ALÉM DOS JULGAMENTOS
A mente além dos julgamentos
observa e compreende
Não
considere o que é certo e o que é errado, porque se você considerar o
que é certo e o que é errado ficará dividido, tornar-se-á um
hipócrita. Fingirá o certo e fará o errado. E, no momento em que
você considera o que é certo e o que é errado, fica preso, torna-se identificado, e certamente fica identificado como o certo.
Por
exemplo: você vê uma nota de cem dólares na beira da calçada; ela pode
ter caído do bolso de alguém. Então surge a questão: pegá-la ou não
pegá-la? Uma parte sua diz: “está perfeitamente certo pegá-la. Ninguém
está olhando, ninguém nem mesmo suspeitará. E você não está furtando –
ela está bem ali! Se você não a pegar, outra pessoa irá pegá-la de
qualquer modo. Assim, por que perdê-la? Está perfeitamente certo!”.
Mas uma outra parte diz: “isso está errado – este dinheiro não lhe
pertence, não é seu. De certo modo, de um modo indireto, é um furto.
Você deve informar à polícia, ou, se você não quer se incomodar com
isso, então, siga adiante e esqueça. Nem ao menos olhe para trás. Isso é
ganância, e ganância é pecado!”.
Agora, essas duas
mentes estão presentes. Uma diz “está certo, pegue-a”, a outra diz “está
errado, não a pegue”. Com qual das duas você vai se identificar? Você
vai certamente se identificar com a mente que diz que é imoral, porque
isso satisfaz mais o ego: “você é uma pessoa moral, você não é qualquer
um; uma pessoa qualquer teria ficado com a nota de cem dólares. Nesses
tempos difíceis, as pessoas não pensam em tais delicadezas”. Você se
identificará com a mente moral. Mas há toda possibilidade de você pegar o
dinheiro. Você se identificará com a mente moral e se desidentificará
com a mente que vai pegar o dinheiro. Lá no fundo você condenará. E dirá: “isso não está certo – é o pecador em mim, a parte mais baixa, a
parte condenada”. Você se manterá distante da coisa. Você dirá: “eu era
contra isso. Foi meu instinto, foi meu inconsciente, foi meu corpo, foi
minha mente que me persuadiu, pois eu sabia que era errado. Eu sou
aquele que sabe que aquilo foi errado”. Você sempre se identifica com o
certo, com a atitude moral, e se desidentifica do ato imoral – embora o
faça! É assim que a hipocrisia surge.
Ir além dos julgamentos de bom e
ruim é o caminho da observação. E é através da observação que a
transformação acontece. Essa é a diferença entre moralidade e
consciência. A moralidade diz: “escolha o certo e rejeite o errado.
Escolha o bom e rejeite o ruim”. A consciência diz: “simplesmente
observe os dois. Não escolha nada. Permaneça na consciência sem
escolha”.
Osho - A Descoberta do Buda
https://oshoemportugues.wordpress.com
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