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terça-feira, 1 de janeiro de 2019

SOBRE UM ANO NOVO



É suposto ser o começo de um ano novo. Pergunto-me o que queremos dizer com "ano-novo" - ano. Será um ano fresco, um ano que será totalmente novo, algo que nunca aconteceu antes ? Quando dizemos algo novo - embora saibamos que não existe nada de novo sob o primeiro sol do ano - quando do falamos sobre um feliz ano novo, será realmente para nós um ano novo ? Ou será o mesmo velho padrão, repetido vezes sem conta ? Com os mesmos velhos rituais, as mesmas velhas tradições, os mesmos velhos hábitos, a continuação do que sempre fizemos, do que ainda fazemos, e faremos o mesmo no ano novo.

Portanto, existe algo novo, algo que seja realmente fresco, algo que nunca viu antes ? Penso que isso seja uma questão bastante importante, se a investigar. Trazer a todos os dias da nossa vida algo que nunca vimos antes. Isso significa um cérebro que se libertou do seu próprio condicionamento, das suas próprias características, das suas próprias idiossincrasias, das opiniões, dos julgamentos e das convicções. Podemos colocar tudo isso de lado e começar verdadeiramente um ano novo?
 
Seria maravilhoso se o fizéssemos. Pois as nossas vidas são bastantes vãs, superficiais e tem pouco significado. Nascemos - quer gostemos ou não - nascemos, fomos educados - o que pode ser também um obstáculo. E, mudar toda s direção das nossas vidas, é isso possível ? Ou estamos condenados para sempre a levar uma vida condenada, sem sabor, uma vida sem significância alguma ? Preenchemos os nossos cérebros e as nossas vidas com algo que o pensamento construiu.
 
Não estou pregando, isso não é um sermão. Provavelmente em todas as igrejas do mundo, o Novo Ano será - nos templos e por aí afora - continuarão como sempre foram, com os mesmos velhos rituais, puja, Sandhya Vendanam e, por aí afora. Podemos abandonar tudo isso e começar de novo, com uma lousa limpa e ver o que resultará com os nossos corações e mentes.


Jiddu Krishnamurti
 
https://www.youtube.com/watch?v=o_TWQdwJIjk



Criar um novo mundo 

Se você tem que criar um novo mundo, uma nova civilização, uma nova arte, alguma coisa nova, não contaminada pela tradição, pelo medo, pelas ambições, se você tem que criar algo anônimo que seja seu e meu, uma nova sociedade, juntos, onde não haja você e eu, mas uma comunhão, não deve haver uma mente que é completamente anônima e, por isso, só? Isto implica – não implica? – que deve haver uma revolta contra a conformidade, uma revolta contra a respeitabilidade, porque o homem respeitável é o homem medíocre, pois ele quer alguma coisa, ele é dependente de autoridade para sua felicidade, do que seu vizinho pensa, do que seu guru pensa, do que o Bhagavad-Gita ou os Upanishads ou a Bíblia ou Cristo diz. Sua mente nunca está só. Ele nunca anda só, mas sempre segue com um companheiro, o companheiro de suas ideias.
Não é importante descobrir, ver, todo o significado da interferência, da influência, o estabelecimento do “eu”, que é a contradição do anônimo? Vendo a totalidade disso, não surge, inevitavelmente, a pergunta: é possível produzir imediatamente esse estado de mente que não é influenciado, que não pode ser influenciado por sua própria experiência ou pela experiência de outros, uma mente que é incorruptível, que está só? Apenas então existe uma possibilidade de produzir um mundo diferente, uma cultura diferente, uma sociedade diferente onde a felicidade é possível.

J. Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org 
 
 

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