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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O DESEJO DE ABANDONAR 
O PROCESSO

Muita gente se sente despreparada para as diretrizes das esferas sagradas. Estes são fatos e estados mentais desconhecidos, que permitem às pessoas penetrar na PRÓPRIA CONSCIÊNCIA, o que, geralmente, significa abandonar os conceitos já conhecidos sobre a realidade. Elas também podem sentir que não são suficientes fortes para suportar o profundo impacto das manifestações físicas e sensórias de experiências místicas, ou que não estão suficientes abertas para manipular o seu poder. 

O professor espiritualista americano Ram Dass compara essas pessoas a uma "torradeira", e sua reação ao "ligar o seu plugue em 220 volts ao invés de 110, enquanto tudo torra". Recebendo esse enorme insumo físico, mental, emocional e espiritual, elas podem se sentir dominadas e uma sensação natural talvez seja a de RECUAR.
 
Uma resposta semelhante ao desejo de recuar pode ocorrer durante uma forte experiência de luminosidade. Às vezes as pessoas sentem que sua visão está bastante fraca ou demasiado obscurecida para lidar com a intensidade de luz ofuscante com medo de ficar literalmente cegas se permitir que a experiência prossiga. Quando isso acontece, podem sentir muita dor física em volta dos olhos.

Um praticante de meditação relembra o horror que sentiu durante um estado transpessoal "positivo": "Foi muito estranho... Eu havia lido sobre a experiência da luz em livros sobre espiritualidade e só tinha ouvido falar disso como sendo algo ligado à alegria. Eu ansiava por esse tipo de experiência há muito tempo, e tentava de várias formas um trabalho interior para chegar a isso. Mas, quando realmente aconteceu, fiquei horrorizado. Foi impressionante: era doloroso, terrível e MARAVILHOSO ao mesmo tempo. Senti como se tudo aquilo fosse demais e que EU NÃO PODIA SUPORTAR. Pensei em Moisés e na sarça ardente, que era tão brilhante que ele teve de se afastar. Reconheci-me desamparado, que eu não seria capaz de compreender o que acontecia".

Embora o sofrimento que sucede durante um encontro místico possa serpercebido  como destrutivo e violento no início, com o tempo as pessoas em geral o reconhecem como a dor da abertura do crescimento espiritual. Elas chegam até a receber isso como um sinal da sua ligação com o Divino, como descreve Santa Tereza de Ávila: "A dor era tão aguda que eu gemia, mas o encanto dessa tremenda dor era tão poderoso que não poderia querer abandoná-la, nem a alma se satisfaria com nada a não ser com Deus. Era uma dor espiritual, não física, embora o corpo tivesse alguma parte nisso, até que considerável. Era uma troca de cortesias entre a alma e Deus."
 
A experiência da desintegração positiva do ego, também pode apresentar problemas. Enquanto algumas pessoas aceitam de bom grado a oportunidade de se liberar e de se expandir, outras estão muito ligadas às suas IDENTIDADES INDIVIDUAIS, e se esse momento crítico for muito assustador, elas podem resistir ou se esquivar devido a isso. Embora esse estado de perda do ego seja transitório, as pessoas que estão passando por ele sentem que esse processo é permanente. Aprisionadas entre o que conhecem de si próprias como são e em quem estão se transformando, podem se perguntar: "Quem sou eu? Onde isto está me levando? Como posso ter confiança no que está acontecendo?"

Algumas pessoas podem não confiar na realidade de suas novas possibilidades, ou podem ter medo de que os estados que estão sendo vivenciados sejam sinais de doença mental. Elas sentem que estão se desviando muito do COMUM. Chegam até a temer que depois de entrar em contato com o Divino tenham mudado tanto que as pessoas do seu convívio compreenderão imediatamente que elas estão "diferentes", e pensarão que são especiais ou loucas.

Outras podem lutar com áreas transcendentais, não importando quão belas e serenas elas sejam, porque não sentem o valor da experiência. Conhecemos várias pessoas com problemas permanentes de auto-imagem que se sentem desmerecedoras de qualquer experiência que seja muito agradável ou muito próspera. Em geral, quanto mais benevolente for o seu estado espiritual, mais ativamente tentarão resistir a ele.

 
 
Christina Grof — A tempestuosa busca do ser
 
 
 
 
Quando a estrada pavimentada acaba não há como saber o que vem adiante. Ou voltamos e continuamos com a vida comum, que conhecemos tão bem, pois temos os endereços ou acreditamos numa força Maior que tudo conduz. A maioria tem necessidade de ver e tocar para se sentir segura. Não há como ver ou tocar os caminhos da espiritualidade, apenas entregar-se ao processo, deixar-se levar na mais completa fé e confiança. KyraKally

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