AS SEIS VIRTUDES GLORIOSAS
Como a Sabedoria Permite Agir Corretamente
A estrela de seis pontas é um símbolo geométrico das qualidades que permitem obter a sabedoria.
O centro invisível da estrela corresponde
à sétima qualidade, oculta e essencial.
“Tente; tente; permaneça tentando sempre.”
“A compreensão é resultado de uma concentração nas coisas que devem ser compreendidas.”
Para
quem obedece a tais recomendações, vindas Daqueles Que Sabem, haverá um
constante progresso. Os altos e baixos continuarão existindo, de acordo
com a oscilação do pêndulo, ou, mais precisamente, de acordo com a
volta da espiral. Conhecendo a lei da ação, podemos seguir adiante, quer
estejamos no ponto mais alto ou no ponto mais baixo do ciclo. À medida
que o tempo passa e a atitude correta é mantida, estaremos cada vez
menos sujeitos às oscilações.
Seria desencorajador compreender desde o início o esforço contínuo que é necessário; mas à medida que a grandeza
da tarefa que assumimos se torna mais e mais evidente, nós chegamos à
situação representada pelas seis virtudes gloriosas, que é a de ser
intrinsecamente incapaz de desviar do caminho correto.
No passado nós produzimos, ou criamos pelo pensamento e reforçamos pela ação, numerosos seres elementais [1] da natureza de Prakritti [2].
Enquanto o nosso pensamento está de acordo com as naturezas desses
elementais, não há grande conflito; mas quando nossos pensamentos deixam
de dar sustentação a eles, começa a luta pela vida, e ela deve
continuar até que esses seres criados por nós morram, ou sejam tão
transformados que não causem mais obstáculos. Há então um novo Manvantara no nosso pequeno sistema solar [3],
“um espírito-guia” que governa, controla, ou afasta todas as
entidades ligadas à velha evolução, de acordo com a nota-chave da nova
evolução. Assim, no estado concreto da velha, e no estado nebuloso da
nova, temos que passar pelas Rondas preparatórias. A Grande Natureza
repete sua ação de acordo com a Lei, assim no pequeno como no grande.
Em primeiro lugar, não há possibilidade de um erro de avaliação; a regra deve ser “não julgue nada como se fossem questões pessoais”. Quanto às ideias deles,
a capacidade que eles tenham de compreender um conjunto implica uma
capacidade de outros tipos. Se eles têm concepções erradas e são
sensíveis à razão, as suas concepções erradas podem ser razoavelmente
avaliadas por seus méritos - em si mesmas, primeiro, e depois na sua
relação com outras concepções. Em tudo isso, deve-se procurar primeiro
os pontos em que há concordância - todos eles; na verdade, deve-se
mostrar uma disposição de concordar. Em nenhum momento deve ser
assumida, ou sentida, uma disposição opositora - nem deve ser expressada
ou colocada implicitamente uma superioridade de conhecimento. Se houver
oposição, ainda que seja em pensamento, surge uma contra-oposição e o
objetivo de esclarecer não é alcançado. Naturalmente, nada disso nos
impede de ver as coisas como são, ou de deixar a porta bastante aberta
para que outros vejam o que estamos fazendo.
Nosso
trabalho ocorre entre pessoas cujas ideias estão em forte oposição ao
que nós conhecemos como verdade. Temos que fazer frente às ideias à
medida que as encontramos, e colocá-las na direção que nós sabemos. Essa
é uma situação diferente de uma palestra sobre Teosofia, onde estamos
fazendo uma exposição para que outros possam ficar sabendo o que ela é.
Um
dos frutos da sabedoria é a capacidade - até certo ponto, pelo menos
- de fazer a coisa certa, no momento certo e no lugar certo. O objetivo
de toda a ação correta é ajudar outros, que vemos e que sabemos que não
estão corretos. Nossa visão e nosso conhecimento da sua situação atual
nos dão indicações sobre o tipo e o modo da ajuda. Se os considerarmos
incapazes, não poderemos dar-lhes ajuda alguma. Por isso, nós não
julgamos, mas, assim como o Sol e a Natureza, tratamos a todos de igual
maneira - brilhamos para todos, trabalhamos por todos, sem levar em
conta as ideias que alimentam atualmente, ou as aparentes qualificações
de cada um. Essa tem sido a trajetória de todos os grandes
Instrutores. Eles vêm “não para chamar os santos, mas para chamar os
pecadores ao arrependimento.” Todos têm tido os seus Judas, mas mesmo os
Judas têm tido as suas oportunidades, como os outros; mesmo eles são
intrinsecamente perfeitos, e, sendo dotados de livre arbítrio, podem aproveitar a oportunidade. O hino cristão que diz que “enquanto a chama está acesa, até o mais vil pecador pode recuperar-se”
- expressa uma verdade. Assim, o que é que existe de real em tudo o que
depende de julgamentos mortais? “Nada”, acho que você irá dizer, quando
considerar a questão na sua dimensão mais ampla e à luz do Carma. O
Carma traz oportunidades tanto para dar como para receber.
Não
há pretensão de virtude, ou de conhecimento pessoal, no ato de dizer
para benefício dos outros o que nós percebemos como bom para eles. Mas
uma pretensão, e até mesmo um pensamento sobre virtude pessoal,
prejudica, porque é pessoal. As percepções do eu superior neste plano ficam limitadas por esse tipo de coisa.
“Teu corpo não é o ser, teu Ser, em si mesmo, é sem corpo, não é alcançado nem por elogios nem por acusações.”
“A
libertação mental da escravidão através da cessação do pecado e dos
erros não é algo para os ‘Eus-Devas’ (os ‘eus’ reencarnantes). Isso é
afirmado pela ‘Doutrina do Coração’.”
“O Dharma do ‘Coração’ é a corporificação de Bodhi (Sabedoria Verdadeira, Divina), o que é Permanente e Eterno.”
“Viver para ajudar a humanidade é o primeiro passo. Praticar as seis virtudes gloriosas é o segundo.”
As seis virtudes gloriosas são:
UM
- “Sama.” Consiste em obter perfeito controle sobre a mente (a sede das
emoções e desejos), e em forçar a mente a agir sob o comando do
intelecto, que já terá sido fortalecido pela obtenção de -
( I ) “Correto conhecimento do real e do irreal” (correta filosofia).
( II ) “Perfeita indiferença aos frutos das suas ações, tanto nessa vida como depois dela” (renúncia aos frutos das ações).
DOIS - “Dama.” Completo controle sobre os atos do corpo.
TRÊS - “Uparati.” Renúncia a toda religião formal, e ser capaz de contemplar os objetos sem ser perturbado em nada durante a realização da grande tarefa que assumiu como sua.
QUATRO - “Titiksha.” Cessação do desejo e uma constante disposição para abrir mão de qualquer coisa no mundo.
CINCO - “Samadana.” Aquilo que torna o estudante intrinsecamente incapaz de desviar-se do caminho correto.
SEIS - “Shradda.” Confiança implícita da parte do aprendiz no poder do seu Mestre de ensinar, e em seu próprio poder de aprender.
SETE - Mais uma, a última realização requerida, é um intenso desejo de libertação da existência condicionada, e de poder transformar-se na Vida Una.
Embora
alguns desses itens possam estar além do nosso alcance, nós podemos
“avançar” na direção deles, e nós sabemos que a prática traz o
aperfeiçoamento.
Robert Crosbie
NOTAS:
[1]
Elementais - os espíritos dos elementos (ar, fogo, terra, água); seres
sutis que reforçam os hábitos e influenciam de várias maneiras o
comportamento humano. Para a tradição esotérica, têm uma certa
inteligência. Podem ser benéficos ou maléficos. O estudante da sabedoria
divina aprende a dominá-los ao invés de obedecer-lhes. (CCA)
[2] Prakritti - (Sânscrito) Matéria, mundo material. (CCA)
[3] Manvantara
é um período de manifestação de um Universo ou de um Sistema Solar. O
autor faz aqui uma analogia entre o ser humano e o sistema solar do qual
ele é uma miniatura. (CCA)
Os textos teosóficos, à primeira vista, parece-nos bastante complicados, entretanto sua leitura representa a semente que é plantada e a total ignorância do seu desabrochar - um mistério, o que acontece entre o plantar e o desabrochar. É uma linguagem simbólica que não deve ser compreendida através do raciocínio, da mente, da comparação. Lemos o texto e absorvemos aquilo que a nossa evolução espiritual nos pode ceder. Com o passar do tempo e de acordo com o nosso merecimento o entendimento chega em forma de sabedoria. É necessário mudar o que fizemos de negativo durante as nossas reencarnações, mesmo que não tenhamos consciência dos acontecimentos, mas quando estivermos prontos saberemos. Pratiquemos pois as Virtudes Gloriosas; "a prática traz o aperfeiçoamento". KyraKally
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