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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

E FICAMOS ENAMORADOS 


"Eu vivo naquela solidão 
que é dolorosa na juventude, 
mas deliciosa nos anos de maturidade." 
 (Albert Einstein)

 Parte IV

Nesse instante procure entrar num estado natural, um estado relaxado da mente tornando-se um silêncio, um ninguém, um vazio.
 
Quando digo para tornar-se natural estou simplesmente dizendo: pare de se tornar e caia e relaxe no ser. Você já está lá.
 
Então por que as pessoas não param e ficam andando continuamente em círculos?
 
Procure entender... As pessoas se tornaram muito habilidosas nisso e ninguém deseja abandonar sua habilidade, pois ela dá uma sensação de segurança, de força.
 
Existem milhões de pessoas no mundo que seguem repetidamente a mesma rotina porque se tornaram habilidosas.
 
Se elas mudam, no novo espaço elas podem não ser habilidosas – e elas não serão.
Assim,  ficam girando e se entediam mais e mais.
Não conseguem parar a si mesmas, e não fazem devido aos outros, pois os outros estão correndo ao lado. Se elas param, serão derrotadas. Esse é realmente um mundo maluco.
 
E então a pessoa se sente muito bem repetindo a mesma coisa continuamente.
 
A monotonia é muito consoladora. As pessoas desnorteadas por tanta mudança encontram alívio na monotonia.
 
É por isso que os adolescentes adoram percussão e alguns pacientes mentais repetem o mesmo ato ou palavra sem parar.
 
Você pode ir a um hospício e ver, e ficará admirado pelo fato de todos os loucos serem autores de algum tipo de mantra; eles têm os seus mantras.
 
Alguém lava continuamente as mãos – todos os dias apenas lava as mãos. Esse é o seu mantra, isso o mantém envolvido, ocupado, sem medo.
Quando interrompe essa atitude, surge a dificuldade.
 
Esse é todo segredo da meditação transcendental. As pessoas tem algo para repetir, monótona e continuamente; isso ajuda as pessoas.
 
Apenas o mesmo gesto, a mesma postura, o mesmo mantra. Você conhece perfeitamente bem esse território. Você fica se movendo nele e ele o mantém afastado de si mesmo.
 
A meditação transcendental não é meditação e também não é transcendental.
 
Ela é apenas um consolo; ela o mantém inconsciente de sua insanidade.
 
Assim, as pessoas ficam fazendo a mesma coisa que fizeram no decorrer dos tempos, em muitas vidas.
 
Observe a si mesmo: você se apaixona uma vez, então outra... Isso é meditação transcendental, o mesmo ato.
 
E você sabe que, da primeira vez, foi uma frustração; da segunda também; da terceira também... E você sabe de antemão que a quarta vez também vai ser uma frustração. Mas você não quer ver e investigar isso, pois se o fizer você é deixado só, sem nada para fazer.
 
Esse ato de apaixonar-se o mantém envolvido, andando, movendo-se. Pelo menos pode evitar e escapar de si mesmo.
E assim não precisa investigar a questão mais profunda: Quem é você?
 
Simplesmente deixe seu coração disponível, compartilhe...

Pois tudo retorna a sua fonte original.


Osho



" A solidão é para mim uma fonte de cura, 
que faz com que minha vida valha a pena ser vivida. Falar é muitas vezes um tormento para mim, 
e eu preciso de muitos dias de silêncio 
para me recuperar da futilidade das palavras".
(C.G. Jung)

 
 
E FICAMOS ENAMORADOS 



 Parte III



O ser humano natural é o ser humano consciente, desperto (iluminado).
Ser desperto (iluminado) é ser tão natural quanto os animais, as árvores e as estrelas, é não ter imposição sobre si mesmo, é não ter ideia de como se deveria ser.
 
O natural não precisa ser alcançado, ele já está presente e nunca foi diferente.
Para estar nesse estado – natural - simplesmente abandone essa mente conquistadora.
Você deve relaxar na consciência. Ela está disponível, desde o princípio ela está disponível, relaxe nela.
 
Uma pessoa consciente não é alguém que alcançou o degrau mais alto da escada.
As pessoas são subidoras de escadas;
Perceba que você precisa de uma escada, e ela pode estar no mundão ou no mosteiro, não faz diferença, mas você precisa de uma escada.
Onde quer que você possa encontrar um lugar, você simplesmente fixa a sua escada e começa a subir.
 
E ninguém pergunta: “Aonde você está indo? Aonde esta escada vai levá-lo?” Mas após um degrau há um outro, e você fica curioso: “Talvez algo esteja ali”, então você sobe mais um degrau e um outro degrau está esperando por você e você fica curioso e começa a se mover...
 
É assim que as pessoas se movem no mundo do dinheiro e da política. E não basta apenas se mover, você também deve empurrar os outros, pois muitas pessoas estão subindo pela mesma escada.
 
Você tem que puxar suas pernas e arranjar um lugar e um espaço para você; você tem de ser agressivo e violento. E quando há tanta violência e tantas pessoas brigando quem se importa aonde está indo?
 
Quando tantas pessoas estão interessadas, devem estar indo a algum lugar.
 
E se você refletir demais perderá a corrida. Então, não há tempo para pensar a respeito dela nem se perguntar: “Qual o sentido disso tudo?” Pensadores são perdedores.
 
Então, a pessoa não deve pensar e sim apenas correr e continuar correndo.
 
E a escada não tem fim – degrau após degrau...
 
A mente pode continuar a projetar novos degraus.
 
E quando você muda para um mosteiro isso continua. Agora existe uma hierarquia espiritual e você começa a se mover na hierarquia.
Você fica muito sério e recomeça a competitividade...
 
Esse é apenas um jogo do ego, e o ego pode fazer o seu jogo apenas no artificial. Sempre que você encontrar uma escada, tome cuidado – você está na mesma armadilha.

A iluminação, o despertar espiritual não é o último degrau de uma escada; o despertar é descer da escada, para sempre, e nunca mais pedir por nenhuma escada, tornando-se natural.


Osho


 

domingo, 30 de outubro de 2016

E FICAMOS ENAMORADOS


Parte II


O não natural exerce uma grande atração 
no ser humano.
 
 
Isso acontece porque o não natural é oposto a você, e o oposto sempre atrai - intriga - e está presente como um desafio. Você gostaria de saber...
 
É por isso que o homem se interessa pela mulher e vice versa.
 
É assim que as pessoas ficam interessadas e atraídas umas pelas outras: o oposto.
 
E o mesmo acontece na profundidade.
 
Seu ser natural parece já ser seu, então qual o sentido de agarrá-lo, de tê-lo? A pessoa deseja algo novo.
 
E você perde todo o interesse por aquilo que você tem.
 
É por isso que você está perdendo Deus, pois você já o tem.
 
Você está interessado no mundo, no dinheiro, no poder, no prestígio... Essas coisas você não tem.
 
Deus já está oferecido, Deus significa natureza. Quem se importa com a natureza? Por que pensar a respeito disso, quando em primeiro lugar você já o tem?
 
Você está interessado naquilo que não tem, e o não natural atrai.
 
E a pessoa fica atenta ao não natural e ao artificial e corre em direção a isso. De um estilo de vida não natural para outro estilo de vida não natural.
 
Tente perceber... Uma pessoa permanece artificial no chamado mundo – adquirindo dinheiro, poder e prestígio. E então, um dia, ela se torna religiosa, agora ela pratica Yoga, fica de cabeça pra baixo... 
 
Tudo asneira e disparate. O que você está fazendo aí de cabeça pra baixo? Você não pode ficar em pé? Mas ficar em pé parece tão natural que não tem atrativo.
 
Quando você vê alguém de cabeça pra baixo pensa: “Sim, ele está fazendo algo. Aqui está um Yogi de verdade”. E você fica atraído – ele deve estar ganhando algo que você não conhece, e você também gostaria de praticar isso.
 
As pessoas começam a fazer todos os tipos de coisas estúpidas, porém essas novamente são a mesma coisa, o padrão e a gestalt são os mesmos.
 
Perceba... Você estava ganhando dinheiro e agora está muito interessado no paraíso e na próxima vida; você estava interessado no que as pessoas pensavam de você e agora está interessado no que Deus pensa de você.
 
Você estava sendo antinatural, estava comendo demais, e agora começa a jejuar.
 
Perceba como a pessoa muda de uma atitude não natural para outra não natural. Você estava comendo demais, estava obcecado por comida, estava continuamente se empanturrando, então um dia você fica saturado e começa a jejuar – o que é tão contra a natureza como comer demais.
 
Ser natural está justamente no meio. Buda chamou seu caminho de “O Caminho do Meio”, pois ser natural existe justamente no meio, entre extremos opostos.
 
Ser natural não tem atrativo, pois significa que seu ego não será satisfeito de maneira alguma. E os seres despertos (Buda) estão pregando somente uma única coisa: ser comum, ser ninguém, ser natural.
 
 
 
 
Osho
 
 
E FICAMOS ENAMORADOS


Parte I


O ser humano pode viver de duas maneiras: a natural e a não natural.
 
A não natural exerce grande atração, pois é nova, não familiar e aventureira.
Jean-Paul Sartre disse: “o ser humano está condenado a ser livre”.
Este é o êxtase e a agonia do ser humano, porque com a liberdade, surge a escolha – a escolha 
natural ou não.
 
A primeira coisa a ser entendida é: o ser humano pode escolher. Ele é o único animal na existência que pode escolher, que pode fazer coisas que não são naturais – que podem ir contra ele mesmo, que pode destruir a si mesmo e toda a sua bem aventurança – que pode criar o inferno.
 
Quando digo que a pessoa pode viver naturalmente, quero dizer que ela pode viver sem aperfeiçoar a si mesma; a pessoa pode viver com confiança – e natureza é isso.
A pessoa pode viver com espontaneidade, sem ser um autor.
 
Natureza significa que não é para você fazer coisa alguma. Os rios estão fluindo – não que eles estejam fazendo algo. E as árvores estão crescendo – não que elas devam se preocupar com isso, pensar e planejar sobre flores, sua cor, sua forma... Tudo está acontecendo.
 
A criança que cresce no útero da mãe não está fazendo coisa alguma. E estão ocorrendo milhões de coisas. A criança não está sentada naquela pequena célula, pensando, planejando, se preocupando e sofrendo de insônia. Não há ninguém.
 
Entender isso é entender Buda – que coisas podem ocorrer sem você jamais se preocupar com elas As coisas já estão acontecendo, sempre. E, mesmo quando você se torna um autor, isso se passa apenas na superfície; no fundo as coisas continuam a acontecer.
 
Quando você está dormindo profundamente, acha que está tentando respirar? A respiração está acontecendo. E se você tivesse que ficar constantemente consciente do ato de respirar, ninguém jamais seria capaz de viver, nem mesmo por um único dia.
 
Você se alimenta e esquece completamente a comida e milhões de coisas estão acontecendo: o alimento está sendo digerido, alterado e transformado quimicamente. Ele se tornará seu sangue, seus ossos, sua medula.
 
Perceba... Quanto está acontecendo dentro de você sem absolutamente você querer fazer?
 
O fazer permanece na superfície. O ser humano pode viver na superfície numa maneira artificial, mas no fundo, no âmago, você é sempre natural.
 
Sua artificialidade se torna simplesmente uma camada sobre a sua natureza. Porém, a camada se espessa a cada dia – mais pensamentos, mais planos, mais atividades, mais fazer. Mais do autor, o ego... E cresce uma casca.
 
O fenômeno do autor, do ego faz com que você perca a natureza, com que você vá contra ela, se afaste dela.
 
Um dia você se afastou tanto que surge a esquizofrenia em seu ser. Sua circunferência começa a se desconectar do centro.
 
Esse é o ponto onde você começa a pensar: Quem sou eu? O ponto onde você começa a olhar pra trás: De onde estou vindo? Qual a minha face original? Qual é a minha natureza? Você se distanciou tanto que agora é hora de voltar.
 
Todas as neuroses nada mais são do que isso – o afastamento do seu próprio centro e é por essa razão que a própria psicologia não pode curar a neurose.
 
Ela pode lhe dar belas explicações a esse respeito, confortá-lo, ensinar-lhe como viver com sua neurose, ajudá-lo a não se preocupar muito com ela, dar-lhe um padrão de vida no qual tanto a neurose quanto você possam existir.
 
E, a menos que a psicologia dê o salto quântico e se torne religião, ela permanecerá parcial.
 
A religião pode curar a neurose porque ela pode torná-lo um todo. A circunferência não está mais contra o centro do seu ser: eles estão de mãos dadas e se abraçando - eles são um. Essa é a saúde real – a inteireza, a santidade...
 
E a menos que você seja um ser desperto – Um Buda, você permanecerá insano.
 
Você já observou? Todo mundo está com medo de enlouquecer. A pessoa se mantém sob controle, mas o medo está sempre presente: qualquer pequena coisa, a gota d’água – o banco entra em falência, sua esposa vai embora com outra pessoa, o negócio não anda – e você não é mais são, toda a sanidade se foi. Essa sanidade que se vai tão facilmente deve ter sido apenas uma fachada, na verdade ela não existia.
 
A menos que você se torne um Buda, um Cristo, ou um Krishna – todos esses são nomes do mesmo estado de consciência, no qual o centro e a circunferência funcionam numa dança, numa sinfonia -, a menos que surja a sinfonia, você continuará a ser um impostor, falso, arbitrário.
 
 
 
Osho 
 
 

sábado, 29 de outubro de 2016

SOBRE A FELICIDADE


... Os homens, segundo o jesuíta Teilhard de Chardin, dividem-se em três grupos que partem para escalar uma montanha…

“Alguns não estão irritados pela partida. O sol brilha, a vista é bela. Mas para que subir mais alto? Não é melhor aproveitar a montanha onde nos encontramos, em meio aos prados e no bosque? E se deitam sobre a grama, ou exploram ao redor, esperando a hora do piquenique. Os últimos, enfim, os verdadeiros alpinistas, não tiram os olhos dos picos que decidiram subir. E seguem adiante.

Os cansados, os brincalhões, os fervorosos. Três tipos de Homem, que cada um de nós traz em semente no profundo de si mesmo, e entre os quais, desde sempre, divide-se a humanidade que nos circunda.

Os cansados (ou os pessimistas)

Para esta categoria de homens, existir é um erro, ou um falimento. Somos mal comprometidos, e por consequência se trata de abandonar o jogo o mais rápido possível. Levado ao extremo e colocado em uma doutrina sábia, esta atitude resulta da sabedoria hindu, pela qual o Universo é uma ilusão e uma cadeia. Mas de modo mais amortecido e comum, a mesma disposição se encontra e se revela em um mar de julgamentos práticos que bem conheceis. ‘Que sentido tem buscar? Por que não deixam os selvagens seu mundo selvagem e os ignorantes a ignorância? O que quer dizer a Ciência? Não se está melhor deitado que em pé? Mortos, ao invés de mentir?’ Tudo isso significa, ao menos implicitamente, que é preferível ser menos que mais; melhor ainda, não ser absoluto.

Os brincalhões (ou os foliões)

Para estes homens da segunda espécie, é melhor ser que não ser. Mas, estejamos atentos, “ser” tem um sentido todo particular. Ser, viver, para os discípulos desta escola, não é agir, mas curtir o presente. Curtir cada momento e cada coisa zelosamente, sem perder nada, e sobretudo sem se preocupar em mudar atitude: nisto consiste a sabedoria. Não se arrisca nada pelo futuro, a menos que para um excesso de refinamento. Não se envenena apreciando o risco pelo risco, para provar o prazer de ousar ou sentir a emoção do medo.
Assim é para nós, de uma forma simplificada, o antigo hedonismo pagão de Epicuro. E não muito tempo atrás, nos círculos literários, esta era a mesma tendência de Paul Morand, ou de um Montherrant, ou mais sutil, de um Gide, pelo qual o ideal da vida é beber sem nunca acabar com a própria sede. Não para retomar a forma, mas para estar pronto a curvar-se mais e rapidamente sobre qualquer nova fonte. 

Os fervorosos

Aqui me refiro àqueles pelos quais a vida é uma subida e uma descoberta. Para os homens que formam esta terceira categoria não somente é melhor ser que não ser, mas é sempre a possibilidade – e é a única que interessa – de se tornar alguma coisa a mais. Para estes conquistadores apaixonados de aventura, o ser é inesgotável – não à maneira de Gide, como uma jóia de mil facetas, que se pode girar em todos os versos sem nunca se cansar, mas como um fogo de calor e de luz, ao qual é possível aproximar-se sempre mais. Pode-se importunar estes homens, tratá-los de ingênuos ou achá-los chatos. Mas depois de tudo são eles que nos fizeram e que preparam a Terra do Amanhã.

Pessimismo, e volta ao passado, curtição do presente, impulso para o futuro. Três atitudes fundamentais frente à Vida.

A partir disso, inevitavelmente, ao centro mesmo do nosso problema, eis três formas contrastantes de felicidade:

1) Felicidade de tranquilidade. Nenhum tédio, nenhum risco, nenhum esforço diminui os contatos, limitamos na necessidade, reentramos na nossa concha. O homem feliz é aquele que pensará, sentirá e desejará menos.

2) Felicidade de prazer, prazer imóvel, ou mais ainda, prazer continuamente renovado. O propósito da vida não é agir e criar, mas aproveitar. Ainda menos esforço, portanto, ou aquele tanto necessário para tomar a taça de liquor. Relaxar o máximo possível, como a folha no raio de sol, mudar de posição a cada instante para sentir mais: eis a receita da felicidade. O homem feliz é aquele que sabe sentir o instante que tem entre as mãos no mundo mais completo.

3) Felicidade de crescimento ou de desenvolvimento. Para este terceiro ponto de vista, a felicidade não existe nem tem valor por si mesma, não é outro que o sinal, o efeito e a recompensa da ação guiada. ‘Um subproduto do esforço’, dizia Aldous Huxley. Não basta, como sugere o moderno hedonismo, renovar-se em um modo qualquer para ser feliz. Nenhuma mudança santifica, torna feliz, ao menos que não se haja avançando e em saída.

O homem feliz é aquele que, sem buscar diretamente a felicidade, encontra inevitavelmente a alegria no ato de alcançar a plenitude e o ponto extremo de si mesmo, para adiante”.


Fonte: http://pt.aleteia.org  

 


MUNDOS INFINITOS



A cada instante a voz do amor nos circunda
e partimos em direção ao céu profundo
Por que deter-se a olhar ao redor?
Já estivemos antes por esses espaços e até os anjos os reconhecem
Retornemos ao mestre, que é lá nosso lugar
Estamos acima das esferas celestes, somos superiores aos próprios anjos
Além da dualidade nossa meta é a glória suprema
Quão distante está o mundo terreno do reino da pura substância?
Por que descemos tanto?
Apanhemos nossas coisas e subamos mais uma vez
Sorte não nos faltará ao entregarmos de novo nossas almas
Nossa caravana tem por guia Mustafá, a glória do mundo
Ao contemplar sua face a lua partiu-se em dois pedaços
Não pôde suportar tanta beleza e fez-se feliz mendicante frente àquela riqueza
A doçura que o vento nos traz é o perfume de seus cabelos
A face que traz consigo a luz do dia reflete o brilho de seus pensamentos
Olha bem dentro de teu coração e vê a lua que se despedaça
Por que teus olhos ainda fogem dessa visão maravilhosa?
O homem emerge do oceano da alma como os pássaros do mar
Como há de ser terra seca o lugar do descanso final 

de uma ave nascida nesse mar?
Somos pérolas desse oceano. A ele pertencemos. Cada um de nós.
Seguimos o movimento das ondas que se arrastam até a terra 

e então retornam ao mar
E eis que surge a última onda e arremessa o navio do corpo à terra
E quando essa onda regressa naufraga a alma em seu oceano
E este é o momento da união

 
 Rumi
 
 

RAIVA, TRISTEZA E DEPRESSÃO
 
 
Última parte
 
 
"Tudo que criamos para nós, de que não temos necessidade, transforma-se em angústia, depressão..."  (Chico Xavier)



É possível ficar consciente durante um acesso de raiva?
 
Normalmente a raiva não é ruim. Normalmente ela faz parte da vida natural; ela surge e vai embora. Mas, se você a reprime, então se torna um problema. 
 
Você começa a acumulá-la. Ela deixa simplesmente de surgir e ir embora; torna-se o seu próprio ser.
 
Mas perceba... Raiva, ganância, ciúme, inveja, competitividade... Todos os nossos problemas são muito pequenos, mas nosso ego os aumenta, tornando-os tão grande quanto possível.
 
Com a sua grande raiva, o seu grande sofrimento, a sua grande ganância e a sua grande ambição, o ego também fica grande.
 
Mas você não é o ego, você é só um observador. Apenas dê um passo para o lado e deixe passar.
 
Mas não perdemos a oportunidade e saltamos sobre a raiva; só uma coisinha basta para você se encher de raiva e se inflamar.
 
Se conseguir observar sem se envolver... Só observe e não faça nada, nem contra nem a favor, e você ficará surpreso: aquilo que fica muito grande ficará muito pequeno. Mas o nosso hábito é exagerar.
 
Você tem uns probleminhas e, se conseguir parar de exagerar e simplesmente observar, verá que sua vida não está em perigo.
 
E, quando a raiva desaparece sem que lute contra ela, ela deixa atrás de si uma extraordinária beleza, um silêncio e um estado de amor.
 
Energia é alegria. Só energia, sem nome, sem nenhum adjetivo. Mas você nunca deixa que a energia se conserve pura. Ou ela é raiva, ou é ódio, ou é amor, ou é ganância, ou é desejo. Ela está sempre envolvida por alguma coisa. Você nunca a deixa em sua pureza.
 
E toda emoção que aflora em você é uma grande oportunidade. Só observe e faça com que a alegria se derrame sobre o seu ser. Pouco a pouco todas as emoções desaparecerão.
 
Atenção plena, estado de alerta, percepção ou consciência, todos esses são diferentes nomes para designar o mesmo fenômeno de testemunhar.
 
Na maior parte do tempo, você está de olhos abertos; na maior parte do tempo, você não está roncando. Mas isso não significa que esteja acordado. Significa simplesmente que está fingindo estar acordado, mas lá no fundo há tantos pensamentos, tamanha confusão, tantos cavalos selvagens... Como você pode ver alguma coisa? Embora seus olhos estejam abertos, eles não enxergam. Embora seus ouvidos estejam abertos, eles não escutam.
 
A pessoa que tem simplesmente a arte da atenção plena tem uma chave de ouro. Nesse caso, não importa se se trata de raiva, ganância, sensualidade ou luxúria.
 
Pode ser qualquer tipo de doença, não interessa – o mesmo remédio funciona. Só observe e você ficará livre disso.
 
E, ao observar, aos poucos a mente vai ficando cada vez mais vazia, até que um dia ela própria desaparece. Ela não pode existir sem raiva, sem medo, sem amor, sem ódio – tudo isso é absolutamente necessário para a mente existir.
 
Observando você não só se livrará da raiva como se livrará de parte da mente.
 
E, um dia, você de repente acorda e não há mais mente nenhuma. Você é só um observador, um observador no topo da montanha.
 
Esse é o momento mais belo que existe. Só então começa a sua vida de verdade.
 
 
Osho
 
 
 
 
"Descobri que a dança é a chave para manter distante a depressão da minha vida. Quando você dança as coisas simplesmente vão embora, não parecem tão ruins. Não há melhor forma de cuidar da saúde do que através de algo tão alegre e bonito como a dança". Patrick Swayze está certo. Talvez seja por esta razão que Rumi dançava, rodopiava, até cair como um bêbado. Ele criou  criou a dança cósmica, o sama, praticada pela ordem sufi Mevlevi;  essa dança se inspira no movimento dos astros: "Assim como todos os corpos giram por amor ao sol, os dervixes* também giram por amor ao divino, que muitas vezes precisa de uma contrapartida humana..."  "Vem, Te direi em segredo Aonde leva esta dança. Vê como as partículas do ar E os grãos de areia do deserto Giram desnorteados. Cada átomo Feliz ou miserável, Gira apaixonado Em torno do sol" Palavras de Rumi, o poeta dançarino. KyraKally

 
*São praticantes aderentes ao islamismo sufista que seguem o caminho ascético, conhecidos por sua extrema pobreza e austeridade.