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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

AOS ADICTOS DA ATENÇÃO
 
O desejo de se exibir é o desejo de uma mente ignorante. Por que você quer se exibir? Por que você quer que as outras pessoas conheçam você? Qual é a razão disso? E por que você faz disso algo tão importante na sua vida, a exposição? Que as pessoas saibam que você é alguém muito importante, significativo, extraordinário? Por que? Porque você não tem um eu. Você só tem um ego — um substituto para o eu. 

O ego não é substancial. O eu é substancial, mas isso é algo que você não sabe — e uma pessoa não pode viver sem o sentimento de "eu". É difícil viver sem o sentimento de "eu". Afinal, a partir de que centro você vai trabalhar e funcionar? Você precisa de um "eu". Mesmo que seja falso, ele vai servir. Sem um "eu", você vai simplesmente se desintegrar! Quem será o integrador, o agente dentro de você? Quem vai integrar você? A partir de que centro você vai funcionar? 

A menos que conheça o eu, você vai ter que viver com um ego. Ego significa um substituto, um falso eu; você não conhece a si mesmo, então você mesmo cria um eu. É uma criação mental. E para tudo o que é falso, você tem que encontrar apoios. A exposição lhe dá apoio. 

Se alguém diz: "Você é uma pessoa linda", você começa a sentir que é lindo. Se ninguém diz isso, vai ser difícil para você sentir que é uma pessoa bonita, você vai começar a suspeitar, duvidar. Se você diz continuamente até mesmo a uma pessoa feia "Você é linda", a feiura vai desaparecer da mente dela, e ela vai começar a sentir que é bonita — porque a mente depende da opinião dos outros, ela acumula opiniões, depende delas. 

O ego depende do que as pessoas dizem sobre você: o ego se sente bem se as pessoas se sentem bem com relação a você;  se elas se sentem mal, o ego se sente mal. Se elas não dão a você toda a atenção, os apoios são retirados; se muitas pessoas lhe dão atenção, elas alimentam o seu ego — é por isso que a atenção é solicitada continuamente. 

Até mesmo uma criança pequena pede atenção. Ela pode continuar brincando em silêncio, mas quando chega uma visita... e a mãe disse ao filho que, quando a visita chegasse, ela teria que ficar em silêncio: "Não faça barulho, e não faça bagunça", mas, quando a visita chega, a criança tem que fazer alguma cosia, porque ela também quer atenção. E ela quer mais, porque está acumulando um ego — ela só está crescendo. Ela precisa de mais alimento e disseram para ela fazer silêncio — isso é impossível! Ela vai ter que fazer alguma coisa. Mesmo se ela tiver que machucar a si mesma, ela vai cair. O machucado pode ser tolerado, mas ela precisa receber atenção. Todo mundo precisa prestar atenção, ela precisa se tornar o centro das atenções!

Desde a infância até o final, no dia da sua morte , você vai pedir atenção. Quando uma pessoa está morrendo, a única ideia que está em sua mente, quase sempre é: "O que as pessoas vão dizer quando eu estiver morto? Quantas pessoas virão me dar o último adeus? O que será publicado nos jornais? Algum jornal vai escrever um editorial?" Esses são os pensamentos. Desde o primeiro até o último instante olhamos para ver o que os outros dizem. Deve ser uma necessidade profunda. 

Atenção é alimento para o ego; apenas a pessoa que atingiu o eu abre mão dessa necessidade. Quando você tem um centro, o seu próprio centro não precisa pedir atenção aos outros. Então,  pode viver sozinho. Mesmo no meio da multidão, vai estar sozinho, mesmo no mundo vai estar sozinho, vai passar no meio da multidão, mas sozinho. 

Se você ainda não conheceu o "eu" não pode ficar sozinho. Neste momento se você for para o Himalaia e entrar numa densa floresta, se sentar sob uma árvore, vai esperar que alguém passe, pelo menos alguém que possa levar uma mensagem ao mundo de que você se tornou um grande eremita. Você vai esperar, vai abrir os olhos muitas vezes para ver — se tem alguém vindo ou não... Porque já ouviu historias de que, quando alguém renuncia ao mundo, o mundo inteiro vem a seus pés, e até agora ninguém apareceu — nenhum jornalista, nenhum repórter, nenhum cinegrafista, nada, ninguém! Você não pode ir para o Himalaia. Quando a necessidade de atenção se for, você vai estar no Himalaia aonde quer que esteja.
 
 
 
Osho
 
 
 
Tilopa diz que "Quando você compreende, quando chega a saber, então traz toda a beleza do passado de volta e dá a esse passado o renascimento, renova-o, de forma que todos os que o conheceram possam estar de novo sobre a terra e viajar por aqui, e ajudar as pessoas." Enquanto isso não acontece só podemos viver centrados em nós mesmos, nesse falso eu que criamos e necessita de toda a atenção para parecer vivo, mas é apenas uma capa. KyraKally 
 

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