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quinta-feira, 7 de outubro de 2021

 MENSAGEM DO PERDÃO


Filho meu, minha voz não despreza tuas pequeninas coisas de cada dia, mas delas se eleva para as grandes coisas de todos os tempos. Ama o trabalho, inclusive o trabalho material. Coisa elevada e santa, o trabalho, presentemente, foi transformado em febre. De que não se tem abusado entre vós? Que coisa ainda não foi desvirtuada pelo homem? Em tudo vos excedeis e, por isso, ignorais o labor equilibrado, que tão elevado conteúdo moral encerra: se busca o necessário ao corpo, ao mesmo tempo contenta o espírito. E, no entanto, transformastes esse dom divino, com o qual poderíeis plasmar o mundo à vossa imagem, em tormento insaciável de posse.

Substituístes a beleza do ato criador, completo em si mesmo, pela cobiça que nunca descansa. Quantos esforços empregados para envenenar-vos a vida! Ama o trabalho, mas com espírito novo; ama-o, não pelo que ele é propriamente, porém, como um ato de adoração a Deus, como manifestação de tua alma, nunca como febre de riqueza ou domínio. Não prendas tua alma aos seus resultados, que pertencem à matéria e, portanto, sujeitos à caducidade; ama, porém, o ato, somente o ato de trabalhar. Não seja a posse, o triunfo, a tua recompensa, mas sim, a satisfação íntima de haveres cumprido, cada dia, o teu dever, colaborando assim no funcionamento do grande organismo coletivo. Esta é a única recompensa verdadeira, indestrutível, solidamente tua; as demais depressa se dissipam e se perdem. Ainda que nenhum resultado positivo obtivesses, uma recompensa ficaria contigo para sempre: a paz do coração, paz que o mundo perdeu por prender-se às coisas concretas, julgando-as seguras. Desapega-te de tudo, inclusive do fruto de teu trabalho, se queres entrar na posse da paz.

Ocupa-te das coisas da Terra, mas apenas o suficiente para aprenderes a desapegar-te delas. Toda construção deve localizar-se no teu espírito, deve ser construção de qualidades e disposições da personalidade, e não edificação na matéria, que é um remoinho de areia que nenhum sinal pode conservar. Tudo o que quiserdes vos seja unido eternamente deve ser unido por qualidades e merecimento, deve ser enlaçado pela força sutil da Lei, por vós movimentada, nunca por vossa força exterior, ou por vínculos das convenções sociais ou ainda por liames da matéria. Só nesse sentido se pode realmente possuir: de outro modo, não obtereis senão a tristeza depois da ilusão e a consciência posterior da inutilidade de vossos esforços. Outro grande problema, que voz diz respeito, é o amor. Elevai-vos em amor, como deveis elevar-vos em todas as coisas, se quereis encontrar profundas alegrias. 

Pietro Ubaldi, do livro "Grandes Mensagens"
http://www.pietroubaldi.org.br  
 

O real e verdadeiro significado do perdão na vida de todos os seres
 
Se uma ação equivocada tiver sido realizada, que não se perca tempo, além do requerido, com a culpa. Nas fases iniciais do processo de retomada do autêntico caminho, ela é importante, pois atrai o arrependimento, atitude fundamental para a cura e o perdão. O arrependimento promove no ser um deslocamento das forças que motivaram o erro. Sem esse deslocamento, a reincidência é prevista - no mesmo setor ou em outro, com a mesma veste ou com outras. Assim, não se restabelece o equilíbrio almejado, e a vontade enfraquece.

Na verdade, o perdão é uma oportunidade de se reequilibrarem erros cometidos. Está ligado à determinação de trilhar caminhos retos. A energia interior segue leis precisas e não se apresenta quando não pode ser acolhida. Portanto, é preciso abertura para que, pela graça, essa energia possa atuar. Ser perdoado implica decisão de não refazer o mesmo ato ou outro equivalente em ocasiões posteriores.

Nesse trajeto de quedas e retomadas, é fundamental não ser condescendente; é preciso crer que o verdadeiro amor conhece os caminhos desse trajeto e a meta última do ser, estando sempre pronto a dar a mão aos que querem avançar. Quando a fé está presente e se quer decididamente entregar a vida ao eu interno, o impossível acontece. Para esses, a lei soa compassiva, sábia, e anuncia-lhes: "O poço está sendo revestido. Nenhuma culpa" - como instrui o I Ching, obra clássica da China antiga.

Na transformação de um ato equivocado, a gratidão é importante e também a atenção para não se cair num estado de amoralidade.

A fraqueza não precisa assumir conotação culposa nem deve ser acolhida. Sua aceitação corresponde a um fechamento do ser para as correntes de energia que o impulsionam para o passo evolutivo que deve dar. Essas correntes provêm do eu superior ou da mônada, que as recebem de fontes maiores. Se não são captadas pelo eu consciente, o mecanismo por intermédio do qual podem ser recolhidas vai-se afrouxando, dificultando essa captação. A concessão ao que é ultrapassado desvitaliza esse fluxo de energia, traz um afastamento da fonte de vida interior e redunda em depressões consideráveis.

Esse movimento de captação e resposta é como um músculo: se exercitado na correta direção, fortalece-se; definha-se quando negligenciado ou mal-utilizado. A cada resposta positiva ao impulso de evolução esse mecanismo se robustece, e o sagrado aproxima-se da face da Terra.

O consciente esquerdo - aglomerado de forças geradas pelo exercício do livre-arbítrio nas experiências passadas do indivíduo, positivas ou não - exprime-se por intermédio da lógica, da dedução, da análise e da comparação. Pouco ou nada sabe do que é novo e genuíno. Manipula o que possui em seus arquivos, mas desconhece o que o transcende. Ele não é para ser aniquilado, mas retirado da posição de controle e influência que geralmente ocupa. No lugar correto, será iluminado pelas energias do consciente direito; a este servirá de instrumento para expressão no mundo material, até que ambos se integrem.

Para que essa transmutação ocorra, ou seja, para que o consciente direito - veículo de expressão das energias da alma e da mônada - desperte e assuma o controle da vida do ser, é preciso adesão incondicional ao impulso evolutivo, persistência e amor pela meta, flexibilidade mental, desapego e capacidade de ousar.

José Trigueirinho Netto 
https://www.otempo.com.br
 

Perdão não é verdadeira compaixão

O que é ser compassivo? Por favor, descubra por si mesmo, perceba se uma mente que está ferida, que pode ser ferida, pode perdoar. Pode uma mente capaz de ser ferida, perdoar? E pode tal mente que é capaz de ser ferida, que cultiva a virtude, que está consciente da generosidade, pode tal mente ser compassiva? Compaixão, como amor, é uma coisa que não está na mente. A mente não está consciente de si mesma como sendo compassiva, amando. Mas no momento em que você perdoa conscientemente, a mente está reforçando seu próprio centro em sua própria ferida. Assim a mente que conscientemente perdoa nunca pode perdoar; ela não conhece perdão; ela perdoa a fim de não ser mais ferida.

Assim é muito importante descobrir por que a mente de fato lembra, guarda. Porque a mente está eternamente buscando enaltecer a si mesma, se tornar grande, ser alguma coisa. Quando a mente não quer ser alguma coisa, ser nada, completamente nada, então nesse estado existe compaixão. Nesse estado não existe nem perdão nem o estado de ferir mas para compreender isso, a pessoa tem que compreender o desenvolvimento consciente do “eu”.

Então, enquanto houver o cultivo consciente de qualquer influência particular, qualquer virtude particular, não pode haver amor. Não pode haver compaixão, porque amor e compaixão não são resultados de esforço consciente.

Então, enquanto houver o cultivo consciente de qualquer influência particular, qualquer virtude particular, não pode haver amor. Não pode haver compaixão, porque amor e compaixão não são resultados de esforço consciente.
 
O perdão é amor?   
O perdão é amor? Quais as implicações do perdão? Você me insulta e eu fico ressentido, guardo na memória; então, por obrigação ou por arrependimento, eu digo: “Eu te perdoo.” Primeiro eu retenho, e depois eu rejeito. O que significa isso? Continuo sendo a figura central; sou eu que estou perdoando alguém. Enquanto houver a atitude de perdoar, eu sou a parte importante, e não o homem que supostamente me insultou. Assim, quando acumulo ressentimento e depois nego esse ressentimento, coisa que vocês chamam de perdão, isso não é amor. O homem que ama, obviamente não tem inimigos e é indiferente a todas essas coisas. Solidariedade, perdão, relação de possessividade, ciúme e medo – nada disso é amor. Essas coisas são coisas da mente, não é verdade? 
 
J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org

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