza. Não desejas ser odiado, porque amor é a graça que sustenta a vida.

Não buscas a ignorância, porque tua verdadeira natureza é o conhecimento puro. Não aceitas o sofrimento, porque absoluta bem-aventurança é a natureza da tua alma.

Tens de vir a este mundo para te conheceres a ti próprio, para compreenderes os outros, para ajudar-vos mutuamente, e trabalhar pela tua salvação. Não cessas de existir mesmo depois que teu corpo nada mais é, porém, encontrarás um novo, segundo o teu Karma, até que desça sobre ti a luz de Deus.

A liberdade é o teu direito inato e não a escravidão. A mente e os sentidos são teus servos e não teus senhores. A Verdade é a tua inspiração e não os impulsos. Integração é o teu ideal e não a dissolução. Compreensão e boa vontade são os teus objetivos e não a intolerância e a hostilidade.

Deus não é um luxo sentimental ou um símbolo plácido de obediência religiosa. Ele é a santidade no coração do homem. Ele é o mais pessoal, o mais íntimo, o mais próximo de todos. Não O diminuas pelos tolos devaneios do teu intelecto. Não O insultes pela intolerância religiosa e fantasmas sensoriais.

Não tenhas a presunção de ser um guardião dos céus, se alguma igreja ou credo elevar-te ao púlpito. A ninguém Deus outorgou poderes para fazer isto ou aquilo. Almas iluminadas procuram transmitir a essência da Sua realidade. Servimo-Lo, servindo à humanidade. Amamo-Lo, amando nossos irmãos. Deus não é potentado espiritual que, sentado em seu trono nos céus, dispensa justiça aos pobres mortais. Ele está em teu coração, no coração de todos. Quanto mais puro o coração, melhor O conhecerás. Ele nos guia através da luz de nossa consciência.

És o dono de tua própria sorte. Teu destino está em tuas próprias mãos. Trabalha pela tua salvação, diligente e assiduamente, mediante teu constante esforço próprio. Procura, e encontrarás a Verdade. Investiga e compreenderás. Pratica e experimentarás. Medita e realizarás. Leva uma vida divina e encontrarás paz e felicidade.

Que a tua vida seja um contínuo processo do Yoga. Eficiência em ação é Yoga, Servir sem apego escravizador é Yoga. Servir altruisticamente é Yoga. Devoção pura é Yoga. Iluminação é Yoga. Consciência cósmica é Yoga. Tudo na vida é Yoga!!!

 
 
Extraído do livro “Perfeição pelo Yoga” do Mestre Sri Swami Sivananda
 https://casadocontentamento.wordpress.com
 
 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O PODER DO AGORA



Obedece a vida a uma lei qualquer? A vida que é absolutamente livre e incondicionada, não possui lei em si mesma. Na manifestação, que pode ser chamada a expressão da vida, deve existir lei, porem não pode existir lei nenhuma para aquilo que a si mesmo se manifesta, que a si mesmo se expressa.

E, assim como toda a lei é imitação, sustento que a vida em liberdade, que é espiritualidade em consumação, está por cima de qualquer limitação. Ao que é livre não vos podereis dirigir levando as mãos atadas. Não vos é dado atingir a vida espiritual mediante sistemas ou regulamentos. Ela representa uma experiência interna que não pode traduzir-se em termos daquilo que é finito. É tão vasta, tão imensa que, a não ser que a experimenteis vós mesmos, ficará como um mistério, um segredo oculto.
 
Como poderia haver leis para a espiritualidade? Para a Verdade não existem em absoluto caminhos nenhuns, a despeito da ideia bem firmada de haver um Guru, um mediador, que vos ensina, que vos leva, de estágio em estágio, cada vez mais superiores, que vos anima e vos proporciona essa qualidade interna de força, de dignidade e de equilíbrio que são requeridas. Se não existir um mediador, se não existir Guru algum, nem sistema, nem religião, então preciso é que haja um constante apercebimento de si mesmo, uma auto-recordação continua, com o fim de estabelecer a distinção entre aquilo que é real e o que é irreal. Toda a ignorância representa uma mescla do real e do irreal. A ignorância não teve princípio, porém tem fim. Finaliza a ignorância quando por meio do acautelamento, do constante auto-recolhimento, por vós próprios chegardes a saber o que é o real e o que é falso, o que é essencial e o que não é. Isto depende de vós mesmos e não de coisas externas, não de exteriores circunstâncias, sejam elas quais forem — quer sejais vós milionários, quer sejais pobres — o mundo objetivo dos sentidos não existirá para o homem que procura a absoluta, a incondicionada Verdade. Ele não é guiado a partir do exterior, não é dominado, animado ou deprimido pelas circunstâncias externas.
 
Para chegar a este reino que é libertação e para o qual caminho não existe, nem tão pouco lei nem Guru, tendes, necessariamente, que romper com todas as velhas tradições amadurecidas pelo tempo, relativas a mediadores e à salvação vinda do exterior. Este rompimento com a tradição significa também que deveis libertar-vos do bem e do mal, do bem e do mal relativos, da dor, do prazer e das convenções mundanas. Não significa que vos caiba o destruir todos os padrões de outrem.
 
Como anteriormente vos tinha dito, isto é puramente uma realização individual e, para a ela chegardes por vosso próprio esforço, necessitais que em vós se produza um afastamento do bem e do mal externos, da dor e do prazer, e das 'convencionalidades' estabelecidas pela sociedade. A Verdade é um país para o qual não existe, traçados caminhos e, para a ela chegardes não podem existir regulamentos. Isto, porém, não deve significar a licenciosidade pela vossa parte — isto é, que deveis utilizar-vos de vossa liberdade para fazerdes exatamente aquilo que vos apraz. A libertação não é isto. Para que os padrões externos de que vos falo não mais existam, tendes que substitui-los por um outro padrão fundado sobre os valores externos, coisa muito mais difícil de conseguir. Esse padrão verdadeiro, infalível, não poderá ser contestado nem julgado; nem tão pouco pode ser posto na mesma balança em que haja para sopesá-lo qualquer padrão estabelecido do exterior. Um tal padrão será dinâmico, e, por ser dinâmico será verdadeiramente criativo, pois que estará continuamente variando com a própria vida, por ser essa vida mesma, ao passo que todos os outros padrões seriam estáticos. Quando houverdes formado um tal padrão em vós próprios, sereis livres — estareis libertos de todos os vossos Gurus, de todos os vossos sistemas, de todos os vossos ritos, de todas as vossas leis. Esse padrão não variará de acordo com os vossos anseios pessoais, de acordo com os vossos gostos e desgostos, de acordo com os vossos hábitos adquiridos, será uma medida que há de levar todo o indivíduo para a libertação que é harmonia, que é verdadeira criação.
 
A libertação não se encontra nem no futuro nem no passado, não é algo que para ser atingido em um futuro longínquo nem tampouco se encontra no passado sob o controle daqueles que já a atingiram. Sustento eu que o agora, o imediato agora contém a verdade integral. O passado é o sempre mutante presente, ao passado pertencem o nascimento, a renúncia, a aquisição de todas as qualidades que houverdes já realizado.
 
O passado não virá solver vossos problemas nem restabelecer a harmonia em vosso interior; assim, voltai-vos para o futuro que, para vós, se torna um grande mistério. O futuro é o mistério do "Eu", do "Eu" ainda não solvido, porque, o quer que já tenhais solvidos do "Eu", do ser, está já no passado e, assim, o que ainda não tiverdes solvido será o futuro e, portanto, um mistério. O futuro há de ser sempre um mistério, porque, quanto mais penetrardes pelo futuro, mais misterioso ele se tornará, mais colhidos sereis por ele.
 
O estabelecimento da harmonia interna não é para conseguir-se nem no passado nem no futuro, porém no ponto em que passado e futuro se encontram, isto é, no agora. Quando houverdes atingido esse ponto, nem futuro, nem passado, nem nascimento, nem morte, nem espaço para vós mais existirão. É a esse "Agora" que é libertação, que é harmonia perfeita, que os homens do passado e os homens do futuro têm de chegar. Vós, que tendes em vista produzir esta harmonia no porvir, necessitais aperceber-vos deste momento eterno.
 
Para mim, o futuro, absolutamente não é de importância e nem também o é o passado. O que para mim é de máxima importância é aquilo que vós sois agora. Vossas ideias, vosso amor, vosso ser integral, deve viver no imediato agora, o que significa que necessitais de trazer vossas teorias para a pratica agora. Importa o que agora sois, a maneira pela qual viveis e tratais as outras pessoas e não aquilo que de futuro haveis de vir a ser. Quem se preocupa com aquilo que haveis de vir a ser? A semente que em si mesma contém a vida, necessita de sol e de chuva e os quer imediatamente, não no futuro, pois que, então, a semente, pode já estar morta.
 
Este momento eterno é criação. Desagrada-me usar de termos tais como "ativo" e "inativo", "dinâmico" e "estático" — passai, porém, para além dessas palavras e vede através delas algo de potente. Se não viverdes nesse momento que é eterno, estareis mortos para o "Eu", para a imensidade da vida. A não ser que vos liberteis de todas as atividades externas, convencionalismos, bens e males, filosofias e religiões, jamais podereis chegar a esse agora imediato que é criação.
 
O nos libertarmos, o vivermos no reino do eterno, o sermos conscientes dessa Verdade, significará o havermos sobrepujado o nascimento e a morte, pois que o nascimento pertence ao passado e a morte ao futuro, significará o termos ultrapassado o espaço, o estarmos para além do passado, do presente e da ilusão do tempo. O homem que atingiu uma libertação tal, conhece a perfeita harmonia que está constante e eternamente presente, vive incondicionalmente nessa eternidade que é o agora.

 
Krishnamurti
pensarcompulsivo