A ESCALA HARMÔNICA
DOS AROMAS
A Música da Natureza Inclui
Outros Elementos Além de Sons
“O fato é que - como tem sido observado
tantas vezes - o sonho de uma geração
é a experiência prática da geração seguinte.”
(H. P. B.)
O
artigo a seguir foi publicado pela primeira vez em “The Theosophist”,
na Índia, em Agosto de 1882, pp. 283-284. C. Jinarajadasa o inclui como Apêndice C na sua compilação das Cartas dos Mahatmas. [1] - Nota do editor.
De acordo com a teosofia, a música
ou vibração harmônica que permeia toda a natureza em nosso planeta
inclui não só sons, mas cores, aromas, e níveis ou modos de consciência.
Fundamentalmente, esta lei da vibração universal
opera não só no ambiente terrestre, mas em nosso sistema solar e além
dele. Quanto à correlação que há entre os diferentes aromas, assim como
entre todas as vibrações da vida e da natureza, um Mestre de Sabedoria
escreveu em 1882:
“Acabo de ver um artigo sobre o olfato
escrito por um professor inglês (que farei com que seja comentado no
‘Theosophist’ e sobre o qual direi algumas palavras) e descobri nele
algo que se aplica ao nosso caso. Assim como, na música, dois sons
diferentes podem formar parte de um acorde e ser distinguíveis
separadamente, sendo que esta harmonia ou dissonância depende das
vibrações sincrônicas e períodos complementares, do mesmo modo há um rapport [relação]
entre o médium e a ‘entidade’, quando as suas moléculas astrais se
movimentam harmoniosamente. E a questão sobre se a comunicação
refletirá mais a idiossincrasia pessoal de um ou de outro é
determinada pela intensidade relativa dos dois conjuntos de vibrações
na onda composta no Akasha.” [2]
Dois
exemplos de uso sistemático da vibração superior dos aromas são a
ciência antiga e moderna da aromaterapia, e a tradicional utilização de
incenso durante a prática da oração e da meditação. Acrescentamos
algumas notas numeradas ao texto de Blavatsky.
(Carlos Cardoso Aveline)
A Escala Harmônica dos Aromas
Helena P. Blavatsky
O
velho provérbio segundo o qual “a verdade pode ser mais estranha que a
ficção” foi, mais uma vez, confirmado. Um cientista inglês - o professor
William Ramsay, da Universidade de Bristol - acaba de fazer uma
comunicação na revista “Nature” (edição de 22 de Junho) abordando uma
teoria que explica o sentido do olfato de um modo capaz de chamar muita
atenção.
Como
resultado de observações e experimentos, ele apresenta a ideia de que o
odor se deve a vibrações similares àquelas que dão origem à luz e
ao calor, apenas com uma frequência mais baixa.
A
sensação de odor, segundo ele, é provocada pelo contato de alguma
substância com os órgãos terminais dos nervos olfativos, que estão
espalhados como uma rede pela membrana mucosa na parte superior da
cavidade nasal. A causa imediata da sensação de cheiro está nos
minúsculos pelos da membrana nasal, cuja conexão com os nervos ocorre
através de células que têm a forma de eixos. A sensação de odor não é
provocada pelo contato com um líquido ou substância sólida, mas sempre
com um gás. Mesmo no caso dos metais que possuem cheiro, assim como
latão, cobre, estanho, etc., há um gás sutil ou um vapor pungente
emitido por eles em temperaturas atmosféricas normais. As intensidades
variadas dos cheiros dependem do seu peso molecular relativo. O odor se
torna mais forte à medida que os gases aumentam em peso molecular.
Quanto à qualidade do odor, o professor considera que ela provavelmente depende da escala harmônica da vibração.
“Assim,
a qualidade do tom de um violino é diferente da qualidade de tom de uma
flauta devido à diferença de escala harmônica ou dos sons secundários,
que são específicos para cada instrumento. Eu atribuiria à escala
harmônica a qualidade dos odores possuídos pelas diferentes substâncias
(.....). O odor, então, pode ser semelhante ao som, já que a sua
qualidade é influenciada pela escala harmônica. E, assim, como um flautim
tem a mesma qualidade que uma flauta, embora alguns pontos da sua
escala harmônica sejam tão altos, que estão além do alcance do ouvido,
assim também os odores devem a sua qualidade à escala harmônica, sem a
qual ficariam situados além da percepção.”
Dois
sons, ouvidos ao mesmo tempo - diz ele -, ocorrem em consonância ou
dissonância; no entanto o ouvido consegue percebê-los separadamente. A
combinação de duas cores, por outro lado, produz uma só impressão
visual, e nem sempre se pode analisá-la. “Mas o odor é semelhante ao som
e não à luz neste aspecto. Porque numa mistura de odores, é possível,
através da prática, distinguir cada ingrediente”; e - num experimento de
laboratório - é possível “obter sensação igual através da mistura de
vários ingredientes”. Aparentemente surpreso pela sua própria audácia, o
professor formula “a teoria apresentada com grande cautela”. Pobre
descobridor. O pé elefantino da Royal Society [3] pode esmagar os
dedos dos seus pés. O problema, diz ele, deve ser resolvido “através de
uma avaliação cuidadosa das ‘linhas’ no espectro dos raios de calor, e
pelo cálculo dos elementos fundamentais que esta teoria supõe serem a
causa dos odores.”
Talvez
seja um alívio parcial para o professor Ramsay saber que ele não é o
primeiro a percorrer o caminho que agora subitamente descobriu, e que
leva desde o seu laboratório até a calçada da fama. Foi publicado há
pelo menos vinte anos na América do Norte um romance, intitulado
“Kaloolah”. O autor é um certo Dr. Mayo, escritor bem conhecido.[4]
Entre outras coisas, o romance descreve uma estranha cidade, situada no
coração da África, onde, em muitos aspectos, a população é mais
civilizada e aperfeiçoada que os europeus de hoje em dia. Em relação aos
aromas, por exemplo.
O
príncipe daquele país, para agradar os seus visitantes - o personagem
principal da história e os seus amigos - senta junto a um grande
instrumento semelhante a um órgão, com tubos, registro, pedais e um
teclado, e toca uma complexa composição, como num instrumento musical,
mas na qual a escala harmônica é composta de aromas, ao invés de sons. E
ele explica aos visitantes que, através da prática, o seu povo
desenvolveu o sentido do olfato até um grau tão elevado de sensibilidade
que, através de combinações e contrastes entre aromas, eles podem ter
um prazer tão grande quanto a população europeia sente ao ouvir uma
“combinação de sons agradáveis”.
Fica
bastante claro, portanto, que o Dr. Maio teve um conhecimento, se não
científico, pelo menos intuitivo, desta teoria vibratória dos aromas, e
que a sua gaita de aromas não é um mero produto da fantasia de um romancista, embora os leitores tenham pensado isso ao rir intensamente do gracejo.
O
fato é que - como tem sido observado tantas vezes - o sonho de uma
geração é a experiência prática da geração seguinte. Se a nossa fraca
voz pudesse, sem profanação, invadir um local tão sagrado como o
laboratório da Universidade de Bristol, pediríamos ao Sr. Ramsay que
desse uma olhada - apenas uma olhada rápida, a portas fechadas, e quando
estiver sozinho – naquilo que diz a ... a.... (é preciso coragem para
dizer este nome!) Ciência Secreta. (Foi difícil pronunciar este
nome assustador; mas já o dissemos, finalmente, e o professor deve
escutá-lo.) Então ele verá que a sua teoria vibratória é mais antiga que
o romance do Dr. Mayo, já que os antigos indianos a conheciam, e ela
faz parte da filosofia hindu sobre a escala harmônica da natureza. [5]
Eles ensinavam que há uma perfeita correspondência ou compensação mútua
entre todas as vibrações da Natureza, e uma relação extremamente íntima
entre o conjunto de vibrações que nos dão a sensação de som, e o outro
conjunto de vibrações que nos dão a sensação de cor. Este assunto recebe
alguma atenção em “Ísis Sem Véu”.[6]
O
adepto oriental aplica este mesmo conhecimento de modo prático, quando
ele transforma qualquer cheiro desagradável no primeiro perfume
delicioso que lhe vier à lembrança. E assim a ciência moderna, depois de
rir durante tanto tempo das suas próprias piadas a respeito da
credulidade infantil dos asiáticos, que acreditam nas histórias de fadas
sobre os poderes dos seus Sadhus, agora termina por ser forçada a
demonstrar a possibilidade científica daqueles mesmos poderes, através
de experiências de laboratório. Os professores universitários da Índia
deveriam lembrar sempre daquele tradicional ditado que afirma: “Ri
melhor quem ri por último”.
NOTAS:
[1]
“The Early Teachings of the Masters”, primeira edição, 1923. Edição
facsimilar, Kessinger Publishing Co., Montana, USA, pp. 237-240. O
texto “The Harmonics of Smell” também está incluído no volume IV de “The
Collected Writings of H. P. Blavatsky”, TPH, Wheaton, USA, 1991, pp.
177-179.
[2] “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Editora Teosófica, Brasília, Volume I, Carta 68, item 3, pp. 299-300.
[3] Royal Society - A Sociedade Científica que reúne cientistas e pensadores ingleses, desde o século 17.
[4] Uma
edição do livro foi publicada em 2012:“Kaloolah”,by William Starbuck
Mayo, introduced, edited and annotated by Robert W. Lebling, copyright
2012 by Robert W. Lebling, 464 pp.
[5] A
respeito da “escala harmônica da natureza”, ver também “From the Caves
and Jungles of Hindostan”, H. P. Blavatsky, TPH, Wheaton, USA, 719 pp.,
1975/1983, pp. 278-301. Um texto importante sobre este tema é “Occult or
Exact Science?”, de H. P. B. Pode ser encontrado em “Theosophical
Articles”, H. P. Blavatsky, Theosophy Co., Los Angeles, 1981. Ver volume
II, pp. 46-74. Também está incluído em “Collected Writings of H.P.
Blavatsky”, T. P. H., volume VII, pp. 55-90.
[6]
Ver “Ísis Sem Véu”, Helena Blavatsky, Ed. Pensamento, SP, volume II,
pp. 193-194 (entre outras passagens). Em inglês, “Isis Unveiled”, H. P.
Blavatsky, Theosophy Co., Los Angeles, Vol. I, p. 514.
Fonte: www.FilosofiaEsoterica.com
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