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sábado, 16 de abril de 2016

A MORTE É O FENÔMENO 
MAIS MAL - ENTENDIDO
  
Dentro de Você Não Há Ninguém Para Morrer

Parte I


A morte é o fenômeno mais mal-entendido. 
As pessoas têm pensado na morte como o fim da vida. Este é o primeiro mal-entendido, básico.
 
A morte não é o fim, mas o começo de uma nova vida. Sim, é um fim de algo que já está morto. É também um crescendo do que chamamos vida, embora muito poucos saibam o que a vida é. Eles vivem, mas vivem em tal ignorância que nunca encontram sua própria vida. E é impossível para essas pessoas conhecerem sua própria morte, porque a morte é a derradeira experiência desta vida, e a experiência inicial de outra. A morte é a porta entre duas vidas; uma é deixada para trás, outra está esperando adiante.
 
Não há nada feio quanto à morte; mas o homem, por medo, fez até a palavra morte feia e impronunciável. As pessoas não gostam de falar sobre ela. Elas nem mesmo ouvem a palavra morte.
 
O medo tem motivos. O medo surge porque sempre é outro alguém que morre. Você sempre vê a morte de fora, e a morte é uma experiência das mais profundas no ser. É como simplesmente assistir ao amor do lado de fora. Você pode assistir por anos, mas você não chegará a saber nada do que é o amor. Você pode vir a conhecer as manifestações do amor, mas não o amor em si. Sabemos o mesmo sobre a morte. Apenas as manifestações na superfície – a respiração parou, o coração parou, o homem que costumava conversar e caminhar não está mais lá: apenas um cadáver está deitado lá em vez de um corpo vivo.
 
Estes são apenas sintomas externos. A morte é a transferência da alma de um corpo para outro, ou em casos em que um homem está totalmente desperto, de um corpo para o corpo do universo todo. É uma grande jornada, mas você não pode conhecê-la pelo lado de fora. Do lado de fora só os sintomas estão disponíveis; e esses sintomas têm deixado as pessoas com medo.
 
Aqueles que conheceram a morte por dentro perderam todo medo da morte.
 
Todos temem a morte pela simples razão de que  ainda não experimentaram o sabor da vida. O homem que sabe o que é a vida nunca teme a morte; ele lhe dá boas-vindas. Quando quer que a morte venha, ele aceita a morte, abraça a morte, dá boas-vindas à morte, ele recebe a morte como um convidado. Para o homem que não conheceu o que é a vida, a morte é um inimigo; e para o homem que sabe o que é a vida, a morte é o derradeiro crescendo da vida.
 
Tem havido apenas dois tabus no mundo: sexo e morte. É muito estranho por que o sexo e a morte tem sido os dois tabus a não serem falados, a serem evitados. Eles estão profundamente conectados. O sexo representa a vida porque toda vida provem do sexo, e a morte representa o fim. E ambos têm sido tabu – não fale sobre o sexo e não fale sobre a morte.
 
O homem religioso, o místico, tenta explorar o mistério da morte. Ao explorar o mistério da morte, ele inevitavelmente vem a conhecer o que é a vida, o que é o amor. Essas não são suas metas. Sua meta é penetrar a morte, porque parece não haver nada mais misterioso que a morte. O amor tem algum mistério por causa da morte, e a vida também tem algum mistério por causa da morte.
 
Se a morte desaparecer não existirá mistério na vida. É por isso que não há mistério numa coisa morta, não há mistério num cadáver; porque ele não pode mais morrer. Você acha que não há mistério porque a vida desapareceu? Não, não há mistério porque agora ela não pode mais morrer. A morte desapareceu, e com a morte, automaticamente desaparece a vida. A vida é apenas um dos modos de expressão da morte.
 
As pessoas não tem medo da morte, elas tem medo de perder a sua separação, elas tem medo de perder o seu ego. Uma vez que você comece a sentir-se separado da existência, o medo da morte surge porque então a morte parece ser perigosa. Você não estará mais separado; o que acontecerá ao seu ego, sua personalidade? E você tem cultivado a personalidade com tanto cuidado, com esforço tão grande; você a poliu a vida toda e a morte virá e a destruirá.
 
Se você entender, se puder ver, se puder sentir e experimentar que não  está separado da existência, que  é um com ela, todo o medo da morte desaparecerá porque dentro de você não há ninguém para morrer. Em primeiro lugar, não há ninguém absolutamente: a existência vive através de você.


Osho

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