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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

NUNCA PODEMOS 
CHEGAR AO PONTO 
ONDE O FUTURO ACABA


Osho, Quando você estava falando sobre a maneira como diferentes mestres budistas têm acrescentado seu próprio tempero aos ensinamentos de Buda, comecei a imaginar se haverá alguém acrescentando um novo tempero em sua panela. Parece quase impossível acrescentar um novo sabor a algo que já contém todos os temperos que podem ser encontrados nesta terra.
 
 
Parece quase impossível, mas nunca podemos predizer o futuro. O futuro permanece aberto. O que parece inconcebível hoje, pode tornar-se concebível amanhã.
 
Nunca podemos chegar ao ponto onde o futuro termina. Este é todo o significado da existência ser eterna.
 
Pode ser muito difícil porque não estou confinado a nenhum caminho em particular, a nenhum ponto de vista filosófico particular. Sou bastante vasto para conter contradições e o que quer que tenha acontecido na terra no que se refere à evolução da consciência, tenho feito disso parte da minha própria visão de vida.
 
Portanto, se você olhar para trás, tudo parecerá um pouco mais pobre, mesmo os maiores gigantes parecerão limitados. Mas você estará olhando para o passado, você não está olhando para o futuro - o qual é absolutamente imprevisível.

As coisas continuarão a acontecer, novas coisas vão sendo acrescentadas. E não sou uma lagoa que está encerrada, sou mais como um rio, que continua fluindo, convidando todos os outros rios a juntar-se.
 
O que quer que eu tenha dado a vocês permanecerá incontaminado, mas será cada vez mais enriquecido pela futura evolução do homem, porque é um fenômeno aberto.

Não sou o último profeta, messias ou salvador de uma certa tradição.

Sou o princípio, não o fim, de uma abordagem totalmente nova da vida e de seus problemas, convidando tudo que é concebível, inconcebível, para ser meu hóspede.

Então você está certo. Parece muito difícil, mas a existência é tão vasta e as possibilidades tão infinitas que você nunca pode dizer que o ponto final chegou. Nunca chega, nem mesmo um ponto e vírgula chega. A vida não conhece nenhum ponto final, nenhum ponto e vírgula; ela simplesmente vai seguindo, e ela continuará adicionando temperos dos quais não estamos nem mesmo cientes. E isso é bom.
 
Isto significa que estou dando a vocês algo vivo, que continuará crescendo - mesmo além de nós ela terá seu próprio crescimento. Não estou dando a vocês algo morto, como era a convenção do antigo.

Maomé diz: Sou o último mensageiro de Deus. Agora não haverá nenhum outro mensageiro. E o Koran é a última mensagem. Depois do Koran não haverá outro livro santo.
 
Ele não está ciente de que ele não pode parar a existência com sua própria morte. Muitos profetas vieram e se foram.
 
Eles acrescentaram beleza á existência, mas ninguém devia ser tão arrogante para dizer: Sou o último.

A situação de Mahavira é a mesma. Ele é o último tirthankara dos Jainistas. Agora não haverá nenhum outro tirthankara, nada pode ser acrescentado aos seus ensinamentos, nada pode ser sacado de seus ensinamentos.
 
Mas estas pessoas não estavam cientes de que eles tornaram suas visões numa coisa morta com suas próprias mãos.
 
Eis porque os cristãos estão tão temerosos que a ciência descubra algo que vá contra a bíblia. Os Maometanos estão tão temerosos que alguém diga algo que vá além do Koran. Mas estes são os inimigos do progresso, inimigos da vida.
 
Eu não sou. Sou apenas um amigo, um humilde começo, uma realidade viva com uma nova excitação a cada dia, novos êxtases, novos espaços; e capaz de absorver todos eles, não temeroso de qualquer progresso. Se algo está errado, estou sempre pronto para abandoná-lo, sempre ao lado da verdade.
 
Existem dois tipos de pessoas: aqueles que querem que a verdade esteja sempre do lado deles - estes são os egoístas, arrogantes. E há outro tipo de pessoa que sempre quer estar ao lado da verdade, a qualquer custo, se ele tiver que perder tudo, ele está pronto, mas ele não pode deixar de estar ao lado da verdade. Estes são os humildes, estes são os verdadeiros santos da terra - e tem havido muito poucos.

Gosto de ouvir você falar do encontro do homem interior com o homem exterior. o homem interior é para ser encontrado em um dos domínios da consciência e se assim for, existe uma maneira de provocar sua presença para que eu possa reconhecê-lo em situações onde eu estava anteriormente inconsciente?

O homem interior ou a mulher interior não é para ser encontrado a menos que você alcance o pico mais elevado; a menos que você chegue a superconsciência cósmica você não será capaz de reconhecê-lo, somente no pico as dualidades se encontram e você pode sentir a experiência orgástica do encontro. Lento, lentamente você pode tornar-se ciente das duas polaridades opostas movendo-se juntas em harmonia, numa dança, mas você não as encontrará no caminho de maneira nenhuma, somente no fim da jornada.
 
Procurando minha característica principal - apenas procurando-a - é provar um grande truque. É como se eu tivesse sempre aceito que existem certos “indesejáveis” em meu gabinete, que em horas diferentes reúno algum entusiasmo para me livrar deles ou para testemunhar mais conscientemente. Tentando localizá-los com precisão durante as últimas quarenta e oito horas, descobri que o próprio processo de abrir o gabinete e acender a luz tem, em si mesmo, tornado aqueles esqueletos impotentes de alguma maneira. É certamente como se meramente falando sobre aqueles esqueletos como problemas, ao invés de olhar para eles, desse substância a algo que realmente não possui vida própria.
 
Osho, estou brincando comigo mesmo ou é tão fácil assim?

É fácil assim. Muitos de nossos problemas existem apenas porque nunca olhamos para eles, nunca focalizamos nossos olhos sobre eles para descobrir o que é.
 
É como uma antiga história. Era uma noite de lua cheia e um ladrão tinha roubado muitas joias. E naturalmente ele estava com medo. Ele estava correndo e subitamente ele ouviu alguns passos seguindo-o
 
Isso quase sempre acontece - se você já tentou correr no escuro - você ouve seus próprios passos e você sente como se alguém estivesse lhe seguindo.
 
E quando ele olhou, ele descobriu que alguém realmente o estava seguindo; era sua própria sombra. Mas ele não estava em condições de compreender quem era. Seu problema era escapar de alguma maneira. Ele correu mais rápido, mas ele ouviu seu seguidor também correr mais rápido. E ele continuou olhando para trás e descobriu que estava bem atrás dele. O pobre companheiro estava cansado, totalmente cansado, mas não conseguia livrar-se de sua sombra. Exausto, ele caiu sob uma árvore onde a luz da lua não atingia e ele olhou ao redor e imaginava aonde o outro companheiro tinha ido - ele estava atrás dele, tão perto.
 
Reunindo coragem, olhando ao redor, ele não podia mais vê-lo em lugar algum, mas então ele saiu da sombra da árvore e lá estava atrás dele de novo. Mas desta vez ele não podia ser enganado, ele se voltou e olhou para o companheiro. Não havia ninguém. Era apenas sua própria sombra.

Muitos de nossos problemas - talvez a maioria de nossos problemas - são porque nunca olhamos para eles face a face, nunca os encaramos, e não olhar para eles é dar energia a eles, ter medo deles é dar energia a eles, tentar sempre evitá-los é dar energia a eles - porque você está aceitando-os. Sua própria aceitação é a existência deles. A não ser pela sua aceitação, eles não existem. Assim se você abre seu gabinete e acende a luz, e olha para os esqueletos, você irá descobrir que eles estão mortos.
 
Esqueletos não podem fazer nada, mas quase todo mundo tem medo de esqueletos. É uma situação estranha. Você não teme pessoas vivas que podem lhe fazer mal, que podem até matar você - e todos eles escondem um esqueleto debaixo de sua pele, e eles são pessoas vivas. Mas se você de repente encontra no quarto um pobre esqueleto que não tem vida, você fica com tanto medo. O que o esqueleto pode fazer a você?

Na minha universidade tinha um amigo que era filho de um doutor, e o doutor era o chefe do hospital da universidade e também era parte da equipe médica. E eles tinham muitos esqueletos para fins de estudo. E um dia eu disse para seu filho: Seu pai pelo menos deve ser um homem que não tem medo de esqueletos.
 
Ele disse: “Certamente que ele não tem medo. Ele passa o dia todo falando aos estudantes sobre esqueletos, suas partes”.
 
E ele tinha uma boa coleção. Ele costumava viver no composto do hospital. Assim eu falei: Então devemos checar se é verdade ou não. Pedi ao filho: “De algum modo você pode pegar a chave do quarto onde estão os esqueletos e a noite traremos um esqueleto para fora. Apenas bata na porta, seu pai virá abri-la e nós nos esconderemos e o esqueleto estará lá de pé e veremos o que acontece”.
 
O filho disse: “Você vai me arranjar problemas”. Eu disse: “Não se preocupe. Você simplesmente foge tão rápido quanto possível. E pode confiar em mim, nunca mencionarei seu nome se algo acontecer”.
 
E vocês não acreditarão, o homem que esteve lidando com esqueletos por anos, quando bati na sua porta, ele falou: “Quem é?” Eu disse: “Você não pode me reconhecer?”Ele abriu a porta.
 
Eu corri para o lado atrás de uma árvore; havia uma grande árvore bodhi lá. E ele viu o esqueleto. E vocês deviam ter visto a cena, como se ele tivesse perdido todo o controle de seus nervos, ele caiu no chão. E o esqueleto caiu em cima dele. Sua esposa veio: “Que está acontecendo?”
 
Vendo o esqueleto sobre seu marido, ela gritou e perdeu os sentidos. E os vizinhos acordaram devido ao grito dela e todo mundo estava vindo lá - mas todos eles ficaram longe de pé vendo a situação. A esposa estava lá deitada, o marido estava lá deitado e o esqueleto sobre ele. E eu estava escondido atrás da árvore. E pensei: E agora o que fazer? Não havíamos pensado em tal situação. Pensei que ele iria apenas tremer. Mas a situação tinha se tornado tão complicada. E o filho dele estava observado de longe.
 
Eu o chamei: “Não é hora de ter medo”. De alguma maneira ele apanhou o esqueleto, deixou os dois lá - ambos estavam inconscientes - e colocou o esqueleto de volta em seu lugar. E foi preciso muito esforço para colocá-lo de volta porque ele estava caído, assim uma mão ia para um lado, uma perna ia desse outro jeito, e nós dois tentando arrumá-lo.
 
De algum modo o fixamos, olhando os outros esqueletos. Você devia se comportar exatamente como os outros esqueletos. Então voltamos para cuidar do doutor e de sua esposa, respingando água em suas faces e dizendo a eles: “Não há ninguém. Vocês se preocuparam à toa”.
 
O doutor falou: “Não posso crer que não havia ninguém. Ele estava na minha frente e ele não é ninguém. Ele é o esqueleto número dezessete, eu o conheço muito bem, mas como ele ousou vir aqui? E a porta estava fechada e eu sempre verifico o cadeado porque esqueletos são esqueletos, você não pode confiar neles”.
 
Nós dissemos: “Não vimos ninguém. Estávamos apenas passeando e chegamos aqui e vimos você deitado como se alguém estivesse em cima de você e não há ninguém, E sua esposa está lá no chão liso. Faça alguma coisa para trazê-la de volta à consciência.
 
Então ele fez o que pôde. De alguma maneira ela tornou a consciência e perguntou, “Onde ele está o esqueleto?”
 
E o doutor falou: “Não posso acreditar nisso, porque o número dezessete é um velho esqueleto e ele nunca tinha se comportado mal e subitamente ele vem e bate na porta e até falou: Você não pode me reconhecer?”
 
Ele disse: “Como será difícil para eu continuar indo naquele quarto. Vou mudar de departamento, chega de esqueletos”.
 
Eu disse: “Você teve desnecessariamente alucinações depois de um dia inteiro de trabalho com os esqueletos. Você pode ter visto apenas uma ilusão - porque nós estávamos passando, não vimos ninguém vindo ou indo, e as chaves estão no seu bolso”.
 
Então ele viu e disse: “A chave está no meu bolso”. Eu disse: “Se você quiser, podemos ir e ver onde o numero dezessete está”.
 
Ele disse: “Não, não permitirei vocês irem lá. Se ele saiu sem nem mesmo abrir a porta, ele pode causar algum dano a vocês. Não se preocupem. Amanhã vou mudar meu departamento”.
 
Ele mudou de departamento. O vice-chanceler tentou muito, dizendo: “Esqueletos não saem e você teve tantas experiências com esqueletos”.
 
Ele disse: “De qualquer maneira, o que aconteceu na noite passada, se acontecer de novo eu morrerei. E você deve pensar também na minha esposa. Ela é muito delicada e ela já teve um ataque cardíaco uma vez”.
 
E se esses esqueletos começarem a vir no meio da noite batendo na porta...
 
Eu sempre estive perplexo porque as pessoas têm tanto medo de esqueletos, porque eles são pessoas muito pobres - sem nenhuma vida, não podem fazer nada. Mas parece haver uma corrente inconsciente – também somos esqueletos. Vendo um esqueleto, você está vendo a si mesmo sem a pele.
 
E essa será sua condição um dia. Talvez o esqueleto lhe lembre a morte, lembra-lhe sua realidade que a pele vai escondendo. De outro modo esqueletos são muito inocentes, eles nunca fizeram nenhum mal a ninguém.

Eu costumava vender esqueletos de um cemitério Maometano porque o colégio médico precisava deles e eles pagavam um bom preço por um esqueleto. E ninguém estava disposto a trazer um esqueleto. Eu fiz amizade com o guarda do cemitério e combinei que dividiríamos metade para cada - apenas cave e retire um velho companheiro e eu o levarei no meu carro e o entregarei no colégio médico.
 
Uma vez quando eu estava levando um esqueleto em meu carro, um policial parou o carro - porque eu estava indo muito rápido. Ele queria ver minha licença para dirigir. Eu disse: “Está com meu companheiro no banco de trás”. Então ele olhou no banco de trás. E disse: ”Sim, eu vi. Tudo está ok. Vá depressa, tão rápido quanto você possa. Posso entender agora porque você está indo tão rápido, mas por mais rápido que você vá ele está sentado bem atrás de você. Você não pode escapar. Mas por favor, vá”.
 
E muitas vezes quando eu trazia esses esqueletos para o colégio médico, alguém veria - algum professor ou algum empregado. E eles simplesmente se sentiriam congelados. Ninguém nunca pediu uma carona no meu carro, porque eles sabiam que havia um esqueleto sentado no banco de trás. Ninguém nunca pediu.
 
Eu costumava perguntar aos professores: “Você gostaria de vir comigo?
“Não no seu carro”.
 
Tanto medo, mas isso deve ter alguma raiz. E posso ver que a primeira coisa é que isso lembra a você de si mesmo. Essa vai ser a situação. Somos todos simplesmente esqueletos bem cobertos. E essa será a situação quando a morte chegar. Assim isso lhe lembra a morte. Então ninguém abre o armário do seu inconsciente onde têm muitos esqueletos, de muitos tipos.
 
Você mesmo os colocou lá e agora você está com medo deles. Mas a realidade é que eles estão mortos; apenas abra a porta, acenda a luz, limpe seu armário, limpe sua mente de toda a bagagem morta com que você está cheio - isso está tornando sua vida realmente miserável, um inferno.
 
E ninguém a não ser você é responsável. Em primeiro lugar, você esconde coisas que não deveria. É bom expressá-las e liberá-las. Então primeiro você as esconde e permanece apenas um hipócrita - que você nunca fica zangado, que você nunca fica furioso, que você nunca fica isso, nem aquilo, mas tudo isso vai se acumulando dentro.
 
Mas essas são coisas mortas. Não possuem nenhuma energia deles mesmos, a menos que você forneça energia. Você tem a fonte de energia. O que quer que aconteça em sua vida precisa de sua energia. Se você cortar a fonte de energia e... em outras palavras chamo isso de identificação; se você não se identifica com coisa alguma, isso imediatamente se torna morto, não tem nenhuma energia em si mesmo.

E não-identificação é o outro lado da percepção.

Ame a beleza da percepção e sua imensa capacidade de transformá-lo. Simplesmente perceba o que quer que seja, e você subitamente verá que não há nada senão um esqueleto morto, ele não pode fazer nada a você. Mas você pode fornecer energia a ele, você pode projetar energia nele. Então um esqueleto que nada pode fazer, agora pode até mesmo lhe matar, pode provocar um ataque cardíaco em você, apenas comece a fugir dele e você deu realidade a ele, você deu vida a ele.

Dê vida a coisas que são belas. Não dê vida a coisas feias. Você não tem muito tempo, muita energia para desperdiçar. Com uma vida tão curta, com uma fonte de energia tão pequena, é simplesmente estúpido desperdiçá-la em tristeza, em raiva, em ódio, em ciúmes.
 
Use-a em amor, use-a em algum ato criativo, use-a em amizade, use-a em meditação, faça algo com ela que possa elevá-lo. E quanto mais alto você for, mais a fonte de energia se torna disponível para você.

No mais alto ponto da consciência, você é quase um deus. Mas tal momento nós não permitimos que aconteça conosco. Vamos mergulhando no espaço mais e mais escuro onde nós mesmos nos tornamos quase mortos-vivos. Isso está em suas mãos.

Algum tempo atrás compreendi que não são situações mas as pessoas com quem posso reagir - porque se alguém que eu gosto faz alguma coisa, isso não me incomoda, mas se alguém de quem não gosto faz a mesma coisa, posso pensar: Que coisa horrorosa!
 
Intelectualmente entendi que o motivo porque não gosto de certa pessoa é simplesmente que elas refletem certas características em mim mesmo que eu preferia não ter conhecimento delas.
 
Eu esperava que gradualmente, bem no íntimo, eu aceitasse esse fato intragável e que meu julgamento desapareceria milagrosamente sem que eu tivesse de enfrentar coisa alguma desagradável em mim mesmo. Desafortunadamente, até agora isso não aconteceu. Eu ainda reajo fortemente a algumas pessoas e às vezes, acho difícil até mesmo relembrar de mudar minha energia em observar a mim mesmo ao invés de julgar. Tenho estado me confortando dizendo: Nada a fazer, apenas continue observando, mas como minha observação é tão insípida, e isso está demorando tanto, eu estava imaginando se você podia sugerir algum truque para me ajudar - preferivelmente um atalho através de todo o processo.

Não há nenhum truque e não há nenhum atalho porque a percepção é o caminho mais curto para a iluminação. E a questão dos truques não surge de maneira nenhuma. Nenhum truque pode ajudá-lo. Truques são bons no jogo de cartas e para enganar pessoas, mas você não pode enganar a existência, você não pode enganar a vida.
 
Se você quiser percorrer um caminho mais longo, isso pode ser descoberto, porque pode ser mostrada a você alguma coisa desnecessária, não essencial e que tornam o caminho mais longo.
 
As religiões fizeram isso. Elas tornaram o caminho muito longo, para que isso não pudesse ser realizado em uma vida, muitas vidas são necessárias. Isso era a estratégia dos padres para enganar as pessoas porque se fosse dito que podia ser realizado agora mesmo, então a questão seria porque você não a está realizando, talvez você não queira isso, talvez você queira esperar um pouco mais, talvez você queira concluir algum trabalho antes, talvez você pense que a iluminação deve ser a última coisa na vida. E o trivial, as coisas mundanas da vida, lhe manteria ocupado.
 
Mas algumas poucas pessoas podem tentar e ainda não conseguirão isso. Então os padres estarão em dificuldades porque eles mesmos estão tão longe quanto você. Ser um padre é apenas uma profissão, ele não é um buscador. E você pode começar a perguntar a ele, Porque isso não está acontecendo? E ele não pode realmente lhe responder relevantemente porque ele mesmo não sabe o que é isso, o que pode impedir isso, o que pode ajudar.
 
Assim a maneira mais fácil para ele é dizer: É um caminho tão longo. Irá acontecer, mas em diversas vidas. Então não tenha pressa, isso não é algo que você possa administrar agora. Continue trabalhando, continue orando, quando a hora chegar em alguma vida isso irá acontecer. Isso era somente um esconderijo para o sacerdote.

A percepção é o caminho mais curto. Não necessita de vidas para alcançá-la. Não necessita de longo tempo mas de desejo intenso, do jeito que você sente sede, quando você sente sede pela verdade - como se isso fosse uma questão de vida ou morte - você coloca toda sua energia nesse momento e a porta está destinada a abrir-se. E lembre de nunca pensar em truques porque você não pode chegar a lugar algum através de truques no que diz respeito à realidade.

A verdade simples é que a percepção é o caminho mais curto possível. Não pode ser mais curto que isso.

O que se espera de você na observação... apenas tente ver, não se espera nada. Você já observa as coisas, você sabe o que a observação é. Você observa uma partida de futebol, você observa um filme, você observa a televisão. Você sabe o que a observação é, não há necessidade de dizer a você, apenas a mesma observação deve ser aplicada à tela de sua mente. Feche seus olhos e deixe sua mente funcionar como uma tela de um cinema ou de uma televisão e o que quer que passe na mente você simplesmente permanece atento, não fazendo nada, nem mesmo julgando.
 
E esse é o único milagre que conheço, que quando sua observação se torna mais e mais estável, a tela fica vazia. Logo o observador está lá, mas não há nada para ser observado, a tela está completamente vazia.
 
E quando o observador é deixado só, a observação de si mesmo começa a acontecer- porque essa é sua natureza, observar.
 
E observar a nós mesmos é o maior acontecimento na vida de qualquer um. Tudo mais acontece através disso - satisfação, silêncio, paz, êxtase e finalmente indo até mesmo além de todas essas experiências e apenas permanecendo um puro ser.

Aqueles que alcançaram este puro ser realizaram a missão da vida humana.


Osho - The Transmission of the Lamp, Chapter 23
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