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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SUFI, O POVO DO CAMINHO


Eu estou usando a palavra ‘Sufi’ no significado mais amplo da palavra. (Neste sentido,) Buda é um Sufi, Jesus é um Sufi, Ramana é um Sufi. Por ‘Sufi’ eu quero dizer aquele que está enfastiado de filosofias e que começou a procurar por aquilo que é verdadeiro, aquele que não mais se satisfaz com alimento sintético e está à procura de nutrição verdadeira.

Ramana diz: Autoconhecimento é uma coisa tão fácil quanto qualquer outra coisa fácil que exista. Mas, exatamente o oposto disso está nesta frase de Emanuel Kant, um grande filósofo: ‘A metafísica é um chamado à razão para empreender novamente a mais difícil de todas as tarefas que é o autoconhecimento.’

A filosofia torna isto difícil, muito difícil, quase impossível – porque a filosofia se movimenta cada vez mais distante, bem longe disto. Saber a respeito do Ser não é conhecê-lo; saber a respeito de Deus não é conhecer Deus – como pode o ‘a respeito de’ ser aquilo. A respeito, a respeito… Você segue em círculos. Isto se torna impossível.

Quanto mais você se torna esperto, ardiloso, calculista, a respeito do 'a respeito', você será levado a se perder. Não é uma questão de saber a respeito do Ser; é simplesmente uma questão de conhecê-lo, estar consciente, não é uma questão de se pensar a respeito dele, mas de estar centrado nele. Sentando-se silenciosamente nele, ele é revelado.

Ramana está certo, ele tem que estar certo, pois ele conhece. Emanuel Kant não está certo, ele não pode estar certo, pois ele nunca conheceu o Ser. Embora ele tenha tentado e trabalhado arduamente – ele foi um dos intelectos mais aguçados que existiu. Sua perspicácia não pode ser colocada em dúvida. Sua lógica era perfeita. Mas, no que se refere a seus insights, ele era cego.

É como um homem cego pensando a respeito da luz – é certo que será impossível. Como pode um cego pensar a respeito da luz? (…)

Os Sufis acreditam no ver. Ver é fácil; pensar é difícil. Se você tiver ouvidos, saberá o que é música, mas se não tiver ouvidos, como poderá pensar a respeito de música? De que maneira? É impossível. Não existe maneira de comunicar a você o que é música. Se você tem olhos, você conhece as cores e a beleza de um arco-íris. Mas se você não tiver olhos, nem mesmo o maior dos poetas poderá lhe dar uma ideia do que é um arco-íris, é impossível.

Os Sufis não acreditam no pensar: eles acreditam no ver.

Você deve ter ouvido o famoso ditado: ver é crer. É exatamente isto o que os Sufis dizem: ver é crer. Um famoso ditado Sufi diz: aquele que conhece os outros, é erudito; aquele que conhece a si é sábio. Ser erudito é fácil, para ser sábio tem que ter vísceras, coragem. Por que? Por que no mundo é preciso ser corajoso para conhecer a si? Existem razões.

A primeira razão é: existe um medo de que se você mergulhar em si mesmo, poderá não encontrar alguém lá…E de certa maneira este medo está certo. Você não vai mesmo encontrar alguém lá. Esta apreensão está certa.

Se o Naresh entrar em si, não vai encontrar o Naresh lá. Se a Astha entrar em si, ela não vai encontrar Astha lá. O mesmo com a Sudha e com o Viyogi. Alguma coisa vai ser encontrada lá, mas é algo que não se define, é algo que não se expressa em palavras. E este algo não é sua posse; este algo é tanto seu quanto é de todo mundo.

Você encontrará algo, mas será o centro universal. Você não encontrará qualquer indivíduo lá, nenhum ego será encontrado. Por isto, o medo. Você irá desaparecer. No autoconhecimento você irá desaparecer completamente. Por isto as pessoas conversam a respeito dele, perguntam a respeito dele, leem livros a respeito, mas nunca entram. Um medo inconsciente impede seu caminho.

E o homem moderno, particularmente, tem muito mais medo. O homem moderno é frequentemente levado ao desespero porque ele tem medo de que o Ser não exista em definitivo ou que ele seja uma máquina nazista, um robot Skineriano, uma barata Kafkiana, um rinoceronte de Ionesco ou uma paixão inútil Sartreana. Todos esses medos explodiram na mente moderna.

Quem sabe? Quando você mergulhar em si, poderá encontrar a barata Kafkiana. Existe uma parábola de Kafka: Certa manhã ele acordou e descobriu que era uma barata. Deve ser um sonho, ele deve ter acordado dentro de um sonho. E não era apenas isto, a barata estava de pernas para o ar, e ele conseguia ver aquelas pernas se movendo no ar, e ele não conseguia se virar para posição certa, ele estava de costas. E você pode imaginar… a miséria do homem, a agonia e a náusea. E ele tentava arduamente, mas parece que não havia jeito de se virar. Uma grande barata ocupando toda a cama.

O homem moderno tem ainda mais medo. Quem sabe no que você vai tropeçar quando mergulhar em si? Pesadelos, monstros… Quem sabe o que está lá dentro? Por que abrir a caixa de Pandora? Mantenha-a firmemente fechada e sente-se em cima. Isto é o que todo mundo está fazendo. E, sob certo sentido, o medo está certo – mas somente sob certo sentido.

No começo você encontrará baratas, rinocerontes, répteis e todo tipo de coisas horríveis – porque estas são as coisas que você esteve reprimindo em si mesmo, estas são as coisas que você não permitiu. Você reprimiu a raiva, o ciúme, a possessividade, o ódio. Você reprimiu a violência e o assassinato. Todas estas coisas estão ali. Esta é a barata que está dentro de você. A violência tornou-se uma perna, a possessividade tornou-se outra e o ciúme uma outra mais…

Quando mergulhar dentro de si, você terá que encarar tudo isto. Naturalmente, esta não é a história toda. Se você puder encarar a barata, se você puder ir cada vez mais fundo, sem qualquer medo, e observar tudo o que estiver acontecendo, e lembrando-se que ‘eu sou apenas um observador, uma testemunha a tudo isto. Eu não posso ser a barata porque eu posso ver…’ o que você consegue ver não é você.

Guarde isto como uma chave, uma lembrança constante: tudo o que você vê, não é você. Você vê a raiva? Então você não é ela. Você vê a fome? Então você não é ela. Você vê a sexualidade? Então você não é ela. Você é aquele que testemunha tudo isto. Lembre-se da testemunha e, pouco a pouco, todas as baratas desaparecerão, assim como todos os rinocerontes e tudo o mais que é feio.

O testemunhar é um fenômeno tamanho que dissolve tudo que é feio. Pouco a pouco, somente a testemunha permanece. Mas esta testemunha não será você; ela é Deus. Esta testemunha não pode ser confinada em um Eu – ela é puro ser.
 
OSHO 



Testemunhamos para reaprender, porque nós já sabemos, apenas esquecemos... foi há tanto tempo... foi no paraíso...?!  Estamos  identificados com o aprendizados, que nos chega através da vida por muitas reencarnações, por essa razão não nos lembramos; então somos alertados apenas a testemunhar. Testemunhar é somente 'ver'. "Quando mergulhar dentro de si...  o que você consegue ver não é você". Então a lembrança vem... "No autoconhecimento você irá desaparecer completamente". Quando estivermos caminhando no mundo sem pertencer ao mundo.... complete a frase, irmão de caminhada. KyraKally

 

 

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