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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

PARA AQUELES QUE DESPERTAM
 'Ideias em Perspectiva'


A reeducação moral exigida pela filosofia não é mera esperança piedosa de escola dominical. É uma necessidade prática, devido às mudanças psicológicas e à sensitividade nervosa desenvolvida pelas práticas de meditação. Sem ela, esses exercícios podem revelar-se perigosos para a mente, o caráter e a saúde. As virtudes especialmente exigidas são: inofensividade no sentimento e na ação; veracidade no pensamento e na palavra; honestidade para consigo mesmo e para com os outros; controle sexual; humildade.
 

Quando a luz sublime do Ideal brilha sobre o aspirante e ele tem a coragem de olhar para a sua própria imagem através dela, ele fará sem dúvida algumas descobertas humilhantes sobre si mesmo. Descobrirá que é pior do que acreditava e não tão sábio quanto pensava ser. Mas todas essas descobertas são para o bem. Porque somente então ele pode saber o que lhe é pedido e começar a trabalhar para o auto-aperfeiçoamento, seguindo as indicações dessas descobertas.
 

Os estágios da Busca são distintamente bem definidos. Primeiro, a aspiração em direção ao crescimento espiritual manifesta-se no coração de um homem. Segundo, o sentimento de arrependimento por erros e pecados passados entristece-o. Terceiro, a submissão a uma disciplina acética ou de auto-renúncia se segue como uma reação. Quarto, a prática de exercícios regulares de meditação é levada adiante .
 

O caminho requer um empenho todo abrangente. Exige a disciplina das emoções, assim como a purificação do caráter, extirpando dele o egoísmo; a prática da arte da meditação, assim como a devoção religiosa e a oração; a reflexão constante sobre as experiências da vida para aprender as lições ocultas por trás delas, e a constante discriminação entre os valores das coisas terrenas e espirituais. Esse auto desenvolvimento, coroado de atividade altruísta, fará surgir a tempo a graça do Eu Superior e, ocasionalmente, trará vislumbres de bem-aventurança, para encorajar os esforços do aspirante. Não apenas uma, mas todas as funções do ser devem unir-se no esforço de alcançar a meta espiritual.

O aspirante à iluminação tem, em primeiro lugar, elevar-se, saindo do pântano dos desejos, das paixões, do egoísmo e do materialismo em que está mergulhado. Para atingir esse propósito, ele precisa passar por uma disciplina purificadora. É verdade que alguns indivíduos abençoados pela graça ou pelo carma recebem a iluminação espontaneamente, sem ter de passar por essa disciplina. Mas esses são poucos. A maioria de nós tem de fazer um árduo trabalho para desembaraçar-se das profundezas da natureza inferior, antes que possa olhar para o céu que brilha lá no alto.

Uma compreensão intelectual não é suficiente. Essas ideias podem transformar-se em verdades somente através de uma completa autodisciplina, que conduza à liberação das paixões, ao domínio das emoções, à transformação da moral e à concentração dos pensamentos.

O aspirante terá de desenvolver a veneração religiosa, a intuição mística, o valor moral, a inteligência racional e a capacidade de ser ativamente útil, a fim de fazer evoluir uma personalidade mais integral. Assim ele se torna instrumento adequado para a descida do Eu Superior na consciência em vias de despertar.

Muitos yogis criticarão esse caminho triplo para a realização. Dirão que somente a meditação será suficiente. Depreciarão a necessidade de conhecer a metafísica e zombarão do apelo para a ação inspirada. Mas, para mostrar que não estou introduzindo aqui nenhuma ideia própria inovadora, posso salientar que no Budismo há uma reconhecida disciplina tríplice de realização, que consiste em:  dhyana - prática da meditação,  prajna - compreensão mais elevada,  sila - conduta de autonegação.



Paul Brunton 



Só podemos ler e escrever se estudarmos, não é verdade? Paul Brunton está certo. A Luz do Eu Superior somente chegará até nós se não existirem barreiras, véus obscuros e outras tantas camadas de ignorância e cegueira. Como poderemos vislumbrar a Luz de modo tão incompleto? É necessário retirar as 'ervas daninhas' do caminho senão não há como passar, podar as ilusões e as paixões que nos atrelam ao apego formando altas copas que impedem o recebimento da clareza. Um trabalho constante precisa ser realizado. "Orai e vigiai, vosso Caminho não percais". KyraKally

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