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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

SOBRE O NOSSO MEDO 
DA LIBERDADE
 
Os oprimidos, acomodados e adaptados, "imersos" na própria engrenagem da estrutura dominadora, TEMEM A LIBERDADE, enquanto não se sentem capazes de correr o risco de assumi-la. E a temem, também, na medida em que, lutar por ela, significa uma ameaça, não só aos que a usam para oprimir, como seus "proprietários" exclusivos, mas aos companheiros oprimidos, que se assustam com maiores repressões.

Quando descobrem em si o anseio por libertar-se, percebem que este anseio somente se faz concretude na concretude de outros anseios.

Enquanto tocados pelo medo da liberdade, se negam a apelar a outros e a escutar o apelo que se lhes faça ou que se tenham feito a si mesmos, preferindo a gregarização à convivência autêntica. Preferindo a adaptação EM que sua não liberdade os mantém à comunhão criadora, a que a liberdade leva, até mesmo quando ainda somente buscada. 

Sofrem uma dualidade que se instala na "interioridade" do seu ser. Descobrem que, não sendo livres, não chegam a ser autenticamente. Querem ser, mas temem ser. São eles e ao mesmo tempo SÃO O OUTRO INTROJETADO NELES, como consciência opressora. Sua luta se trava entre serem eles mesmos ou serem DUPLOS. Entre expulsarem ou não ao opressor de "DENTRO" de si. Entre se desalienarem ou se manterem alienados. Entre seguirem prescrições ou terem opções. Entre serem espectadores ou atores. Entre atuarem ou terem a ilusão de que atuam, na atuação dos opressores. Entre dizerem a palavra ou não terem a voz, castrados no seu poder de criar e recriar, no seu poder de transformar o mundo. 

Este é o trágico dilema dos oprimidos, que a sua pedagogia tem de enfrentar. 

A libertação, por isto, é um parto. E um parto doloroso.  O homem que nasce desse parto é um homem novo que só é viável na e pela, superação da contradição opressores-oprimidos, que é a libertação de todos. 

A superação da contradição é o parto que traz ao mundo este homem novo não mais opressor; não mais oprimido, mas homem libertando-se. 

 
Paulo Freire
 
 
 
 
Gandhi foi o homem que mais viveu cercado por dominadores, poderia ter sido um oprimido, entretanto afirmou que 'a prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência'. Tantos clamam por liberdade e não sabem nem do que estão falando, alegam que é fazer tudo que desejam. Porém Einstein nos dá uma visão interessante; 'a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho normal' e, essas pessoas não conseguem ter ideias próprias, aproveitam-se das alheias, assim, permanecem fechados dentro do que julgam ser liberdade. Léon Tolstoi afirma com muita sabedoria que 'não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência'. A liberdade é semelhante a uma borboleta de asas incandescentes... devemos ter muita cautela ao segurá-la nas mãos. KyraKally

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