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sábado, 31 de julho de 2021

PALAVRAS VAZIAS


Sutra 11

Melhor do que mil palavras vazias
É uma só palavra que traga paz.



Que palavra é luminosa? Que palavra é realmente cheia de fragrância? A palavra que traz paz.
 
E essa palavra jamais vem do lado de fora - ela é pequena voz silenciosa do seu próprio coração. Ela é ouvida nos mais profundos recessos do seu ser: ela é o som do seu próprio ser, a canção da sua própria vida.

Ela não será encontrada nas escrituras e não será encontrada nos discursos eruditos. Ela será encontrada somente na meditação, em profundo silêncio. Quando todo o conhecimento tomado emprestado o tiver deixado e você estiver sozinho, quando todas as escrituras tiverem sido queimadas e você for deixado a sós, quando você não souber nada, quando você viver a partir de um estado de não conhecimento, então ela será ouvida.
 
Osho Silence
https://blogdoosho.blogspot.com


Krishnamurti assevera que "se cada manhã nascêssemos outra vez, de novo, não com todas as memórias de ontem, com todos os fardos, com todas as incrustações do passado, então cada dia seria novo, surgindo pela primeira vez, simples; e ser capaz de viver assim é estar livre do tempo. Então a vida tornar-se-ia continuamente um êxtase; mas isso requer uma grande vigilância, consciência de pensamento, de mente e de coração no presente". Afirma também que " Viver é descobrir por nós mesmos o que é verdadeiro; e isso só é possível quando há liberdade". Parece que não desejamos ser livres, pois continuamos acorrentados aos padrões de conduta que nos foram impostos. Será que estamos gostando?  Não há mais tempo, é agora que precisamos nos livrar de todas essas algemas; amanhã talvez seja tarde demais...!
 

sexta-feira, 30 de julho de 2021

A PRÁTICA ESPIRITUAL VALE A PENA ?


É verdadeiramente possível eliminar de dentro de nós mesmos as forças que fazem surgir o sofrimento?
 
Como é dito: “A natureza última da mente é clara luz”.
 
A consciência tem muitos níveis e, embora os níveis mais ordinários sejam afetados por forças corruptoras, o nível mais sutil permanece livre de negatividades grosseiras.
 
No Vajrayana, esse nível sutil de consciência é chamado de mente de clara luz.
 
As ilusões e aflições emocionais assim como a mente dualista de certo e errado, amor e ódio etc, estão associadas apenas com os níveis grosseiros de consciência.
 
No momento, estamos totalmente absorvidos na interação desses estados grosseiros, então devemos começar nossa prática trabalhando com eles.
 
Isso significa conscientemente encorajar o amor sobre o ódio, a paciência no lugar da raiva, liberdade emocional em vez de apego, bondade por cima da violência e tudo mais. Fazer isso traz paz imediata e acalma a mente, possibilitando assim a meditação mais elevada. Então, como o apego a um eu e aos fenômenos como coisas verdadeiramente existentes é a causa de toda a vasta gama de estados distorcidos da mente, a pessoa cultiva a sabedoria que elimina esse apego ao ego.
 
Superar o apego ao ego é superar toda a multidão de distorções mentais.

Dalai Lama
http://arcanodezenove.blogspot.com


"Cultive o hábito de pensar em Deus durante as suas atividades. É extremamente importante tornar este hábito parte de sua vida diária... No devido tempo você se tornará uma pessoa saudável e espiritualmente forte. Mude os seus pensamentos se quiser mudar suas circunstâncias. Se plantou, espere, confie com paciência. Não arranque a semente todos os dias para ver se já está nascendo. Seja tão simples como você pode ser, então ficará surpreso ao ver quão simples e feliz sua vida pode se tornar". (Paramahansa Yogananda)

quinta-feira, 29 de julho de 2021

A SOMBRA EM NOSSAS VIDAS

Um tema tão complexo e vasto; tema que todos tememos, mas teremos de enfrentar um dia: a sombra. Escolhi alguns textos, para nossa reflexão. Alguns foram retirados do livro IMPERDÍVEL “O Efeito Sombra”, escrito por três seres que tiveram a coragem de olhar para dentro, para a própria sombra, e assimilá-la, tornando-se autotranscendentes: Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson.

O motivo de gostar deste tema é pela sua profundidade e importância.

Há um engano comum, que ocorre mesmo entre pessoas “espiritualizadas”: a ilusão de que somos só luz. A busca da luz, a ânsia da luz nos faz, frequentemente, negar a sombra. E por não querermos olhar para a sombra, deixamos que ela se agigante. Nossa sombra une-se, pela lei da atração, à sombra dos demais, tornando-se mais gigantesca ainda: a sombra da humanidade. Essa sombra coletiva se manifesta através dos conflitos, guerras e toda a feiura que vemos no nosso mundo.

Encarar a sombra não é “para amadores”, é um trabalho muito difícil, uma grande jornada. Mas não estamos aqui para fazer o fácil. Diz Debbie Ford: “Lembre-se: nossa sombra está quase sempre tão bem escondida de nós que é quase impossível encontrá-la. Se não fosse pelo fenômeno da projeção, talvez ficasse escondida pela vida inteira”. Aí está um bom começo, para as raras almas interessadas e comprometidas na tarefa do autoconhecimento: ficar atento às projeções, ao dedo apontado. Ao projetamos algo em alguém, é aí que a nossa sombra se revela. Acredito num mundo novo, de paz, cooperação mútua, amor e fraternidade. Mas isto só será possível quando pararmos de ter medo da sombra. Temer a sombra é temer a si próprio. Apenas quando transcendermos esse medo poderemos viver uma vida plena. Citando novamente Debbie Ford: “Assim como uma flor de lótus nasce na lama, precisamos honrar as partes mais sombrias de nós mesmos, e as nossas experiências de vida mais dolorosas, pois são elas que nos permitem o nascimento do mais belo self”.

Selecionei algumas frases a seguir, para nossa compreensão deste tema fascinante.

"... E vemos uma geração dona da verdade, fazendo ares de quem domina todos os assuntos. A culpa está sempre no outro, o erro é sempre dos outros que passam a incorporar a sombra, os defeitos, os fracassos. Renegando a sombra para bem longe do ego (de si mesmo), perde-se a oportunidade de enxergá-la e assumi-la em si." ~Janaína M. Costa

“Tenciono agora fazer o jogo da vida, ser receptivo a tudo que me chegar, bem e mal, sol e sombra alternando-se eternamente; e, desta forma, aceitar também minha própria natureza, com seus aspectos positivos e negativos...” ~ Jung

“Comece a olhar para aqueles aspectos que você negou por tanto tempo, não pense mais tão espiritual neste momento, volte com os pés na Terra. Somente com as raízes profundas na Terra você será capaz de alcançar os céus mais elevados." ~ Marius Chirila

“A única forma de superar a sombra é nos tornarmos nosso verdadeiro self, e o que for preciso fazer para chegarmos a esse lugar é, na essência, uma experiência religiosa; para algumas pessoas, essa é uma experiência na igreja, na sinagoga, na mesquita ou em um santuário; para alguns, essa é uma experiência da natureza; para outros, é a experiência de segurar o filho nos braços pela primeira vez. A questão não é o que nos leva à experiência, mas o que nos acontece ao chegarmos lá. Algo muda dentro de nós depois de regressarmos ao âmago de nosso ser, ainda que só por um instante. Isso nos dá um gostinho do que é possível dentro de nós e ao redor. Ergue-se o véu que encobre a realidade do amor, a extensão de nosso verdadeiro poder. Uma vez que estejamos realinhados com nossa natureza essencial, teremos o poder para fazer a sombra desaparecer.” ~ Deepak Chopra

“Nosso maior medo não é sermos inadequados. Nosso maior medo é não saber que nós somos poderosos, além do que podemos imaginar. É a nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta. Nós nos perguntamos: ‘Quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?’. Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de Deus. Você, pensando pequeno, não ajuda o mundo. Não há nenhuma bondade em você se diminuir, recuar para que os outros não se sintam inseguros ao seu redor. Todos nós fomos feitos para brilhar, como as crianças brilham. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus dentro de nós. Isso não ocorre somente em alguns de nós; mas em todos. Enquanto permitimos que nossa luz brilhe, nós, inconscientemente, damos permissão a outros para fazerem o mesmo. Quando nós nos libertamos do nosso próprio medo, nossa presença automaticamente libertará outros.” ~ Marianne Williamson

"Se você negar as sombras , negará metade da Criação. É uma grande armadilha acreditar que tudo é Luz. Você terá que aprender a amar e honrar as sombras tanto quanto ama e honra a Luz. Caso contrário, você girará muito e bem em uma bolha espiritual lindamente arranjada, mas que você sabe que está incompleta. Está incompleta porque tem apenas metade da realidade nela.”~ Debbie Ford

https://ziptzaptzoom.blogspot.com

   

O que é a sombra?

O arquétipo da sombra representa, de acordo com a psicologia analítica de Carl Jung, o “lado sombrio” da nossa personalidade. É o submundo conturbado da nossa psique que contém os nossos sentimentos mais primitivos, os egoísmos mais afiados, os instintos mais reprimidos e aquele “eu escondido” que a mente consciente rejeita e que nos mergulha nos abismos mais profundos do nosso ser.
 
O conceito da sombra e sua assimilação remetem à flor de lótus que nasce da lama, mas não se contamina, florescendo linda e bela. Aceitar, compreender e integrar o lado sujo e enlameado da alma humana é fazer o trabalho sujo. Nossa sociedade nega o mal, nos faz viver de aparências. Mas somente quando decidimos limpar nossa própria fossa é que a alma pode florescer.

Carl Gustav Jung foi um dos maiores estudiosos da vida interior do homem e tomou a si mesmo como matéria prima de suas descobertas – suas experiências e suas emoções estão descritas no livro “Memórias, Sonhos e Reflexões”. A nossa sombra pessoal, que nos assusta, que causa terror, medo, angustia. Não somos o que pensamos ser, nosso ego nos ilude, criando a ilusão de sermos bem polidos, iluminados e respeitáveis.
 
"Ninguém se ilumina imaginando figuras de luz, 
mas se conscientizando da escuridão”. (Carl Jung)

 Todos nós já ouvimos falar desse conceito, do arquétipo da sombra que de alguma forma continua a ser usado na psicologia para falar sobre esse confronto: o sentimento de disputa que às vezes travamos com nós mesmos quando trabalhamos com as nossas frustrações, com os nossos medos, inseguranças ou ressentimentos.Jung explicou que existem diferentes tipos de sombras e que uma maneira de alcançar o bem-estar, a cura e a liberdade pessoal é torná-las conscientes e enfrentando todas elas.

A sombra constitui um problema de ordem moral que desafia a personalidade do eu como um todo, pois ninguém é capaz de tomar consciência desta realidade sem dispender energias morais. Mas nesta tomada de consciência da sombra trata-se de reconhecer os aspectos obscuros da personalidade, tais como existem na realidade.Para aceitar e assimilar a sombra a pessoa precisa ter muita coragem, muita força e muito amor. Amor pelo seu lado negativo.
 

“Infelizmente, não há dúvida de que o homem não é, em geral, tão bom quanto imagina ou gostaria de ser. Todo mundo tem uma sombra, e quanto mais escondida ela está da vida consciente do indivíduo, mais escura e densa ela se tornará. De qualquer forma, é um dos nossos piores obstáculos, já que frustra as nossas ações bem intencionadas.” (Carl Jung)

O lado escuro do ser humano

O arquétipo da sombra está relacionado ao conceito de inconsciente formulado por Freud. No entanto, contém nuances únicas que a diferenciam de forma considerável e que a enriquecem. Não podemos esquecer que o que começou como um idílio intelectual entre Freud e Jung acabou esfriando, até o ponto de Jung dizer que o pai da psicanálise era “uma figura trágica, um grande homem, mas uma pessoa com a qual ele não concordava”.

Jung desenvolveu o seu próprio método de trabalho, a psicologia analítica. Ele deixou de lado o sofá e essa relação assimétrica entre terapeuta e paciente para desenvolver uma terapia baseada na conversa, investigar a estrutura da psique e o inconsciente onde os arquétipos navegam. Entre todos eles, aquele que poderia ter o maior valor terapêutico era, sem dúvida, o arquétipo da sombra. Vejamos as suas características:

Uma presença conhecida, mas reprimida

A “sombra” foi um termo que Jung pegou emprestado de Friedrich Nietzsche. Essa ideia representava a personalidade oculta que cada pessoa possui. À primeira vista, a maioria de nós aparenta (e nos percebemos) como seres bons e nobres. No entanto, no nosso interior há certas dimensões reprimidas, onde se escondem os instintos hereditários, a violência, a raiva ou ódio.

A sombra pessoal contém, portanto, todos os tipos de potencialidades não-desenvolvidas e não-expressas. Ela é aquela parte do inconsciente que complementa o ego e representa as características que a personalidade consciente recusa-se a admitir e, portanto, negligencia, esquece e enterra… até redescobri-las em confrontos desagradáveis com os outros.

Sobre reprimir

O arquétipo da sombra não vive somente dentro de cada pessoa. Às vezes, também está presente em “grupos de pessoas”, em seitas, em alguns tipos de religiões ou mesmo em partidos políticos. São organizações que podem, em um determinado momento, lançar a sua sombra à luz para justificar atos violentos contra a própria humanidade. 

A sombra se torna mais destrutiva, insidiosa e perigosa quando a “reprimimos”. De acordo com Carl Jung, quando ela se projeta aparecem os distúrbios como a neurose ou a psicose.

Da mesma forma, Jung diferenciou o arquétipo da sombra em dois tipos. O primeiro é a sombra pessoal, que todos nós carregamos como as nossas pequenas frustrações, medos, egoísmo e dinâmicas negativas mais comuns. No entanto, haveria também a sombra impessoal, que conteria a essência do mal mais arquetípico, aquele que acompanha os genocídios, assassinos implacáveis, etc.

Como enfrentar a nossa própria sombra?

É muito provável que a teoria do arquétipo da sombra de Jung seja interessante para nós em um nível teórico, que tenha o seu encanto, a sua essência metafórica e o seu misticismo. Todos nós vemos nesta figura a representação mais clássica do tabu, da maldade e da dimensão tenebrosa da personalidade humana que sempre desperta um grande interesse. No entanto, podemos tirar da sombra alguma aplicabilidade prática no nosso dia a dia?

“Conhecer a sua própria escuridão é o melhor método para lidar com a escuridão dos outros.” (Carl Jung)

A resposta é “sim”. Como disse o pai da psicologia analítica em livros como “Arquétipos e Inconsciente Coletivo”, a nossa tarefa na vida é nos aceitarmos plenamente e integrar “a nossa sombra” na personalidade para torná-la consciente e trabalhar com ela, encarando-a de frente. Desprezá-la, permitir que ela continue no nosso universo inconsciente, pode roubar o nosso equilíbrio e a oportunidade de sermos felizes.

Personalidade

Não podemos esquecer quais são os tipos de dinâmicas que compõem esse conceito que chamamos de sombra: aqui estão os nossos medos, os traumas do passado, as decepções que nos envenenam, os sonhos não realizados pela indecisão e que se tornam tubarões frustrados navegando na nossa personalidade. Se os escondemos, esses demônios internos adquirem maior ferocidade e, se os silenciarmos, eles acabarão nos controlando, projetando sobre os outros, em muitos casos, uma imagem de nós mesmos que não gostamos.

Portanto, não podemos esquecer que o nosso crescimento pessoal e o nosso bem-estar psicológico dependerão sempre da nossa capacidade de iluminar essas sombras. Depois desse ato de coragem, se iniciará um trabalho delicado, mas valioso, para nos curar, para encontrarmos a calma.

https://litera.mus.br

 

Mas afinal o que é a SOMBRA?
 
A sombra é formada desde a infância quando estamos aprendendo o que é bom e o mal. Quando o mal aparece temos que esconder, pois somos colocados de castigo ou ouviremos um sermão… então não podemos ser nós mesmos, e sim ser aquilo que querem que sejamos. São aqueles desejos reprimidos ou o que passou despercebido e não desenvolvemos. Tudo aquilo não gostaríamos de ser, mas especialmente aquilo que odiamos.

É como se fosse um saco em que você guarda tudo o que não pode soltar senão a sociedade não irá te aceitar. Mas uma hora tudo que está guardado no saco pode aparecer… A sombra, em alguns momentos, é como uma personalidade autônoma, com tendências opostas ao que fazemos.

A sombra não é composta apenas pelo que ficou reprimido ou recalcado: a sombra também é composta de qualidades, instintos, reações que são apropriadas, além de percepções realistas e criatividade. Essas qualidades que podiam pertencer à personalidade são temidas ou são sentidas como se fossem erradas.

Exemplo: Quando se está cansado ou sob algum tipo de pressão, parece que outra personalidade costuma entrar em ação não é mesmo? Quando estamos dirigindo nosso carro e somos fechados por outro carro e o motorista ainda nos xinga e faz gestos obscenos, damos de cara com a verdade de como fica nosso comportamento e a vontade de fazer sabe lá o que com o motorista.

Resumindo: Sombra seria como olhar suas próprias costas, ou seja, você não a enxerga. Enxergamos a nossa sombra nos outros, nesse fenômeno que chamamos “projeção”, quando coloco no outro aquilo é meu, mas não aceito. Tudo aquilo que negamos e guardamos dentro de nós, mas não sabemos disso.

A sombra é a personificação da parte psíquica que negamos em nós mesmos e que projetamos nos outros.

Bruno Ricardo Pereira Almeida
https://www.psicologiamsn.com
 
  
A Sombra que habita em nós

A Fábula dos Dois Lobos

Certo dia, um jovem índio cherokee chegou perto de seu avô para pedir um conselho. Momentos antes, um de seus amigos havia cometido uma injustiça contra o jovem e, tomado pela raiva, o índio resolveu buscar os sábios conselhos daquele ancião.

O velho índio olhou fundo nos olhos de seu neto e disse:

“Eu também, meu neto, às vezes, sinto grande ódio daqueles que cometem injustiças sem sentir qualquer arrependimento pelo que fizeram. Mas o ódio corrói quem o sente, e nunca fere o inimigo. É como tomar veneno, desejando que o inimigo morra.”

O jovem continuou olhando, surpreso, e o avô continuou:

“Várias vezes lutei contra esses sentimentos. É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não faz mal. Ele vive em harmonia com todos ao seu redor e não se ofende. Ele só luta quando é preciso fazê-lo, e de maneira reta.”

“Mas o outro lobo… Este é cheio de raiva. A coisa mais insignificante é capaz de provocar nele um terrível acesso de raiva. Ele briga com todos, o tempo todo, sem nenhum motivo. Sua raiva e ódio são muito grandes, e por isso ele não mede as consequências de seus atos. É uma raiva inútil, pois sua raiva não irá mudar nada. Às vezes, é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois ambos tentam dominar meu espírito.”

O garoto olhou intensamente nos olhos de seu avô e perguntou: “E qual deles vence?”

Ao que o avô sorriu e respondeu baixinho: “Aquele que eu alimento.”

 https://obemviver.blog.br

quarta-feira, 28 de julho de 2021

NEM APLAUSO NEM REPROVAÇÃO 

Sutra 08
O vento não estremece uma montanha
Nem elogios nem censura movem o homem sábio


Ser sábio não é ser instruído. Ser sábio é sentir a pulsação da vida dentro de você e, depois, fora. Para perceber essa consciência misteriosa que você é, primeiramente é preciso vivê-la no âmago mais íntimo do próprio ser, porque essa é a porta mais próxima da consciência universal.   

O sábio jamais acumula conhecimento – sua sabedoria é espontânea. O conhecimento sempre pertence ao passado, a sabedoria pertence ao presente. O conhecimento satisfaz o ego; a sabedoria destrói o ego completamente – por isso as pessoas buscam conhecimento.   

É muito raro encontrar um buscador que não esteja interessado em conhecimento, mas que esteja comprometido com a sabedoria. Conhecimento quer dizer teoria sobre a verdade, quer dizer crença e todas as crenças são falsas. Sabedoria quer dizer “a verdade em si”. Crença é uma projeção da mente trapaceira – ela lhe dá a sensação de saber, sem saber.   

Você pode facilmente acreditar em Deus, você pode facilmente acreditar na imortalidade da alma, você pode facilmente acreditar na teoria da reencarnação.. Na verdade, essas coisas ficam simplesmente na superfície: lá na fundo, você não é afetado por elas, de modo algum. Quando a morte bater à sua porta, você saberá que suas crenças desapareceram.   

A crença na imortalidade da alma não o ajudará quando a morte bater à sua porta – você vai lamentar, chorar e se apegar à vida. Quando a morte chega, você se esquece de tudo sobre Deus. Quando a morte bate à porta ela derruba toda a estrutura de conhecimento que você construiu ao seu redor. Ela o deixa absolutamente vazio... – e com a consciência de que toda a vida foi um desperdício.   

Sabedoria é um fenômeno totalmente diferente. Trata-se de uma experiência, não de uma crença. Ela é experiência existencial, não é “sobre”. Você não acredita em Deus – você conhece Deus. Você não acredita na imortalidade da alma, você a saboreou a vida toda. Você vê que somente a superfície muda: o essencial é eterno. Isso é ver, não acreditar. E todos os mestres verdadeiros estão interessados em ajudá-lo a ver, não a torná-lo crente.   

Para acreditar, você se torna um cristão, um hindu, um muçulmano. A crença é a profissão do sacerdote. A sabedoria surge dentro de você, ela não é uma escritura. Você começa a ler sua própria consciência – e lá estão escondidas todas as Bíblias, todos os Gitas, todos os alcorões.

Osho Silence
https://blogdoosho.blogspot.com

 
Para compreender a si mesmo profundamente, a pessoa precisa de equilíbrio

Muito poucas pessoas têm a inclinação ou o desejo de compreender profundamente este processo de dor e sofrimento. Temos mais oportunidades de dissipar nossas energias com absurdas diversões, conversas fúteis e ocupações inúteis, do que pesquisar, penetrar profundamente em nossas próprias demandas psicológicas, necessidades, crenças e ideais. Mas isto envolve vigoroso esforço de nossa parte, e como não queremos nos extenuar, preferimos fugir de todas as maneiras para satisfações fáceis. Se não fugimos através das diversões, fugimos pelas crenças, pelas atividades de organizações com suas lealdades e compromissos. Estas crenças se tornam um escudo, nos impedindo de conhecer a nos mesmos. As sociedades religiosas prometem nos ajudar a compreender a nós mesmos, mas, infelizmente, somos explorados e meramente repetimos suas frases e sucumbimos à autoridade de seus líderes. Assim essas organizações, com suas crescentes restrições e promessas secretas, nos levam a complicações posteriores que nos tornam incapazes de compreender a nós mesmos. Uma vez que nos comprometemos com uma sociedade particular, seus líderes e amigos, começamos a desenvolver lealdades e responsabilidades que nos impedem de ser completamente honestos conosco mesmos. Naturalmente existem outras formas de fuga, através de várias atividades superficiais. Para compreender a si mesma profundamente, a pessoa precisa de equilíbrio. Ou seja, a pessoa não pode abandonar o mundo, esperando compreender a si mesma, ou estar tão enredada no mundo que não há ocasião para compreender a si mesma. Deve haver equilíbrio, nem renúncia nem aceitação. Isto requer vigilância e profunda consciência. Devemos aprender a observar nossas ações, pensamentos, ideais, crenças, silenciosamente e sem julgamento, sem interpretar, de modo a sermos capazes de discernir sua verdadeira significação. Devemos primeiro estar cientes de nossos próprios ideais, buscas, desejos, sem aceitar ou condenar como sendo certos ou errados. Presentemente não podemos discernir o que é verdadeiro e o que é falso, o que é duradouro e o que é transitório, porque a mente está tão mutilada com seus próprios desejos autocriados, ideais e fugas que é incapaz de verdadeira percepção.
 
J.Krishnamurti
http://ww.jkrishnamurti.org

 INTOCADO, DESAPEGADO

 

Sutra 09

Felicidade ou tristeza -
Seja o que for que lhe aconteça,
Siga em frente
Intocado, desapegado.
 
Se a felicidade vier, não fique excitado demais; se a tristeza vier, não fique deprimido demais. Encare as coisas com leveza. A felicidade e a tristeza estão separadas de você; permaneça incógnito... como se elas não estivessem acontecendo a você, mas acontecendo a outra pessoa.
 
Basta que experimente este pequeno artifício, trata-se de uma receita valiosa: como se não estivesse acontecendo a você, mas a outra pessoa, talvez a um personagem num romance ou num filme, e você é apenas um espectador.
 
Sim, a infelicidade existe, a felicidade existe, mas ela está lá, e você está aqui. Não se identifique, não diga "eu estou infeliz", diga simplesmente: "Sou um observador. A infelicidade existe, a felicidade existe - sou simplesmente um observador". Fique cada vez mais e mais enraizado na observação - eis o que Buda chama de vipassana, visão interior. Simplesmente veja com os olhos interiores o que quer que aconteça, e permaneça intocado, desapegado.
 
Osho Silence
https://blogdoosho.blogspot.com


SEJA APENAS UM OBSERVADOR

Não faça coisa alguma. Apenas observe. Observar não é um fazer. Assim como você observa o pôr do sol ou as nuvens no céu, observe o tráfego de pensamentos: relevante, irrelevante, consistente, inconsistente, qualquer coisa que esteja ocorrendo. Você simplesmente observa, mas não se preocupa com nada. Seja observador. Nada é da sua conta: se for ambição que estiver passando, deixe-a passar; se for raiva passando, deixe-a passar. Se for alegria ou amor, continue a deixar passar. Não interfira, não julgue. São apenas pensamentos passando. Deixe-os passar e apenas observe.

Essa é uma simples metodologia de observar a mente, onde você “não tem nada a ver com isso”… Abandone a obrigação de saber qualquer coisa sobre o que você observa. Você verá o que está errado, onde alguma coisa está errada, mas você permanece separado. Apenas fazendo e treinando isso, um dia, subitamente, você será capaz de observar sua mente sem julgá-la – esse procedimento traz a quietude.

Muitas vezes você irá fracassar, mas isso não deve preocupá-lo… Não há nenhuma perda, isso é natural. No entanto, uma vez que tenha sentido paz, por menor que tenha sido o tempo de duração, uma vez que você tenha, mesmo por um único momento, se tornado o observador, você então saberá como se tornar o observador!

Meditação, portanto, é simplesmente observação, consciência. E isso apenas revela - não inventa nada. Você encontra a quietude… Uma vez nesse espaço, sua mente sai renovada, atenta. Você continuará a viver no mesmo mundo, mas não do mesmo modo. Você estará entre as mesmas pessoas, mas não com a mesma atitude, não com a mesma abordagem. Você irá viver como um lótus na água: dentro d'água, porém absolutamente intocado pela água.

Osho
brasilosho 

terça-feira, 27 de julho de 2021

 ESTA PRISÃO JÁ NÃO ME DETÉM


Assim como, através de estreita janela,
Contemplamos uma única folha verde, de uma parte do vasto céu azul,
Assim também comecei a Te perceber, no começo de todas as coisas.
E, como a folha se descoloriu e murchou,
E de escura nuvem a nesga celeste se encobriu,
Assim também Tu esmaeceste e desaparecestes,
Para renascer outra vez,
Como aquela folha verde e o reduzido espaço de céu azul.

Por muitas vidas vi passar o frígido inverno e a verde primavera.
Aprisionado em meu pequeno quarto,
Eu não via a árvore inteira e todo o céu,
E jurava que não existia a árvore e nem o vasto céu
- Para mim, era aquela a Verdade.

Através do tempo e da destruição,
Minha janela se expandiu.
E contemplei então
Um ramo com muitas folhas,
E uma vasta expansão do céu, com muitas nuvens.

Esqueci a folha verde solitária e aquele pequeno espaço da imensidão azul.
Jurava que não existia a árvore, nem o céu imenso
- Para mim, era aquela a Verdade.

Cansado desta prisão,
Da estreita cela,
Revoltei-me contra minha janela,
Com os dedos a sangrar,
Arranquei tijolo após tijolo,
E contemplei então
A árvore inteira, seu tronco majestoso,
Seus ramos numerosos, suas miríades de folhas,
E uma imensa parte do céu.
Jurava que não existia outra árvore, nem outra nem outra parte do céu
- Era aquela a Verdade.

Esta prisão já não me retém,
Saí a voar através da janela.
Ó amigo,
Agora contemplo todas as árvores e a vastidão do infinito.
E embora eu viva em cada folha e em cada nesga do vasto céu azul,
Embora eu viva em cada prisão a espreitar por estreitas frestas,
Sou livre.
Não! Nada mais me prenderá
- ESTA é a Verdade.

Krishnamurti - A Busca  
Hora Cósmica

O GRANDE PARADOXO

Viver no Eterno e Vigiar o que é Momentâneo

O paradoxo parece ser a linguagem natural do Ocultismo. Mais do que isso, ele parece penetrar profundamente no coração das coisas, e assim parece ser inseparável de qualquer tentativa de colocar em palavras a verdade, a realidade que está na base das aparências externas da vida.

E o paradoxo acontece não somente nas palavras, mas na ação, na própria conduta da vida. Os paradoxos do ocultismo devem ser vividos, não falados apenas. Aqui reside um grande perigo, porque é muito fácil perder-se na contemplação intelectual do caminho, e assim esquecer-se de que a estrada só pode ser conhecida quando se caminha por ela.

Um paradoxo assustador se apresenta ao estudante já no início e o confronta assumindo novas e estranhas formas em cada curva do caminho. Talvez esse estudante tenha procurado o caminho desejando uma orientação, uma regra sobre o que é certo para a conduta em sua vida.

Ele aprende que o alfa e o ômega, o começo e o final da vida é altruísmo; e ele sente a verdade da afirmação de que somente na profunda inconsciência do autoesquecimento a verdade e a realidade do ser podem revelar-se ao seu coração sedento.

O estudante aprende que esta é a lei única do ocultismo, ao mesmo tempo a ciência e a arte do viver, o guia para a meta que ele deseja alcançar. Ele está cheio de entusiasmo e entra bravamente na trilha da montanha. Então ele descobre que seus instrutores não encorajam seus voos ardentes de sentimento, seu anseio pelo Infinito que o faz esquecer de tudo – no plano externo e factual de sua vida e sua consciência. Pelo menos, se não eliminam seu entusiasmo, eles lhe apontam, como primeira e indispensável tarefa, vencer e controlar seu corpo. O estudante descobre que, longe de ser encorajado a viver nos pensamentos sublimes de seu cérebro e fantasiar que alcançou o éter onde está a verdadeira liberdade – com o esquecimento de seu corpo, suas ações exteriores e sua personalidade – a ele são atribuídas tarefas muito mais terrenas. Toda a sua atenção e vigilância são requeridas no plano exterior; ele não deve nunca se esquecer de si mesmo, nunca descuidar de seu corpo, sua mente, seu cérebro. Ele deve aprender a controlar a expressão de cada detalhe, verificar a ação de cada músculo, dominar o mais leve movimento involuntário. A vida diária à sua volta e dentro dele mesmo é assinalada como objeto do seu estudo e da sua observação. Em vez de esquecer o que geralmente é chamado de banalidades, pequenos descuidos e erros acidentais da língua e da memória, ele é forçado a tornar-se, a cada dia, mais consciente desses lapsos até que, finalmente, eles parecem envenenar o ar que ele respira e sufocá-lo; até que ele parece perder a visão, e o contato, com o grande mundo de liberdade pelo qual está lutando; até que cada hora e cada dia parecem cheios do amargo sabor do eu, e seu coração sente-se doente com a dor e a luta do desespero. E a escuridão fica ainda mais profunda porque a voz interior grita incessantemente: “Esqueça de si mesmo. Cuidado, do contrário você se torna autocentrado – e a erva gigante do egoísmo espiritual firmemente se enraizará em seu coração; cuidado, cuidado, cuidado!”

A voz leva seu coração até suas profundezas, porque ele sente que as palavras são verdadeiras. Sua batalha diária e contínua o ensina que estar autocentrado é a fonte do sofrimento, a causa da dor, e sua alma está cheia de desejo de liberdade.

Assim, o discípulo é tomado pela dúvida. Ele confia em seus instrutores, porque sabe que através deles fala a mesma voz que ele ouve em seu coração. Mas agora eles dizem palavras contraditórias; a voz interna, a única, recomenda esquecer de si mesmo totalmente, em prol da humanidade; a outra, a palavra falada por aqueles de quem ele busca orientação, recomenda primeiro dominar seu corpo, seu eu exterior. E a cada hora ele vê mais claramente como é difícil aquela batalha com a Hidra, e vê sete cabeças crescerem novamente no lugar de cada uma que ele decepou.

No começo ele oscila entre as duas coisas, ora obedecendo a uma, ora obedecendo à outra. Mas logo ele aprende que isso é infrutífero. Porque o sentido de liberdade e leveza que no princípio vem quando ele deixa seu eu externo sem vigilância para que possa procurar internamente ar puro, logo perde sua intensidade e um choque repentino lhe revela que ele escorregou, e caiu, no caminho que vai montanha acima. Então, em desespero, ele se lança sobre a traiçoeira serpente do eu e luta para sufocá-la até a morte; mas seus anéis espiralados, sempre fugidios, evitam suas mãos; as tentações insidiosas de suas escamas brilhantes cegam sua visão e, novamente, ele se envolve no turbilhão da batalha que o vence dia a dia e que, finalmente, parece preencher o mundo inteiro e apaga tudo o mais, exceto sua consciência.

Ele está cara a cara com um paradoxo esmagador, cuja solução deve ser vivida antes que possa ser realmente entendida.

Em suas horas de meditação silenciosa, o estudante descobrirá que há um espaço de silêncio dentro de si, em que ele pode se refugiar dos pensamentos e desejos, do turbilhão dos sentidos, e das ilusões da mente. Mergulhando sua consciência profundamente em seu coração, ele pode alcançar este lugar – a princípio, somente quando ele está sozinho em silêncio e na escuridão. Mas quando a necessidade de silêncio cresce, ele o procurará mesmo no meio da batalha com o eu, e o encontrará. Ele apenas não deve abandonar seu eu exterior nem seu corpo. Deve aprender a retirar-se em sua cidadela quando a batalha se torna árdua; mas precisa fazê-lo sem perder de vista a batalha; sem se permitir fantasiar que assim ele vencerá. Essa vitória só se conquista quando tudo é silêncio fora e dentro da cidadela interior. Lutando desse modo, de dentro do silêncio, o estudante descobrirá que resolveu o primeiro grande paradoxo.

Mas o paradoxo ainda o segue. Quando ele consegue retirar-se para dentro de si mesmo, ele busca lá apenas refugiar-se da tempestade em seu coração. E quanto mais ele luta para controlar as ondas de paixão e desejo, mais ele compreende que gigantescos poderes ele jurou vencer. Ele ainda se sente, quando não está em silêncio, muito parecido com as forças da tempestade. Como sua força insignificante pode competir com esses tiranos de natureza animal?

Esta pergunta é difícil de responder em palavras diretas – caso haja uma resposta para ela. Mas a analogia pode apontar o caminho onde a solução será procurada.

Ao respirar, colocamos uma certa quantidade de ar nos pulmões e, com isto, podemos imitar em pequena escala o poderoso vento do céu. Podemos produzir uma fraca imagem da natureza: uma tempestade em copo d’água, uma brisa para soprar ou mesmo afundar um barco de papel. E podemos dizer: “Eu faço isso, isso é minha respiração”. Mas não podemos soprar nossa respiração contra um furacão, menos ainda prender o vento em nossos pulmões. No entanto, os poderes do céu estão dentro de nós; a natureza das inteligências que guiam a força do mundo está unida à nossa natureza, e se entendermos isso e nos esquecermos de nosso eu exterior, esses ventos poderão ser nossos instrumentos.

Assim é na vida. Enquanto o homem apegar-se ao seu eu exterior – e apegar-se a cada forma que ele assume quando sua “pele mortal” é deixada de lado – ele estará tentando afastar um furacão com o sopro de seus pulmões. Tal esforço é inútil e vão; porque os grandes ventos da vida, cedo ou tarde, o dominarão. Mas se ele mudar sua atitude [1] dentro de si mesmo, se ele agir sabendo que seu corpo, seus desejos, suas paixões e seu cérebro não são ele mesmo – embora ele esteja a cargo deles e seja responsável por eles -; se tentar lidar com eles como partes da natureza, então poderá ter a esperança de tornar-se uno com as grandes marés do ser, e de alcançar, finalmente, o lugar pacífico do autoesquecimento.

Helena P. Blavatsky
https://www.filosofiaesoterica.com  
 

Paradoxo do nosso tempo
 
Hoje temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos…
Temos autoestradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos…
Gastamos mais, mas temos menos…
Compramos mais, mas desfrutamos menos…
Temos casas maiores e famílias menores…
Temos mais conhecimento e menos poder de julgamento…
Temos mais medicina e menos saúde…
Hoje bebemos demais, fumamos demais, gastamos de forma excessiva, rimos de menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos facilmente…
Ficamos acordados até tarde, acordamos cansados demais…
Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores…
Falamos demais, amamos raramente e odiamos com frequência…
Aprendemos a ganhar a vida, mas não vivemos essa vida…
Fazemos coisas maiores, mas não coisas melhores…
Limpamos o ar, mas poluímos a alma…
Escrevemos mais, mas aprendemos menos…
Planejamos mais, mas realizamos menos…
Aprendemos a correr contra o tempo, mas não a esperar com paciência…
Temos maiores rendimentos, mas menos padrão moral…
Temos avanços na quantidade, mas não na qualidade…
Esses são tempos de refeições rápidas e digestão lenta..
De homens altos e caráter baixo..
De lucros expressivos mas relacionamentos rasos…
Mais lazer, mas menos diversão..
Maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição…
São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moralidade também descartável e pílulas que fazem tudo: alegrar, aquietar, matar…
 
Dalai Lama
https://www.gotasdepaz.com.br 
 
 
Perceba... Todas as coisas têm dois extremos; permaneça exatamente no meio.Mas a mente sempre continuará escolhendo os extremos. O extremo é uma fascinação para a mente. Por quê? Porque no meio, a mente morre. Olhe para um pêndulo: O pêndulo pode continuar se movendo o dia todo, se ele vai aos extremos. Quando ele vai para a esquerda ele está acumulando impulso para ir à direita. Quando ele vai para a direita, não pense que ele está indo para a direita – ele está acumulando impulso para ir à esquerda. Assim, os extremos são direita/esquerda, direita/esquerda. Deixe o pêndulo estar no meio, então todo o impulso é perdido. Então, o pêndulo não tem energia, porque a energia vem de um dos extremos. Então, esse extremo o joga em direção ao outro e, depois novamente; Deixe o pêndulo estar no meio e todo o movimento, então, cessará.
 
A vida é um momento para ser celebrado, desfrutado. Torne-a divertida, uma celebração, e então você entrará no Templo. Esse templo não é para os tristes e desanimados, nunca foi para eles. Olhe para a vida: você vê tristeza em alguma parte? Você já viu uma árvore deprimida? Você já encontrou um pássaro movido por ansiedade? Já viu um animal neurótico? Não, a vida não é assim, absolutamente. Só o homem é que seguiu um caminho errado, se desviou em algum lugar, porque ele se considera muito sábio, muito esperto. Sua esperteza é o seu mal. Não seja sábio demais. Lembre-se sempre de parar; não vá a extremos. Um pouco de tolice e um pouco de sabedoria fazem bem, e a combinação certa faz de você um buda...
 
Osho
https://www.pensador.com

segunda-feira, 26 de julho de 2021

O MAIOR DOS MEDICAMENTOS


Amar e Sofrer parecem coisas tão próximas que até o significado da palavra Paixão tem seu entendimento perdido entre as duas. Neste texto o Professor Hermógenes nos traz o conceito de viveka (discernimento) em mais um aprofundamento, e utilização prática, que o universo do yoga pode proporcionar em nossas vidas.

O INIMIGO MAIOR do amor não é o ódio. O que mais o polui, inviabiliza, neutraliza e frustra é tudo aquilo que apenas parece amor. Por quê? Porque obscurece, ilude e cega a visão; e a pessoa se engana pensando que ama e, em verdade, somente deseja, se apega, se distrai com a curtição sensual, se contorce em tormentosas crises de ciúmes, se debate aflita no visgo da paixão.

Desejo de conquistar o outro, apego a ele se já o possui, interesse no que o outro tem ou representa ser, tensão erótica nutrida pelas formas sedutoras do outro… tudo isto parece tanto com amor que a pessoa, carente de viveka (discernimento), mergulha no torvelinho emocional, do qual dificilmente consegue escapar. Cuidado com aquilo que tão-somente imita o amor e se faz passar por amor.

Uma jovem, companheira nossa de peregrinação no Sivananda Ashram, pergunto ao Swami Krishnananda: “Por que todas as vezes que eu amo acabo colhendo sofrimento?” A resposta do yogui foi pronta e certeira: “Se há sofrimento, não há amor.”

O sofrimento é uma inevitável consequência de tudo que simplesmente se assemelha ao amor; não consequência do verdadeiro Amor.

O que se tem denominado amor não passa de amor-próprio, a experiência evidencia: é fonte de dramas dolorosos. O Amor, ao contrário, é a própria felicidade. É meta sublime a ser alcançada. Como? Mediante a redução gradativa do ego, ou seja, pela humildação, que minimiza a febre do amor-próprio.
 
Hermógenes, O Essencia da Vida
http://yogahermogenes.blogspot.com  
 
 
O amor verdadeiro está no presente. Lembre-se sempre: tudo o que é real tem que fazer parte da consciência, tem que fazer parte do presente, tem que fazer parte da meditação. Então não há problema! E não se trata de atração e não se trata de medo. O amor verdadeiro compartilha; não é explorar o outro, não é possuir o outro. Quando você quer possuir o outro, surge o problema: o outro pode possuir você e se o outro for mais poderoso, mais magnético, naturalmente você será um escravo. Se você quer se tornar o mestre do outro, então surge o medo de que 'eu posso ser reduzido a um escravo'. Se você não quiser possuir o outro, então nunca surge o medo de que o outro possa possuí-lo. O amor nunca possui.

O amor nunca possui e o amor nunca pode ser possuído. O amor verdadeiro leva você à liberdade. A liberdade é o pico mais alto, o valor supremo. E o amor está mais próximo da liberdade; o próximo passo depois do amor é a liberdade. O amor não é contra a liberdade; o amor é um trampolim para a liberdade. Isso é o que a consciência deixará claro para você: que o amor deve ser usado como um trampolim para a liberdade. Se você ama, liberte o outro. E quando você torna o outro livre, você é libertado pelo outro.

O amor é uma partilha, não uma exploração. E, na verdade, o amor também nunca pensa em termos de feiura e beleza. Você ficará surpreso: o amor nunca pensa em termos de feiura e beleza. O amor apenas age, reflete, medita - nunca pensa absolutamente.

Osho
https://www.osho.com
 

Neste mundo árido e despedaçado, não existe amor porque o prazer e o desejo desempenham os papeis preponderantes, no entanto, sem amor a vida diária não tem sentido. E você não pode ter amor se não houver beleza. A beleza não é algo que você veja – não é uma árvore bonita, um quadro bonito, um belo edifício ou uma bela mulher. Só há beleza quando seu coração e sua mente sabem o que é amor. Sem amor e sem esse senso de beleza, não há virtude, e você sabe muito bem que, faça o que fizer – melhore a sociedade, alimente os pobres – você só estará criando mais maldade, pois, sem amor, só há feiura e pobreza em seu coração e em sua mente. Mas, havendo amor e beleza, faça o que fizer, será certo, será apropriado. Se você sabe amar, então pode fazer o que quiser, pois isso resolverá todos os outros problemas.

Na realidade, você não tem amor. Você tem prazer, tem sensação, tem apegos sexuais, tais como a família, a esposa, o marido, o apego a uma nação. Mas prazer não é amor. E o amor não é algo divino ou profano: não há divisão. O amor significa algo a cuidar: cuidar de uma árvore, do seu vizinho, do seu filho – providenciar educação correta para o seu filho, e não só colocá-lo numa escola e sumir, a educação correta, e não apenas educação tecnológica, e providenciar para que as crianças tenham os professores certos, o alimento certo, que elas entendam a vida, entendam o sexo. Restringir-se a ensinar geografia, matemática ou alguma coisa técnica que lhes dê um emprego – isso não é amor. E, sem amor, você não pode ser ético – você pode ser respeitável, isto é, você pode se conformar à sociedade: você não rouba, não vai atrás da mulher do próximo, não faz isso nem aquilo. Mas isso não é moralidade, isso não é virtude; é somente a conformidade da respeitabilidade. Respeitabilidade é a coisa mais terrível e repugnante do mundo, porque ela abrange tantas coisas feias. Por outro lado, quando existe amor, existe moralidade: faça você o que fizer, será ético se houver amor.

Somos todos tão loucos em relação ao desejo, queremos realizar-nos por meio do desejo. Mas não vemos a devastação que ele cria no mundo – o desejo de segurança pessoal, de realização pessoal, sucesso, poder, prestígio. Não sentimos que somos totalmente responsáveis por tudo o que fazemos. Se alguém compreende o desejo, sua natureza, então qual o lugar dele? Ele tem algum lugar onde existe amor?
 
J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org
 
 
Quando o amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem
vos possa ferir.

E quando vos falar, acreditai nele;
apesar de a sua voz
poder quebrar os vossos sonhos
como o vento norte ao sacudir os jardins.

Porque assim como o vosso amor
vos engrandece, também deve crucificar-vos
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes
sacudindo o seu apego à terra.

Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo
para vos livrar do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.

Então entrega-vos ao seu fogo,
para poderdes ser
o pão sagrado no festim de Deus.

Tudo isto vos fará o amor,
para poderdes conhecer os segredos
do vosso coração,
e por este conhecimento vos tornardes
o coração da Vida.

Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez
e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos,
e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.

O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.

O amor não possui
nem quer ser possuído.

Porque o amor basta ao amor.

E não penseis
que podeis guiar o curso do amor;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.

O amor não tem outro desejo
senão consumar-se.

Mas se amarem e tiverem desejos,
deverão se estes:
Fundir-se e ser um regato corrente
a cantar a sua melodia à noite.

Conhecer a dor da excessiva ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,
e sangrar de bom grado e alegremente.

Acordar de manhã com o coração cheio
e agradecer outro dia de amor.

Descansar ao meio dia
e meditar no êxtase do amor.

Voltar a casa ao crepúsculo
e adormecer tendo no coração
uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.
 
Khalil Gibran
https://www.pensador.com

 ALÉM DOS JULGAMENTOS

 

Sutra 06

A mente além dos julgamentos
observa e compreende

A moralidade é somente uma estratégia social. Eis por que uma coisa é certa numa sociedade e a mesma coisa é errada em outra; uma coisa considerada boa na Índia e a mesma é coisa considerada má no Japão. Uma coisa é considerada boa hoje e pode tornar-se errada amanhã. A moralidade é um subproduto social, é uma estratégia social para controlar as pessoas.

O moralista sempre julga, a pessoa atenta nunca julga. Ela vive numa consciência não judicativa. Ela simplesmente observa e compreende.

Osho Silence
 https://blogdoosho.blogspot.com
 
 
 Consciência

Poderia, por favor, explicar o que você quer dizer com consciência? Krishnamurti: Apenas simples consciência! Consciência de seus julgamentos, seus preconceitos, seus gostos e desgostos. Quando você vê alguma coisa, esse ver é o resultado de sua comparação, condenação, julgamento, avaliação, não é? Quando lê alguma coisa você está julgando, está criticando, condenando ou aprovando. Estar consciente é ver, no exato momento, a totalidade deste processo de julgar, avaliar, as conclusões, o conformismo, as aceitações, as negações. Agora, pode a pessoa estar consciente sem tudo isso? Presentemente tudo que conhecemos é um processo de avaliação, e essa avaliação é o resultado de nosso condicionamento, de nosso substrato, de nossas influências religiosas, morais, educacionais. Essa chamada consciência é resultado de nossa memória – memória como o “eu”, o holandês, o hindu, o budista, o católico, ou o que seja. É o “eu” – minhas memórias, minha família, minha propriedade, minhas qualidades – que está olhando, julgando, avaliando. Com isso estamos bastante familiarizados, se estamos de fato alertas. Agora, pode haver consciência sem tudo isso, sem o ego? É possível apenas olhar sem condenação, apenas observar o movimento da mente, da própria mente da pessoa, sem julgar, sem avaliar, sem dizer “Isto é bom” ou “Isto é mau”? A consciência que vem do ego, que é a consciência da avaliação e do julgamento, sempre cria dualidade, o conflito dos opostos – aquilo que é e aquilo que devia ser. Nessa consciência existe julgamento, existe medo, existe avaliação, condenação, identificação. Essa é a consciência do ego, do “eu” com todas as suas tradições, memórias e todo o resto. Tal consciência sempre cria conflito entre o observador e o observado, entre o que eu sou e o que eu devia ser. Agora, é possível estar cônscio sem este processo de condenação, julgamento, avaliação? É possível olhar para mim mesmo, quaisquer que sejam meus pensamentos, e não condenar, não julgar, não avaliar? Não sei se você alguma vez já tentou isto. É bastante trabalhoso – porque todo nosso treinamento desde a infância nos leva a condenar e aprovar. E no processo de condenação e aprovação há frustração, há medo, há dor corrosiva, angústia, que é o próprio processo do “eu”, do ego.

A forma mais elevada da inteligência humana é a capacidade de observar sem julgar.
 
Jiddu Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org 



Sobre o julgamento

Um dos exercícios mais praticados pela humanidade é o julgamento. Julgamos o outro, baseados em nosso código de valores, nossas percepções e naquilo que nossa imaginação cria a respeito de cada pessoa com a qual convivemos.

Ocorre que nem sempre esta avaliação se mostra correta e, por essa razão, ao julgar corremos o risco de cometer equívocos e praticar injustiças.

O pior que pode acontecer quando julgamos alguém é, sem dúvida, não levar em conta os sentimentos daquele que estamos criticando.

Por mais que não concordemos com as atitudes de uma pessoa, não podemos nos esquecer de que elas são motivadas, de um modo geral, pelas suas emoções e que agindo de modo rígido e inflexível também estamos nos deixando levar por nosso lado emocional.

Saber reconhecer quando estamos sendo influenciados por nossos conflitos internos no momento em que avaliamos as ações alheias, é o primeiro passo para que possamos abandonar a postura de juízes implacáveis e nos colocar no lugar de quem estamos julgando.

O sistema judiciário se baseia em leis pré-concebidas com o objetivo de garantir a convivência civilizada entre os seres humanos. Mas, fora desta esfera, nas atitudes cotidianas, nos arvoramos muitas vezes no papel de juízes implacáveis daqueles que não se enquadram em nossos hábitos e costumes.

Humildade, sabedoria e a capacidade de aceitar as diferenças de modo tolerante, constituem os melhores instrumentos para que escapemos da armadilha do julgamento.
 
Quando você diz que você se julga, isso é algo tomado emprestado. As pessoas julgaram-no, e você deve ter aceitado as idéias delas sem nenhuma investigação. Você está sofrendo de todas as espécies de julgamento das pessoas, e você está jogando esses julgamentos nas outras pessoas. E todo esse jogo desenvolveu-se além da proporção – a humanidade inteira está sofrendo disso.

Se você quiser livra-se disso, a primeira coisa é esta: não se julgue. Aceite humildemente sua imperfeição, seus fracassos, seus erros, suas faltas. Não há nenhuma necessidade de fingir outra coisa. Seja você mesmo: “É assim mesmo que eu sou, cheio de medo. Eu não posso andar na noite escura, não posso ir lá na densa floresta.” O que há de errado nisso? – é humano.

Uma vez que você se aceite, você será capaz de aceitar os outros, porque você terá um clara visão interior de que eles estão sofrendo da mesma doença. E a sua aceitação deles, os ajudará a aceitarem-se.

Nós podemos reverter todo o processo: aceite-se. Isso o torna capaz de aceitar os outros. E porque alguém os aceita, eles aprendem a beleza da aceitação pela primeira vez – quanta tranquilidade se sente! – e eles começam a aceitar os outros.

Se a humanidade inteira chegar ao ponto onde todo mundo é aceito como é, quase noventa por cento da infelicidade simplesmente desaparecerá – ela não tem fundamentos – e os seus corações se abrirão por conta própria e o seu amor estará fluindo.

Neste exato momento, como você pode amar? Quando você vê tantos erros, tantas fraquezas… – como você pode amar? Você quer alguém perfeito. Ninguém é perfeito, assim, você tem de aceitar um estado de não-amor, ou aceitar que não importa se alguém não é perfeito. O amor pode ser compartilhado, compartilhado com todas as espécies de pessoas. Não faça exigências.

O julgamento é feio – ele fere as pessoas. Por um lado, você vai machucando, ferindo-as; e por outro lado, você quer o amor delas, seu respeito. Isso é impossível.

Ame-as, aceite-as e, talvez, seu amor e respeito possa ajudá-las a mudar muitas de suas fraquezas, muitas de suas falhas – porque o amor lhes dará uma nova energia, um novo significado, uma nova força. O amor lhes dará novas raízes para se erguerem contra os ventos fortes, um sol quente, a chuva forte.

Se apenas uma única pessoa o ama, isso o faz tão forte, que você nem pode imaginar. Mas, se ninguém o ama neste vasto mundo, você fica simplesmente isolado; então, você pensa que é livre, mas você está vivendo numa cela isolada em uma cadeia. É que a cela isolada é invisível; você a carrega consigo.

O coração abrirá por si mesmo. Não se preocupe com o coração. Faça o trabalho preparatório”.

Osho em The Transmission of the Lamp
http://ventosdepaz.blogspot.com