DIGA-ME QUEM É SEU MESTRE
E SABEREI QUEM ÉS
"Ouvir a voz do silêncio é compreender
que a única orientação verdadeira vem do interior." Quando você está
silencioso, verdadeiramente silencioso — depois que a tormenta passou,
quando você entrou espontaneamente, no silêncio — não o cultivou;
ele veio até você, manifestou-se espontaneamente em você — nesse
silêncio, sentirá, compreenderá e saberá que agora a orientação
verdadeira é possível a partir do âmago do seu ser. Agora, o mestre, o
mestre interior se revelará a você.
Seu próprio centro mais profundo é o seu mestre verdadeiro. O mestre
exterior pode ajudar, mas sua ajuda é fundamentalmente dirigida para a
descoberta do mestre interior. E quando o mestre interior é descoberto,
não há mais necessidade do mestre exterior. Você tornou-se mestre por
direito próprio.
Mas isso só acontece quando você consegue realizar um total silêncio
interior, sem quaisquer pensamentos, sem quaisquer palavras, sem nenhuma
imaginação, sem ondulações de qualquer tipo. Quando você tiver
compreendido e sentido um silêncio sem ondulações, sem pensamentos, um
silêncio imóvel — esse silêncio tornar-se-á seu mestre interior. Agora, a
partir desse silêncio, a orientação lhe será dada.
"Pois, quando o discípulo está pronto, o Mestre também está pronto."
Quando você está pronto para receber a orientação interior, a orientação
interior surge naturalmente, automaticamente. Mas o discípulo precisa
estar pronto.
O que significa dizer que o discípulo está pronto? Significa que ele
tornou-se totalmente receptivo, humilde, sem ego, entregue, sem
resistência. Quando você não diz nada, mas apenas está receptivo para
ouvir, quando não impõe nenhuma teoria a verdade — você está nu, vazio e
disposto a permitir que a verdade se revele à sua maneira; você não
está, de modo algum, consciente ou inconscientemente, impondo alguma
coisa à verdade; você parou de impor; está pronto para ser levado a
qualquer parte que a verdade o conduzir — então, você é um discípulo.
Há uma diferença entre um estudante e um discípulo. O estudante deseja
informação. O discípulo não anseia por informação. Sua busca é pelo
conhecimento, pela experiência autêntica. Não está interessado no que os
outros dizem. Está interessado naquilo que pode sentir. O estudante
coletará informação; treinará sua memória. E quanto mais sua memória for
treinada, quanto mais informação for acumulada, mais egoísta ele se
tornará. O estudante nunca poderá ser humilde, o erudito nunca poderá
ser humilde. Sua busca básica é egoísta.
Uma pessoa acumula riqueza e outra acumula conhecimento. Não há nenhuma
diferença. Qualquer acúmulo alimenta o ego. Seja o que for que você
acumule — quanto maior a quantidade, mais egoísta você se sentirá. Dessa
maneira, um estudante ou um erudito não são discípulos. A própria
dimensão é diferente. Um discípulo não está em busca de acumulação; pelo
contrário, está disposto a se livrar de todas as acumulações. Se a
verdade só se manifesta no vazio, ele está pronto a jogar fora todas as
acumulações, todo o conhecimento.
As pessoas ignorantes sempre afirmam que sabem. Quanto mais
ignorantes, mais afirmam que sabem. Isso faz parte da ignorância. Um
estudante, um erudito — estão sempre declarando que conhecem. Eles não
são discípulos.
E, lembre-se, se você é um estudante, pode tornar-se um professor, mas
nunca um mestre. Somente um discípulo pode tornar-se mestre. Ser discípulo significa
entregar-se sem ego. E uma vez que você se entregou, seu eu mais
profundo é revelado a você. Esse é o mestre que está à sua espera. Ele
tem estado à sua espera por muitas vidas.
Em algum momento de entrega, o mestre lhe será revelado. E esse mestre
não é uma pessoa. Ele é o seu eu mais profundo, é o seu próprio atman.
Desse modo, pode-se realmente dizer: quando você é um discípulo
perfeito, tornou-se um mestre. Você não é mais um discípulo. Tendo se
tornado um discípulo, você se transforma num mestre.
O S H O
Nossa busca sempre foi pelo Mestre interior, mas não percebemos. Amontoamos conhecimento, mas não sabedoria, pois ela só se manifestará quando nada mais desejarmos. Até nos despojarmos de todo conhecimento adquirido estaremos atrelados ao mundo. Precisamos ir mais além, realizar a 'grande viagem', aquela que ultrapassa o mundo das formas, aquela que não levaremos bagagem, aquela que faremos nus. Essa tem sido a viagem de todos os 'santos' e estamos destinados a ela. KyraKally
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