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segunda-feira, 25 de abril de 2016

O CHOQUE DO DESPERTAR

Quando o ouço falar... o que você diz... produz em mim um estado de perplexidade que se intensifica com mais perplexidade. Há oito dias eu não tinha problema algum e agora me vejo atolado em confusão. Por que razão isso acontece? (alguém da plateia pergunta)

Krishnamurti: Pode ser por uma razão muito simples. Talvez, porque você esteve dormindo e agora está começando a pensar. Entrando e assentando-se aqui, acidentalmente, você se viu, porventura, sacudido, impelido, estimulado. Entretanto, se você está sendo apenas estimulado, quando sair daqui, recairá na mesma condição de antes. O estímulo embota a mente: não a desperta. O estímulo torna a mente embotada, e não a desperta; poderá despertá-la por instantes, mas a mente logo recai no seu habitual estado de embotamento. 
 
Depender dessas nossas reuniões como meio de estímulo, é o mesmo que beber: no fim a mente se tornará embotada. Se você depende de uma pessoa, para lhe estimular a pensar, você se torna seu discípulo, seu seguidor, seu escravo, com todas as frivolidades inerentes a essa condição; e desse modo, fatalmente, você acaba embotado. Mas se, por outro lado, você reconhecer que tem problemas (eles poderão estar adormecidos, no momento, mas existem) e começar imediatamente a enfrentá-los, já não necessitará de ser estimulado por mim e nem por mais ninguém. Não necessitará sair em busca dos problemas, porque os enxergará em si mesmo e em todas as coisas que lhe cercam, em seu caminho pela vida — lágrimas, doenças, pobreza, morte. 

A questão, por conseguinte, é de como devemos aplicar-nos ao problema, abeirar-nos dele. Se nos abeiramos de qualquer problema com a intenção de encontrar a solução, esta solução irá criar mais problemas; isso é bem óbvio. O importante é penetrar o problema, para começar a compreendê-lo, e isso só é possível quando não o condenamos, nem lhe resistimos, nem o afastamos de nós. A mente não pode resolver problema algum, enquanto condena, justifica ou compara. 
 
A dificuldade não está no problema, mas na mente que dele se aproxima com uma atitude de condenação, justificação e comparação. Assim sendo, primeiramente você deve compreender como a sua mente está condicionada pela sociedade, pelas inumeráveis influências existentes ao seu redor. 
 
Você se denomina cristão, hinduísta, muçulmano, ou o que quer que seja, e isso significa que sua mente está condicionada; e é a mente condicionada que cria o problema. Quando uma mente condicionada busca solução para um problema, está se movendo em círculos, e sua busca nada significa; e sua mente está condicionada porque você é invejoso, porque compara, julga, avalia, porque está acorrentado por crenças e dogmas. É esse condicionamento que cria o problema.

 
 
Krishnamurt
 
 
 
 
“Há uma antiga história Zen a respeito de um leão que foi criado por ovelhas e pensava que era uma delas, até que um velho leão o capturou e o levou até um lago, onde lhe mostrou o seu próprio reflexo. Muitos de nós somos como esse leão — a imagem que temos de nós mesmos não advém da nossa própria vivência direta, mas das opiniões dos outros. Uma “personalidade” imposta de fora substitui a individualidade que poderia ter se desenvolvido de dentro. Nós nos tornamos apenas mais uma ovelha no rebanho, incapazes de nos mover livremente, e inconscientes da nossa verdadeira identidade. É hora de dar uma olhadela no seu próprio reflexo no lago e de tomar a iniciativa de libertar-se do que quer que lhe tenha sido imposto como condicionamento pelos outros … É hora de acordar o leão adormecido dentro de você! A menos que você abandone a sua personalidade, você não será capaz de encontrar a sua individualidade. A individualidade é dada pela existência; a personalidade é imposta pela sociedade. Personalidade é conveniência social. A sociedade não pode tolerar a individualidade porque a individualidade não acompanhará o rebanho, como uma ovelha. A individualidade tem a natureza do leão: o leão move-se sozinho. As ovelhas estão sempre em rebanho, na esperança de que estar em grupo será aconchegante. Em meio à multidão, o indivíduo sente-se mais protegido, seguro. Se alguém atacar, na multidão há todas as possibilidades de você se salvar. Mas, e estando só? — apenas os leões andam sós. Nascemos leões, mas a sociedade está sempre condicionando, programando a mente de todos como ovelhas … Ela lhes imprime uma personalidade, uma personalidade agradável, simpática, muito conveniente, muito obediente. A sociedade quer escravos, não pessoas que sejam absolutamente dedicadas à liberdade. A sociedade quer escravos porque os interesses estabelecidos querem obediência.” Osho
Quebrando os Condicionamentos
Acesse o conteúdo completo em: http://www.stum.com.br/conteudo/c.asp?id=10849&onde=1

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