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sábado, 12 de janeiro de 2019

MERGULHANDO
NA ESSÊNCIA DE RUMI


Parte I

Ouça o poeta Sanai,
que viveu recluso: "Não vagueie pela rua
em seu êxtase. Durma na taverna".
Quando um bêbado sai para a rua,
as crianças zombam dele.
Ele cai na lama.
Ele entra em toda e qualquer via.
As crianças vão atrás,
sem saber nada do sabor do vinho, 

ou como é a embriagues dele. 
Todas as pessoas nesse planeta
são crianças, exceto uns poucos.
Ninguém cresce a não ser aqueles livres de desejos.
Deus disse:"O mundo é uma brincadeira, 

um jogo de crianças,
e você é uma delas".
Deus fala a verdade.
Se você não deixar o jogo,
como poderá ser um adulto?
 

Sem pureza de espírito,
se você está no meio da luxúria e cobiça
e outros desejos, você é como uma criança brincando numa relação sexual.
Eles lutam e se esfregam um no outro, 

mas isso não é sexo!
O mesmo acontece com as lutas do ser humano.
São como uma briga com espadas para brincar.
Nenhum propósito, totalmente fúteis.
Como crianças em cavalos de pau, 

soldados que afirmam praticar equitação
Boraq, o cavalo de Maomé, ou Duldul, sua mula.
Suas ações, bem como o sexo e as guerras 

que você faz, não significam nada
Você está segurando parte de seu fôlego 

e se empertigando,
Não espere até a sua morte para ver isso.
Reconheça que sua imaginação e seu pensamento
e suas percepções são pedaços de pau
que as crianças cortam e fingem serem cavalos.
 

O conhecimento do amor místico é diferente.
O empírico, o sensorial, as ciências
são como um asno carregado de livros,
ou como a maquiagem de uma mulher maquiada.
Pode ser lavado.
Mas se você carrega a bagagem de forma correta, 

ela trará alegria.
Não carregue a bagagem de seu conhecimento 

por alguma razão egoísta.
Evite seus desejos e propensões
e uma verdadeira bagagem poderá aparecer 

para você.
Não se satisfaça com o nome Hwu (Ele),
ou apenas com palavras sobre isso.
Experiencie essa respiração.
Dos livros e palavras vem a fantasia,
e às vezes, da fantasia vem a união.

No ano que passou, eu admirei vinhos. 

Neste, perambulo dentro deste mundo vermelho.
No ano que passou, eu contemplei o fogo.
Neste ano sou como carne queimada.
A sede me levou em direção à água
onde eu bebi o reflexo da lua.
Agora eu sou um leão com o olhar fixo
totalmente perdido em amor 

com o próprio objeto da paixão.
Não me faça perguntas sobre a saudade.
Olhe para minha face.
A alma embriagada, o corpo arruinado, 

ambos sentados sem esperança, 
em uma carroça destroçada.
Ninguém sabe como consertá-la.
E meu coração, andei dizendo que ele era mais 

como uma mula afundando em um lodaçal,
se debatendo e afundando cada vez mais.
Mas ouça-me: por um momento, saia da tristeza. Ouça as bênçãos gotejando seus botões à sua volta. 

Deus.

Esta é uma velha regra que os bêbados 

devem questionar e combater.
Ele cai em um buraco.
Mas no fundo desse buraco ele encontra algo brilhando, mais valioso que todo o dinheiro 

ou poder.
Na noite passada a lua surgiu 

espalhando suas vestes pela rua.
Eu tomei isso como um sinal para começar a cantar, E cai dentro do cálice do céu.
O cálice quebra. Tudo está caindo dentro de tudo.
Nada mais pode ser feito.
Aqui está a regra nova: quebre o copo de vinho,
e se deixe cair em direção à respiração do assoprador de vidros. 



http://www.nasrudin.com.br

Questiono-me sobre esse vinho do qual Rumi tanto fala... Seria a vida ? Tão saborosa, tão bela, que chegamos até a embriagarmo-nos ao vivê-la... Colocamo-la em um taça e, apaixonadamente vamos solvendo-a... olhando a beleza da lua, extasiamo-nos e a vida flui sem que a percebamos verdadeiramente... até cairmos num buraco para compreender que existe muito mais fora da taça... Então ele nos convida para quebrar a taça que contém a vida, pois a vida não pode ser contida e nós não podemos continuar para sempre bêbados... Será que é assim ? KyraKally

 

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