REFLEXÕES SOBE
A PRÁTICA DA QUIETUDE
Há um silêncio que nasce da ignorância e outro que nasce do conhecimento
— do conhecimento místico. A interpretação correta só vem através da
faculdade intuitiva, e não através do intelecto.
Essa quietude é a parte divina de todo ser humano. Ao deixar de
procurá-la, o indivíduo deixa de tirar o máximo de proveito de suas
possibilidades. Se, procurando, ele a perde no caminho, isso acontece porque ela é um VAZIO: simplesmente não há nada lá! Isso quer dizer: não
há coisa alguma, nem mesmo coisas mentais, ou seja, pensamentos.
O espírito (Divino) NÃO é a quietude, mas é encontrado pelos seres
humanos que estão na CONDIÇÃO PRÉVIA de quietude. A quietude é a reação
humana DELES à presença do Divino, presença que entra no seu campo de
consciência.
A Quietude é não só uma Compreensão ou um INSIGHT da mente, mas também uma Experiência do Ser. Todo movimento ou vibração pára.
Não é fácil traduzir esse silêncio sagrado de modo a tornar-se
compreensível, descrever um conteúdo onde não há forma, ascender de uma
tão profunda quanto a de Atlântida, hoje submersa, e falar abertamente
sobre isso em linguagem familiar e inteligível; mas é preciso tentar.
À medida que o centro de um indivíduo se desloca para uma profundidade
maior de ser, a paz de espírito torna-se cada vez mais uma companheira
constante. Isso, por sua vez, influencia o modo com que ele lida com
suas atividades mundanas. A impaciência e a estupidez desaparecem; e a
ira e a malignidade são disciplinadas; a falta de coragem em situações
adversas é controlada, e a tensão quando ele está sob pressão é
diminuída.
A verdade jaz escondida no silêncio. Revele-a, e a falsidade irá
insinuar-se nela, fazendo murchar a imagem dourada. A comunicação
através da fala ou da escrita não era necessária. A verdade pode ser
escrita ou falada, divulgada em sermões ou publicada, mas a sua mais
duradoura expressão e comunicação é transmitida, através do mais
profundo silêncio, para a natureza mais profunda do homem.
A razão por que essa iniciação na quietude — iniciação sem imagens,
interior e silenciosa — é AFINAL tão mais poderosa, é que atinge o
próprio homem, ao passo que todos os outros tipos de iniciação atingem
apenas seus instrumentos, veículos ou corpos.
Quando os pensamentos e desejos pessoais do ego são desnudados, eis que
nos vemos tal como éramos no nosso primeiro estado e tal como seremos no
último. Somos, então, apenas o Ser Real, na sua quietude e solidão
Divinas. Quando o homem atinge temporariamente essa condição sublime,
ele deixa de pensar, pois a sua mente se emudece com a paz celestial.
Não importa quão escuro ou tortuoso seja o passado, quão miserável seja o
emaranhado que o indivíduo tenha feito de sua vida, essa paz inefável
tudo apaga. Dentro desse abraço angélico não se conhecem erros, não se
sente a miséria, não se relembra o pecado. Uma profunda purificação toma
posse do coração e da mente.
Nessa profunda quietude, na qual todo traço do eu pessoal se dissolve,
ocorre a verdadeira crucificação do ego. Esse é o real sentido da
crucificação, como a ela se era submetido nas antigas iniciações do
templo do Mistério e como a ela foi submetido Jesus. A morte
subentendida é mental, e não física.
Aquele que alcança essa bela serenidade está remido da miséria dos
desejos frustrados, está curado das feridas das lembranças amargas, está
liberado da carga das lutas terrenas. Ele criou um centro invulnerável e
secreto dentro de si mesmo, um jardim do espírito que não pode ser
tocado nem pelos sofrimentos, nem pelas alegrias do mundo. Ele encontrou
uma transcendental unicidade da mente.
Só é capaz de formular seu PRÓPRIO pensamento, sem influência de outros,
aquele que se treinou para entrar na Quietude, onde sozinho, é capaz de
transcender todo o pensamento.
A Verdade que conduz um homem à liberação de todas as ilusões e
escravidões é percebida nas profundezas mais interiores do seu ser, lá
onde ele está completamente isolado de todos os outros homens. O homem
que atingiu esse conhecimento encontra-se numa solidão sublime. É pouco
provável que se afaste dela com a intenção de iluminar seus semelhantes,
já que eles estão acostumados à escuridão e já que se sentem tão à
vontade dentro dela. Ele só sairá dessa solidão se alguma outra força de
compaixão, propulsora, surgir dentro dele e o levar a fazê-lo.
Se o aspirante conseguiu manter a mente de certo modo calma e vazia, seu
próximo passo é encontrar o centro de si mesmo. Não basta alcançar a
paz de espírito. O aspirante precisa penetrar o Real ainda mais
profundamente, e conseguir a alegria do coração.
Se a mente pode atingir um estado do fique livre de suas próprias
ideias, projeções e desejos, ela pode atingir a verdadeira felicidade.
Aquele belo estado no qual a mente se reconhece PELO QUE ELA É, no qual
toda atividade é aquietada, com exceção apenas da atividade da
consciência, e assim mesmo de uma consciência sem um objeto — esse é o
coração da experiência. Essa é a solidão suprema, à qual todos os seres
humanos estão destinados.
Paul Brunton — Idéias em Perspectiva
Não dispomos de tempo para submergir, mesmo possuindo esse dom permanecemos na superfície, deliciando-nos com as fúteis ilusões que a parte exterior do complexo ser que somos nos oferece. Desperdiçamos esse 'tempo' com o supérfluo movimento desse pequeno mundo material. Há muito estamos nessa Terra - indo e vindo - são incontáveis as reencarnações e ainda continuamos à mercê dessa linha reta, inflexível em todos os sentidos e direções - a superfície. Precisamos urgentemente mergulhar nesse mar desconhecido - nosso Ser. Necessitamos conhecer profundamente o que realmente somos. "Esse é o
coração da experiência. Essa é a solidão suprema, à qual todos os seres
humanos estão destinados". KyraKally
linha .reta inflexível em todos os sentidos ou .direções.
"superfície", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/superf%C3%ADcie [consultado em 08-04-2016].
"superfície", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/superf%C3%ADcie [consultado em 08-04-2016].
linha .reta inflexível em todos os sentidos ou .direções.
"superfície", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/superf%C3%ADcie [consultado em 08-04-2016].
"superfície", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/superf%C3%ADcie [consultado em 08-04-2016].
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