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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O PRÍNCIPE E O FILÓSOFO


A Posição de um Sábio
Diante dos Problemas do Mundo
 
 
Malba Tahan

O príncipe Hi-Chang-Li era vaidoso e fútil. Um dia, ao regressar de um passeio em companhia de vários amigos, encontrou Confúcio. O venerável filósofo, sentado na laje de um poço, meditava tranquilo.

– Eis uma oportunidade feliz – declarou o príncipe. – Consultemos esse famoso pensador sobre as dúvidas que nos ocorreram durante a excursão.

Um dos mandarins aproximou-se de Confúcio e interrogou-o:

– Em que consiste, ó esclarecido filósofo!, a verdadeira Caridade?

– Em amar os homens! – foi a resposta.

– E a Ciência?

– Em conhecer os homens!

– E o Erro?

– Em confiar nos homens!

– E qual a arte mais difícil?

– Governar os homens!

Ao ouvir aquelas respostas, disse o príncipe, em voz baixa, ao mandarim:

– Noto que o velho retórico insiste em formular as respostas da mesma forma, relacionando-as, invariavelmente, com os homens. Irrita-me essa preocupação maníaca. Pretende, com certeza, divertir-se à vossa custa. É preciso interrogá-lo de modo que ele se veja obrigado a modificar o estribilho.

– Nada mais simples – rosnou, entre dentes, o mandarim.

– Podes dizer-me, ó eloquente filósofo!, quantas estrelas há no céu?

Respondeu o Mestre:

– São tantas quantos os pecados, erros, defeitos e impertinências dos homens!

E, depois de proferir tais palavras, levantou-se vagaroso e afastou-se dos indesejáveis arguidores.



“Malba Tahan” é o nome literário do professor Júlio César de Mello e Souza (1895-1974).

https://www.filosofiaesoterica.com

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