O constante zumbido das palavras parece o acompanhamento indispensável das tarefas cotidianas. No entanto, logo que se procura reduzir o ruído ao mínimo, percebe-se que muitas coisas são feitas melhor e mais rápido no silêncio, e que isso ajuda a manter a paz interior e a concentração.
Se você não é sozinho e vive com outros, adquira o hábito de não se exteriorizar constantemente em palavras pronunciadas em voz alta, e você perceberá que, pouco a pouco, uma compreensão interior se estabelece entre você e os outros; poderá então intercomunicar-se reduzindo as palavras ao mínimo, ou mesmo em palavra alguma.Esse silêncio exterior é muito favorável à paz interior, e com boa vontade e constância na aspiração você poderá criar um ambiente harmonioso, muito propício ao progresso.
Na vida em comum, às palavras que dizem respeito à existência e às ocupações materiais virão juntar-se aquelas que exprimem as sensações, as emoções e os sentimentos. É aqui que o hábito do silêncio exterior se revela como uma ajuda preciosa. Pois quando somos invadidos por uma onda de sensações ou de sentimentos, esse silêncio habitual nos dá tempo de refletir, e, se for preciso, de nos retomarmos, antes de projetarmos em palavras a sensação ou o sentimento experimentado. Quantas disputas podem assim ser evitadas! Quantas vezes seremos salvos de uma dessas catástrofes psicológicas que são, na maioria das vezes, o resultado de uma incontinência verbal.
Em todos os casos, e de uma maneira geral, quanto menos se fala dos outros, mesmo se for para elogiá-los, melhor. Se já é tão difícil saber exatamente o que acontece em si mesmo, como saber, então, com certeza, o que acontece nos outros? Abstenha-se, portanto, totalmente de pronunciar sobre uma pessoa um desses julgamentos definitivos que só podem ser uma tolice, se não uma maldade.
Ninguém conhece a verdade exata das coisas aqui, e cada um fala como se soubesse, mas ninguém sabe realmente. Se, um dia, a verdade fosse desvelada a todos, a maioria das pessoas, aqui e em toda parte, ficaria apavorada pela enormidade de sua ignorância e de sua falsa interpretação. Por isso, aconselho todos a ficarem em paz e a absterem-se de todo julgamento. Isso é o mais seguro.
Do ponto de vista da disciplina exterior, é indispensável, uma vez que se tenha uma opinião e que se a expresse, lembrar-se de que é apenas uma opinião, uma maneira de ver e de sentir, e que as opiniões, as maneiras de ver e de sentir dos outros são tão legítimas quanto as suas, e que, em lugar de se opor a elas, deve-se totalizá-las e tentar encontrar uma síntese mais abrangedora.
Mirra Alfassa, A Mãe
https://www.yogapleno.com.br
Há palavras de sentimento e há palavras intelectuais.
Cada vez mais abandone as palavras intelectuais. Use cada vez mais palavras de sentimento. Há palavras políticas e palavras religiosas. Abandone as palavras políticas.
Se você começar a ficar consciente disso, perceberá uma imensa mudança surgindo. Se você estiver um pouco alerta na vida, muitas infelicidades poderão ser evitadas.
Se puder tornar-se um profundo conhecedor das palavras, toda a sua vida será diferente.
As suas relações serão diferentes, porque noventa e nove por cento de uma relação dá-se através de palavras e gestos.
Se uma palavra causa sofrimento, raiva, conflitos, discussões, deixe-a de lado.
Qual o sentido em usá-la? Substitua essa palavra por algo melhor: pelo silêncio.
Osho em A Rose is a Rose is a Rose is a Rose
Eu não sei se você pensou ou investigou todo este processo de verbalizar, dar um nome. Se o fez, é realmente uma coisa espantosa e uma coisa muito estimulante e interessante. Quando damos um nome para alguma coisa que experimentamos, vemos ou sentimos, a palavra se torna extraordinariamente significativa, e palavra é tempo. Tempo é espaço, e a palavra é o centro disto. Todo pensamento é verbalização, você pensa em palavras. E pode a mente se libertar das palavras? Não diga “Como vou me libertar?”, isso nada significa. Mas faça essa pergunta para si mesmo e veja quanto você está escravizado a palavras como Índia, Gita, comunismo, cristão, russo, americano, inglês, a casta abaixo da sua e a casta acima. A palavra amor, a palavra Deus, a palavra meditação; que extraordinária significação nós demos a estas palavras e como estamos escravizados a elas.
Krishnamurti, The Book of Life
http://legacy.jkrishnamurti.org
Entretanto há palavras que geram guerras hediondas e palavras portadoras da mensagem de paz, que amainam convulsões interiores e serenam corações em combates de extermínio.
Palavras que têm o poder de transformar o mundo alçando-o à condição de paraíso e palavras que têm a magia macabra de o precipitar em perigosos redutos do crime onde o homem recua aos primeiros estados da animalidade.
Expressões que arrancam sorrisos e vocábulos que promovem lágrimas.
Elocuções que conduzem multidões aos páramos da luz e termos que espezinham sentimentos superiores.
Na palavra está a força do pensamento exteriorizado. Por isso é a palavra perigoso instrumento em bocas viciadas manipuladas por espíritos atormentados.
No entanto, a palavra em si mesma é construção divina a serviço da vida inteligente sobre a Terra. Quantos a exteriorizam, expressam a condição de vida mental em que se demoram.
O criminoso fala “amor” quando desejaria dizer paixão pela posse.
O artista cita o “amor” quando gostaria de expressar a visão que o emociona.
O cristão recorda o “amor” quando pensa em renovar o mundo.
Em todos os casos “amor” é a mesma palavra em todas as bocas, variando, todavia, na vibração que a envolve.
Educa, então, o teu modo de pensar para expressares na palavra o teu real modo de ser.
“Eu não vim trazer a paz” disse Jesus. Move guerra à má palavra, não a pronunciando, não lhe dando valor, vencendo-a em silêncio.
Não dês paz ao erro.
Com tuas palavras, inspiradas na Boa Nova, decepa a árvore da criminalidade onde esteja e, afeiçoado ao serviço, difunde a luz na crença, seguindo para Aquele que é “a luz do mundo”.
Enriquecido por esse tesouro, – a palavra que vibra, sonora, em teus lábios, – estende esperança em volta, donde te encontras.
Há dores e desesperos gritantes junto a ti, ansiedades e angústias inumeráveis.
Desencarcera dos lábios a boa palavra e “ensina o Reino de Deus”. Talvez não possas fazer muito pelos corpos enfermos, mas podes dizer-lhes “que a Pátria deles não é a Terra, mas o Céu, porquanto somente lá transcorre a verdadeira vida”. Podes informar-lhes que estão em trânsito, devendo valorizar sofrimentos e desesperações como quem sabe identificar nos quartzos grosseiros as esmeraldas valiosas e escondidas, e nos cristais despedaçados as crisálidas de consciências em libertação.
Valoriza, dessa forma, tuas palavras, fazendo-as verter bênçãos, em nome de Deus, o Excelso Verbo.
Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco
https://temporecord.wordpress.com
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