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terça-feira, 31 de julho de 2018

O LIVRO DA VIDA


Primeira Parte

A história da humanidade está em você: a vasta experiência, os medos profundamente arraigados, as ansiedades, a dor, o prazer e todas as crenças que o homem acumulou através dos milênios. Você é esse livro. Ele não foi publicado por nenhum editor; não está à venda. Inútil ir a algum analista, porque o livro dele é o mesmo que o seu. Sem ler esse livro cuidadosa, paciente, hesitantemente, você nunca será capaz de transformar a sociedade em que vivemos, a sociedade que é corrupta, imoral. Existe muita pobreza, injustiça, e assim por diante. Qualquer pessoa séria estaria preocupada com o estado das coisas no mundo atual, com todo o caos a corrupção, guerra – o maior de todos os crimes é a guerra. Para produzir uma mudança radical em nossa sociedade e em sua estrutura, a pessoa tem que ser capaz de ler esse livro que é ela própria; e a sociedade em que vivemos foi criada por nós, cada um de nós, por nossos pais, avós e assim por diante. Todos os seres humanos criaram essa sociedade e, enquanto a sociedade não for transformada, haverá mais corrupção, mais guerra e destruição da mente humana. Assim, para ler esse livro que é a própria pessoa, é preciso aprender a arte de escutar o que o livro está dizendo. Escutar implicar não interpretar. Apenas observar, como você observa uma nuvem. Não se pode fazer nada a respeito da nuvem ou das folhas da palmeira balançando ao vento, ou em relação à beleza do pôr-do-sol; não se pode alterá-los. Da mesma forma, é preciso aprender a arte de escutar o que o livro está dizendo. O livro é você; ele revelará tudo.

Há outra arte, a da observação, a arte de ver. Quando você lê o livro que é você mesmo, não existem você e o livro. Não existe o leitor e o livro separado. O livro é você.

Há ainda outra arte, a arte de aprender. Os computadores podem aprender; eles podem ser programados e repetirão aquilo que lhes foi ordenado. Primeiro nós experimentamos, acumulamos conhecimentos, e os armazenamos no cérebro; então o pensamento nasce sob a forma de memória e segue-se a ação. Dessa ação você aprende. Assim, aprender é acumular mais conhecimento. Isso é o que a mente que está atenta, desperta, está fazendo todo o tempo, como um computador. Experiência, conhecimento, memória, pensamento, ação – eis o que estamos fazendo todo o tempo, o que chamamos “aprender” – aprender com a experiência. Essa tem sido a história do homem – constante desafio e resposta a esse desafio. O livro é todo o conhecimento da humanidade, que é você.

Sei que vocês provavelmente são muito cultos, muito educados, mas estou expondo tudo isso em uma linguagem muito, muito simples. Entretanto, a palavra não é a coisa. Por favor, tenham isso em mente todo o tempo: a palavra não é a coisa. O símbolo nunca é o real. Desse modo, como eu disse, existe a arte de ver, a arte de escutar e a arte de aprender. O homem nunca é livre do conhecido; por isso, nosso aprendizado torna-se mecânico. A arte de aprender implica algo totalmente diferente. Aprender significa investigar os limites do conhecimento e mover-se. Agora, com esses três processos – escutar, observar, aprender – vamos juntos ler o livro da vida. Você está lendo o livro junto comigo; não estou lendo o seu livro. Estamos lendo o livro humano que é você, o orador e o resto da humanidade. Por favor, dê um pouco de atenção a isso. Se sabemos como ler o livro que somos nós mesmos, todos os conflitos e dores, chegam a um fim. Somente essa é a mente religiosa, não a que acredita; não a que executa todos os rituais, mas a que é livre. Tendo lido completamente o livro, é apenas essa mente que recebe a bênção da verdade.

Qual o primeiro capítulo nesse livro? É o seu livro, qual é o conteúdo desse capítulo? À parte a existência física, o organismo com todos os males do corpo: a doença, a preguiça, a morosidade, a falta de alimento apropriado, de nutrição conveniente – à parte tudo isso, qual é o primeiro movimento? Você pode ter olhado para o seu rosto, penteado o cabelo, empoado a face e tudo o mais, mas nunca olhou para dentro. Se olhar para dentro de si mesmo, você não se descobre um ser humano de segunda mão? Pode ser bastante desagradável considerar-se um ser humano de segunda mão. Mas estamos cheios de conhecimento de outras pessoas – o que alguém ou algum mestre ou guru disse, o que Buda disse, o que o Cristo disse, e assim por diante. Estamos cheios disso. Da mesma forma, se você foi à escola, faculdade ou universidade, lá também lhe foi dito o que fazer, o que pensar. Assim, se compreender que é um ente de segunda mão, você poderá pôr isso de lado e olhar.

Acompanhe-me, por gentileza: a primeira observação é que vivemos em contradição, que não há ordem em nós. Ordem não é programação. É colocar tudo no lugar certo. Mas ordem implica algo muito maior que a disciplina mecânica de um hábito particular, ou de uma função normal. Desta forma, a pessoa descobre nesse livro, no primeiro capítulo, que vivemos uma vida extraordinariamente confusa, desordenada – querendo uma coisa e negando que a queremos, dizendo uma coisa e fazendo outra, pensando uma coisa e fazendo outra. Assim, há contradição constante. Onde há contradição, tem de haver conflito. Você está acompanhando o livro que é você mesmo vivendo de uma maneira desordenada, em perpétuo conflito. Esse conflito alastrou-se como ambição, realização, identificação com uma pessoa, um país, uma ideia, sem nunca viver com o real. Assim, vivemos em desordem – politicamente, religiosamente, em nossa vida familiar.

Temos de descobrir o que é ordem. O livro irá lhe contar, se você souber como lê-lo. Ele diz que você vive em desordem. Acompanhe-o, vire a próxima página. Então você descobrirá o que significa viver em desordem. Se uma pessoa compreende a natureza da desordem, não intelectual, ou verbalmente, mas de fato, o livro está dizendo: não traduza, não transforme isso num conceito intelectual, mas leia-o apropriadamente. Quando você o lê, ele diz que suas contradições existem, e elas só irão terminar se você compreender a natureza da contradição. Contradição existe quando há divisão como hindus e muçulmanos, judeus e árabes, comunistas e não-comunistas, esse constante processo divisório entre os vários tipos de Budistas, os vários tipos de Hindus, Cristãos e assim por diante. Onde há divisão, tem de haver conflito, que é desordem. Quando você compreende a natureza da desordem, dessa compreensão, das profundezas dessa compreensão da natureza da desordem, vem, naturalmente, ordem.

Ordem é como uma flor desabrochando naturalmente, e essa ordem, essa flor, nunca fenece. Sempre há ordem na própria vida quando se lê realmente o livro, que diz: onde há divisão, tem de haver conflito.


Krishnamurti 
http://nossaluzinterior.blogspot.com

PERMANEÇA NO SER


 
É no silêncio que vocês recebem a mais importante mensagem. Silêncio é um outro nome para Deus. Quietude é um outro nome para Consciência. Paz.
 
Tudo pode ser descoberto no Silencio e muito pouco em palavras. Você deveria ficar quieto por tanto tempo que puder. Especialmente quando estiver em casa. Tente sentar em Silêncio e quietude por tanto tempo que conseguir. É no Silencio onde você receberá a mensagem. É no Silencio que a Pura Consciência se revela livremente. Nunca tenha medo de sentar em Silencio. É seu maior apoio.

Um dos mais frequentes pedidos que recebo é como resolver problemas pessoais. Recebi um destes pedidos esta manhã. Esta pessoa tinha tantos problemas, contudo ela tem estado meditando por 25 anos. Mas ela ainda tem problemas. Existe apenas uma forma de resolver todos os problemas. Eu não me importo o quão grande o problema possa ser. Não faz nenhuma diferença o quão sério você acha que o problema é. Há uma forma de eliminar todos. E esta forma é perceber que você não é o que age ou faz: o agente. O problema não tem absolutamente nada a ver com você. Embora pareça ter. É só uma aparência. 
 
O que é um problema realmente? Um problema é algo que não está acontecendo do maneira que você queria. As coisas no mundo não está ocorrendo como você desejava. Isto é um problema. As coisas não estão indo do jeito que você gostaria. Ou quando as coisas ocorrem sem que você tenha qualquer controle. Você acredita, portanto que tem um problema. Se você olhar para todos neste mundo, quando alguém tem um problema, outra pessoa tem um problema semelhante. De onde estes problemas surgem? Tem sido dito a nós o que é bom e o que é mal, desta forma se não temos o bem que achamos que deveríamos ter, nós temos um problema.

Da mesma forma, seu Eu é como a tela. Nunca é afetado por problemas de qualquer tipo ou ordem. Os problemas até passam pela tela. Eles vêm e vão. Mas, você permanece o Eu para sempre. Você nunca muda.

Como começar a criar essa consciência? Toda vez que você acha que tem um problema; você deve se questionar: “Para quem este problema surge?” Afinal de contas, eu não sou o agente ou o fazedor. Eu não sou o corpo. Não sou a mente. Assim, para quem o problema surge? E, claro, a resposta será, “Para mim. Eu sinto este problema, o problema surge para mim.”

Conceda sua atenção a este sentimento de “mim”. Você deve permanecer neste sentimento de “mim” ou ''eu”. E, você entra cada vez mais profundamente em si mesmo. Mantenha a consciência do “Eu”. Enquanto faz isso todo dia, cada vez que um problema surgir, um dia finalmente virá em que você transcenderá seu senso de Eu completamente. Você transcende totalmente isto. O senso de Eu desaparece e você se tornará Pura Consciência.


Robert Adams 
http://mestresiluminados.blogspot.com

POR QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE 
SER UM NÃO-FAZEDOR ?


A mente é uma fazedora. Observe sua própria mente e você compreenderá. O que estou dizendo não é uma declaração filosófica, é simplesmente um fato. Não estou propondo nenhuma teoria para você acreditar ou desacreditar, mas alguma coisa que você pode observar em seu próprio ser. E você verá isto, sempre que estiver só, você imediatamente começa a procurar: alguma coisa tem que ser feita, você tem que ir a algum lugar, você tem que ver alguém. Você não consegue estar só. Você não consegue ser um não-fazedor.

Fazer é o processo pelo qual a mente é criada; ela é um fazer condensado. Consequentemente, meditação significa um estado de não-fazer. Se você puder sentar silenciosamente, nada fazendo, de repente você estará de volta para casa. De repente você verá a sua face original, a fonte. E esta fonte é satchitanand: verdade, consciência e felicidade, chame isto Deus, ou nirvana, ou o que você quiser.

Do ser ao fazer, e do fazer ao ter, é como a consciência de Adão chega ao mundo. Mover-se de volta, do ter ao fazer, e do fazer ao ser, é o que significa consciência de Cristo. Mas os Sufis têm uma mensagem tremendamente significante para o mundo. Eles dizem que o homem perfeito é aquele que é capaz de se mover do ser ao fazer, ao ter, ao fazer e ao ser, e assim por diante. Quando o círculo está perfeito, então o homem é perfeito.

A pessoa deve ser capaz de fazer. Não estou dizendo que você deve tornar-se incapaz de fazer; isso não tem valor algum, isso simplesmente é impotência. Você deve ser capaz de fazer, mas não deve ficar absorvido nisto. Você não deve ficar envolvido no fazer, não deve ficar possuído por isto; você deve permanecer o senhor da situação.

E não estou dizendo que tudo o que você tem terá que ser abandonado, não estou lhe dizendo para renunciar a tudo o que você possui. Use, mas não seja usado pelo que possui, isso é tudo. Assim nasce o homem perfeito.
 
Osho 
http://pensarcompulsivo.blogspot.com

segunda-feira, 30 de julho de 2018

A LIGAÇÃO EMOCIONAL 

QUE PERPETUA A ESCRAVIDÃO

 

 

Observe os seus pensamentos como você observa o tráfego da rua. Pessoas vêm e vão; você registra sem resposta. Pode não ser fácil no começo, mas com um pouco de prática você irá descobrir que sua mente pode funcionar em vários níveis ao mesmo tempo e você pode estar consciente de todos eles.

É somente quando você tem interesse investido em algum nível em particular, que a sua atenção é capturada nele e você perde a consciência dos outros níveis. Mesmo assim, a atividade nos níveis inconscientes continua, fora do campo da consciência.

Não lute com suas memórias e pensamentos; tente apenas incluir em seu campo de atenção outras questões mais importantes, como "Quem sou eu?", ''Como é que eu nasci?", "De onde surgiu este universo a minha volta?", "O que é real e o que é momentâneo?". Nenhuma memória irá persistir se você perder o interesse nela, é a ligação emocional que perpetua a escravidão.


Nisargadatta Maharaj
http://pensarcompulsivo.blogspot.com


PARE DE RESPONSABILIZAR 
O MUNDO POR SUAS DESDITAS


 
O destemor é a qualidade de todos os iluminados e de todos aqueles que seguem o Caminho da Iluminação. A vida, para eles, perdeu seus horrores e sofrimento, seu ferrão, pois eles impregnam esta existência terrestre de um novo significado, em vez de desprezá-la e maldizê-la por suas imperfeições, como fazem todos aqueles que, nos ensinamentos de Buda, tentam encontrar um pretexto para sua própria concepção negativa do mundo. Por acaso o semblante do risonho Buda, refletido um milhão de vezes pelas inúmeras imagens em todos os países budistas, é a expressão de uma atitude antagônica à vida, tal como os atuais representantes intelectuais do Budismo (especialmente no Ocidente) tentam com frequência demonstrar?

Condenar a vida como algo mau, antes de ter esgotado suas possibilidades de um desenvolvimento superior, antes de ter chegado a descortinar uma compreensão de seu aspecto universal e antes de ter compreendido as qualidades supremas da consciência na obtenção da iluminação, o fruto mais nobre e a realização última de toda a existência, representa um tipo de atitude não só PRESUNÇOSA e IRRACIONAL mas também completamente TOLA. Ela só pode ser comparada à atitude de um homem ignorante que, após examinar uma fruta verde, considera-a não comestível e joga-a fora, em vez de dar a ela a oportunidade de amadurecer.

Somente aquele que alcançou o estado supra-individual da Perfeita Iluminação pode renunciar à "individualidade". Aqueles, contudo, que reprimem suas atividades sensoriais e suas funções naturais da vida, antes mesmo de ter tentado utilizá-las de MODO CORRETO, não se tornarão santos mas meramente PETRIFICADOS. Uma santidade, que se apóia simplesmente em virtudes negativas, meramente na ABSTENÇÃO e FUGA, pode impressionar a multidão e pode ser considerada como uma prova de autocontrole e de força espiritual; contudo, conduzirá apenas à AUTO-ANIQUILAÇÃO ESPIRITUAL e não à iluminação. Tal é o caminho da estagnação, da morte espiritual. Trata-se da libertação do sofrimento às custas da vida e da FAGULHA potencial da Iluminação no nosso interior.

A descoberta dessa FAGULHA é o começo do Caminho da Iluminação, que realiza a liberação do sofrimento e dos grilhões do estado de ego, não mediante a uma negação da vida, mas através da ajuda ao próximo durante o esforço na direção da Perfeita Iluminação. (...)

Antes de emitirmos algum juízo acerca do significado da vida e da natureza real do universo, deveríamos nos perguntar: "Afinal de contas, quem é que assume aqui o papel de juiz?" A própria mente julgadora, discriminadora, não é uma parte e um produto desse mesmo mundo que ela condena? Se considerarmos nossa mente capaz de julgamento, então já concedemos ao mundo um valor espiritual, a saber, a faculdade de produzir uma consciência que vai além das meras necessidades e limitações de uma vida transiente. Contudo, se esse é o caso, não temos razão alguma em duvidar das possibilidades ulteriores de desenvolvimento dessa consciência ou de um tipo mais profundo de consciência, que se situa na própria raiz do universo e da qual conhecemos apenas uma pequena seção superficial.

Se, por outro lado, adotamos a opinião de que a consciência não é um produto do mundo, mas que o mundo é um produto da consciência, torna-se óbvio que vivemos exatamente no tipo de mundo QUE TEMOS CRIADO e que, portanto, MERECEMOS, e que o remédio não pode estar numa "FUGA" do "MUNDO" mas apenas numa MUDANÇA DA "MENTE". Tal mudança, porém, só pode ocorrer se conhecemos a natureza mais secreta dessa mente e de seu poder. Uma mente que é capaz de interpretar os raios emitidos pelos corpos celestes, a uma distância de milhões de anos-luz, não é menos maravilhosa que a natureza da própria luz. Quanto mais magnífico não é o milagre dessa luz interior que habita as profundezas de nossa consciência!

O Buda e muitos de seus numerosos discípulos forneceram-nos uma compreensão dessa consciência mais profunda (universal). Este fato, por si só, possui muito mais valor do que todas as teorias científicas e filosóficas, pois mostra à humanidade o caminho do futuro. Assim, pode existir apenas UM problema para nós: despertar, dentro de nós mesmos, essa consciência mais profunda e penetrar naquele estado que o Buda chamou de "Despertar" ou "Iluminação". Esse é o caminho para a realização do estado-de-Buda dentro de nós mesmos.

 Lama Anagarika Govinda
 http://pensarcompulsivo.blogspot.com

domingo, 29 de julho de 2018

MOMENTOS COM HAKIN SANAI
 

 
ELE SEMPRE SABE:
 
Ele conhece previamente teu mais íntimo pensamento. Ele percebe o que as suas criaturas necessitam antes mesmo que tenham concebido seu desejo.
 
Ele sabe do passo de uma formiga sobre uma pedra na escuridão.
 
Ele sempre sabe o que se passa na mente dos homens: farias melhor se refletisses sobre isso.
 
Se ages mal, há duas maneiras de encará-lo: ou pensas que Ele não o sabes, – e me espanto com a tua falta de fé ou então pensas que Ele sabe, ainda assim persistes, – e me espanto tua vil impertinência.
 
Podes ser verdade que nenhum homem conheça teus segredos; mas Deus os conhece; Ele não é menos que um homem; certamente isto significa que ele conhece teu coração?
 
Então te afasta deste malfeito, para que em teu último dia não te afogues no mar de tua própria vergonha.



ELE É O TEU PASTOR:
 
Ele é o teu pastor e preferes o lobo.
 
Ele te convida a si, no entanto permaneces sem alimento.
 
Ele te dá a sua proteção, no entanto estás profundamente adormecido.
 
Bem feito para ti, tolo, insensato e presunçoso!
 
Ele cura nossa natureza desde dentro.
 
Ele é mais bondoso conosco do que nós mesmos o somos.
 
Uma mãe não ama seu filho com metade do amor que Ele dedica.
 
Sua bondade torna o indigno digno; e em troca Ele se contenta com a gratidão e paciência do seu servo.
 
Quebraste tua palavra, ainda assim Ele mantém sua palavra contigo: Ele é mais leal do que o és contigo mesmo.


http://www.gnosisonline.org 

 
A ARTE DE VIVER SEM AÇÚCAR


Desenvolver o Autocontrole,
Derrotar a Gula, Respeitar a Vida

Carlos Cardoso Aveline


Nas Cartas dos Mahatmas, os teosofistas encontram mais de uma advertência contra o uso de açúcar.[1]

Na Introdução do livro “Açúcar, o Pior Inimigo” [2] podemos ver a seguinte citação de abertura, com palavras do filósofo Arthur Schopenhauer:

“Qualquer verdade passa por três estágios. Primeiro, é ridicularizada. Segundo, é violentamente combatida. Terceiro, é aceita como evidente por si mesma.”

Vendido como alimento delicioso, o açúcar funciona no organismo humano como um veneno: esta é, em resumo, a verdade amarga mas inquestionável de que trata o livro “Açúcar, o Pior Inimigo”.

É consenso na comunidade médica, segundo os autores, que uma dieta rica em açúcar causa grande variedade de doenças graves e torna mais curta a vida das pessoas.

A boa notícia é a seguinte: o cidadão que ama a vida pode exercer a vontade própria e levar em conta a influência da alimentação na qualidade da sua existência.

No contexto teosófico, reduzir o consumo do açúcar permite ampliar o autocontrole, fortalecer a auto-observação, reduzir a força dos impulsos instintivos no conjunto dos hábitos pessoais, e tornar mais fácil a vivência da sabedoria eterna.

A isso se acrescentam a purificação emocional trazida pelo domínio da gula e os inúmeros benefícios da redução do uso do açúcar no plano da saúde física.

Veneno Adocicado e Boa Educação

É íngreme o caminho do autocontrole.

De acordo com a lei das boas maneiras superficiais de hoje, tudo o que for importante na vida deve ser celebrado com guloseimas.

Comprar presentes com açúcar é visto como um modo “prático” de dizer às pessoas que nos importamos com elas. Aquele que sabe do perigo do açúcar e recebe como presente balas, bombons e chocolates fica constrangido ao ter que agradecer por tais presentes, quase sempre sinceros. E fica ainda mais constrangido ao colocar esses venenos no lixo, como ato de respeito à sua própria vida.

Em que, exatamente, o açúcar faz mal à saúde?

“Dentada após dentada, o açúcar provoca inflamação nas suas terminações nervosas e nos seus vasos sanguíneos”, explicam Richard Jacoby e Raquel Baldelomar. “Esta inflamação incessante promove tensões no sistema reparador natural do corpo (…).”[3]

O uso do açúcar destrói o sistema nervoso e, através dele, prejudica o organismo inteiro dos cidadãos.

É preciso reavaliar a tradicional relação entre “açúcar e afeto”.

Os presentes açucarados podem indicar uma ausência de cuidado em uma relação humana. Revelam falta de atenção na escolha de pequenas lembranças. As celebrações com bebidas alcoólicas ou guloseimas açucaradas são erros infelizes que contrariam a própria ideia de comemorar algo. As celebrações podem ser mais inteligentes.

A teosofia ensina que cada busca artificial de prazer provoca uma forma correspondente de sofrimento, sendo este último mais durável que a satisfação. O universo evolui em equilíbrio e simetria: agarrar-se com ansiedade a alegrias de curto prazo revela uma cegueira espiritual. Além disso, provoca uma frustração profunda e fabrica doenças.

Quando o indivíduo aprende a fazer o que é correto, o prazer de viver acontece sem que ele tenha que correr atrás de sensações artificiais. A felicidade surge da moderação: a tristeza é irmã do exagero. A pausa possibilita a ação correta. Uma alimentação livre da gula é fator decisivo na descoberta da felicidade.

 
NOTAS:

[1] “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, edição em dois volumes, Ed. Teosófica, Brasília, 2001, Carta 72, volume I, p. 337 e p. 338.

[2] “Açúcar, o Pior Inimigo”, de Dr. Richard P. Jacoby e Raquel Baldelomar, Ed. Vogais, Portugal, 2015, 253 pp., ver p. 11. A obra tem como uma das suas limitações recomendar o uso de carne, mas, na abordagem do açúcar, tem grande valor.

[3] “Açúcar, o Pior Inimigo”, de Dr. Richard P. Jacoby e Raquel Baldelomar, Ed. Vogais, Portugal, 2015, 253 pp., ver p. 29.
 
 
http://www.filosofiaesoterica.com
 
 

sábado, 28 de julho de 2018

PINGOS DE SABEDORIA




Se quiser crescer interiormente, você precisará ser desafiado de todas as maneiras.

As coisas nem sempre ocorrem como se deseja; você não pode controlar sua vida ou esperar que ela atenda sempre às suas expectativas. Se as coisas fossem sempre fáceis, você se acomodaria com seu ego. Na medida em que se torna mais sensível, mais alerta, intuitivo, aberto e silencioso, o medo, a resistência e a letargia perdem força e são substituídas por profundas calma e fé no invisível.

Aqueles que são livres não precisam desejar nada, porque eles são um só com a lei de causa e efeito. Eles estão em harmonia com a ininterrupta corrente da vida. E esse é por si só o Supremo Desejo.  (Mooji)

***

Devemos encarar com destemor qualquer problema que surgir. Mesmo que esteja diante de espadas, espinhos ou campos cheios de pedras, não hesite diante de nenhum deles. Dê o máximo para seguir em frente e encarar tudo isso como sendo algo com o qual praticar. Do que você tem medo? Não importa se jovem ou velho, um dia você morrerá! Se conseguir abandonar o medo da morte, não haverá nada que não possa realizar. Nada mais o amedrontará. (Daehaeng Sunim)

***

Nós pensamos que a vida, por analogia, era uma jornada, uma peregrinação, que teria um sério objetivo no final. E o objetivo era chegar nesse final. Sucesso, ou o que quer que seja, talvez o paraíso depois que estivesse morto. Mas perdemos o espírito durante todo o caminho.

Era uma música, e nós deveríamos ter cantado, ou dançado, enquanto a música estava sendo tocada. (Alan Watts)

***

A mente deve ser como um espelho, refletindo as coisas, mas sem julgá-las ou retê-las. As concepções por elas mesmas não têm substância, deixe-as surgirem e irem embora livremente. (Ashvaghosha)

***

A natureza de sua mente é como um oceano sem fim. Quando ondas de apego às aparências não a perturbam,Ela tem um único sabor, a essência da realidade: Permaneça sem aceitar ou rejeitar, sem afirmar ou negar, eu lhe peço encarecidamente.(Bokar Rinpoche)

***

Onde quer que você esteja, seja num supermercado ou em um Centro Zen, seja na quietude de sua casa ou em seu local de trabalho, você deve ter a firme convicção de que sua Essência cuidará de tudo. É essa confiança inabalável e completamente estabelecida em sua natureza original. E ela é maravilhosa! É o tesouro que você utiliza para fazer tudo o que quiser. Você sempre possuiu esse tesouro, mas viveu até hoje sem saber disso e assim várias coisas deram errado e todo o tipo de pensamentos distorcidos surgiram.

Não seja mais enganado dessa maneira.  Aprenda a controlar suas reações e a confiar incondicionalmente à sua Essência tudo aquilo que o confrontar. (Daehaeng Sunim)

***

Conforme o homem torna-se consciente das leis estupendas que governam o universo em perfeita harmonia, começa a perceber o quão pequeno ele é. Ele vê a mesquinhez da existência humana com suas ambições e intrigas, o seu crer no ‘sou melhor que você’.

Este é o começo da religião cósmica dentro dele; a comunhão e o serviço humano tornam-se seu código moral. Sem tais fundamentos morais, estamos irremediavelmente condenados.

Se queremos melhorar o mundo não podemos fazê-lo com o conhecimento científico, mas com ideais. Confúcio, Buda, Jesus e Gandhi fizeram mais pela humanidade do que qualquer ciência jamais fez.

Temos que começar pelo coração do homem – com sua consciência – e os valores da consciência só podem manifestar-se através do serviço altruísta para a humanidade.

O ser humano é uma parte do que chamamos “Universo”, uma parte limitada pelo tempo e espaço. Ele faz a experiência de si próprio, de seus pensamentos e sentimentos como acontecimentos separados do resto; é uma espécie de ilusão ótica da sua consciência. Essa ilusão é uma forma de prisão para nós, pois nos restringe a nossos desejos pessoais e nos obriga a reservar nossa afeição para algumas pessoas mais próximas. Nossa tarefa devia consistir em nos libertar dessa prisão, ampliando nosso círculo de compaixão de maneira a incluir todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza. (Albert Einstein)

***

Termine cada dia e esteja contente com ele. Você fez o que pôde. Alguns enganos e tolices se infiltraram indubitavelmente; esqueça-os tão logo você consiga. Amanhã é um novo dia; comece-o bem e serenamente com um espírito elevado demais para ser incomodado pelas tolices do passado. Não sigas por onde o caminho te leva. Vai antes por onde não existe caminho… e deixa o teu rastro. (Ralph Waldo Emerson)

***

A serenidade não é feita nem de troça nem de narcisismo, é conhecimento supremo e amor, afirmação da realidade, atenção desperta junto à borda dos grandes fundos e de todos os abismos; é uma virtude dos santos e dos cavaleiros, é indestrutível e cresce com a idade e a aproximação da morte. É o segredo da beleza e a verdadeira substância de toda a arte. (Hermann Hesse)

***

Tome consciência de si e de onde você se encontra, então se desapegue de si mesmo; essa é a melhor coisa a fazer. (Mestre Eckhart)

***


Deixe de lado o que já passou.
Deixe de lado o que possa vir.
Deixe de lado o que está acontecendo agora.
Não tente descobrir nada.
Não tente fazer qualquer coisa acontecer.

Relaxe, agora, e repouse.
Solte o que já passou
Solte o que está por vir
Solte o que estiver ocorrendo agora.
Não tente alcançar nada externo
Não tente fazer com que as coisas aconteçam.
Relaxe, exatamente agora, e descanse. (Tilopa)


https://obudaemmim.blogspot.com

sexta-feira, 27 de julho de 2018

O REINO DE DEUS 
DENTRO DO HOMEM


“Mestre – perguntaram, um dia, os homens – onde está o reino de Deus?” 
 
“O reino de Deus – respondeu o Nazareno – não vem com aparato exterior; nem se pode dizer: ei-lo aqui! ei-lo acolá! o reino de Deus está dentro de vós”... 
 
Entretanto, os homens, cegos para essa luz, continuam a procurar o reino de Deus fora de si mesmos, em vãs exterioridades... O reino de Deus é o reino da verdade e do bem... O reino da justiça e da paz... O reino do amor e da caridade... O reino da humanidade e da pureza... Quando o homem tem dentro da alma estas coisas, está no meio do reino de Deus – porque dentro dele está o reino de Deus... 
 
Ninguém pode entrar no reino de Deus – se nele não entrar o reino de Deus... O homem que uma vez entrou no reino de Deus – encontra a Deus por toda parte. Encontra a Deus na grandeza do cosmos visível – e nos mistérios da alma invisível. Vê a Deus no fulgor do relâmpago – e no matiz das flores do prado... Ouve a Deus no bramir da procela – e no silêncio das noites estreladas... Adivinha a Deus nos indefessos labores da abelha – e nos indolentes devaneios da borboleta... Contempla a Deus nos etéreos primores do arco-íris – e nas pupilas de inocente criança... Percebe a Deus no sorriso feliz duma noiva – e nas lágrimas acerbas do agonizante...
 
O homem que dentro de si descobriu a Deus – descobre-o por toda parte, fora de si... Pois Deus é espírito onipresente – basta possuir a necessária vidência espiritual para encontrá-lo em cada uma das suas obras, espelhos e enigmas da Divindade. 
 
É justo, ó homem, que tenhas lugares de culto onde, com teus irmãos, cantes louvores a Deus – mas não restrinjas a esses momentos o culto divino. Cultua a Divindade onipresente e onividente no santuário do Eu e do lar... Glorifica o Eterno no amor à pátria e na história dos povos... Adora o Altíssimo nas maravilhas da Natureza e nos prodígios da cultura... Venera o eterno Anônimo até nos gemidos da dor e nos paradoxos do mal... Se dentro de ti não encontraste o reino de Deus – em parte alguma o encontrarás... Por toda parte verás o reino de Satan – dentro e fora de ti... Pois o homem não enxerga as coisas como elas são – mais, sim, como ele é... 
 
Projeta ao mundo externo o colorido do seu mundo interno... O homem sem Deus contempla sem Deus o mundo repleto de Deus... O homem repleto de Deus encherá de Deus as almas sem Deus... Proclama em tua alma, ó homem, o reino de Deus – e tua plenitude transbordará em outras almas... Só pode fazer bons os homens quem é bom ele mesmo... Só pode encher de Deus quem está cheio de Deus... O homem divinizado diviniza os homens... 
 
Huberto Rohden - De Alma para Alma
 https://pt.slideshare.net

quinta-feira, 26 de julho de 2018

SOMENTE O SER HUMANO 
É CAPAZ DE SE ENTEDIAR


Pergunta: Eu muito firmemente acredito em crenças. Por que você condena a crença?

Procure evitar todas as imagens e mantenha seu espaço interior limpo e aberto como um espelho... E então veja tudo aquilo que puder ser visto.
 
Nunca decida antes de saber. Deixe que o saber aconteça e deixe que a decisão venha através do saber.
 
Não acredite de antemão, pois sua crença contaminará o seu conhecimento – e então você nunca será capaz de saber se o que você veio a saber realmente existe ou se existe devido a sua crença. Sua crença pode criá-lo.
 
A mente do ser humano tem grande potencial para criar fantasias. É por isso que a hipnose funciona. O que estou dizendo é que a mente pode criar um tipo de realidade – a qual não existe.
 
Então, simplesmente, destrua suas crenças e penetre num estado de não crença. Eu não estou dizendo para você criar a descrença! Não crença não é descrença.
 
Permaneça em silêncio, completamente em silêncio, completamente sem imagens, vazio, com os olhos completamente limpos de qualquer poeira.
 
Com isso não estou condenando a crença – estou simplesmente explicando que crença é a barreira para se chegar a Deus.
 
A crença não é uma ponte, mas uma barreira. É a sua crença que está servindo de obstáculo entre você e Deus.
 
Se a crença é abandonada, imediatamente você está em Deus, você é Deus.
 
E por que existe alguma necessidade de acreditar? Você não acredita no Sol ou na Terra, acredita? Você sabe que a Terra existe, portanto, acreditar não tem sentido.
 
Você somente acredita em coisas que não conhece.
A crença vem a partir da ignorância. Buda não acredita em Deus, pois ele conhece Deus!
 
Você não conhece Deus, por isso você acredita. Se você continuar a acreditar, tome cuidado – você nunca virá a conhecer.
 
A crença simplesmente significa que você está ocultando sua ignorância. Em vez de destruí-la, você a está ocultando, decorando-a, fazendo-a um pouco confortável, conveniente e aceitável.
 
Você está preocupado por você não conhecer Deus, então você se apega a uma crença e se força a sentir que conhece. Ao repetir constantemente sua crença, você começa a criar um tipo de auto-hipnose: “Eu sei, eu acredito”.
 
Suas próprias palavras – “Muito fortemente eu acredito em Deus” – revela, que de modo algum você conhece Deus; do contrário, não haveria necessidade de força ou de crença!
 
Deus simplesmente é. Como você pode acreditar ou desacreditar?
 
Na verdade você nada sabe de Deus. É por isso que você está preocupado com o fato de eu condenar a crença. Sua crença deve estar se sentindo ameaçada.
 
E, se a crença se for, você novamente será ignorante – este é o medo.
 
Porém, este é o meu trabalho aqui. Desculpe-me, mas este é o meu trabalho aqui – torná-lo absolutamente como você é. Se você é ignorante, você é ignorante. É melhor ser aquilo que você é, pois somente a partir desta realidade autêntica você pode ser conectado com a realidade suprema.
 
Com suas falsas crenças... E todas as crenças são falsas. A crença como tal é falsa. Saber é verdadeiro, acreditar é falso.
 
Estou aqui para torná-lo novamente ignorante. Se você cooperar você se tornará novamente inocente. Sua erudição desaparecerá – e, nesse próprio desaparecimento, você encontrará, pela primeira vez, o mistério da vida dançando à sua volta, e a bênção deste mistério -  Deus!
 
Deus nunca pode ser um conceito, ser reduzido a uma ideia, uma crença.
 
Torne-se ignorante. Sabe-se de pecadores que alcançaram Deus, mas nunca eruditos. O pecado original é o do conhecimento.
 
E lembre-se sempre da história bíblica. Ela é uma das parábolas mais preciosas da história da humanidade. Adão foi expulso do jardim do Éden porque comeu da Árvore do Conhecimento. Seu pecado é seu conhecimento.
 
Você terá que vomitar seu conhecimento. Vomite a maçã! Torne-se novamente inocente e ignorante! E você estará atingindo a segunda infância – e afortunados são aqueles que podem atingir a segunda infância, pois através dela – e somente através dela – a pessoa se conecta com Deus.
 
Mas então não há crença. A pessoa sabe.
 
E lembre-se: saber e conhecimento são diferentes. O conhecimento consiste em crenças; o saber, em experiência.
 
 
Osho  
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