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sábado, 26 de janeiro de 2019

A PORTA ESTÁ ABERTA


 
Este problema de autoconhecimento foi resumidamente e metaforicamente declarado por Simone de Beauvoir. Ela diz, ‘É fácil dizer: Eu sou Eu. Mas, quem sou Eu? Onde encontrar a mim? Eu teria que estar do outro lado de todas as portas. Mas quando sou eu quem bate na porta, o outro, do outro lado, se torna silencioso. Para conhecer o ser, o ser deve estar em ambos os lados de uma mesma porta. Mas quando o ser que bate é o sujeito que conhece e está de um lado da porta, não há ninguém do outro lado da porta para abri-la. E quando existe um ser do outro lado, do lado do objeto que está sendo conhecido, para abrir a porta, não há ninguém do lado do sujeito que conhece para bater na porta! 
 
Então, o que se deve fazer?’
 
Entendeu? Se você é o sujeito que conhece, então quem estará ali para ser o objeto conhecido? E se você é o objeto conhecido, quem estará ali como sujeito para conhecer? Isto é o que Beauvoir quer dizer, que você tem que estar de ambos os lados da porta. Por exemplo, se você está batendo na porta e você é o único ali, não haverá ninguém do lado de dentro para responder à sua batida. Se você está do lado de dentro da porta e pronto para abri-la, então não haverá ninguém do lado de fora para bater nela. Você terá que estar em ambos os lados. Só assim haverá alguma comunicação e algum conhecimento.
Mas eu lhe digo: Olhe... Não existe nenhuma porta para bater e ninguém para bater nela. E mais, a porta está aberta. Ela tem estado aberta por todo o tempo, desde o começo. E não existe nenhum ser para ser conhecido e nenhum autoconhecimento. Conhecer, naturalmente, existe, mas nada como autoconhecimento.
 
Isto foi o que a grande mística Rabia disse para Hasan:
 
Hassan costumava orar todos os dias diante do mosteiro, sentando-se na rua. E ele chorava em prantos, olhava para o céu e dizia, ‘Deus, abra a porta! Eu tenho esperado há tanto tempo. Não foi o suficiente? Terei eu que passar por mais testes? Você ainda não me testou o suficiente? Abra a porta! Eu estou chorando. Eu estou em prantos. Eu estou gritando – abra a porta!’
 
Esta era a sua constante prece, toda manhã e toda tarde. Onde quer que estivesse, ele ia ao mosteiro, sentava-se na rua e orava.
 
Rabia estava passando um dia. Ela bateu na cabeça do Hassan e disse, ‘Que tolice você está falando? A porta está aberta! Mas você está tão absorvido em seus gritos ‘Abra a porta! Escute-me, Senhor. Por que você não abre a porta?’ Você está tão ocupado com essas tolices, que você não consegue ver que a porta está aberta. Ela sempre esteve aberta’. 
 
 
http://fenixkarla2.blogspot.com
 
 

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