S I L Ê N C I O
Sutra 34
Se você estiver demasiado inquieto e demasiado ativo, você não chegará… ao meu silêncio. Seja passivo como quando você se senta à margem de um rio, enquanto ele flui; simplesmente observe. Não há aflição, não há urgência, não há emergência. Ninguém está lhe forçando. Mesmo que você deixe passar, nada estará perdido. Você, simplesmente, observa, apenas olha. Mesmo a palavra observa não é boa, porque traz, em si, um elemento de atividade. Você, simplesmente, olha e nada tem a fazer. Sente-se, simplesmente, à margem do rio, olhe enquanto o rio flui. Ou olhe para o céu enquanto as nuvens flutuam; olhe passivamente.É muito, mas muito essencial que essa passividade seja compreendida, porque a sua obsessão pela atividade pode tornar-se inquietação, pode fazer-se uma espera ativa e, então, pode colocar tudo a perder. A atividade pode tornar a entrar pela porta dos fundos. Seja um observador passivo.
O seu centro de ser é o centro de um ciclone. Aconteça o que acontecer em torno dele não será afetado;. É eterno silêncio. Dias vêm e vão, anos vêm e vão, as idades vêm e passam, vidas que vêm e vão, mas o eterno silêncio do seu ser permanece exatamente o mesmo – música sem som, a mesma fragrância de piedade, a mesma transcendência de tudo que é mortal, de tudo o que é momentâneo. Não é algo em sua posse; você está possuído por ele, e isso é a grandeza dele.
O testemunhar é a única coisa que pode torná-lo mais consciente do imenso nada que o circunda. E esse imenso nada… não é vazio, lembre-se.. Esse nada não é vazio, ele é cheio da sua presença, cheio do seu testemunhar, cheio da luz de sua testemunha.Nesse nada, você se torna quase um sol, e os raios do sol movem-se dentro do nada em direção ao infinito.
Aproveite o silêncio. Sinta, prove, saboreie. Logo você verá que ele tem a sua própria comunicação.
O silêncio da mente chega naturalmente – por favor ouçam isto – chega naturalmente, facilmente, sem qualquer esforço se você souber observar, olhar. Quando você observar uma nuvem, olhe para ela sem a palavra e portanto sem o pensamento, olhe para ela sem a divisão como observador. Então há uma consciência e uma atenção no próprio ato de olhar: não a determinação de estar atento, mas olhar com atenção, mesmo que esse olhar possa durar apenas um segundo, um minuto – isso é suficiente. Não seja ganancioso, não diga “Tenho que ter isso durante todo o dia”. Olhar sem o observador significa olhar sem o espaço entre o observador e a coisa observada, o que não significa identificar-se com a coisa que é olhada.
Portanto quando se consegue olhar para uma árvore, para uma nuvem, para a luz sobre a água, sem o observador, e também – o que é muito mais difícil, o que precisa de uma maior atenção – se você conseguir olhar para si mesmo sem a imagem, sem qualquer conclusão, porque a imagem, a conclusão, a opinião, o juízo, a bondade e a maldade, estão centrados em torno do observador, então você descobrirá que a mente, o cérebro, se torna extraordinariamente tranquilo. E essa tranquilidade não é uma coisa a ser cultivada; ela pode acontecer, ela acontece sim, se você estiver atento, se você for capaz de observar o tempo todo, observar os seus gestos, as suas palavras, os seus sentimentos, os movimentos do seu rosto e tudo o mais.
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