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sábado, 31 de outubro de 2020


 M O R T E

Amanhã estaremos todos mortos: meditação sobre vida e morte | Instituto  Loureiro de Desenvolvimento HumanoCitações do Osho sobre a Morte

A morte é o fenômeno mais mal-entendido. As pessoas têm pensado na morte como o fim da vida. Este é o primeiro mal-entendido, básico.

A morte não é o fim, mas o começo de uma nova vida. Sim, é um fim de algo que já está morto. É também um crescendo do que chamamos vida, embora muito poucos saibam o que a vida é. Eles vivem, mas vivem em tal ignorância que nunca encontram sua própria vida. E é impossível para essas pessoas conhecerem sua própria morte, porque a morte é a derradeira experiência desta vida, e a experiência inicial de outra. A morte é a porta entre duas vidas; uma é deixada para trás, outra está esperando adiante.

Não há nada feio quanto à morte; mas o homem, por medo, fez até a palavra morte feia e impronunciável. As pessoas não gostam de falar sobre ela. Elas nem mesmo ouvem a palavra morte.

O medo tem motivos. O medo surge porque sempre é outro alguém que morre. Você sempre vê a morte de fora, e a morte é uma experiência do que há de mais profundo no ser. É como simplesmente assistir ao amor do lado de fora. Você pode assistir por anos, mas você não chegará a saber nada do que é o amor. Você pode vir a conhecer as manifestações do amor, mas não o amor em si. Sabemos o mesmo sobre a morte. Apenas as manifestações na superfície – a respiração parou, o coração parou, o homem que costumava conversar e caminhar não está mais lá: apenas um cadáver está deitado lá em vez de um corpo vivo.

Estes são apenas sintomas externos. A morte é a transferência da alma de um corpo para outro, ou em casos em que um homem está totalmente desperto, de um corpo para o corpo do universo todo. É uma grande jornada, mas você não pode conhecê-la pelo lado de fora. Do lado de fora só os sintomas estão disponíveis; e esses sintomas têm deixado as pessoas com medo.
 
Os que conheceram a morte por dentro perdem todo medo da morte.
 
 
Dentro de Você Não Há Ninguém Para Morrer
 
As pessoas não tem medo da morte, elas tem medo de perder a sua separação, elas tem medo de perder o seu ego. Uma vez que você comece a sentir-se separado da existência, o medo da morte surge porque então a morte parece ser perigosa. Você não estará mais separado; o que acontecerá ao seu ego, sua personalidade? E você tem cultivado a personalidade com tanto cuidado, com esforço tão grande; você a poliu a vida toda e a morte virá e a destruirá.
 
Se você entender, se você vir, se você puder sentir e experimentar que você não está separado da existência, que você é um com ela, todo o medo da morte desaparece porque dentro de você não há ninguém para morrer. Em primeiro lugar, não há ninguém absolutamente: a existência vive através de você.
 
 
Sua Morte Provará Como Você Viveu
 
O homem que tem vivido sua vida totalmente, intensamente, apaixonadamente, sem qualquer medo – sem qualquer medo que tenha sido criado em você pelos padres por séculos e séculos – se uma pessoa vive sua vida sem qualquer medo, autenticamente, espontaneamente, a morte não criará nenhum medo nele, absolutamente. Na verdade, a morte virá como um grande repouso. A morte virá como o florescimento derradeiro da vida. Ele será capaz de desfrutar a morte também; ele será capaz de celebrar a morte também.
 
E lembre-se: este é o critério. Se uma pessoa pode desfrutar e celebrar sua morte, isso mostra que ela viveu corretamente; não há outro critério. Sua morte provará como você viveu.

 
A Morte É a Culminação da Vida
 
O maior mistério na vida não é a vida em si, mas a morte. A morte é a culminação da vida, o florescimento extremo da vida. Na morte, a vida inteira é resumida, na morte você chega. A vida é uma peregrinação em direção à morte. Desde o início, a morte está vindo. Desde o momento do nascimento a morte começou a vir em sua direção, você começou a se mover em direção à morte.
 
E a maior calamidade que aconteceu à mente humana é que ela está contra a morte. Ser contra a morte significa que você perderá o mistério maior. E ser contra a morte também significa que você perderá a própria vida – porque elas estão profundamente envolvidas uma na outra; elas não são dois. A vida é crescimento, a morte é o seu florescimento. A jornada e a meta não estão separadas; a jornada termina na meta.


Ela Pode Acontecer a Qualquer Momento
 
Um homem que pensa que a morte é contra a vida nunca pode ser não-violento. É impossível. Um homem que acha que a morte é o inimigo nunca pode estar à vontade, em casa. Isso é impossível. Como você pode estar à vontade quando o inimigo está esperando por você em qualquer momento? Ele vai saltar sobre você e destruí-lo. Como você pode estar não-tenso quando a morte está esperando na virada da esquina e a sombra da morte está sempre caindo sobre você? Pode acontecer a qualquer momento. Como você pode descansar quando a morte está ali? Como você pode relaxar? O inimigo não permitirá que você relaxe.
 
Daí a tensão, a ansiedade, a angústia da humanidade. Quanto mais você luta contra a morte, mais subjugado pela ansiedade você se tornará, tem que se tornar. Essa é uma consequência natural disso.
 
 
Por Que Tememos a Morte?
 
Por que nos apegamos à vida e por que temos medo da morte? Você pode não ter pensado nisso. A razão pela qual nos apegamos muito à vida e por que temos medo da morte é simplesmente inconcebível. Nós nos apegamos tanto à vida, porque nós não sabemos como viver. Nós nos apegamos tanto à vida porque verdadeiramente não estamos vivos. E o tempo está passando e a morte está chegando cada vez mais perto. E temos medo da morte estar chegando perto e nós ainda não termos vivido.
 
Este é o medo: a morte virá e nós ainda não vivemos. Estamos apenas nos preparando para viver. Nada está pronto; a vida não aconteceu. Nós não conhecemos o êxtase que a vida é; não conhecemos a bem-aventurança que a vida é; não conhecemos nada. Temos estado apenas inspirando e expirando. Temos estado apenas existindo. A vida tem sido apenas uma esperança e a morte está chegando perto. E se a vida ainda não aconteceu e morte acontece antes dela, é claro, obviamente teremos medo, porque não gostaríamos de morrer.
 
Apenas aquelas pessoas que viveram, viveram de verdade, estão prontas, acolhedoras, receptivas, gratas à morte. Então, a morte não é o inimigo. Então, a morte torna-se a realização
 
 
Torne-se Consciente da Morte
 
Para mim, o homem significa consciência da morte. Não estou dizendo: torne-se receoso da morte; isso não é consciência. Simplesmente esteja consciente do fato de que a morte está chegando cada vez mais perto e você tem que estar preparado para isso...
 
Então a primeira coisa: torne-se consciente da morte. Pense nisso, olhe para isso, contemple isso. Não tenha medo, não fuja do fato. Ele está lá e você não pode fugir dele! Ele veio à existência com você.
 
Sua morte nasceu com você; agora você não pode fugir disso. Você tem escondido isso em si mesmo – torne-se consciente disso. No momento em que você torna-se consciente que você vai morrer, que a morte é certa, a sua mente total começará a olhar numa dimensão diferente. Então o alimento é uma necessidade básica para o corpo, mas não para o ser, porque mesmo que você obtenha alimento a morte ocorrerá. O alimento não pode proteger você da morte, o alimento pode apenas postergá-la. O alimento pode ajudá-lo a postergar. Se você obtiver uma boa proteção, uma boa casa, isso não o protegerá da morte. Isso apenas o ajudará a morrer convenientemente, confortavelmente. E a morte, se acontecer confortável ou desconfortavelmente, é a mesma.
 
Na vida você pode ser pobre ou rico, mas a morte é o grande equalizador. O maior comunismo está na morte. Como quer que você viva, não faz diferença; a morte acontece igualmente. Na vida, a igualdade é impossível; na morte, desigualdade é impossível. Torne-se consciente disso, contemple isso.
 
 
É Preciso Passar pela Porta da Morte
 
A morte é mais importante que a vida. A vida é apenas o trivial, apenas o superficial; a morte é mais profunda. Através da morte você cresce para a vida verdadeira, e através da vida você apenas alcança a morte e nada mais.
 
O que quer que digamos ou queiramos dizer por vida é apenas uma jornada em direção à morte. Se você puder compreender que sua vida toda é apenas uma jornada e nada mais, então você está menos interessado na vida e mais interessado na morte. E uma vez que alguém se torna mais interessado na morte, pode ir fundo para as próprias profundezas da vida; caso contrário, vai permanecer apenas na superfície.
 
Mas não estamos interessados na morte absolutamente: pelo contrário, fugimos dos fatos, estamos continuamente fugindo dos fatos. A morte está lá, e a cada momento estamos morrendo. A morte não é algo distante, ela está aqui e agora: estamos morrendo. Mas enquanto estamos morrendo seguimos preocupados com a vida. Essa preocupação com a vida, essa preocupação exagerada com a vida, é apenas uma fuga, apenas um medo. A morte está lá, profundamente dentro – crescendo.
 
Altere a ênfase, vire a sua atenção para o derredor. Se você tornar-se motivado com a morte, sua vida virá a ser revelada pela primeira vez, porque no momento em que você se põe à vontade com a morte, você ganhou uma vida que não pode morrer. No momento em que você conheceu a morte, você conheceu a vida que é eterna.
 
A morte é a porta da vida superficial, a assim chamada vida, o trivial. Há uma porta. Se você passar pela porta você chega a outra vida – mais profunda, eterna, sem morte, imortal. Então da assim chamada vida, que não é nada exceto morrer, tem-se que passar pela porta da morte; somente então alcança-se uma vida que é verdadeiramente existencial e ativa – sem morte nela.
 
 
Não Há Mentira Maior Que a Morte
 
A primeira coisa que eu gostaria de lhe dizer sobre a morte é que não há mentira maior que a morte. E entretanto, a morte parece ser verdadeira. Não apenas aparenta ser verdadeira mas aparece também como a verdade fundamental da vida – ela aparece como se a totalidade da vida esteja cercada pela morte. Se nos esquecemos disso, ou nos tornamos esquecidos disso, em todo lugar a morte permanece perto de nós. A morte está mais perto de nós até mesmo que nossa própria sombra.
 
Nossas vidas tem sido estruturadas sobre os alicerces de nosso medo da morte. O medo da morte tem criado a sociedade, a nação, família e amigos. O medo da morte tem nos feito correr atrás de dinheiro e nos tem feito ambiciosos de posições mais elevadas. E o mais surpreendente de tudo é que nossos deuses e nossos templos também tem sido erigidos a partir do medo da morte. Receosos da morte, há pessoas que rezam de joelhos. Receosos da morte, há pessoas que rezam para Deus com as mãos postas elevadas em direção ao céu. E nada é mais falso que a morte. É por isso que qualquer que seja o sistema de vida que tenhamos criado, por acreditar que a morte é verdadeira, tudo torna-se falso.
 
Mas como conhecer a falsidade da morte? Como podemos saber que não existe morte? Até sabermos isso, o nosso medo da morte também não passará. Até conhecermos a falsidade da morte, nossas vidas permanecerão falsas. Enquanto houver medo da morte, não pode haver vida autêntica. Enquanto tremermos de medo da morte, não podemos reivindicar a capacidade de viver nossas vidas. Só se pode viver quando a sombra da morte tiver desaparecido para sempre. Como pode uma mente amedrontada e trêmula viver? E quando a morte parece estar se aproximando a cada segundo, como é possível viver? Como podemos viver?
 
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O SEGREDO É: EM GLÓRIA AO PAI SE OFERTAR SEM NADA ESPERAR
Mãos Vazias - Universal.org - Portal Oficial da Igreja Universal do Reino  de Deus - Universal.org – Portal Oficial da Igreja Universal do Reino de  Deus  
Ondas de Amor e de Luz são constantemente derramadas sobre vós. Em vossos corpos as vibrações vão sendo sutilizadas por essas ondas. A participação do vosso consciente nesse processo é mínima, e assim deve ser, pois a função dele é entregar-se, é atuar como uma maçaneta sobre a qual a mão divina se põe, abrindo portas para um novo caminhar.

Mantende-vos alinhados com essa Luz, entregai-vos à vontade do Pai. Não desvieis vossos olhos para as vivências da vossa personalidade, pois o equilíbrio dela, tão frágil nestes tempos de caos, provém da sua ligação com a fonte de toda a Vida. Se vossa consciência estiver polarizada nessa fonte, recebereis a todo instante uma energia revitalizadora e regeneradora para os corpos; se, ao contrário, vos afastardes dela e vos envolverdes em redes de raciocínios que em si só trazem a dúvida e o conflito, sereis sugados pelo turbilhão que já arrasta grande parte da humanidade da superfície.

Orientações virão do vosso próprio interior, se construirdes a ponte para o contato com a dimensão suprafísica. Voltai-vos para o centro do vosso ser. O mundo externo já recebeu as chaves para o despertar, e sabeis que somente uma vida de renúncia irá trazer resultados purificadores para este planeta. Este é o maior serviço que podeis prestar.

Trabalhos externos não devem consumir toda a vossa energia. Se vos identificardes somente com eles, vereis crescer e tomar espaço em vossa mente um estado de agitação que dispersa vossa energia e traz um fortalecimento do ego inferior. Permanecereis, assim, atados ao mundo da ilusão.

O caminho divino só é trilhado por aqueles que com pureza e humildade entregam-se ao Senhor. O estímulo que vos trazemos é para a purificação e a entrega. Deveis estar prontos para estar diante do VAZIO. É no silêncio, no total abandono de vós mesmos às energias superiores, com pureza de caráter e de intenção, que podereis transformar-vos. O grau de ajuda que tendes deve-se ao que emanais, ao que a vossa própria essência consegue expressar.
Enviamos-vos a Luz, mas encontrá-la é tarefa de cada um de vós. Não nos cabe tirar a venda dos vossos olhos.

Não busqueis experiências místicas, mas sim transformar-vos para melhor. Abri vosso coração à humildade e à simplicidade, pois maior é o grau de serviço que podeis prestar se em vossa doação nada ambicionais.

É na simplicidade de uma vida voltada para o interior que nossa real energia se revela. O contato que temos convosco e a orientação que vos damos fazem-se a cada passo, a cada respiração, a cada minuto que viveis. Oferecei-vos como o fazem os pássaros e as flores, que em glória ao Pai e em pura entrega para Ele vivem sem nada esperar.

Entregai-vos, e tudo vos será dado, pois nosso mundo interno nada mais espera que a vossa abertura. Estais entrando numa nova etapa; da concentração no processo de purificação individual passais agora para o aprendizado direto do Serviço que tendes que prestar.

A cada encontro vos abriremos novas portas e descobrireis então as sublimes realidades que vos esperam.

Buscai unir-vos a nós, do Cosmos. Pedimos-vos entrega. Estais sendo envolvidos em compreensão e amor. A entrega há de ser o sopro de vida que vos mantém. Vossas mãos serão instrumentos para a nossa obra, vossos olhos existirão para a nossa visão. Nessa união recebereis o necessário para que mais e mais desveleis o Caminho do Serviço.


José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br
 
 
Jo0el Goldsmith, com muita propriedade e segurança de quem praticou em vida a Presença de Deus, explica: A partir do momento em que temos a primeira experiência consciente de perceber que existe uma Presença dentro de nós, Ela nos guiara à plena revelação da verdade. Se continuarmos a nos voltar para o que está dentro, no silêncio, de uma forma ou de outra Ele começara a dar-se a conhecer; começará a identificar-se; e, uma vez tocados por Ele, se continuarmos a nos voltar fielmente para Ele, seremos conduzidos à Sua plenitude. “Mas o Confortador, que é o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas”. Depois que o Espírito de Deus é percebido sobre nós, a vida é bem diferente de viver-se na mortalidade, como um pedaço de barro. Nossa grande preocupação, agora, já não é conosco mesmos, mas sim com que esse Espírito de Deus em nós seja uma bênção para o mundo e para todos os que vierem ao mundo. Só quando o Espírito é percebido em nós é que vivemos verdadeiramente. A vida então é vivida “não por dever, não por poder, mas pelo meu espírito”. Pai estou contemplando a Vossa graça e a Vossa vontade de forma que o Vosso Espírito possa visitar-me, e de forma que eu possa ser dotado, do Alto, pelo Vosso Espírito – não pela minha sabedoria, não pela minha perseverança, mas pelo Vosso Espírito. “É o espírito que é vivificante; a carne não é de nenhum proveito. As declarações que vos tenho feito são espírito e são vida”. Quando o espírito de Deus habita em nós, é a palavra de Deus que está vivendo em nosso corpo, porque então não se trata do seu corpo ou do meu corpo: é o corpo de Deus. Entregue a si mesmo, esse corpo nada pode fazer e não pode ir a parte alguma. É a Consciência que governa toda a atividade e o funcionamento do corpo. Agora, transferimos o controle para o espírito: Pai, este corpo é Vosso, assim como eu sou Vosso. Sou o Vosso templo sagrado, porque Vós habitais em mim. Meu corpo é o Vosso templo porque entreguei ao Vosso uso. Mandai-o aonde desejardes que ele vá; instruí-o para que faça aquilo que Vós desejeis que ele faça. (http://suprimentoinvisivel.blogspot.com)
 
As palavras de Osho são muito simples, porém de um profundo significado: "Se você sempre está entregue à Existência, sempre que vive em confiança, amor, oração, celebração, alegria, você está no céu". 

sexta-feira, 30 de outubro de 2020


 SEJA O TEU ALIMENTO, O TEU MEDICAMENTO

6 Tips to Wake Up for Tahajjud - IlmFeed

Se o homem observasse fielmente este preceito lapidar do médico-filósofo Hipócrates, reduziria por mais de 50% as suas misérias físicas. A humanidade de hoje costuma ingerir duas espécies de venenos: uns se chamam alimentos, outros se chamam medicamentos. Se o homem tomasse alimentos inteiramente sadios não teria necessidade de medicamentos. Saúde é harmonia com as leis da natureza, doença é desarmonia. As doenças não fazem parte do inventário das matérias ou forças da natureza. Deus não creou doenças. As moléstias correm por conta do abuso que o organismo faz das leis da natureza. Abuso é moléstia, uso é saúde.
 
Muitos homens se dizem infelizes porque não têm saúde. Ainda que doença não seja, de per si, idêntica a infelicidade – porque é apenas sofrimento físico- mental – contudo, a moléstia predispõe para a infelicidade, sobretudo em se tratando de pessoas de pouca espiritualidade.
 
É costume quase geral atribuir à vontade de Deus as doenças, os acidentes e a morte prematura de entes queridos. Os nossos hospitais e hospícios são cenários onde Deus é constantemente difamado e caluniado. Jesus, o maior embaixador de Deus no mundo, não era desse parecer. Nenhuma desarmonia espiritual (pecado), mental (ignorância) e física (moléstia) é creação de Deus. Todas estas misérias correm por conta do abuso da liberdade de seres parcialmente conscientes e livres.
 
– Paciência! Deus quis que meu filho morresse de um acidente.
 
– Paciência! Foi a vontade de Deus que meu amigo caísse vítima de câncer!
 
– Paciência! Fulano caiu dum andaime e quebrou a cabeça – foi a vontade de Deus!
 
– Deus mandou lepra a fulano, cegueira a sicrano, surdez a beltrano...
 
– Os sofrimentos são provas do amor de Deus!
 
Com estas e outras frases rotineiras debitamos a Deus a nossa ignorância e creditamos a nós a nossa suposta sapiência.

Se as doenças fossem provas do amor de Deus para com os homens, porque não cumulou o Pai celeste de todas as doenças a Jesus, no qual havia “posto as suas complacências”? Na realidade, não mandou uma só doença a seu filho dileto; os únicos sofrimentos que lhe couberam tiveram por autores os pecadores e não a Deus.
 
E se o Pai celeste mandou a lepra como penhor da sua benevolência aos leprosos, como é que Jesus ousa abolir esse privilégio divino curando a lepra, afirmando que veio para cumprir a vontade do Pai dos céus? E a cegueira, a surdez, a mudez, a paralisia, a morte prematura da filha de Jairo, do jovem de Naim e de Lázaro, se eram dádivas divinas, como é que Jesus se atreve a cancelar todas essas provas de amor de Deus para com os homens? De duas uma: ou Jesus foi o maior rebelde contra a vontade de Deus – ou certa teologia está errada em afirmar que as moléstias são dons de Deus e provas da sua bondade para conosco. O Evangelho afirma que Jesus veio “destruir as obras de Satanás”, e nestas estão incluídas também as moléstias que aboliu. Com referência àquela mulher que sofria duma deformidade na espinha dorsal, andando encurvada havia 18 anos, diz o texto sacro que “Satanás a mantinha presa” a essa moléstia. Deus ou Satanás?
 
A ignorância das leis da natureza, a não-observância da harmonia entre o indivíduo e o Universal – é esta a causa principal dos nossos sofrimentos, nossos e da humanidade organicamente relacionada conosco.

A nossa inteligência se emancipou em parte do instinto dos seres infra- humanos, onde há um acerto quase automático em matéria de alimentação;

mas a nossa inteligência não atingiu ainda as alturas da razão espiritual, onde reina infalibilidade intuitiva nesse particular – e por isto, no plano do intelecto, emancipados do acerto automático do instinto e ainda não possuidores da intuição racional, erramos frequentemente quanto à escolha e ingestão de alimentos. Milhares e milhões de seres humanos não se alimentam do que convém ao organismo total, mas obedecem ao gosto momentâneo do paladar individual, mesmo que essa luxúria oral redunde em detrimento do organismo todo. A inteligência é unilateral e, não raro, sacrifica o bem do todo pelo interesse de uma parte.
 
O intelecto unilateral aliado aos sentidos guia-se pela norma: comer o que é gostoso, seja sadio ou não!
 
O homem ascético procura comer o que é sadio, mesmo que não seja gostoso.
 
O homem racional nutre-se de alimentos ao mesmo tempo sadios e saborosos.
 
Mas, o grosso da humanidade está no terreno físico-mental, preferindo o saboroso ao sadio; ou está no terreno ascético, preferindo o sadio ao saboroso.

Quando a humanidade atingir a sua evolução racional, nutrir-se-á de alimentos  não menos sadios que gostosos.
 
O nosso corpo é o resultado dos alimentos que assimila. Se esses alimentos forem inteiramente sadios e substanciosos não produzem doenças, nem há necessidade de remédio de espécie alguma.
 
Alimentos sadios são todos aqueles que harmonizam com a constituição do nosso organismo. Qualquer alimento desnatural é nocivo. Verdade é que o organismo procura também assimilar, com algum esforço, alimentos desnaturais, e muitas vezes o consegue, pelo menos parcialmente. Mas, neste caso, os elementos desnaturais são eliminados ou neutralizados.
 
Quando, porém, esses elementos desnaturais são em excessiva quantidade e frequência, os órgãos neutralizantes ou eliminatórios não conseguem vencer o trabalho – e vai o excesso do veneno para o sangue, preludiando moléstias internas ou externas. Pode um organismo robusto resistir a meio século de venenos acumulados, mas, quando a resistência diminui, com a aproximação da velhice, começa a funesta reação.
 
Melhor seria prevenir do que corrigir!
 
Alimentos desnaturais ao corpo são, por exemplo: carnes, frituras de qualquer espécie, sal mineral, açúcar branco, pão de farinha de trigo sem casca nem germe, álcool, café, chá, chocolate, etc.
 
Já estou ouvindo os protestos dos médicos acadêmicos, a maior parte dos quais continua aferrada à ideia obsoleta de que o corpo humano necessite de carne animal para possuir as proteínas indispensáveis à saúde.
 
Entretanto, contra fato não valem argumentos! Tenho diante de mim exemplos sem conta de pessoas de todas as idades e condições de vida que gozam de perfeita saúde e bem-estar sem carne de espécie alguma. De resto, os próprios animais vegetarianos, como o cavalo, a vaca, o elefante, o camelo e outros, sem falar dos símios frugívoros, são prova do que acabo de afirmar. Donde tiram esses vegetarianos as proteínas necessárias ao seu organismo?
 
Está cientificamente provado, tanto pela forma da dentadura como pelas vias digestivas, que o homem não é carnívoro, como cães e gatos, nem propriamente herbívoro, como vacas e cavalos, mas antes frugívoro, como os símios e certos roedores. A principal dieta do homem deve consistir em frutas e sementes de toda a espécie, aos quais poderá ser adicionada certa percentagem de verduras. A carne adulta não faz parte do cardápio humano, embora certos derivados de origem animal, como ovos e leite, possam sem prejuízo ser usados.

A abstenção da carne animal não é, em primeiro lugar, um postulado de ordem ética, mas sim um imperativo de ordem biológica.
 
Conheço, aqui em São Paulo, um orfanato com quase 50 crianças, e durante os 15 anos da sua existência não se verificou um só caso de doença nem  sequer uma cárie dentária – e nenhuma dessas crianças sabe o que seja carne. Todas gozam de 100% de saúde, porque vivem inteiramente segundo as leis da natureza, não só no tangente à dieta, como também em todo o resto. Excusado é dizer que nesse orfanato não entram balas e caramelos para corromper os dentes das crianças.
 
Todo e qualquer alimento é produto da luz solar. Essa luz ou energia solar, armazenada nos alimentos, chama-se “caloria”. Nos vegetais, a energia solar existe em primeira instância, isto é, em estado mais puro. Nos animais herbívoros ou frugívoros ela está em segunda instância; e nos animais carnívoros, em terceira, quarta, quinta, etc. instância, quer dizer, energia solar em estado menos puro.
 
A ciência provou que todas as coisas são “lucigênitas” (feitas de luz) e podem, por isto ser “lucificadas” (transformadas em luz). Da mesma forma, todos os alimentos são essencialmente luz, e todos os seres são “lucífagos” ou “lucívoros” porque se alimentam de luz. Tanto mais sadio é um alimento quanto mais perto da sua origem luminosa.
 
A palavra latina vegetus de que derivamos “vegetal” e “vegetário”, quer dizer “forte”, “sadio”.
 
Outra fonte abundante de doenças e, sobretudo, de gripes e resfriados, são osbanhos quentes e os agasalhos excessivos do corpo. O agasalho excessivo enfraquece gradualmente as energias naturais do corpo, que, auxiliado por fora, diminui os seus recursos de resistência de dentro, até ficar exposto a impactos mórbidos. As crianças do referido orfanato tomam ducha fria cada manhã, mesmo quando a temperatura, aqui na Paulicéia, está quase a zero; é o que lhes imuniza o corpo contra qualquer resfriado, que é desconhecido nesse pequeno oásis de saúde no meio dos vastos desertos de moléstias. Passam a maior parte do dia ao ar livre, sem agasalho, com roupas claras, leves e reduzidas.
 
As nossas doenças são filhas da nossa ignorância e moleza.
 
Viver de acordo com as sapientíssimas leis da natureza é viver com saúde e felicidade.

Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade
Curso de Filosofia da Vida - Universalismo
OLHANDO PARA AS FRONTEIRAS DA VIOLÊNCIA
Quais os principais tipos de violência? - Diferença  Os Impulsos Destrutivos São Sintomas de
Uma Frustração Profunda, Que Se Deve Curar
 
 
Enrique Pichon Rivière e Ana Pampliega de Quiroga
 
Durante os últimos tempos, os jornais, ao mencionarem os acontecimentos de ordem nacional e internacional, registraram episódios de violência cuja intensidade e repetição só podem ser explicadas através de uma análise cuidadosa.

O mundo está submetido em sua totalidade a uma frustração do ser humano na sua possibilidade de realizar-se. Disso surgem tremendas tensões carregadas de hostilidade e que contam com um denominador comum: a agressão. Esse medo é hoje uma enfermidade universal e é contra ele que aparece um mecanismo de defesa: a violência.

Esta tensão surge em focos diversos, parciais, em atitudes grupais ou isoladas, mas que sempre refletem a situação de uma comunidade. Se um homem, como ocorreu há pouco no Texas, sobe numa torre e assassina dezenas de pessoas a tiros, não se trata de um mero fato casual. Neste momento ele atua como porta-voz de todo um grupo. A explosão isolada desta violência é uma maneira de defender-se ou de postergar a violência universal, que significaria hoje a destruição da humanidade.

A violência pode ser definida como uma reação coletiva ocasionada pela acumulação de frustrações de indivíduos que, em um momento dado, por se identificarem com um mesmo conflito, adquirem a sensação de pertencer a um grupo. A agressão, ainda que se manifeste caoticamente, é precedida sempre de uma etapa de planificação e tende a destruir o que representa a fonte de frustração ou de medo, seja um objeto concreto ou um símbolo deste objeto. A violência aponta sempre para uma direção.

Debaixo desta estrutura de agressão, que de um modo ou de outro se torna coletiva, encontramos uma agenda incorporada já à nossa cultura e alimentada por dois fatores assinalados várias vezes ao longo destas notas [1]: a insegurança e a incerteza.

Fenomenologicamente, o ato de violência é precedido de um período de obscuridade (por isso se fala de violência cega), como se fosse esperado o enfraquecimento da censura para produzir o impulso irreprimível da agressão. Estudando detidamente o fenômeno da explosão da violência, se observa junto ao período prévio de planificação uma percepção do lugar ou do símbolo de onde surge o mal-estar, e ao qual se dirigirá o ataque. Para analisar a eclosão de violência devemos estudar as suas causas, os seus personagens, o campo em que ela se desenvolve, os objetivos para os quais ela aponta.

Dificilmente um ato de violência se engana na sua direção; ele toca sempre os valores que o grupo agressor quer substituir.

Quanto às causas, a principal é a já mencionada frustração, surgida e continuamente alimentada através do caráter competitivo da nossa sociedade, pelo caráter inacessível das fontes de satisfação pessoal [2], um aumento incessante de custo de vida, tendo como resultado uma expansão da incerteza e do medo do desemprego, somando-se a isto a impossibilidade de planejar um futuro.

As diferenças de classe social, as tensões raciais, e as perturbações na comunicação entre pessoas, classes sociais e instituições, esta situação de desencontro que alguém chamou de “Diálogo de Surdos”, apenas agravam a situação.

Estas diferenças, causa de tensões, têm sido traduzidas no plano internacional em termos de desenvolvimento e subdesenvolvimento; e o caráter monopolista, colonialista e imperialista das grandes potências [3] agrava a inveja e a rivalidade em um mundo dividido entre pobres e ricos, originando-se outra vez esta frustração que leva à violência.

Os protagonistas deste golpe de violência são, por um lado, os que alimentam situações de tensão, configurando instituições, atitudes e preconceitos que provocam a frustração. Por outro lado, eles são combatidos pelas vítimas de uma constante desilusão.

Uma das saídas para esta situação de conflito é a escolha de pessoas ou grupos minoritários sobre os quais se projeta a agressão. Uma vez mais a explosão parcial permite uma drenagem de agressividade e trata de salvar a sociedade da destruição total.

Em um dado momento, pouco importa quem seja o objeto do ódio; é por isso que Harman Bahr, cinquenta anos antes do nazismo, escreveu:

“Se não existissem judeus os antissemitas teriam que inventá-los.”

O mesmo deve-se dizer dos negros, dos adolescentes, isto é, de todas as minorias com características diferenciadas que em um dado momento desempenham o papel de bode expiatório.

Esses grupos que representam o papel de vítimas são minorias às quais cabe desempenhar o papel de agentes da mudança social, despertando os medos universais: o medo à perda e o medo ao ataque, e reforçando desta maneira os fatores que desencadeiam a agressão.

NOTAS:

[1] “Estas notas”: alusão aos capítulos da obra “Psicología de la Vida Cotidiana”, de Enrique Pichon Rivière e Ana Pampliega de Quiroga. (CCA)

[2] “Fontes de satisfação pessoal” – os autores se referem aqui às fontes meramente materiais de satisfação pessoal, cujo caráter falso e ilusório a teosofia desmascara. (CCA)

[3] Grandes potências colonialistas que são tanto “capitalistas” quanto “comunistas”, como é o caso notável da China nas primeiras décadas do século 21. (CCA)

https://www.filosofiaesoterica.com
 

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

ALGUMAS TÉCNICAS PARA FAVORECER 
A COMUNHÃO COM DEUS

Última Parte  -  Criação de um ambiente ético-espiritual

Qualquer agricultor sabe que a melhor das sementes não brota se não tiver ambiente propício. Colocada sobre a mesa, a mais vigorosa das sementes continua inerte; mas, quando colocada no fundo da terra, com suficiente umidade e exposta ao calor solar, não tardará a brotar. Solo e sol são os requisitos indispensáveis para que a vida potencial da semente possa transformar-se na vida atual da planta. Umidade sem calor faz apodrecer, calor sem umidade faz ressecar a semente. Mas a síntese dos dois fatores cria ambiente favorável para a germinação.
 
O mesmo acontece no campo da “agricultura” espiritual. Nenhum homem chega a ter verdadeira experiência de Deus sem a criação de um ambiente favorável. As técnicas, por mais perfeitas, não surtem resultado, se Ihes faltar a atmosfera ético-espiritual. As técnicas rituais, mentais ou materiais, são como o lubrificante do motor; mas nenhum motor trabalha só com lubrificantes, sem combustível; o lubrificante serve para amaciar os movimentos e reduzir o desgaste, mas não pode substituir o combustível.
 
No Sermão da Montanha encontramos um método completo para criar um ambiente ético-espiritual.
 
A filosofia espiritual do Oriente reduziu a poucos itens os requisitos principais para a criação dessa atmosfera propícia à iniciação espiritual. Passaremos a expor, com ligeiros comentários elucidativos e algumas modificações, esses itens. 
 
 
1. “Antes que os teus olhos possam ver as glórias divinas, devem eles ser incapazes de chorar”.
 
Por que chora ou se entristece o homem profano?
 
Porque perdeu certa quantidade de matéria-morta; porque seu ego físico sofre dores; porque seu ego mental foi humilhado; porque seu ego emocional foi ofendido; porque ele foi preterido, tratado com ingratidão; porque ninguém lhe aplaudiu os trabalhos; porque alguém o vaiou ou zombou dele; porque, em vez de sucesso, lhe veio insucesso – por todas essas razões o homem profano chora e se lamenta e se sente frustrado.
 
Nesse ambiente de egoísmo, ambição, cobiça e orgulho não germina a semente divina, o “tesouro oculto do reino de Deus”, que está nele, mas não pode brotar. Para que o homem possa ver as glórias divinas dentro de si mesmo e levá-las à plena magnificência de flores e frutos, deve ele aprender a não chorar por nenhum desses ídolos pueris do seu velho ego.
 
 
2. “Antes que os teus ouvidos possam ouvir as sinfonias do mundo superior, devem eles ter perdido toda a sensibilidade”.
 
O homem profano gosta de ouvir louvores, elogios, aplausos, reconhecimento; e detesta ouvir qualquer censura ou repreensão. Acredita piamente na verdade de todos os elogios dos amigos – mas acha que são pura mentira e malquerença todos os vitupérios de seus inimigos, e planeja vingança contra eles. É essa a voz do velho ego, que torna o homem surdo às melodias da verdade. Só depois de se tornar surdo e insensível a louvores falazes, sem se sentir frustrado com censuras, é que ele começa a escutar a voz divina da sua consciência, e sabe que não é melhor porque o louvam nem é pior porque o censuram, mas é de fato o que é aos olhos de Deus e da sua consciência honesta.
 
 
3. “Antes que o homem possa falar na presença dos Mestres, deve ele ter perdido a possibilidade de ferir”.
 
O homem profano está sempre disposto a ferir, não apenas fisicamente, matando seres vivos para sua satisfação pessoal, mas é também um canibal no plano ético, ferindo reputações alheias com o veneno das suas maledicências, denegrindo outros para que ele mesmo possa brilhar.
 
Toda maledicência é atestado de raquitismo espiritual.
 
Toda maledicência é prova de fraqueza moral.
 
Quem possui dentro da sua consciência o testemunho da luz da verdade e do amor não necessita de apagar luzes alheias para fazer brilhar a sua luz. Só o vaga-lume necessita das trevas para luzir, porque muito fraca é a sua luz.
 
Difícil é suportar derrotas próprias – mais difícil ainda é, para o homem profano, suportar vitórias alheias.
 
Para que o homem possa falar na assembleia dos grandes Mestres espirituais, deve ele mesmo ser mestre em benevolência e beneficência, amparando o que Deus ampara, amando o que Deus ama, ele, “que não quebra a cana fendida, nem apaga a mecha ainda fumegante”.
 
 
4. “Antes que o homem possa receber os tesouros dos céus, deve ele estar disposto a perder todos os tesouros da terra”.
 
O apego interno aos bens materiais é, talvez, o maior obstáculo no caminho da iluminação interior. O pequeno “eu” é tão fraco que se cerca de muitos “meus”; é tão inseguro que ergue vastas trincheiras de “seguros de vida”, para se sentir menos inseguro.
 
“Se alguém não renunciar a tudo que tem, não pode ser meu discípulo.”
 
O “ter” é o maior inimigo do “ser”.
 
Quem tem algo dificilmente pode ser alguém.
 
É tão difícil para o rico adquirir sabedoria como para o sábio é difícil adquirir riquezas.
 
“É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus.”
 
O “ter” é do velho ego humano – o “ser” é do novo Eu divino.
 
A maior dificuldade não está, propriamente, no fato de alguém possuir bens externos; o que mais o escraviza é a atitude interna de escravização e apego a esses bens – e essa escravidão pode obsedar até aquele que pouco ou nada possui, mas vive, dia e noite, a cobiçar bens materiais, embora não os consiga possuir externamente.
 
Pode o homem ser escravo daquilo que não possui – e pode ser também livre daquilo que possui. A pior das escravidões é o incessante desejo de possuir, a idolatria dos bens materiais.
 
A “pobreza pelo espírito” é o desapego interior de qualquer bem material, quer possuído quer não-possuído.
 
Quem, em virtude da sua profissão, deve possuir externamente bens materiais deve aprender a possuí-los sem ser por eles possuído; deve ser um possuidor não possuído. Difícil é a arte de ser pobre – mais difícil ainda é a arte de ser rico. Muitos são pobres, muitos são ricos – poucos sabem ser pobres, pouquíssimos sabem ser ricos.
 
O possuidor não possuído se considera não um proprietário e dono dos seus bens materiais, mas um simples administrador temporário de uma parte do patrimônio de Deus em prol da humanidade.
 
 
5. “Antes que o homem possa elevar-se à altura dos Mestres, é preciso que lave os seus pés no sangue do seu coração”.
 
O sofrimento, quando compreendido e aceito, é o último fator de iniciação espiritual. Nenhum ritualismo sacramental, nenhuma espécie de magia mental, nenhuma erudição intelectual, nenhuma técnica de ioga ou ocultismo – nada é capaz de levar o homem para além da fronteira do seu velho ego profano e introduzi-lo no reino do seu novo Eu sagrado. Podem todos os Virgílios levar o homem através do Inferno e do Purgatório – mas só o sofrimento regenerador conhece os mistérios de Beatriz que levam o homem ao Paraíso. Quando o candidato à iniciação divina tiver feito tudo aquilo que devia fazer, falta-lhe ainda o último elemento decisivo, para que possa dar o passo final, cruzando o limiar do santuário – o sofrimento redentor.
 
Não falamos, precipuamente, de um sofrimento material, nem mesmo moral ou emocional – referimo-nos ao mais acerbo e poderoso de todos os sofrimentos, o sofrimento meta-físico. E esse consiste na dolorosa experiência de que todas as grandezas do nosso ego humano, por mais necessárias que talvez sejam, são insuficientes para nos redimir das nossas irredenções; depois de fazermos tudo o que devíamos fazer, temos de confessar: somos servos inúteis!... E, então, náufragos do ego, de quilha quebrada e mastros desarvorados, mortos para todas as nossas grandezas humanas, podemos ser salvos pelo misterioso poder da graça divina a ser lançados a alguma ilha ignota, onde possamos ressuscitar para uma vida nova. Essa experiência trágica, de que tudo que fazemos é necessário, e nada é suficiente, é o mais atroz sofrimento para o nosso orgulhoso ego luciférico.
 
Esse sofrimento metafísico, quando compreendido e aceito, dá ao nosso velho ego profano o golpe de misericórdia. Antes desse voluntário egocídio, é inútil esperar a ressurreição do Eu divino em nós.
 
Nenhum viandante rumo às alturas atingirá o Everest da verdadeira experiência divina sem que seus pés sejam lavados no sangue do seu coração. O ingresso no reino de Deus supõe e exige uma dolorosa operação cirúrgica, sem anestesia. Não há parto espiritual sem dor. Quem não quiser passar por essa hemorragia interior não entrará no reino dos céus.
 
“Se o grão de trigo não morrer, ficará estéril, mas, se morrer, produzirá muito fruto.”
 
“Eu morro todos os dias, e é por isso mesmo que eu vivo, mas já não sou eu que vivo – o Cristo vive em mim.”
 
Todos os mestres espirituais são unânimes em exigir a morte do ego humano para que nascer possa o Eu divino.
 
Entretanto, essa “morte do ego” é, na realidade, uma vitalizacão e uma integração do pequeno ego profano no grande Eu sagrado. Se o “grão de trigo” (o ego humano) morresse de fato, não daria planta (o Eu divino); o que morre não é a vida da semente, mas é a estreiteza do invólucro que encerra essa vida potencial. Não morre a vida, morre aquilo que impede a vida de se expandir. A vida potencial da semente se expande na vida atual da planta – o pequeno ego ilusório passa a ser o grande Eu verdadeiro. O erro de que o homem seja uma persona (máscara) separada do grande Todo Cósmico (Deus) é suplantado pela verdade de que o homem é um ser indivíduo, indiviso, não separado, da Vida Universal e que ele pode eternizar a sua vida individual, se a integrar na Vida Universal,
 
“Eu e o Pai somos um... O Pai está em mim... O Pai também está em vós”...
 
Uma vez criado esse ambiente ético-espiritual, pode o homem ingressar no santuário da Verdade e da Vida. Pode “conhecer a Verdade – e a Verdade o libertará”...
 
HUBERTO ROHDEN - Em comunhão com Deus - Colóquios com os homens - Solilóquios com Deus

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ALGUMAS TÉCNICAS PARA FAVORECER A COMUNHÃO COM DEUS 

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Parte IV - Atitude corpórea - Respiração controlada - Focalizando a consciência espiritual

Atitude corpórea 

Em razão da íntima correlação que vigora entre corpo e alma, é de suma conveniência que, enquanto a alma se entrega à meditação, o corpo mantenha uma atitude compatível com essa atividade da alma. A melhor posição do corpo, durante a meditação, é estar sentado naturalmente, se possível em cadeira de assento duro e encosto vertical. A espinha dorsal assume atitude ereta, normal; as pernas, não cruzadas, ficam em posição espontânea, formando ângulo reto na junção com o corpo e nos joelhos; as mãos, de palmas para cima, pousam naturalmente no regaço ou sobre as coxas; os olhos conservam-se ligeiramente fechados – tudo isso, que aos inexperientes talvez pareça arbitrário ou artificial, é perfeitamente natural e espontâneo para quem, de fato, se acha imerso em profunda comunhão com Deus. 

Durante essa profunda concentração espiritual, o homem não sente necessidade de se remexer nervosamente na cadeira, movimentar os braços ou as pernas, tossir, olhar em derredor, pender o corpo ora para a frente, ora para a direita, ora para a esquerda, tamborilar com os dedos sobre a mesa, ou executar outro movimento qualquer de que é vítima constante o homem sem disciplina espiritual.
 

Respiração controlada 

No princípio da meditação convém fazer algumas inalações e exalações profundas e completas, enchendo e esvaziando totalmente os pulmões e retendo o ar, por alguns momentos, entre os dois movimentos. Durante o resto da meditação não convém praticar esse exercício de respiração controlada, mas respirar normalmente. O meditante verificará que, quanto mais profunda e intensa for a concentração mental e espiritual, tanto mais leve e imperceptível se vai tornando a respiração, baixando do normal de 15 ou 16 a 6 ou 5 por minuto. Exercícios físicos aumentam, exercícios mentais ou espirituais diminuem automaticamente o número de movimentos respiratórios. 

A torrente aérea que entra nos pulmões conduz o oxigênio vitalizante, que dá cor vermelha ao sangue; a torrente que sai leva consigo o dióxido de carbono, tingindo de azul o sangue e libertando o corpo dos venenosos resíduos do desgaste. Por meio de respiração profunda e completa pode o homem vitalizar o seu organismo e desintoxicá-lo. 

Se o meditante focalizar espiritualmente a torrente rubra do oxigênio, este se converte em prana ou força vital espiritual, adquirindo alta voltagem, que vitaliza não só o corpo, senão também a alma. Associando esse exercício de pranayama ao de jejum espiritualizado, consegue-se voltagem mais alta ainda para a experiência superior, porque tanto o oxigênio do ar como as calorias dos alimentos assimilados passam por um processo de alquimia ou transmutação de valores, sob o impacto do espírito. 

“Nem só de pão vive o homem, mas também de todo verbo (vibração) que sai da boca de Deus” – nem só da vibração material do ar e do alimento físico vive o homem, mas também das vibrações imateriais do universo espiritual, suposto que o homem se tenha habituado a captar essas ondas curtas do mundo superior.
 

Focalizando a consciência espiritual 

Durante a contemplação, como dissemos, todo o nosso Eu espiritual deve estar, fixa e intensamente, focalizado num único ponto essencial, sem discorrer intelectualmente daqui para acolá. É como a aguda lâmina de uma chama em intensíssima vibração, sem irrequietos bruxuleios, sinal de baixa frequência. Para facilitar essa focalização imóvel, muitas pessoas se servem de certas palavras que repetem internamente, sem mover os lábios, como sejam: “Eu e o Pai somos um”, ou: “Quem é Deus, quem sou eu?”, ou: “Cristo vive em mim”. Os iogues orientais costumam repetir: “AUM”, sacro trigrama da Divindade, que simboliza as consciências corporal, mental e espiritual 

Essas e outras técnicas servem para focalizar e estabilizar a consciência espiritual na grande Realidade, Deus. Quanto mais intensa e diuturna for essa consciência divina, tanto maior abundância de luz e força receberá o meditante, porquanto o grau do recebimento depende do grau da receptividade. Deus é o grande Doador, o homem é apenas recebedor, e quanto mais o recebedor alargar os seus espaços internos tanto maior será a dádiva que do Doador receberá. Essa focalização da consciência espiritual equivale a um progressivo alargamento dos espaços internos do Eu divino no homem. 

É como que uma passividade dinâmica, a criação de um grande vácuo para atrair a divina Plenitude, a formação de um pólo negativo para chamar o pólo positivo, uma descida ao nadir do pequeno ego humano a fim de possibilitar a subida ao zênite do grande Eu divino. 

Entretanto, todas essas tentativas de explicação simbólica não passam de palavras ocas e sem sentido para o homem inexperiente. Só a experiência direta, imediata, é que pode encher de um conteúdo esses contentores vazios, porque só o divino Simbolizado é que dá sentido a esses símbolos humanos. De fato, só sabe o que é Deus quem o saboreia, quem o experimenta e vive pessoalmente, nas íntimas profundezas do seu ser. 

Mas esse encontro pessoal com Deus é cercado de eterno silêncio e impenetrável mistério para todos. os profanos – só o conhece o iniciado, o homem renascido pelo espírito, a nova creatura em Cristo. 

Ainda que alguém iniciasse essa vida de comunhão diária com Deus apenas no último quartel da sua existência terrestre, não tardaria a verificar a mudança benéfica que essa prática produzirá na sua vida, não apenas no plano propriamente espiritual, mas também em todos os setores da sua vida material, mental e social.

 

HUBERTO ROHDEN - Em comunhão com Deus - Colóquios com os homens - Solilóquios com Deus  

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