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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

CONTOS ZEN
Para ajudar na Jornada Espiritual

 

Seguindo a corrente

Um velho homem bêbado acidentalmente caiu nas terríveis corredeiras de um rio que levavam para uma alta e perigosa cascata. Ninguém jamais tinha sobrevivido àquele rio.

Algumas pessoas que viram o acidente temeram pela sua vida, tentando desesperadamente chamar a atenção do homem que, bêbado, estava quase desmaiado. Mas, miraculosamente, ele conseguiu sair salvo quando a própria correnteza o despejou na margem em uma curva que fazia o rio.

Ao testemunhar o evento, Kung-tzu (Confúcio) comentou para todas as pessoas que diziam não entender como o homem tinha conseguido sair de tão grande dificuldade sem luta:

“Ele se acomodou à água, não tentou lutar com ela. Sem pensar, sem racionalizar, ele permitiu que a água o envolvesse. Mergulhando na correnteza, conseguiu sair da correnteza. Assim foi como conseguiu sobreviver.” 

O Agora

Um guerreiro japonês foi capturado pelos seus inimigos e jogado na prisão. Naquela noite ele sentiu-se incapaz de dormir, pois sabia que no dia seguinte ele iria ser interrogado, torturado e executado. Então as palavras de seu mestre Zen surgiram em sua mente:

O ‘amanhã’ não é real. É uma ilusão. A única realidade é AGORA. O verdadeiro sofrimento é viver ignorando este Dharma.”

Em meio ao seu terror subitamente compreendeu o sentido destas palavras, ficou em paz e dormiu tranquilamente.


Era uma vez uma corrida de sapinhos

Eles tinham que subir uma grande torre, e atrás havia uma multidão, muita gente para torcer por eles. Começou a competição.  A multidão dizia: “Não vão conseguir, não vão conseguir!

Os sapinhos iam desistindo um por um, menos um que continuava subindo. E a multidão continuava a aclamar: “Vocês não vão conseguir, vocês não vão conseguir!

E os sapinhos iam desistindo um por um, menos um que subia tranquilo, sem esforços.

Ao final da competição, todos os sapinhos desistiram, menos aquele. Todos queriam saber o que aconteceu, e, quando foram a perguntar ao sapinho como ele conseguiu chegar até o fim, ficaram sabendo que ele era surdo.

Quando queremos fazer alguma coisa que precise coragem, não se deve escutar as pessoas que falam que não iremos conseguir.

Sejamos surdos aos apelos negativos.

 

Nada Existe

Yamaoka Tesshu, quando um jovem estudante Zen, visitou um mestre após outro. Ele então foi até Dokuon de Shokoku.

Desejando mostrar o quanto já sabia, ele disse, vaidoso: “A mente, Buddha, e os seres sencientes, além de tudo, não existem. A verdadeira natureza dos fenômenos é vazia. Não há realização, nenhuma delusão, nenhum sábio, nenhuma mediocridade. Não há o Dar e tampouco nada a receber!”

Dokuon, que estava fumando pacientemente, nada disse. Subitamente ele acertou Yamaoka na cabeça com seu longo cachimbo de bambu. Isto fez o jovem ficar muito irritado, gritando xingamentos.

Se nada existe”, perguntou, calmo, Dokuon, “de onde veio toda esta sua raiva?

Buscando por Buda

Um monge pôs-se a caminho de uma longa peregrinação para encontrar Buddha. Ele levou muitos anos em sua busca até alcançar a terra onde dizia-se que vivia Buddha. Ao cruzar o sagrado rio que cortava este país, o monge olhava em torno enquanto o barqueiro conduzia o bote. Ele percebeu algo flutuando em sua direção.

Quando o objeto chegou mais perto, ele viu que era um cadáver – e que o morto era ele mesmo!

O monge perdeu todo o controle e deu um grito de dor à visão de si mesmo, rígido e sem vida, flutuando suavemente na corrente do grande rio.

Neste instante percebeu que ali estava começando sua busca pela liberação…

E então ele soube definitivamente que sua procura por Buddha havia terminado.

 

Mais devagar

Um jovem atravessou o Japão em busca da escola de um famoso praticante de artes marciais. Chegando ao dojo, foi recebido em audiência pelo Sensei.

– O que você quer de mim?, perguntou-lhe o mestre.

– Quero ser seu aluno e tornar-me o melhor karateca do país. Quanto tempo preciso estudar?

– Dez anos, pelo menos.

– Dez anos é muito tempo, respondeu o rapaz. E se eu praticasse com o dobro da intensidade dos outros alunos?

– Vinte anos.

– Vinte anos!  E se eu praticar noite e dia, dedicando todo o meu esforço?

– Trinta anos.

– Mas, eu lhe digo que vou dedicar-me em dobro, e o senhor me responde que a duração será maior?

– A resposta é simples. Quando um olho está fixo aonde se quer chegar, só resta um para se encontrar o caminho.


O apego

Um dia morreu o guardião de um mosteiro Zen. Para decidir quem seria a nova sentinela, o mestre convocou os discípulos e disse:

– O primeiro que resolver o problema que eu apresentarei assumirá o posto.

Então, numa mesa que estava no centro da sala, colocou um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza. E disse apenas:

– Aqui está o problema!

Todos ficaram a olhar para a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro! O que representaria? O que fazer? Qual o enigma? De repente, um dos discípulos saca da espada, olha para o mestre, dirige-se para o centro da sala e… Zazzz! Com um só golpe destruiu tudo.

– Você é o novo guardião. Não importa que o problema seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado.

Onde está a sua mente?

Finalmente, após muitos sofrimentos, Shang Kwang foi aceito por Bodhidharma como seu discípulo. O jovem então perguntou ao mestre:

Eu não tenho paz de espírito. Gostaria de pedir, Senhor, que pacificasse minha mente.

Ponha sua mente aqui na minha frente e eu a pacificarei!” replicou Bodhidharma.

Mas… é impossível que eu faça isso!” afirmou Shang Kwang.

Então já pacifiquei a sua mente“, conclui o sábio.


Concentração

Após ganhar vários torneios de Arco e Flecha, o jovem e arrogante campeão resolveu desafiar um mestre Zen que era renomado pela sua capacidade como arqueiro.

O jovem demonstrou grande proficiência técnica quando ele acertou em um distante alvo na mosca na primeira flecha lançada, e ainda foi capaz de dividi-la em dois com seu segundo tiro.

Sim!“, ele exclamou para o velho arqueiro, “Veja se pode fazer isso!”

Imperturbável, o mestre não preparou seu arco, mas em vez disso fez sinal para o jovem arqueiro segui-lo para a montanha acima.

Curioso sobre o que o velho estava tramando, o campeão seguiu-o para o alto até que eles alcançaram um profundo abismo atravessado por uma frágil e pouco firme tábua de madeira. Calmamente caminhando sobre a insegura e certamente perigosa ponte, o velho mestre tomou uma larga árvore longínqua como alvo, esticou seu arco, e acertou um claro e direto tiro.

Agora é sua vez“, ele disse enquanto ele suavemente voltava para solo seguro.

Olhando com terror para dentro do abismo negro e aparentemente sem fim, o jovem não pôde forçar a si mesmo caminhar pela prancha, muito menos acertar um alvo de lá.

Você tem muita perícia com seu arco“, o mestre disse, percebendo a dificuldade de seu desafiante, “mas você tem pouco equilíbrio com a mente que deve nos deixar relaxados para mirar o alvo.

 Por que palavras?

Um monge aproximou-se de seu mestre – que se encontrava em meditação no pátio do Templo à luz da lua – com uma grande dúvida:

Mestre, aprendi que confiar nas palavras é ilusório; e diante das palavras, o verdadeiro sentido surge através do silêncio. Mas vejo que os Sutras e as recitações são feitas de palavras; que o ensinamento é transmitido pela voz. Se o Dharma está além dos termos, porque os termos são usados para defini-lo?

O velho sábio respondeu: “As palavras são como um dedo apontando para a Lua; cuida de saber olhar para a Lua, não se preocupe com o dedo que a aponta.

O monge replicou: “Mas eu não poderia olhar a Lua, sem precisar que algum dedo alheio a indique?

Poderia”, confirmou o mestre, “e assim tu o farás, pois ninguém mais pode olhar a lua por ti. As palavras são como bolhas de sabão: frágeis e inconsistentes, desaparecem quando em contato prolongado com o ar. A Lua está e sempre esteve à vista. O Dharma é eterno e completamente revelado. As palavras não podem revelar o que já está revelado desde o Primeiro Princípio.”

Então“, o monge perguntou, “por que os homens precisam que lhes seja revelado o que já é de seu conhecimento?”

Porque”, completou o sábio, “da mesma forma que ver a Lua todas as noites faz com que os homens se esqueçam dela pelo simples costume de aceitar sua existência como fato consumado, assim também os homens não confiam na Verdade já revelada pelo simples fato dela se manifestar em todas as coisas, sem distinção. Desta forma, as palavras são um subterfúgio, um adorno para embelezar e atrair nossa atenção. E como qualquer adorno, pode ser valorizado mais do que é necessário.”

O mestre ficou em silêncio durante muito tempo. Então, de súbito, simplesmente apontou para a lua.

 
Todos estes Contos Zen tem autoria desconhecida.
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