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segunda-feira, 18 de outubro de 2021

 A INTUIÇÃO COMO MÉTODO DE PESQUISA

"Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta 
das leis do Universo - O único caminho é a intuição"
 (Albert Einstein)
 

Cada realização concreta é um processo involutivo em que a unidade se ramifica no particular. Na profundeza da consciência se tocam os planos superiores, onde a ideia, antes de descer e diferenciar-se na forma concreta, é abstrata e existe em tipos simples e únicos para muitos grupos de manifestações diversas;  quanto mais subimos para o centro, tanto mais a ideia originária se faz abstrata e única, até identificar-se naquele monismo absoluto, que é Deus. Assim, a arte e a fé, a ciência e a ação não passam de diferenciações produzidas pela descida daquele mesmo e único princípio.

Estes elevados problemas de psicologia têm também uma grande importância prática, porque sua compreensão e solução revolucionam todos os rumos intelectuais e científicos de nossos tempos. Revolucionam os métodos de pesquisa científica, tanto quanto os sistemas de aquisição cultural. Para mim, o método racional analítico não passa de uma redução involutiva do método intuitivo sintético. A evolução psíquica do homem impõe a ascensão a este método mais profundo.

Estou convencido de que a solução dos problemas não se acha no exterior sensório, mas no interior intuitivo e só pode ser alcançada se nos projetarmos dentro de nós mesmos com a introspecção e não fora de nós, com a observação. Sinto que os princípios não se podem encontrar senão por visão, por uma transformação de consciência que se identifique com o fenômeno, por uma transferência do eu a um novo plano conceitual; enquanto se permanecer na dimensão atual da razão, certos problemas permanecerão insolúveis. É fato comprovado que as mais elevadas verdades, as sínteses conceituais sempre se descobrem a golpes de gênio, isto é, de revelação por inspiração e não por análise objetiva e racional.

A audácia de minhas conclusões está no propor à ciência o método de pesquisa por inspiração noúrica como método normal, a fim de que o método da intuição complete o dedutivo experimental; estou convencido de que os conceitos já existem em forma de emanações radiantes, de correntes em expansão, e que basta captá-las. Certamente que é um método delicado e complexo. É necessário antes compreendê-lo para se saber usá-lo. Reconheço bem quanto a psique humana é imatura, na massa comum, para estas sutis operações de pensamento e minha audácia está justamente em pensar na normalização de tais métodos. Entretanto, estou certo de que o homem se acha numa grande curva de seu caminho evolutivo, que a eterna criação biológica está operando atualmente no nível psíquico e que novos métodos se impõem pela lei do meio mínimo.

Por que o método intuitivo deve limitar-se apenas às formas artísticas e poéticas? E por que não poderá existir uma nova e normal inspiração filosófica, matemática, social, moral, científica? Por que não reconheceremos que a sabedoria não se encontra nos livros, farrapos do passado, mortas cristalizações do pensamento, mas, sim, nas vivas correntes conceituais em que palpita e em que se sustém todo o universo? E que, para saber, esse grande livro do infinito é o único que importa ser lido? E para a formação cultural, por que às longas e exaustivas vias do estudo não se preferirão as da purificação da consciência, da evolução que a conduz à dimensão super conceitual, onde a visão da verdade é espontânea? No Alto, a sabedoria é gratuita e, através de sua progressiva espiritualização, o homem adquirirá, um dia, o conhecimento por imersão em estados vibratórios e por exposição da psique às correntes noúricas.

 
Pietro Ubaldi, do livro "As Noures - Conclusão"
http://www.pietroubaldi.org.br 
 
 
O QUE SÃO NOURES 

Cada um sente, mais ou menos distintamente, revelar-se em si uma nova capacidade de sentir o pensamento, de perceber à distância. E isso já não se perde no fantástico, mas aparece como intuição, pressentimento de um real estado futuro, que transmite e registra correntes de pensamento, noures.

Na Terra e no Céu irrompe uma vastíssima tempestade de pensamento que, em grandes correntes, luta e se lança à conquista da unidade espiritual do planeta.

O pensamento pode transmitir-se por ressonância quando os centros cerebrais sejam susceptíveis de oscilações que possuam idênticas características pois ressonância significa sintonização no mesmo estado vibratório. Significa simpatia, afinidade. Então, os dois centros psíquicos podem influenciar-se mutuamente, através de um meio comum que receba e transmita as suas vibrações. O pensamento é uma vibração, porém, reduzida a subtilíssima e evoluidíssima forma dinâmica, em vias de superar a dimensão espaço-tempo. A psique humana é capaz de vibrar e de entrar em ressonância, de transmitir e registrar normalmente correntes psíquicas, porque é assim que se forma, se projeta, se comunica e se recebe o pensamento, que, como a luz, circula por toda a parte na atmosfera humana e além dela. Assim se transmitem estados de ânimo, sentimentos, além de conceitos. Existe sempre, para todos os inspirativos, uma necessidade de solidão, que funciona como isolante. E também de oração, que é elevação de espírito, que põe a psique em estado de receptividade e auxilia a elevação da tensão nervosa necessária para atingir os planos superiores de consciência, mais sutis, e que representam correntes de alto potencial.

O centro genético das emanações nouricas está situado numa dimensão de caráter abstrato, onde se encontram os princípios universais. A fonte não vibra, não irradia vibrações no sentido por nós conhecido, sejam elas embora de pensamento; não transmite ondas-energia na dimensão espaço-tempo, mas emana um quid (ou seja, algo indefinível) absolutamente imaterial, um impulso, uma potência que não se pode definir com os atributos das dimensões do nosso universo. Dessa sua dimensão mais elevada, a emanação deve descer; essa potência deve precipitar-se sobre a dimensão do pensamento humano e a chamada recepção não pode realizar-se senão em virtude dessa descida. A noure assume a forma vibratória de pensamento só depois de concluído o processo de transformação involutiva na consciência do médium.

Noutros termos, para exprimir a emanação originária como pensamento, dentro do concebível humano, importa operar uma redução de dimensão; essa descida à terra significa que aquela potência tem de percorrer um regresso involutivo: é esta a condição para que ela possa manifestar-se, de modo inteligível, na dimensão humana. Essa redução de dimensão e esse regresso involutivo são um processo de íntima transformação da substância e realiza-se atravessando várias dimensões de diversas fases evolutivas para chegar ao termo de sua transformação, à nossa dimensão e fase de evolução. O caminho não é, pois, percorrido em sentido espacial mas sim em sentido evolutivo.

A evolução é progressividade de sensibilização. A percepção e a concepção do universo são, portanto, relativas à sensibilidade individual, e mudam, dilatando-se, com o progredir desta. Amplia-se a visão do universo à medida que a consciência evolui. Também o concebível é progressivo e a visão da verdade é relativa à potência individual e não pode ser atingida senão por sucessivas aproximações.

A dilatação de consciência é essencial no processo de aproximação dos dois extremos, através do qual a criatura volta ao Criador. Como as leis de afinidade se encontram na base de todos os fenômenos, para a recepção nourica, que é comunicação com centros super evoluídos e exige a ascensão espiritual até aquele nível, importa adquirir, por ascensão de espírito, a capacidade que lhe permita responder às sutis emanações nouricas. O progresso e o fortalecimento da minha inspiração provêm inteiramente do meu progresso espiritual, porquanto a sabedoria mais profunda é dada pela evolução.

Hamlet dizia: "ser ou não ser, eis a questão". Eu digo: "subir para saber, eis a questão"

Adaptado de “As Noures” do filósofo e espiritualista italiano Pietro Ubaldi (1886 - 1972)

https://smiguelterapias.blogs.sapo.pt

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