OS SETE PRINCÍPIOS DA CONSCIÊNCIA - II
Em
“A Doutrina Secreta”, Helena Blavatsky só pôde revelar uma parte do
ensinamento a esse respeito, mas o que foi transmitido é mais do que
suficiente para a atual etapa humana. Os Mahatmas ensinaram através das
suas Cartas e da obra de H.P.B. que a onda de vida que se
encontra atualmente no planeta Terra percorre sete ciclos maiores, ao
longo de grandes períodos de tempo cósmico. Cada um destes ciclos –
chamados de Rondas – inclui a peregrinação por um conjunto de sete
globos ou esferas que têm vários níveis de sutileza e densidade, e que
possuem uma relação direta com os sete princípios da nossa Terra. Estes
sete globos formam a chamada Cadeia Terrestre. Seis destes sete
globos são feitos de matéria sutil. Só um deles é denso ou físico. Os
sete globos estão situados como em uma espiral, em diferentes níveis de
vibração e de consciência. Eles têm uma correspondência, pela lei da
analogia, com os sete princípios do homem. [2]
O
primeiro e o último globo estão em um alto grau de elevação espiritual.
O segundo e o penúltimo já ficam um pouco mais perto do mundo material.
O terceiro e o quinto são menos elevados, mas só o quarto globo é de
matéria densa. A Terra é o globo físico da Cadeia atual. Enquanto nossa
humanidade habita a Terra, os seres humanos se desdobram, ao longo do
tempo, em sete tipos humanos básicos, que são as sete raças-raízes.
A
passagem pelas sete raças forma uma ronda terrestre. A passagem pelos
sete globos da cadeia terrestre forma uma ronda planetária. Sete Rondas
planetárias completam a cadeia. A onda de vida que hoje é humana já
habitou o reino mineral, depois o reino vegetal, mais tarde o reino
animal, até despertar como inteligência humana. Os períodos de
manifestação da vida (sejam eles individuais, planetários ou cósmicos)
são sempre seguidos de tempos proporcionais de “descanso”. Para o indivíduo, há a reencarnação depois de um longo intervalo entre duas vidas. Para o planeta e o sistema solar, há um novo manvântara (período de manifestação), depois de um longo pralaya (período de descanso).
A
peregrinação da mônada pelos vários reinos da natureza, que ocorre ao
longo de vários globos, é descrita alegoricamente da seguinte maneira
nas palavras do poeta brasileiro Múcio Teixeira:
Morri no mineral,
Para nascer na planta.
Fui pedra e fui semente,
Brilhei no diamante e no cristal luzente.
Fez em mim o seu ninho
O pássaro que canta.
Passei às formas do animal,
Vendo indistintamente uma luz na outra banda.
Do animal passei à forma do homem,
Faísca que desceu às cinzas e às brasas.
Mais tarde acenderei a luz eterna que é Deus. [3]
Em
cada ronda, a onda de vida desperta e desenvolve um novo princípio da
consciência. São sete rondas e sete princípios. Mas também em cada um
dos ciclos menores, chamados raças, a vida trabalha especialmente um princípio da consciência. Por isto são sete as raças. E isso não é tudo. Estamos na quinta
das sete raças-raízes da atual Ronda, mas esta raça-raiz, Mental ou
Manásica, tem sete ciclos menores, as sub-raças. Nossa humanidade tem
hoje o foco da sua evolução centrado na segunda metade da quinta sub-raça,
e portanto está a trabalhar, ainda mais especificamente, o quinto
princípio. Há, nisso, uma conjunção de esforços de longo e de curto
prazo. É como se um relógio de ponteiros marcasse meio-dia: os dois
ponteiros, o das horas e o dos minutos, estão no mesmo ponto do círculo
do tempo.
Poderíamos
criar um “relógio cósmico” fazendo um mostrador com sete divisões
numeradas, ao invés das doze divisões dos relógios comuns. E poderíamos
colocar nele três ponteiros. O ponteiro menor, que anda mais devagar,
indicaria o número da Ronda em que está a onda de vida humana. O segundo
ponteiro, mais rápido, indicaria a Raça que recebe o foco central. O
terceiro ponteiro deste relógio setenário, ainda maior e mais rápido,
indicaria a sub-raça que predomina em determinado momento da humanidade.
Estamos na quarta ronda, na quinta raça, e na quinta sub-raça; mas o
terceiro ponteiro aponta já para os primórdios e o quase alvorecer da sexta-sub-raça.
Os primeiros indivíduos da sexta sub-raça da quinta raça-raiz começam a surgir, segundo escreve H.P.B. em “A Doutrina Secreta”[4].
A criação do movimento esotérico moderno no final do século 19 está
relacionada com a aceleração deste processo, e também com o
correspondente despertar da função búdica, o sexto princípio.
O
despertar ocorre a partir da purificação mental. Tal purificação, por
sua vez, depende da capacidade do quinto princípio humano de erguer-se
acima de toda crença cega, e de vencer os vários outros fatores que
tendem a escravizá-lo. Ele deve purificar Kama, o quarto princípio, sede das paixões animais e principal fonte dos apegos e rejeições instintivos.
Esta
é uma luta dura. O caminhante espiritual pode ser descrito como um
guerreiro. Alguns dos laços aprisionadores podem ser bastante sutis e
ter toda a aparência de espirituais. Daí os testes pseudoteosóficos e
pseudoesotéricos em geral. Manas é um princípio dual, e Kama-Manas sempre tratará de dar uma roupagem elegante e até espiritual aos sentimentos inferiores. Assim, o surgimento luminoso de Buddhi-Manas
é muitas vezes lento, complexo e cheio de episódios enganosos. Este é o
desafio que está diante de cada um de nós. Ele corresponde ao próximo
passo da humanidade, que inclui milhares de anos, mas que tem um
momento decisivo no século 21.
É
através da expansão mental e do despertar da intuição que o estudante
se capacita para perceber o processo maior da evolução. O que a
literatura teosófica original faz é dar indícios. A busca da verdade
sobre os ciclos da vida deve ser um processo autônomo por parte de cada
estudante.
A
correspondência entre o pequeno e o grande, o microcosmo e o
macrocosmo, o ser humano e o universo, está colocada com suprema clareza
na carta número 44 de “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”.
Respondendo à primeira de uma série de perguntas de Alfred Sinnett, um
Mahatma afirma:
“Nada
na Natureza passa subitamente a existir. Tudo está sujeito à mesma lei
da evolução gradual. Uma vez que tenha compreendido o processo do maha-ciclo [5]
de uma única esfera, você terá compreendido todos eles. Um homem nasce
como o outro; uma raça surge, se desenvolve e declina como a outra – e
como todas as outras raças. A natureza segue o mesmo curso, desde a
‘criação’ de um universo até a de um mosquito. Ao estudar a cosmogonia
esotérica, tenha presente uma visão espiritual do processo fisiológico
do nascimento humano; avance da causa para o efeito, estabelecendo, à
medida que prossegue, analogias entre o nascimento de um homem e o de um
mundo. Em nossa doutrina você sentirá a necessidade de seguir o método
sintético; terá de abarcar o todo, isto é, fundir o macrocosmo e o
microcosmo: antes de estar capacitado para estudar as partes
separadamente ou analisá-las de modo proveitoso para sua compreensão. A
Cosmologia é a fisiologia do universo espiritualizado, porque há uma só
lei.” [6]
Aqui
está mencionada a íntima correspondência entre a anatomia oculta do ser
humano, com seus sete princípios, e a anatomia oculta ou “fisiologia
espiritual” do universo, e do planeta que habitamos.
H.P.B. aborda o tema dos sete princípios em “A Chave da Teosofia”[7].
Ela começa dizendo que Platão era um iniciado e ensinava que o homem
era constituído de três partes: um corpo mortal, uma alma mortal, e uma
alma imortal. Esta é a classificação dos princípios que foi
cautelosamente adotada em uma obra anterior de H.P.B., “Ísis Sem Véu”:
espírito imortal, alma animal ou mortal, e corpo físico. Só mais tarde
os Mestres revelaram através de H.P.B. algo que até aquele momento era
secreto: a chave setenária de correspondência entre o indivíduo e o
cosmo. Esta é a chave para a “música” das esferas ou globos, com suas
sete notas musicais básicas, que correspondem às sete cores do espectro
solar e aos sete planetas da antiguidade. Estes são os sete planetas que
se relacionam mais diretamente com nossa humanidade.
Carlos Cardoso Aveline
NOTAS:
[2]
Há dois tipos de ronda. A ronda terrestre percorre as sete raças do
globo D. A ronda planetária percorre os sete globos. Veja “The Secret
Doctrine”, H.P. Blavatsky, Theosophy Co., Los Angeles, volume I, pp.
159-161. Clique para ver a obra em um dos nossos websites associados.
[3] Citado no livro “O Poder da Sabedoria”, Carlos Cardoso Aveline, Ed. Teosófica, Brasília, 1999, terceira edição, p. 30.
[4] “The Secret Doctrine”, Helena P. Blavatsky, Theosophy Co., volume II, pp. 444-446. Clique para ver a obra em um dos websites associados.
[5] Maha-ciclo: “Maha” significa “grande”, em sânscrito.
[6] “Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett”, Editora Teosófica, Brasília, 2001, dois volumes, Carta 44, volume I.
[7] “A Chave da Teosofia”, H. P. Blavatsky, Capítulo VI. Há várias edições da obra. Uma delas está disponível em nossos websites associados.
https://www.filosofiaesoterica.com
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