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domingo, 31 de janeiro de 2021

A SIMPLES ARTE DE VIVER
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/85/Bare_feet_on_the_grass%2C_in_Gantry_State_Park%2C_Long_Island_City%2C_NY_June_2013.jpg Da Roma antiga para os dias atuais
 
Felicidade Independente   
 
Das coisas que há no mundo, umas estão na nossa mão e outras não. Na nossa mão estão a opinião, a suspeita, o apetite, o aborrecimento, o desejo e, numa palavra, todas as obras que são nossas. Não estão na nossa mão o corpo, a fazenda, nem a honra (reputação), nem o senhorio, nem com efeito nenhuma das que não são obra nossa. As coisas que estão na nossa mão, de sua natureza são livres e senhoras sem impedimento nem embaraço. E as que não estão na nossa mão, de si são fracas, servis, embaraçadas e sujeitas.
 
Pois olha que, se tiveres por livre o que se sua natureza não o for, e por teu o que em efeito não o é, haverás de embaraçar-te, e lamentar-te, e queixar-te dos deuses e dos homens. Mas se só o que é teu tiveres por tal, e por alheio, como o é, o que não é teu, não haverá nunca quem te faça força; a ninguém acusarás; de ninguém te queixarás; nenhuma coisa farás contra tua vontade; não terás nenhum inimigo; ninguém te fará mal; nem receberás nenhum dano nem perda.
 
Se vires algum homem muito honrado, ou poderoso, ou por qualquer outra via engrandecido, olha que não te deixes levar por essas aparências e o tenhas por bem-aventurado; porque se a importância, e ser do sossego se puder ser no que está em nossa mão, nem a inveja, nem a emulação terão lugar em nada; e tu mesmo, antes que ser imperador, cônsul, ou senador, tomarias ser livre e senhor de ti mesmo: para o que há um só caminho, que é o desprezo de todas as coisas que não estão na nossa mão.
 
Traz sempre diante dos olhos a morte, desterros e tudo que se tem por trabalho, e mais que tudo a morte. E com isto nem terás nenhum pensamento baixo, nem desejarás nada com muita força.
 
Das coisas que servem ao corpo não se há de tomar mais de quanto convenha para o ânimo; como de comer, beber, vestido, e casa, e serviço: o que não serve senão de vaidade, ou de delícias, deita-o de ti.
 
Quando alguém te fizer mal, ou disser de ti, lembra-te que cuidava que fazia bem naquilo, e assim lhe pareceu; porque não pode ser que ele siga o teu entendimento, senão o seu. E se ele julga mal das tuas coisas, sua é a perda, pois que vive enganado. Porque se um julga a verdade por mentira, não é por isso ofendida a verdade, senão o que a não conheceu. Com esta consideração sofrerás com ânimo o que disser mal de ti, e a tudo dirás: assim lhe pareceu a ele.
 
Se a razão, que deve regular todas as coisas, é desregrada, quem a regulará a ela?
 
Saber Estar
 
És impaciente e difícil de contentar. Se estás só, queixas-te da solidão; se na companhia dos outros, tu os chamas de conspiradores e de ladrões, e achas defeitos nos teus próprios pais, filhos, irmãos e vizinhos. No entanto, quando estás sozinho, deves falar em tranquilidade e liberdade e te considerares igual aos deuses. E quando estás em companhia numerosa, não a deves chamar de turba aborrecida ou ruidosa, mas de assembleia e tribunal, dessarte aceitando tudo com contentamento.
 
Saber Pegar na Asa Certa 
 
Qualquer coisa tem duas asas: uma que nos permite a levemos connosco, a outra que tal intenção não nos facilita. Se o teu irmão tem mau feitio, não o chames a ti levando a mão à asa que se manifesta de modo errado. Por aí, é-te impossível levar a bom termo o teu propósito. Toma-o antes pela asa boa, pela mão que se não recusa à tua mão - e se te lembrares que ele é teu irmão, que foi amamentado contigo, logo verás que o podes chamar a ti.
 
 
Quem te Injuria não te Injuria 
 
Reconsidera o seguinte: quem te injuria não te injuria; quem te agride não te agride; quem te ultraja não te ultraja. Então quem te ultraja, agride e injuria? O juízo, o julgamento, a sentença de quem assim procede contigo - e também a tua opinião sobre o ato de que foste vítima. Assim, pois, quando alguém provocar a tua ira, sabe que essa tua opinião é que irado te torna. Sendo assim as coisas, não te precipites e doma as tuas ideias. Porque segura é uma coisa: se ganhares tempo e pausa a fim de ponderares o acontecido - então, facilmente, serás senhor de ti mesmo.
 
Ponderar as Dificuldades 
 
Face a qualquer ação, pondera os antecedentes e as consequências, e só depois, mas só depois!, começa a executá-la. Caso não procedas assim, grande será o teu ânimo no começo, dado que não cuidaste das dificuldades que a seguir se apresentam. Tempo depois, quando essas dificuldades, uma a uma, se apresentarem, abandonarás a tua tarefa de maneira vergonhosa.
 
A Opinião Distorce a Realidade 
 
O que perturba os homens não são as coisas, e sim as opiniões que eles têm em relação às coisas. A morte, por exemplo, nada tem de terrível, senão tê-lo-ia parecido assim a Sócrates. Mas a opinião que reina em relação á morte, eis o que a faz parecer terrível a nossos olhos. Por conseguinte, quando estivermos embaraçados, perturbados ou penalizados, não o atribuamos a outrem, mas a nós próprios, isto é, às nossas próprias opiniões.
 
 
A Verdadeira Afeição
 
- Como posso testemunhar a minha afeição?
- Como um homem de caráter, como um homem afortunado; pois a razão nunca exige que nos abaixemos, que nos lamentemos, que nos coloquemos sob a dependência de outrem, que nunca acusemos Deus nem um homem. É assim que quero ver-te testemunhar a afeição: na qualidade de um homem que quer observar essas prescrições. Mas se devido a essa afeição - qualquer que seja o sentimento a que chamas afeição - deves ser escravo e infeliz, não te é proveitoso mostrar-te afeiçoado.
 
As Nossas Dependências 
 
Coisas há que dependem de nós - e outras há que de nós não dependem. O que depende de nós são os nossos juízos, as nossas tendências, os nossos desejos, as nossas aversões: numa palavra, todos os atos e obras do nosso foro íntimo. O que de nós não depende é o nosso corpo, a riqueza, a celebridade, o poder; enfim, todas as obras e atos que de maneira nenhuma nos constituem.
 
As coisas que dependem de nós são por natureza livres, sem impedimento, isentas de obstáculos; e as que de nós não dependem são inconsistentes, servis, susceptíveis de impedimento, estranhas.
 
Tem em mente, portanto, o seguinte: se avalias livre o que por natureza é servil, e julgas decente para ti o que te é estranho, sentir-te-ás embaraçado, aflito, inquieto - e em breve culparás os Deuses e os homens. Mas se crês teu o que unicamente é teu, e por estranho o que efetivamente estranho te é, então ninguém te poderá constranger, nem tão pouco causar embaraços; não atacarás ninguém, a ninguém acusarás, nada farás contra a tua vontade; prejudicar-te, ninguém te prejudicará; e não terás um só inimigo - e prova disso é sobre ti a ausência de qualquer dano.
 
 
Saber Avaliar as Situações 
 
O que perturba os homens não são as coisas, mas os juízos que os homens formulam sobre as coisas. A morte, por exemplo, nada é de temível - e Sócrates, quando dele a morte se foi aproximando, de maneira nenhuma se apresentou a morte como algo de tremendamente terrível. Mas no juízo que fazemos da morte, considerando-a temível, é que reside o aspecto terrível da morte. Quando somos hostilizados, contrariados, perturbados, atormentados e magoados, não devemos sacar as culpas a outrem, mas a nós próprios, isto é, aos nossos juízos pessoais e mais íntimos. Acusar os outros das suas infelicidades é mera ação de um ignorante; responsabilizar-se a si próprio por todas as contrariedades é coisa de um homem que começa a instruir-se; e não culpabilizar ninguém nem tão pouco a si próprio, então, sim, então é já feito de um homem perfeitamente instruído.
 
O Caminho para o Sucesso é Incompreendido pelos Outros 
 
Se desejas ser bem sucedido, resigna-te, caro, face às coisas exteriores, por passar por insensato ou mesmo por tolo. Mesmo que saibas, não mostres qualquer saber; e se alguns te consideram alguém, desafia-te a ti próprio e desconfia de ti. Que saibas sempre, na verdade, que não é fácil de preservar a vontade em conformidade com a natureza, pois que, simultaneamente, sempre nos inquietamos com as solicitações do exterior.
 
Ora que fazer? Só uma regra necessária se impõe: quando nos ocupamos da vontade tendo a natureza por fundo (e nossa íntima intenção) só a uma coisa nos podemos obrigar - evitar qualquer desvio daquele nosso primeiro propósito.
 
 
A Sabedoria pelo Exemplo 
 
Nunca digas que és filósofo - e coíbe-te o mais possível de falar por máximas a pessoas vulgares. Pratica antes o que prescrevem as máximas. Por exemplo: não digas num festim como se deve comer, mas antes come como se deve comer. Que te lembres, em boa hora, como agia Sócrates: sempre fugindo da ostentação, acontecia que, quando pessoas o procuravam para serem conhecidas de filósofos, ele próprio tecia o elogio dos recém-chegados, e aos filósofos os apresentava, tal era o seu desejo de que não dessem por ele.
 
Se, entre pessoas vulgares, a conversa incidir sobre esta ou aquela máxima, mantém-te em silêncio sempre que possas. Pois, caso contrário, um grande risco podes correr: vomitar de súbito o que ainda não digeriste. E se alguém te disser «Tu nada sabes», e caso não te sintas ofendido por tal despropósito, que saibas começas a ser filósofo. Porque não é restituindo aos pastores a erva comida que as ovelhas lhes provam aquilo que ingeriram. Uma só coisa é verdadeira: uma vez que as ovelhas digeriram o pasto, elas oferecem ao exterior unicamente a lã e o leite. Assim, pois, não ostentes opiniões, através de máximas, entre pessoas vulgares: melhor será que lhes mostres, pelo silêncio, a sapiência que ao longo do tempo foste digerindo.
 
Nada Vence a Vontade 
 
A doença é um estorvo para o corpo, mas não para a vontade se ela não o desejar. O ser-se coxo é um estorvo para as pernas, mas não o é para a vontade. Assim pondera todo e qualquer acidente, e chegarás à conclusão de que o acidente estorva sempre uma ou outra coisa - e que só para ti, movido de vontade, não é estorvo de espécie alguma.
 
 
O Preço da Elevada Conduta 
 
Conduta e caráter do homem vulgar: nunca em si próprio busca proveito ou pena, antes se atém às coisas exteriores. Conduta e caráter do filósofo: todo o proveito e pena surtem do íntimo de si próprio.
 
Sinais daquele que evolui: não insulta ninguém, não louva ninguém, não se queixa de ninguém, não acusa ninguém, nada diz de si próprio como coisa importante - e nunca afirma saber o que quer que seja. Quando embaraçado e contrariado, só a si próprio se responsabiliza. Se o louvam, ri-se discretamente de quem o louva - e se o insultam, de nada se justifica. Comporta-se como os convalescentes, e teme enfraquecer o que se consolida antes de recuperar toda a sua firmeza.
 
Suprimiu em si qualquer espécie de vontade, e animosidades também: só faz pairar uma e outras sobre as únicas coisas que, contrárias à natureza, dependem de nós. Os seus arrebatamentos quase nunca o são. E caso o tenham na conta de estúpido ou ignorante - nenhuma inquietação o toma. Numa palavra: desafia-se a si próprio como se fora um inimigo de quem temesse várias armadilhas.
 
A Justa Medida 
 
As necessidades do corpo são a justa medida do que cada um de nós deve possuir. Exemplo: o pé só exige um sapato à sua medida. Se assim considerares as coisas, respeitarás em tudo quanto faças as devidas proporções. Se ultrapassares estas proporções, serás, por tal maneira de agir, necessariamente desregrado como se um precipício te seduzisse. O sapato é exemplo ainda deste estado de coisas: se fores para além do que o teu pé necessita, não tardará muito que anseies por um sapato dourado, por um sapato de púrpura depois, finalmente por um sapato bordado. Uma vez que se menospreze a justa medida, deixa de haver qualquer limite que justos torne os nossos propósitos.
 
 
Julgamento Precipitado 
 
Se alguém se banha rapidamente, não deverás dizer: «Não se saiu bem.» Melhor será que digas: «Foi rápido de mais.» Se alguém bebe muito vinho, não deverás dizer: «É um erro.» Melhor será que digas: «Bebeu muito vinho.» Antes de teres apurado a razão que levou alguém a proceder daqueles modos, como podes tu saber, em boa verdade, se alguém procedeu bem ou mal? E só deste jeito, ó caro, não correrás o risco de te pronunciar sobre situações falsas tendo-as como situações verdadeiras.
 
Perca Pragmática 
 
Em relação a qualquer coisa nunca digas: «Perdi-a»; diz, ao contrário: «Devolvi-a». Morreu-te o filho? Devolveste-o. Morreu-te a mulher? Devolveste-a. O teu campo foi roubado? Foi também devolvido. Mas quem o roubou é um miserável? Que te importa por quem o retirou aquele que to dera? Enquanto te deixam tais bens, toma conta deles como de um bem que pertence a outrem, como fazem os viajantes numa hospedaria.
 
 
Os Sentimentos em Perspectiva 
 
A propósito de tudo o que te afete os sentidos (ora de maneira agradável ou aprazível, ora pela sua utilidade, ora ainda por afeição ou amizade), não te esqueças de te interrogar sobre o que verdadeiramente é, por mais insignificante que te possa parecer o objeto eleito. Se uma panela tu prezas, não te coíbas de dizer para ti: «É uma panela que deveras me agrada». Porque, através desta maneira de proceder, de maneira nenhuma serás afetado caso ela um dia se parta. Se abraças o teu filho ou a tua mulher, tem sempre em atenção que mais não abraças do que seres humanos. Se um deles te morrer, e só assim, a perturbação não se apossará de ti.

Epicteto (filósofo grego estoico,
50 d.C.)
https://www.citador.pt

MÍSTICA DOS DOZE PASSOS

Experimentar o deserto na vida espiritual - A12.com  DÉCIMO PRIMEIRO PASSO - Procuramos através da meditação “não organizada”, melhorar nosso contato consciente com nossa realidade interna, procurando nos abster da prática de toda reação condicionada.

O homem, para fugir dos seus conflitos, tem inventado e organizado muitos métodos de “meditação”. Estes métodos têm por base o desejo, a vontade e a ânsia de conseguir algo, o que implica conflito e uma luta para chegar. Este esforço consciente, deliberado, realiza-se sempre dentro dos limites de uma mente condicionada e nesta não existe liberdade. Onde há esforço para meditar não pode haver meditação, pois o esforço é contrário à meditação.
 
A meditação vem com o cessar do pensamento e só então, se revela uma dimensão diferente, que está além das imagens, das palavras e do tempo.
 
A verdadeira meditação só pode ocorrer quando a mente está silenciosa. Não o silêncio que o pensamento pode imaginar, mas sim, o silêncio que vêm quando o pensamento – com todas as suas imagens, palavras e percepções – cessa completamente. É só a partir deste silêncio que a inteligência criativa pode ser despertada.
 
A meditação é o autoconhecimento, a observação de nós mesmos, momento por momento, em todas as nossas atividades – é estar atento a tudo, em nós mesmos, sem qualquer escolha, comparação, justificação ou recusa. É um estado onde há constante presença. É como a gota da chuva que alimenta a terra; sem ela, a terra seria um deserto. Sem a meditação, também o coração se tornaria um deserto, um lugar abandonado.
 
Meditar é ver se a mente, com todas as suas atividades, todas as suas experiências, todos os seus preconceitos, pode ficar inteiramente silenciosa, sem qualquer tipo de esforço da nossa parte. O ato de meditar está em procurar descobrir, em reparar, em escutar todos os movimentos do pensamento, os seus condicionamentos, seus interesses, seus medos, seus desejos, sua busca de segurança, está em observar como a mente funciona.
 
A meditação não é uma atividade de isolamento, ela é uma ação feita em todas as nossas atividades e não uma espécie de escapismo, de fuga. Ela é uma atividade pela qual conhecemos a ação condicionada do “eu” e sem esse conhecimento, a prática da meditação é de pouco significado. Esta meditação não pode ser aprendida através de terceiros. Temos de “começar” sem nada dela saber, e temos de ir sempre de mente aberta, sempre de inocência em inocência.
 
A meditação não é algo diferente da vida de todos os dias; não é nos isolarmos no canto escuro de um quarto, numa pratica contorcionista qualquer para meditar durante alguns minutos. Meditar é algo da maior seriedade e pode ser feito em todas as nossas atividades. A meditação está em observar tudo e ver a nossa reação e participação condicionada a isso. Quando assim meditamos encontramos nesse meditar uma liberdade extraordinária. Agimos com sanidade em todos os momentos; e se num dado momento cometemos um deslize, não importa. Tentamos novamente agir com sanidade e sem a tola perca de tempo com lamentações e sentimentos de culpa.
 
A meditação não está separada da vida de relação, ela faz parte dela. Meditar é percorrer o mundo do conhecido e libertar-se dele para penetrar no desconhecido. Meditar não é fugir do mundo, mas sim a compreensão da sociedade e todo seu condicionamento que pouco tem a nos oferecer, a não ser conflito e sofrimento. Meditar é recusar toda forma de condicionamento social: é optar por ser completamente “anônimo”. Então, ganhamos com isso uma nova maneira de viver completamente livre e repleta de sensibilidade e vigor. Então, descobrimos a capacidade de amar, que não é prazer. E, a parti daí, tem inicio uma nova vida de relação que não é fruto do conflito, da contradição, da busca do sucesso pessoal, poder e prestigio.

A meditação é aquela inteligência que, na mente, ilumina o caminho da ação correta, e, sem essa inteligência não pode haver a incondicionada capacidade de amar. Na meditação, o pensamento cessa e com ele cessa também a emotividade, pois, nem o pensamento e nem a emotividade é amor. Sem amor não se vive a essência, não se conhece o que é a verdadeira unidade. Sem amor há apenas cinzas nas quais se baseia nossa atual existência, nossa atual vida de relação. Só da plenitude do vazio, que é a essência do verdadeiro significado do anonimato é que pode surgir o despertar da inteligência, que em outras palavras, é amor.

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

MÍSTICA DOS DOZE PASSOS


DÉCIMO PASSO - Continuamos observando nossos pensamentos e sentimentos, isentos de qualquer julgamento, procurando sempre reconhecer possíveis fontes de condicionamentos.


Somos pessoas influenciáveis. Deixamos-nos influenciar com muita facilidade e estamos sempre prontos para aceitar as ideias sem a menor reflexão. Tememos perder nossa segurança psicológica e por causa disso estamos sempre ansiosos para seguir e obedecer todo aquele que diz que “sabe” ou que “experimentou” algo diferente da nossa própria realidade. A mente da maioria de nós está seriamente deformada, de modo que somos incapazes de ver as coisas diretamente, por nós mesmos, sem a interferência das ideias de terceiros. Em geral, nossas mentes estão dominadas por preconceitos e uma mente assim condicionada só pode produzir um modo de vida vazio, doentio, superficial e sem valor.

Parecemos prosseguir ano após ano, vivendo dentro de um mesmo padrão comportamental, dentro do mesmo molde ou prisão, adictos da agonia, do desespero, dos sentimentos de culpa, da vergonha tóxica, do medo, além do desejo de poder e prestigio. Assim, temos vivido deixando nos prender na imensa rede de condicionamentos da geração precedente.

Assim, todo aquele que deseja descobrir um modo de viver sereno, equilibrado e feliz precisa perguntar a si mesmo se é possível libertar-se dessa imensa rede de condicionamentos, desse modo de vida, dessa existência mecânica e superficial que só lhe oferece solidão, desespero, relacionamentos superficiais e constantes conflitos do cotidiano. Se desejamos descobrir uma maneira de viver que em si mesma contenha as sementes da nossa perdida integridade, precisamos nos libertar de toda forma de dependência emocional e da perniciosa influência de toda autoridade psicológica.

Desde a mais tenra idade temos sido vitimas de influências que pouco a pouco foram nos fragmentando e, por sua vez, essas fragmentações acabaram nos levando para vários tipos de isolamento. Fomos condicionados por vários tipos de ideologias, no entanto, nenhuma delas foi capaz de nos proporcionar um modo de vida realmente sereno, equilibrado e feliz. Nenhuma ideologia, por superior e grandiosa que fosse pode nos proporcionar esse estado de inocência, unidade e bem-estar comum. Isso só pode se manifestar quando não mais somos pessoas influenciáveis, quando não somos manipulados por qualquer tipo de autoridade psicológica. Onde existe seriedade não há espaço para a aceitação da autoridade, pois a autoridade impede que sejamos uma luz para nós mesmos. Se não formos uma luz para nós mesmos, seremos sempre pessoas de segunda mão, pessoas dependentes e incapazes de potencializar nossos talentos adormecidos. Essa nova maneira de viver só pode ser despertada quando ousamos ser uma luz para nós mesmos. Somente quando cada um de nós for sua própria luz, só então estaremos aptos para estabelecer autênticos relacionamentos, para saber o que realmente é o amor e para viver num estado de unidade e comunhão, com nós mesmos, com outro ser humano e a natureza em seu todo.

Mas, enquanto estivermos sendo psicologicamente influenciados por uma autoridade particular, seja a de um indivíduo, de um sistema de crença organizada, de um método, ou da própria experiência pessoal do passado, seremos impossibilitados de despertar a inteligência e com ela, esse estado de unidade e comunhão que é amor. Somente quando estamos de fato livres de toda influência psicológica é que somos capazes de comungar, de cooperar. Se buscamos por isso, precisamos ser verdadeiramente judiciosos, não aceitando a autoridade de ninguém, nem aquelas que nós mesmos cultivamos, baseadas em nossas experiências, nosso acumulo de conhecimento e em nossas numerosas conclusões. Só podemos despertar para um modo de vida livre de condicionamentos quando somos realmente livres.

Cada um de nós deve ser, para si próprio, tanto o afilhado como padrinho, tanto o discípulo como o mestre. Isso só se torna possível quando rompemos com as dependências, influencias e observamos, por nós mesmos, os acontecimentos cotidianos tais como são. Temos que despertar em nós essa nova maneira de viver. Isso não são meras palavras ou ideologias: temos de criar uma nova maneira de viver, onde, como entes humanos autônomos, não estejamos neste constante estado de conflito e insatisfação e onde cada um seja um individuo realmente livre. Porque somente nessa liberdade podemos estabelecer unidade em nós mesmos e consequentemente em nossa vida de relação. Portanto, precisamos estar inventariando sempre e rompendo as redes de condicionamentos que permitimos tecer em volta de nós, rede essa que nos impede de viver a vida de relação com toda sua intensidade. Caso contrário, continuaremos eternos prisioneiros desse atual modo de vida que produz tanta ansiedade, tristeza e isolamento.

É preciso despertar para essa inteligência capaz de nos tornar indivíduos livres, cheios de vitalidade, energia, clareza e intensidade. Isso pode parecer muito difícil, mas, a menos que esse despertar ocorra, continuaremos criando um mundo de relações disfuncionais, superficiais, geradoras de conflito e aflições sem fim.

Portanto, temos que devotar nossa mente e coração no trabalho de inventariar nossos condicionamentos e influências, para que, na própria percepção, os mesmos caiam por terra, sem esforço algum de nossa parte. Só podemos agir totalmente quando vemos nossos condicionamentos em seu todo, e não apenas fragmentos dos mesmos. Compete-nos descobrir por uma nova maneira de viver e de agir, que em sua essência traz a capacidade de amar. E, para esse descobrimento, não podemos fazer uso dos velhos instrumentos que possuímos: o pensamento, as emoções e a influência condicionadora da tradição. Temos manejado e utilizado por anos esses instrumentos e tudo o que conseguimos é o atual estado de confusão em que se apresentam as nossas vidas. Precisamos de uma nova mentalidade, depurada das experiências do passado. Em outras palavras: nossa crise atual não se encontra em nosso mundo de relações, mas em nossa consciência condicionada. A crise está na própria mente, na nossa mente, na nossa consciência. E, a menos que saibamos, por meio da meditação não organizada, como fazer frente a essa crise existencial, a esse desafio diário, tornaremos – consciente ou inconscientemente – cada vez mais confusos, aflitos, adictos dessa imensa angústia em nós já existente.

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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

 A U T O D O A Ç Ã O

Doando-se a Deus | Estudos Bíblicos Aprende a doar-te, se desejas atingir a prática legítima do Evangelho.

Pregador que se alça à tribuna dourada, derramando conceitos brilhantes, mas não se gasta nos labores que propõe é apenas máquina de falar, inconsciente e inconsequente. O verdadeiro aprendiz da Boa Nova está sempre a postos.

Se convidado a dar algo, abre a bolsa humilde e, recordando-se da parábola da viúva pobre, oferta o seu óbolo sem constrangimento. Se chamado a dar-se, empenha-se no trabalho, gastando-se em amor, consumindo as energias, recordando o Mestre na carpintaria nobre.

Há muita gente nas fileiras do Cristianismo que ensina com facilidade, utilizando linguagem escorreita, falando ou escrevendo, mas logo que é convocada a dar ou doar-se recua apressadamente ferida no amor próprio.

Prefere as posições superiores de mando, distante das honrosas situações do serviço. Pode ser comparada a parasitas em alta posição na árvore de que se nutrem, inúteis.

Em comezinhos exemplos, encontrarás, no quotidiano, o ajudar gastando-se.

A pedra que afia a lâmina consome-se no mister.

A grafite que escreve, desaparece enquanto registra.

O sabão que higieniza, dissolve-se, atendendo ao objetivo.

Em razão disso, não receies sofrer nas tarefas a que te propões.

São os maus que de ti necessitam, Os enfermos te aguardam e os infelizes confiam em ti.

Pede a ti mesmo algo por eles e, embora o teu verbo não tenha calor nem a tua pena seja portadora da fraseologia retumbante, haverá sempre muita beleza em teus atos e muita bondade em teus gestos quando dirigidos àqueles para quem, afinal, a Boa Nova está no mundo, recordando que Jesus, após cada pregação sublime, dava-se a si mesmo para a felicidade geral.

A estes oferecia a palavra de alento e paz.

Àqueles ministrava, compassivo, lições de vida e gestos de amor.  A uns abria os olhos fechados ou os ouvidos moucos. A outros lavava as mazelas em forma de pústulas ou recuperava a paz, afastando os Espíritos infelizes.

E a todos se doava, sem cessar, cantando a Boa Nova e vivendo-a entre os sofredores até a Cruz, que transformou em ponto de luz na direção da Vida imperecível.

 
Joana de Ângellis -  psicografada por Divaldo Franco

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 ANOTAÇÕES SOBRE O CARMA

Sonhar com agenda - Meu Sonhar  Observando Como Age a Lei do Equilíbrio

 
 Carlos Cardoso Aveline
 
Um estudante de filosofia esotérica deve ser honesto em todos os aspectos da vida. Este princípio básico inclui as questões que envolvem poder, liderança e ‘influência pessoal’.

Os mecanismos de egoísmo subconsciente estão sujeitos à lei do Carma. Eles devem ser identificados e neutralizados à medida que o peregrino avança pelo caminho do Conhecimento. O teosofista tem o dever de jamais sugerir de maneira sutil que possui um acesso a fontes de informação “exclusivas” ou “especiais”. Este tipo de insinuação constitui um truque desonesto para induzir pessoas a crença cega.[1]

A ilusão do “status” pessoal deve ser evitada. Qualquer estudante de filosofia que tente apresentar-se como um sábio estará causando problemas ao seu próprio Antahkarana. O orgulho e a vaidade, por mais disfarçados que sejam, impedem o funcionamento da ponte para o eu superior. Os sentimentos opostos do desânimo e da depressão têm o mesmo resultado. O bom funcionamento de Antahkarana anda junto com um sentido impessoal de equilíbrio e estabilidade.

Um verdadeiro instrutor espiritual não exagera a importância dos poderes de percepção obtidos pelos Iniciados. Ele destaca, isso sim, as imensas possibilidades que cada peregrino tem na medida em que fizer uma tentativa honesta de aprender por mérito próprio.

 
Os Sábios Estão A Serviço da Lei

Pesquisadores ingênuos podem supor que “não existe Carma a menos que haja um ser para criá-lo ou para sentir os seus efeitos”. É tarefa dos teosofistas desmascarar calmamente este tipo de ilusão, que leva à vaidade.

A palavra “carma” significa “ação e as suas reações”, ou “movimento no seu contexto”. O Carma, com sua influência bem-aventurada, está presente em todo lugar, o tempo todo. Ele faz com que as mais diversas coisas e seres mantenham um equilíbrio dinâmico ao longo de manvântaras e pralayas, ou seja, quando o universo está ativo e quando o universo dorme.

Não há nada fora da lei do carma. Nenhum trapaceiro ou espertalhão escapará dela. Deve ser evitada a fantasia infantil segundo a qual “os santos transcendem a necessidade de obedecer à lei”. Até mesmo as três leis de Newton, no plano físico, são apenas aspectos da Lei. Acima da atual humanidade, os mestres imortais da sabedoria eterna têm o privilégio de trabalhar como humildes servidores da Lei do Equilíbrio.

Em 2020, não era difícil encontrar algum teosofista desinformado escrevendo que “Carma é o ajustamento dos efeitos que fluem das causas”.

Na verdade, o carma vai muito além disso e é também ação original. O tipo mais importante de Carma é o Carma novo que está sendo criado a cada momento presente.

Embora o Carma inclua um ajuste, uma adequação, o seu principal aspecto é sempre Novo. Quando ele ocorre no reino humano, ele depende do Livre Arbítrio individual. O sentido de auto - responsabilidade – ou seja, o sentimento equilibrado de autoria daquilo que fazemos – é a chave de ouro tanto para a ação correta como para a reação adequada.

O Carma é um campo unificado de causas e efeitos, no qual todas as coisas e seres constantemente se ajustam uns aos outros, e também atuam por sua própria iniciativa. Os seres agem e reagem de maneiras incontáveis, dentro de uma variedade imensa de ritmos e dimensões do espaço e do tempo. O Carma é uma rede ilimitada de causas interdependentes.

 
O Carma e o Tempo

À medida que um ciclo avança, o Carma se torna relativamente imprevisível no modo exato como irá eliminar as velhas formas e estruturas antigas, restaurando a justiça e estabelecendo outra vez a harmonia.

Tem sido dito, erradamente, que “O Carma não está sujeito ao tempo”. Na verdade o Carma e o Tempo são essencialmente a mesma coisa. Não estão separados nem são independentes um do outro. O Carma expressa a si mesmo ao longo do Tempo e através do Tempo. Podemos dizer que o Carma não está limitado ao tempo convencional externo; no entanto o Tempo e o Carma são inseparáveis. Não existe oposição nem existe distância entre eles. Saturno, por exemplo, é tanto o mestre do Tempo como o mestre do Carma. Ação e reação existem no tempo, e são a própria substância do Tempo.

Algumas pessoas, autoiludidas, podem pensar que o Carma é “incognoscível” para o estudante médio de teosofia. Talvez digam que o assunto está fora do alcance da compreensão das pessoas comuns. Na verdade, o Carma é a própria Vida. Todos têm algum grau de conhecimento sobre ele. “Nossa filosofia”, diz um Mestre dos Himalaias, “é preeminentemente a ciência dos efeitos pelas causas e das causas por seus efeitos, e (…) ela é também a ciência das coisas surgidas do primeiro Princípio”. [2]

A frase do mestre significa que a teosofia ou filosofia esotérica pode ser definida como a ciência que capacita as pessoas a estudar e conhecer a lei do Carma em sua dinâmica.

Pensar que um princípio filosófico tão fundamental como a Lei do Carma é “incognoscível” constitui na melhor das hipóteses uma fantasia infantil e não mais que isso. Só nas igrejas mais desorientadas – e não em uma escola de filosofia – os indivíduos podem ser estimulados a acreditar, ao invés de pensar, e talvez sejam induzidos a considerar como “incognoscíveis” os princípios básicos que guiam e regulam a vida do universo.

 
O Conhecimento do Carma

Desde o ponto de vista teosófico, não faz sentido imaginar que haja alguma separação entre sábios e não-sábios. O primeiro passo para a sabedoria consiste em perceber que a unidade é mais importante que as diferenças.

Um teosofista ingênuo talvez pense que a ação do Carma pode ser “calculada” por quem deseja conhecê-la. Na verdade, a ciência da Teosofia não consiste em calcular com astúcia alguma coisa. A ciência teosófica consiste principalmente em produzir bom Carma. Através da ação correta, aprendemos. A melhor maneira de “conhecer” o futuro é construir de fato o futuro desejado, e isso se faz através de ações sábias e fraternas.

Quanto aos obstáculos que a humanidade deve enfrentar, um Mestre de Sabedoria deixa claro na carta 88 de Cartas dos Mahatmas que não existe mal, na realidade, exceto aquele que é criado pela imaginação humana. O verdadeiro obstáculo é a ignorância. [3]

Aqueles que ainda não estudaram adequadamente a teosofia podem pensar que “o Carma desta Terra e da nossa humanidade atual começou em um passado tão longínquo que as mentes humanas não podem alcançá-lo”, e que por isso investigar o seu início “é inútil e não vale a pena”.

A ideia é notavelmente falsa e estimula as pessoas a optar pela preguiça mental. O começo da vida do planeta em que estamos é um dos temas principais de “A Doutrina Secreta” e uma prioridade para todo estudante de teosofia clássica. Cada reencarnação individual está intimamente ligada aos ciclos planetários e cósmicos e precisa ser compreendida no seu contexto mais amplo.

O estudo das origens e do futuro da humanidade, tal como descritos em “A Doutrina Secreta”, é portanto uma tarefa essencial para quem deseja compreender o carma e o dharma da vida humana.

 
Como o Carma se Expressa

Afirma-se em círculos semiteosóficos que o Carma só pode atuar na vida dos mundos, das nações, e dos indivíduos quando há “instrumentos apropriados” para a sua ação. Na verdade, o Carma atua o tempo todo através de qualquer tipo de “instrumento”. Tudo o que existe expressa o Carma, embora pensar que seres e objetos são apenas “instrumentos do Carma” seja uma ilusão.

Por outro lado, o Carma amadurece em seu próprio ritmo.

Não há uma separação radical entre o Carma maduro – o Carma com que devemos lidar no tempo presente – e o Carma novo (ou acumulado) que ainda deve amadurecer.

O processo pelo qual o Carma amadurece e se expressa ativamente é com frequência bastante lento e gradual. No entanto, ele tem os seus momentos de mudança súbita e transfiguração rápida.

O Carma que ainda não amadureceu tem um grau de influência “quase imperceptível” mas real sobre os acontecimentos do tempo presente. Uma espécie de “osmose” ocorre desde o início.

 
O Carma Que Está Sendo Plantado Agora

Mentes superficiais veem o Carma como algo que se deve “colher”. Na verdade, os seres humanos não só confrontam as consequências do que fizeram anteriormente. Eles também criam Carma, ou Destino. A produção de Carma novo – à medida que os humanos agem e reagem – é muito mais importante que o “destino” que colhem. Esta é a razão pela qual a Ética e a sinceridade são partes essenciais da ciência que estuda a Lei.

A Ética é a arte de plantar bom Carma.

Os patifes espertalhões não têm chance. Ninguém engana a Lei do Universo. É plantando o carma da sinceridade e da sabedoria que o peregrino se liberta da sua dolorosa herança de ilusões e ignorância.

 
A Alquimia das Intenções

Provavelmente a tarefa mais importante do peregrino, em relação à Lei do Carma, seja melhorar a qualidade e aumentar a nobreza das suas intenções, nos diversos níveis de consciência. As metas do aprendiz, nos diversos planos da sua existência, criam a cor dominante do seu Carma e definem a direção geral em que ele avança.

À medida que o seu esforço se desenvolve, é necessária uma constante alquimia. Ele precisa ver sem medo as suas falhas e ilusões, e transformar em consciência e sabedoria a energia que foi antes colocada nos erros. A ação alquímica é desenvolvida combinando um severo exame dos fatos com um desapego incondicional em relação às questões pessoais.

O poder e a energia dos compromissos sagrados elevam a alma do estudante e fortalecem as suas intenções nobres. [4]

Os instrumentos físico, emocional e mental do peregrino são as ferramentas através das quais ele pode interromper o processo cármico de ignorância e cumprir o dharma e o dever do aprendizado da Lei.

Os seus veículos de ação e de percepção são ao mesmo tempo adequados e limitados. Eles são melhorados através da prática da ação altruísta; mas tornam-se menos eficientes quando a intenção sofre de fraqueza moral.

Não existe uma verdadeira luta ou oposição entre justiça e compaixão.

Estes dois elementos da caminhada são aspectos diferentes da mesma sabedoria. Bondade e severidade, disciplina e liberdade são fatores inseparáveis. [5]

Na medida em que o estudante de filosofia esotérica compreende o Carma, ele começa a deixar de lado o egoísmo daqueles que dão importância exagerada aos seus próprios instrumentos de ação e percepção. O peregrino passa a esquecer de si mesmo no trabalho pela humanidade. Ao fazer isso, descobre espontaneamente a melhor maneira de controlar e usar os seus próprios instrumentos de percepção, nos planos físico, vital, emocional, e no plano das ideias.

O “egoísmo espiritual” só pode produzir ilusão, pelo simples fato de que nele a intenção é distorcida e, como resultado inevitável disso, a direção em que o egoísta “espiritualizado” avança é feita de autoengano.

As raízes do egoísmo são subconscientes. Elas ocultam-se do campo de visão do olhar bem-intencionado, durante o processo de auto-observação, e raramente são muito fáceis de identificar.

Onde está a chave da vitória? O próprio fato de que o peregrino adota uma causa nobre como motivo e meta centrais em sua vida faz com que aconteça um processo probatório de purificação e de aperfeiçoamento dos vários aspectos da sua consciência.

Então a aura do aprendiz muda. [6] O processo de aprendizagem não será confortável, mas ensinará ao estudante sincero as lições necessárias em altruísmo e discernimento.

 
Como Avaliar o Carma

Teosofistas mal informados alimentam diversas ilusões, inclusive aquela que afirma:

“Só um grande sábio e um verdadeiro vidente podem julgar o Carma de outra pessoa”.

Na verdade, ninguém é capaz de tomar qualquer decisão firme, exceto com base em um julgamento. Todos devemos julgar e avaliar as ações das pessoas que nos rodeiam, assim como nossas próprias ações, e fazemos isso inevitavelmente. Antes de julgar e decidir, no entanto, é recomendável examinar com cuidado os diferentes lados da realidade.

As opiniões superficiais e os julgamentos que surgem da preguiça mental devem ser evitados. Cabe estar disposto a reexaminar nossos pontos e vista e julgamentos anteriores. Paulo, o apóstolo cristão, está correto ao recomendar em sua Primeira Epístola aos Tessalonicences:

“Examinem e testem tudo. Preservem o que é bom. Abstenham-se de todo mal.” (Capítulo 5, versos 21-22)

E há um texto que afirma:

“Julgar e avaliar é o que fazemos antes de tomar decisões. Toda decisão tem como base algum tipo de julgamento. É inútil, portanto, fingir para nós mesmos ou para outros que não julgamos pessoas e situações. Fazemos isso o tempo todo. No entanto, a ideia de julgar inclui o dever de ser justo e equilibrado. Julgar e avaliar nos convida a prestar atenção aos fatos, a ter respeito pela verdade, e isso é benéfico – em primeiro lugar – para nós mesmos.” [7]

 
O Carma dos Cataclismas

Os cataclismas sociais e geológicos expressam os altos e baixos da condição moral da humanidade: as civilizações são provisórias e passageiras. Este é um princípio universal, ensinado na Torá judaica, na Bíblia cristã, no “Wen-tzu” taoista e outras escrituras. Um artigo de Damodar Mavalankar aborda o tema de modo especialmente útil. [8] As Cartas dos Mahatmas examinam o assunto, e um Mestre de Sabedoria escreveu:

“Quando a [humanidade atual] houver alcançado o seu zênite de intelectualidade física, e desenvolvido a civilização mais elevada (lembre da diferença que nós estabelecemos entre civilizações físicas e espirituais), incapaz de elevar-se em mais nada em seu próprio ciclo, seu avanço em direção ao mal absoluto será interrompido (…) por uma destas mudanças cataclísmicas; sua grande civilização será destruída (…) depois de um curto período de glória e aprendizado.” [9]

Não há uma data pré-estabelecida para que a queda ocorra. Até lá, o dever de todo cidadão de boa vontade é trabalhar pelo melhor. O bom senso indica que a meta da humanidade é obter conhecimento espiritual e consciência ética, enquanto evita a dor desnecessária.

O sofrimento que ainda não ocorreu pode ser evitado, segundo os Aforismos de Ioga de Patañjali esclarecem no livro II, aforismo 6. A dor futura pode ser pelo menos reduzida. O modo de fazer isso é combatendo as suas causas. A origem do sofrimento está na ignorância ética e espiritual.

Em qualquer época e independentemente das circunstâncias, um peregrino pode lembrar da filosofia estoica de Epicteto e realizar ações corretas dentro do que lhe é possível.

A salvaguarda do peregrino é a sua afinidade cármica com a sabedoria eterna. A compreensão da lei da fraternidade universal coloca-o em contato com a fonte mais autêntica da bênção e do contentamento interior.

 
NOTAS:

[1] Sobre as estruturas de poder em associações que possuem um ideal elevado, veja o artigo “Quatro Ideias Para um Poder Solidário”.

[2] Veja as primeiras linhas da Carta 88 de “Cartas dos Mahatmas”. O texto está publicado nos websites associados sob o título “Mestres Ensinam Que Não Há Deus”.

[3] Veja “Mestres Ensinam Que Não Há Deus”.

[4] Veja por exemplo os artigos “As Sete Cláusulas de um Compromisso”, “Comentários à Escada de Ouro” e “Como se Fortalece uma Decisão da Alma”.

[5] O tema é examinado no artigo de Robert Crosbie “A Lei do Carma e a Compaixão”.

[6] Leia “O Que é a Aura Humana”.

[7] Do artigo “A Arte de Julgar Pessoas”.

[8] Veja “A Ética Humana e os Terremotos”.

[9] Carta 93-B, resposta à pergunta número cinco, página 120 no volume II de “Cartas dos Mahatmas” (Editora Teosófica, Brasília, 2001)

https://www.filosofiaesoterica.com
 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

MÍSTICA DOS DOZE PASSOS


NONO PASSO - Rompemos com a nossa dependência psicológica de tais instituições e pessoas através da compreensão da disfunção proveniente dos condicionamentos das mesmas.


Sem a percepção de que a dependência das ideias, opiniões e juízos de terceiros, de que a veneração de pessoas, líderes, dos exemplos, geram condicionamentos, e portanto, fragmentação e conflito, não há como se experimentar um estado de liberdade, de unidade interna e bem-estar comum, onde não existe o medo e a inadequação; verdadeiros combustíveis de nossos específicos comportamentos dependentes. Nosso problema central não está na libertação de um padrão de comportamento especifico, mas sim, na completa e absoluta libertação pessoal do governo do condicionado pensamento compulsivo.
 
Precisamos descobrir por nós mesmos o que é viver neste mundo em total liberdade psicológica, sem nos isolarmos “neuroticamente” da vida de relação numa “torre espiritual” criada pelo nosso pensamento condicionado.
 
Aceitar a necessidade de sistemas, programações, métodos e autoridades é um dos nossos maiores obstáculos, o qual impede a ação do despertar da inteligência. Somente a liberdade proveniente do despertar da inteligência pode dar à vida um novo significado. Mas, para que isso possa ocorrer, precisamos desenvolver a energia da mente aberta, tão necessária para poder olhar holisticamente; quer dizer, olhar com a mente e o coração e não com os olhos cheios de medo gerados pelo pensamento condicionado. É o pensamento condicionado que gera o medo que nos impede um novo olhar. O pensamento condicionado diz: “Se você olhar, poderá criar uma enorme confusão em sua vida” (como se ele já não estivesse vivendo em total confusão). É o pensamento, portanto, que gera o medo e impede o percebimento da verdade de que nenhum sistema, programação, método, “agente exterior” pode verdadeiramente nos libertar.
 
Somos adictos. Esse é um fato que precisa ser visto com toda intensidade do nosso ser. Precisamos ver a própria palavra “adicção” [dependência], não de forma fragmentada, mas, totalmente. Somos muito mais do que adictos de um padrão comportamental especifico, somos adictos de uma forma de pensar condicionada que nos rouba a liberdade da vida de relação. O que precisamos recuperar é a nossa liberdade original, nossa inocência que em sua essência é inteligência. Liberdade de um padrão especifico de comportamento não é liberdade em absoluto – é apenas mais um condicionamento.
 
Não somos pessoas realmente livres; levamos uma pesada carga de condicionamentos que nos foram impostos pela cultura em que vivemos, pelo ambiente familiar e social, pelos sistemas de crença, etc. 
 
E por estarmos condicionados, somos adictos. Por estarmos condicionados levamos uma vida fragmentada, sem unidade interna e externa. Nosso viver cotidiano, nossos pensamentos diários e aspirações, nosso terrível desejo de aperfeiçoamento, sempre embasado em comparações, nos fragmenta ainda mais. Esse condicionamento, essa fragmentação não só nos faz pessoas egocêntricas, mas também, pessoas isoladas, divididas, incapacitadas para manter relacionamentos onde seja presente uma verdadeira intimidade.
 
Não somos pessoas livres, somos adictos, dependentes. Na situação em que nos encontramos, condicionados, moldados por tantas influências, pelas repetitivas propagandas, pelos livros que lemos, pelo cinema, pela TV, pelo rádio, pelas revistas – com tudo isso a nos martelar e moldar a nossa mente – não temos a mínima condição de saber o que vem a ser a verdadeira liberdade do ser humano.
 
Nossa maior recuperação está na verdadeira liberdade, sem a qual, não há amor, somente ciúme, ansiedade, medo, controle, busca de prazeres imediatos. Sem a liberdade, não pode haver clareza da visão incondicionada e sem esse tipo de visão não há a possibilidade da sensibilidade à beleza.

Portanto, é preciso não se identificar com aquilo que vem do pensamento condicionado, isento da ação da inteligência. Existe uma inteligência a ser despertada. É preciso apenas observar com atenção e energia; encontrar os olhos para ver, pois o próprio ver é agir. O próprio ver é ação imediata.

http://pensarcompulsivo.blogspot.com 
É IMPORTANTE ELEVAR 
A NOSSA VIBRAÇÃO ENERGÉTICA
Menos estresse e mais memória; 7 benefícios do contato com a natureza -  15/09/2018 - UOL VivaBem 
Esta é uma das razões pelas quais os monges entoam mantras.
 
Exemplos de como vibrações baixas de energia podem controlar nossas vidas. Questões a se perguntar:

Você tem relações amargas em sua vida, como um ex-amigo, um pai, irmão ou um parente?
 
Você já se sentiu desprezado em um relacionamento ?
 
Você tende a olhar para as pessoas com medo ou defensivamente ?
 
Você se sente deprimido ?
 
Você perdeu a fé na humanidade ?
 
Você sente que não há nada que possamos fazer para os 'poderes' pararem de nos controlar ?

É hora de escolher os nossos caminhos.

Há muitas maneiras simples e gratuitas para elevar as nossas vibrações energéticas, aqui estão apenas algumas:
 
 
1. Medite – Muitas das pessoas que dizem não ter tempo para meditar encontram tempo para assistir TV.
 
2. Saia na natureza – Faça uma caminhada ou plante um jardim ou um canteiro de flores !
 
3. Pare de ver TV – Medite ! Ou simplesmente faça outra coisa que lhe dê um retorno positivo de energia.
 
4. Brinque com seus animais de estimação – Os nossos animais de estimação nos dão uma lição do amor incondicional que sempre eleva as nossas vibrações.
 
5. Assista crianças brincarem – Tente lembrar-se do fascínio de experimentar as coisas pela primeira vez ou a inocência da infância.
 
6. Exercite-se – Contanto que você possa fazê-lo, em seguida faça uma caminhada na natureza e você terá dois benefícios ao mesmo tempo !
 
7. Perdoe a si mesmo e aos outros – Nenhum de nós é perfeito e há aqueles que tanto nos feriram ou que nós ferimos, perdoe-os, mas também lembre-se de perdoar a si mesmo.
 
8. Expresse gratidão – Seja grato pela beleza que o rodeia, mesmo que seja uma pequena árvore no meio de uma grande cidade, seja grato pela refeição que você está prestes a comer e abençoe tudo o que tem entrado em sua vida, incluindo algumas das coisas negativas que acabaram sendo maravilhosas lições de vida que expandiram o seu crescimento espiritual.
 
9. Enfrente seus medos e veja-os como uma oportunidade para evoluir espiritualmente – Temer alguma coisa sempre provoca uma emoção negativa, existem razões pelas quais esses medos continuam vindo em nossas vidas, quando enfrentamos nossos medos eles desaparecem pois eram mais uma das nossas lições de vida.
 
10.Compre alimentos orgânicos e expresse gratidão antes de comê-lo – O alimento orgânico tem mais nutrientes do que os transgênicos fazendo com que você aumente a sua energia física que por sua vez vai aumentar suas vibrações espirituais, especialmente se você abençoar ou expressar gratidão antes de ingerir sua comida.
 
11. Faça coisas engraçadas ou esteja com pessoas que fazem você rir – O riso é uma energia vibracional muito elevada mesmo se estamos rindo de nós mesmos !
 
12. Peça aos seus guias espirituais e anjos da guarda por ajuda e orientação – Seus guias espirituais e anjos da guarda estão aguardando ansiosamente o seu pedido de ajuda, então peça-lhes orientação, assistência, proteção e direção a cada dia !

 
Além disso, por favor mantenha isso em mente: Você é perfeito/perfeita exatamente do jeito que você é, não importa se você é deficiente ou tem excesso de peso ou qualquer outra coisa que a sociedade considera como sendo diferente da norma, você é linda/lindo e perfeito/perfeita do jeito que você é !

Bruce Lipton observou que se uma pequena porcentagem da população se tornar mais coerente no seu processo de pensamento, pode alterar todo o campo e mudar a manifestação, levando a evolução da humanidade, isso significa que nossos pensamentos são mais poderosos do que poderíamos imaginar !

Em um artigo publicado em 1976 observou-se que quando 1% de uma comunidade praticava meditação transcendental, então a taxa de criminalidade era reduzida em 16% em média, neste momento o fenômeno foi chamado de efeito Maharishi.

Estamos em um período de tempo em que os pensamentos positivos e energias são mais necessários do que nunca, embora possa parecer que quem está no poder vai continuar a nos manter vivendo em tirania e opressão, por favor, lembre-se que todos os impérios finalmente colapsam e isso já está acontecendo diante dos nossos olhos através de inúmeras revoluções em todo o mundo, tudo o que está acontecendo nos noticiários agora só vai despertar mais pessoas que por sua vez irão criar vibrações mais elevadas que acabarão por derrubar todos os regimes atuais em favor de um mundo que será baseado na coexistência pacífica.

Com o tempo, vamos olhar para trás nos dias de hoje e seremos gratos pelas inúmeras oportunidades que tivemos para evoluir espiritualmente, mas sempre praticando e mantendo as vibrações de energias superiores, pois elas serão a base de tudo o que está vindo em nossa direção !

https://portal2013br.wordpress.com

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

AUTOILUMINAÇÃO

Autoiluminação: como trazer luz à alma 

O grave compromisso para aquisição da autoiluminação é um empreendimento de curso demorado, que exige ingentes esforços e culmina, vezes sem conto, em sacrifício pessoal dos interesses inferiores.

A decisão tomada para o mister impõe perseverança e coragem permanentes.

Hábitos profundamente arraigados, oriundos de existências passadas, caracterizados pelo egoísmo e toda a sua malha de cruéis tentáculos, conhecidos como as imperfeições morais, tornam-se repetitivos, e fazem-se necessários de erradicação total.

Somente quando o indivíduo identifica-se como ser imortal, é que se resolve pela alteração do comportamento e a eleição de diretrizes realmente legítimas para a conquista da felicidade.

Quando deambula pelas trilhas do materialismo, nenhum estímulo experimenta para a empresa autoiluminativa, por estar convencido da sua pouca utilidade, por verificar o triunfo do crime e da indiferença pelos valores éticos existenciais.

Conhecendo, porém, a realidade do Além-túmulo, compreende que, no prosseguir da vida após o decesso celular, as experiências e ações vivenciadas ressumarão em efeitos equivalentes. Conforme foi vivida a caminhada terrestre, assim prossegue além do corpo.

Já não dispondo das possibilidades orgânicas para fruir os prazeres a que se acostumou e nos quais se comprazia, as emoções superam as antigas sensações que são diferentes na sua estrutura e no seu conteúdo.

Defluentes da conduta permitida, verifica os prejuízos que se causou, ao constatar que foram perversas e desrespeitosas aos demais suas atitudes, então a culpa se lhe instala na consciência, que o aturde, envergonha e infelicita.

Sem dúvida, o Tribunal divino encontra-se instalado nos refolhos da consciência que analisa os acontecimentos e apresenta a outra face, a desconhecida, aquela que seria a correta, a desejável, não mais possível de a viver.

Desespero rude toma-lhe conta do ser e sente-se transtornado, em luta para livrar-se do conflito íntimo que o constringe e o desencanta.

Não raro, pode isso acontecer antes da desencarnação, por amadurecimento psicológico, e a existência perde o encantamento, as motivações para prosseguir, por efeito da angústia que se fixa nos painéis mentais e emocionais, multiplicando os tormentos íntimos.

Retidão moral é, pois, o caminho seguro para todo aquele que anela pelo futuro de harmonia pessoal, seja espiritualista, agnóstico ou ateu.

Não importa a crença que tenha ou a não crença que adote, pois que o importante é a consciência da própria vida.

O bem é conquista inalienável para o equilíbrio emocional e para a paz consigo próprio.

Não duvides da excelência da jornada terrestre saudável.

A vida prossegue além da morte, creia-se ou não. Na dúvida, permite-te a opção dos atos dignificantes que te farão bem em qualquer circunstância.

Quando alguém predispõe-se à autoiluminação, a sombra atemoriza-o, as condutas reprocháveis intentam manter-se e ele debate-se nas dificuldades e nos desafios das novas tentativas.

Resiste às induções nefastas.

Observa quanto alegre e renovado permaneces, quando não te permites necessidade de reparação, de arrependimento das ações praticadas.

Harmonias internas vibram no pensamento e somatizam-se no organismo.

A mente liberta-se das ideias turbulentas e alça-se a patamares mais elevados, que proporcionam a visão gloriosa do existir, enquanto viceja o bem-estar, que se transforma em amor a tudo e a todos.

Talvez tropeces e tombes nos velhos hábitos durante o processo libertador. É natural que aconteça. Logo após, recomeça, refaze a atitude e não desanimes.

Fatores existenciais e espirituais conspirarão contra a tua decisão de ascender aos páramos da luz.

Toda vez quando alguém se destaca no grupo social e torna-se visível, chama a atenção, desperta reações diversas, nem sempre favoráveis ao projeto de enobrecimento.

A tua é uma aquisição pessoal legítima que te premiará de ventura.

Não esmoreças, mesmo que acoimado por conflitos de vária ordem.

Ao experimentares o tentame iluminativo, notarás quanto necessário se te faz o prosseguimento.

A atualidade terrestre está assinalada pelos paradoxos da cultura, da tecnologia, mas também da violência, do medo, da exaltação do crime e do terrorismo.

Não estranhes esse temporário transcurso do processo evolutivo. Pelo contrário, experimenta a alegria de ser diferente pela transformação que estás operando em teu mundo interior.

A tua metamorfose não passará despercebida e servirá de encorajamento para que outros indivíduos que aspiram pelo bom e pelo belo sintam-se estimulados a adotar o teu exemplo.

O mal cansa, depaupera, crucifica aquele que se permite cultuá-lo.

Renasceste para triunfar.

Não te detenhas no pórtico da renovação moral. Avança e conquista-te.

Somente Ele, que superou todas as vicissitudes do mundo, poderia experimentar com serenidade a traição de um amigo, a negação de outro e o abandono de outros tantos, aceitando a crucificação...

...E apesar de todos os fatores negativos, perdoou-os e os elegeu para que prosseguissem, reabilitando-se e sacrificando-se em benefício da Humanidade.

Depois do Seu holocausto, não foram poucos aqueles que O imitaram e até hoje prosseguem no mister da autoiluminação. 

Joanna de Ângelis, pisicografia de Divaldo P. Franco 
http://www.caminhosluz.com.br
MÍSTICA DOS DOZE PASSOS

Os doze Passos sugeridos de Neuróticos Anônimos | O Jornalzinho 

OITAVO PASSO - Fizemos uma relação de todas as instituições e pessoas pelas quais fomos condicionados e das quais abrigávamos qualquer espécie de ressentimento.


A mente é um macaco pulando de galho em galho, em busca do fruto, na selva do condicionamento humano. Discutir sobre a libertação dos condicionamentos, sem a devida atenção, pode gerar até mais condicionamento. Temos sido condicionados desde a mais tenra idade, por pais, professores, escola, faculdade, universidade, local de trabalho, religião, amigos e vizinhos. Todos têm tentando fazer de nós uma outra pessoa, alguém que não podemos ser e por isso, muitos de nós chegamos a ficar emocional e mentalmente doentes. O fato de negarmos as nossas mais profundas necessidades interiores em favor de seguir as expectativas descabidas de terceiros é que nos deixou emocionalmente desequilibrados. As pessoas que detém algum poder sobre nós, não querem de modo algum que sejamos um individuo integro, centrado, autônomo e psicologicamente independente, porque um homem centrado em si mesmo não pode ser explorado, não pode ser escravizado, não pode ser manipulado. A família e a sociedade não têm permitido o florescimento de um estado de excelência humana, ao contrário, condenam todo aquele que estiver tentando levantar-se sobre os próprios pés, e aprecia tão somente o homem que se torna apenas um imitador. Eles não querem um ser humano pleno, mas sim, um ser humano condicionado, robotizado, onde naturalmente, sua inteligência criativa, sua potencialidade, jamais tenha a chance de ser despertada, pois desse modo garantem a continuidade de suas zonas de conforto.
 
Se quisermos ser pessoas realmente livres precisamos estar cientes de que o condicionamento é a própria raiz do medo; e onde existe medo, aí não há inteligência criativa. Precisamos inventariar o modo pelo qual fomos "programados" biologicamente, fisicamente, e, também, "programados" mentalmente, intelectualmente. Precisamos estar cientes de que fomos programados como um computador. Os computadores são programados por especialistas para produzirem os resultados que eles desejam. Muitos de nós fomos programados para seguir uma determinada religião, para defender uma nacionalidade, para seguir determinada profissão e assim por diante. Durante anos temos sido programados - para acreditar para ter fé, para seguir certos rituais, certos dogmas; programado para ser um homem de sucesso. Desse modo, nosso cérebro se tornou tal como um computador, embora não tão capaz, porque nosso pensamento é limitado e isso significa que não somos mais um indivíduo autônomo, psicologicamente auto suficiente, não necessitando de doações de fora.
 
Nunca investigamos a profundidade do condicionamento do pensamento coletivo, bem como, do nosso próprio pensamento: e porque nunca o questionamos, ele assumiu o governo da nossa vida. Ele é o tirano da nossa vida e os tiranos raramente são desafiados. O autoconhecimento brota quando observamos e compreendemos todos os nossos sentimentos e pensamentos, momento por momento, dia a dia. A totalidade dessa compreensão resolve os problemas da vida. O pensamento, sem dúvida nenhuma, é a reação daquilo que conhecemos. O conhecimento reage, e damos a isso o nome de pensamento. Se ficarmos alertas, conscientes do nosso próprio processo de pensamento, nos daremos conta de que o que quer que pensemos molda a mente; e uma mente moldada pelo pensamento deixa de ser livre, e por isso não é uma mente individual. O autoconhecimento não é um processo de continuidade do pensamento, mas de redução, de cessação do pensamento. O pensamento só pode terminar quando conhecemos o conteúdo total da pessoa que pensa; e assim começamos a ver como é importante ter autoconhecimento. A maioria de nós se contenta com o autoconhecimento superficial, com arranhar a superfície, com o bê-á-bá psicológico. Não adianta ler alguns livros de psicologia, arranhar um pouco a superfície e dizer que sabe. Isso é mera aplicação à mente daquilo que se aprendeu. Uma mente que acumula não pode aprender sobre si mesma e, portanto, nunca pode ser uma mente livre. Autoconhecimento não significa conhecer-se, mas conhecer a atividade do pensamento. Porque o ego é pensamento, a ideia. Portanto, é preciso observar cada movimento do pensamento, não deixando nunca que um pensamento passe sem se certificar do que ele é. Isso revigora o cérebro. O pensamento é medo, o pensamento é prazer, o pensamento é tristeza. E o pensamento não é amor. O pensamento não é compaixão. O pensamento é limitado porque o conhecimento é limitado e qualquer que seja a atuação do pensamento, o que quer que ele crie, tem de ser limitado.
 
Precisamos perceber através da meditação a totalidade de cada movimento do pensamento, sem jamais negá-lo ou tentar reprimi-lo; isto quer dizer, deixar cada pensamento "florescer" livremente: pois só em liberdade pode o pensamento "florescer" e terminar. A mente precisa estar quieta, saber o que realmente significa "estar quieta", estar verdadeiramente tranquila. E, nessa tranquilidade, existem várias outras formas de movimento que, para quem nunca refletiu a esse respeito, só verbalmente se podem descrever.
 
A menos que descubramos a natureza exata do pensamento, nos veremos sempre de novo enredados num sistema de vida que levará finalmente ao conflito, uma maneira de vida que é violência. A natureza exata precisa ser descoberta. Enquanto existir observador e coisa observada, haverá contradição, distância, intervalo de tempo, separação entre ambos, e o pensamento tem de existir. Enquanto houver observador e coisa observada, e, entre ambos, intervalo de tempo, distância, espaço - essa separação dará origem ao pensamento. Só quando o observador é o objeto observado, e não há observador nenhum, não há pensar, não há fragmentação, há então, tão somente, unidade.
 
Precisamos estar cientes de que o pensamento não é inteligência. A inteligência pode fazer uso do pensamento, mas quando o pensamento tenta apoderar-se dessa inteligência para uso próprio, ele se torna sagaz, danoso, destrutivo. A inteligência, pois, não é nossa. Não é mensurável. Ela é, com efeito, um estado de "não-existência". Inteligência é pensamento e sentimento em perfeita harmonia, e, portanto, a inteligência é a própria beleza, inerentemente, e não uma coisa para ser procurada. O que nos cabe fazer é, apenas, observar, estar cônscios de nossos atos, pensamentos, e "motivos", e descobrir se existe alguma possibilidade de transformarmos totalmente nossas tendências humanas, crenças e desesperos. Quando um problema se apresenta – se não há seriedade – a mente hesita, porque não percebe o pleno alcance desse problema. Ir de encontro ao verdadeiro problema que causa a preocupação, conhecer de onde se originou este problema, quais pensamentos fazem parte deste problema, permitir que a plena percepção do problema seja a solução do problema. Nessa meditação encontra-se o despertar da inteligência com seu estado de unidade e bem-estar comum, que é eterno e não um paliativo para situações momentâneas.
 
Para meditar, no sentido mais profundo da palavra, temos de ser íntegros, morais. Não se trata da moralidade de um padrão, de uma prática, ou da ordem social, mas sim da moralidade que brota naturalmente, inevitavelmente, suavemente, quando começamos a nos compreender a nós próprios, quando estamos atentos aos nossos pensamentos e sentimentos, às nossas atividades, desejos, ambições, etc. — atentos sem qualquer escolha, observando apenas. Dessa observação nasce a ação correta, que não tem nada a ver com conformismo ou com uma ação de acordo com um ideal. Então, quando isso existe profundamente em nós, com a sua beleza e austeridade na qual não há nenhuma rigidez — rigidez só existe quando há esforço — quando tivermos inventariado todos os sistemas, todos os métodos, todas as promessas e olhado para eles objetivamente, sem gostar ou não-gostar, então podemos nos abster de tudo isso completamente, para que a mente fique livre do passado; então podemos prosseguir na descoberta do que é meditação. A meditação exige a mais alta disciplina — não a da repressão e do conformismo — mas a que surge quando observamos o nosso pensamento. Essa mesma observação tem a sua própria disciplina, de uma sutileza extraordinária. E podemos fazê-lo em qualquer momento. A meditação consiste em observar, estar atento a tudo, ao que está acontecendo à nossa volta e ao que está acontecendo em nós mesmos – é estar consciente de todo o processo, do movimento total.
 
Ser inteligente é estar livre da ação do pensamento condicionado. O pensamento condicionado não pode resolver os nossos problemas, porque eles foram criados pela atividade do pensamento. E o nosso principal problema é produzir uma mudança fundamental, radical, revolucionária, psicológica. Sem essa revolução, torna-se impossível uma nova maneira de viver. Essa revolução vem com o cessar do pensamento. Para fazer cessar o pensamento é indispensável entender inicialmente o mecanismo do pensar. É preciso ir até o mais profundo do ser, compreender o pensamento como um todo. É preciso examinar cada pensamento; não deixar que algum deles escape sem ser plenamente compreendido; desse modo, o cérebro, a mente, todo o ser fica bastante atentos. E quando então se persegue todo e qualquer pensamento até o fim, até a extremidade de sua raiz, até a sua natureza exata, desse momento em diante, vemos que o pensamento cessa por si mesmo. Não é preciso fazer nada a respeito porque o pensamento é memória. A memória é a marca deixada pela experiência e, enquanto a memória não for compreendida de forma plena e total, continuará a deixar marcas. A partir do momento em que tivermos vivenciado completamente a experiência, esta não deixará marcas. Desse modo, se examinarmos cada pensamento e descobrirmos onde se situa a marca, e se permanecermos com essa marca, aceitando-a como um fato, esse fato irá desnudar-se e fará cessar esse processo particular de pensar, de maneira que cada pensamento, cada sentimento será compreendido. Então o cérebro e a mente se libertarão de um acúmulo enorme de recordações. Isso requer tremenda atenção interior, para cuidar que cada pensamento seja compreendido. Todos os problemas que enfrentamos hoje, tanto psicologicamente, como nas outras esferas, são o resultado do pensamento. E nós estamos alimentando o mesmo padrão de pensamento, e o pensamento nunca solucionará nenhum desses problemas. Há, contudo outro tipo de instrumento que precisa ser despertado: a inteligência criativa integrativa.
 
Infelizmente, para a maioria de nós, o pensamento se tornou demasiadamente importante. Para a maioria das pessoas, ter a mente vazia equivale a ficar em estado de estupor, de idiotia, ou coisa parecida, e nossa reação instintiva é de rejeitar tal estado. Mas, sem dúvida, a mente que é muito tranquila, a mente que não está sendo distraída pelo próprio pensamento, a mente que é aberta, pode encarar o problema de maneira muito direta e muito simples. É essa capacidade de olharmos nossos problemas sem nenhuma distração, que representa a única solução. Para tanto, é preciso que a mente seja muito tranquila, muito serena. Essa mente não é resultado, não é produto do exercício, de meditação organizada, de controle. Ela não nasce de qualquer espécie de disciplina, constrangimento ou sublimação; nasce sem esforço algum por parte do "eu", do pensamento; nasce quando compreendemos o processo total do pensar, quando podemos ver um fato sem distração alguma. Nesse estado de tranquilidade, da mente que se acha verdadeiramente silenciosa, existe inteligência. E só a inteligência pode resolver todos os nossos problemas. Somente a inteligência pode nos levar à um estado de bem-estar comum e de unidade interna e à descoberta do significado dos nossos conflitos. A inteligência começa a funcionar no momento em que se dá a agudez do sofrimento, quando a mente e o coração não mais procuram por mecanismos de fugas. Se cuidadosamente observamos, sem preconceito, vemos que enquanto existir uma fuga, não teremos solucionado, não teremos defrontado face a face o conflito e, portanto, o nosso sofrimento é mero acumulo de ignorância. Isto quer dizer que, quando cessamos de fugir pelos canais já bem conhecidos, então, ao se dar a agudez do sofrimento, principia o despertar da inteligência. E é somente quando a inteligência está funcionando plenamente que pode ter lugar a completa dissolução da causa dos nossos conflitos. Enquanto estivermos buscando soluções, enquanto buscarmos substituições, por causa e para alivio do conflito, tem que haver a identificação da mente com o passado. Se a mente estiver nesse estado de intenso sofrimento no qual todas as vias de fuga ficam bloqueadas, então a inteligência despertará, funcionando natural e espontaneamente. O despertar da inteligência acontece através do constante inventário do pleno valor de qualquer ambiente no qual nossa mente esteja presa.
 
É através desse inventário constante da validade dos ambientes que podemos nos tornar livres de todo o ambiente particularizado, uma vez que, desse modo, estamos funcionando de modo inteligente, o que impede de sermos condicionados, pervertidos e modelados pelo ambiente. A inteligência desperta pela ação do constante inventariar do ambiente e pela descoberta do verdadeiro significado desse ambiente. Para que ocorra o despertar da inteligência, nossa mente precisa estar livre de toda a espécie de tradição; caso contrário, ficamos completamente privados da verdadeira inteligência. A inteligência é um estado em que todo o nosso ser, a totalidade da nossa mente e das nossas emoções, estão integrados num só todo. Esse ente humano integrado é um ente humano inteligente, e não a pessoa que é "talentosa”. Para que possamos ser um ente humano inteligente, é preciso que ocorra uma completa revolução em nosso pensar. Ser um ente humano inteligente significa ser um ente humano sem medo, não limitado pela tradição, o que não implica que deva ser amoral.

É o inventariar constante e a autêntica insatisfação que fazem nascer a inteligência criadora; mas é extremamente difícil manter acesos a investigação e o descontentamento; a maioria das pessoas não querem que sejamos pessoas portadoras dessa espécie de inteligência, porque é muito desagradável conviver com alguém que está sempre pondo em dúvida os valores convencionais.

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