Translate

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

O PROBLEMA DO DESTINO


É difícil a arte de saber viver. A vida é um vaso que podemos encher com o que quisermos. Mas, a verdade é que temos querido enchê-lo de erros. Então, que podemos receber senão sofrimentos? Quando era moço, li livros sobre a arte de alcançar sucesso na vida. E hoje ainda se encontram livros sobre este assunto. Mas, trata-se duma ciência de superfície, que se baseia na sugestão, na arte exterior de apresentar-se, de falar e convencer o próximo. Ora, isso só pode levar a um êxito parcial, momentâneo, superficial.

O verdadeiro êxito na vida consiste num problema de construção de destinos, um problema complexo de longo alcance, que só se pode resolver conhecendo o funcionamento das leis profundas que regem a vida, e a posição de cada um dentro dessas leis, ou seja, o plano duma vida enquadrada no plano geral do universo, em função de Deus. Como se pode chegar a uma orientação completa do caso particular, se não se conhece a Lei geral? A maioria não é dona dos acontecimentos da sua vida, mas é serva dirigida por eles.

A vida é um jogo vasto e complexo. Fala-se de destino e da sua fatalidade. Mas, os construtores desse destino somos nós mesmos e depois ficamos sujeitos à sua fatalidade. Da mesma forma que o passado representa a semeadura do presente, o presente representa a semeadura dó futuro. A semeadura é livre, mas a colheita obrigatória. Assim, somos ao mesmo tempo livres e dependentes. Temos o poder de nos arruinar ou de nos salvar, como quisermos, mas não podemos alterar a Lei, e a nossa ruína ou salvação fica fatalmente sujeita às normas da Lei de Deus. Ela regula os movimentos de tudo que existe e do homem também. Conhecê-la quer dizer conhecer as regras do jogo da vida, isto é, a ciência da própria conduta, a arte de evitar os movimentos errados e fazer os certos, para fugir do dano próprio e atingir o melhor bem-estar possível.

A coisa mais importante na vida, a base de tudo, é a orientação. E a maioria vive correndo atrás das ilusões do momento, desorientada e descontrolada. Seguir a Lei quer dizer seguir a vontade de Deus. Esta é uma bem estranha posição para o mundo, que ainda obedece à lei animal do mais forte. Seguir a vontade de Deus não quer dizer perder a própria e tomar-se autômato. Essa obediência é um estado de abandono em Deus, em absoluta confiança, como o filho nos braços da mãe. Mas, esse abandono é ativo e dinâmico, como o de quem vai atrás de um guia sábio e bom que o defende e lhe garante o êxito, desde que o seguidor queira obedecer com boa vontade, sinceridade e fidelidade.

Este é um problema absolutamente individual, de escolha e resultados individuais. Se soubermos aprender esta arte de viver em harmonia com Deus, a nossa existência se deslocará do plano da injustiça e da força em que vive o homem, ao plano da justiça e da bondade em que tudo funciona com princípios diferentes. Surge então uma coisa que o mundo não acredita seja possível: para chegar a possuir o que precisamos e para alcançar sucesso não é necessário força ou astúcia. Basta tê-lo merecido, como a justiça o exige.
 
Pietro Ubaldi. do livro "A Lei de Deus"
http://www.pietroubaldi.org.br

 

O Destino de Cada Um

Duas mulheres desciam pelo caminho carregando lenha na cabeça. Uma era idosa e a outra bem jovem, e os fardos que elas carregavam pareciam bastante pesados. Cada uma equilibrava sobre a cabeça, protegida por um rolo de tecido, um longo fardo de galhos secos amarrados com cipós verdes, e o mantinha no lugar com a ajuda de uma das mãos. Seus corpos balançavam livremente enquanto elas desciam o morro com passos ligeiros. Elas nada tinham nos pés, embora o caminho fosse áspero. O pé parecia encontrar seu caminho, pois as mulheres não olhavam para baixo; elas mantinham suas cabeças eretas, os olhos injetados e distantes. Eram muito magras, com as costelas a mostra, e o cabelo da mulher mais velha estava embaraçado e sujo. O cabelo da garota deve ter sido penteado e untado recentemente, porque estava ainda um pouco limpo, com fios reluzentes; mas ela também estava cansada. E exalava exaustão. Não devia fazer muito tempo que ela brincava e cantava com outras crianças, mas isso havia acabado. Agora sua vida era juntar madeira nos morros, e seria até ela morrer, com um intervalo de vez em quando, com a chegada de um filho. Fomos descendo o caminho. A cidadezinha ficava várias milhas distante, e lá elas venderiam seus fardos por uma ninharia, só para começar amanhã outra vez. Elas conversavam, com longos intervalos de silêncio. De repente a mais jovem disse para a mãe que estava com fome, e a mãe respondeu que elas haviam nascido com fome, vivido com fome e morreriam com fome; esse era o destino delas. Era a afirmação de um fato; na voz dela não havia reprovação, nem raiva, nem esperança. Continuamos descendo o caminho pedregoso. Não havia observador ouvindo, penalizado, e andando atrás delas. Ele não era parte delas por amor e pena; ele era elas. Elas não eram os estranhos que ele havia encontrado na subida, elas eram dele; eram dele as mãos que carregavam os fardos; e o suor, a exaustão, o cheiro, a fome, não eram delas, para serem lamentados e compartilhados. O tempo e o espaço acabaram. Não havia pensamentos em nossas cabeças, muito cansadas para pensar; e se pensamos, era para vender a madeira, comer, descansar e começar outra vez. O pé no caminho pedregoso nunca se feria nem o sol sobre a cabeça. Havia apenas dois de nós descendo aquele morro costumeiro, passando pelo poço onde bebemos como sempre e cruzando o leito seco do córrego que lembrávamos.

Podemos ir longe, se começarmos de muito perto. Em geral começamos pelo mais distante, o “supremo princípio”, “o maior ideal”, e ficamos perdidos em algum sonho vago do pensamento imaginativo. Mas quando partimos de muito perto, do mais perto, que é nós, então o mundo inteiro está aberto – pois nós somos o mundo. Temos de começar pelo que é real, pelo que está a acontecer agora, e o agora é sem tempo. 

J. Krishnamurti
http://ww.jkrishnamurti.org 
 
 
Destino
 
Perceba que uma gota não tem como saber o que é um oceano até que se dissolva no próprio oceano. Do mesmo modo, enquanto o indivíduo existir, a vontade da existência não será conhecida. Se você puder abrir mão da sua individualidade, se puder abrir mão do ego, se puder se entregar totalmente, se puder desaparecer no Todo e lutar como um instrumento, como uma testemunha... Então a vontade da existência será conhecida o tempo todo.
 
Tente perceber que não há maneira de alterarmos a realização da existência. Mas podemos lutar, podemos nos arruinar, podemos destruir a nós mesmos na esperança de alterarmos a vontade da existência.
 
Uma história muito interessante:
 
Dois pedaços de palha que estão se afogando em um rio caudaloso. Uma das palhas, que está disposta em diagonal na correnteza, está tentando conter o rio, está gritando que não deixará o rio continuar. Apesar das águas do rio continuarem rolando e a palha ser incapaz de controlá-las, ela continua gritando que o rio será contido.
 
Mas essa palha continua se afogando. O rio não ouve a sua voz e não sabe que a palha está lutando contra ele. É uma palha muito pequena, o rio não sabe que ela existe, e ela não faz a menor diferença para ele. Mas para a palha é uma questão de grande importância. É a maior dificuldade de sua vida, ela está se afogando, mas continua lutando... Ela chegará ao mesmo lugar que chegaria se não estivesse lutando. No entanto, como está lutando, esse momento, esse período será de dor, pesar, de conflito e ansiedade.
 
A palha perto dela se soltou. Ela não está indo contra o fluxo. Ela está deitada reta, na direção em que o rio está correndo... E acredita que está ajudando o rio a correr. O rio também não conhece a existência dessa palha. Mas a palha pensa que, como está levando o rio para o mar, o rio vai chegar lá. E o rio desconhece essa ajuda. Tudo isso não faz a menor diferença para o rio, mas para as duas palhas trata-se de um assunto de grande importância.
 
Aquela que está guiando o fluxo do rio está sentindo uma imensa alegria; está dançando, repleta de prazer. A palha que está lutando contra o rio está sofrendo muito. Sua dança não é uma dança, é um pesadelo.
 
Na vida é a mesma coisa... Um indivíduo não consegue fazer qualquer coisa exceto pela vontade da existência. Mas ele tem a liberdade de lutar, e lutando ele tem a liberdade de ficar ansioso.
 
Segundo Sartre “o homem está condenado a ser livre”. No entanto, o homem pode usar a sua liberdade de duas maneiras: Pode usar sua liberdade contra a existência e criar um conflito. Nesse caso sua vida será de pesar, dor e angústia. Outro indivíduo pode fazer de sua liberdade um objeto de entrega à existência – e sua vida será uma vida de alegria, uma vida de dança e canção.
 
Então é impossível conhecer a vontade da existência, mas certamente é possível transformar-se em um com Ela. E se for o caso, então a vontade da pessoa desaparecerá e apenas a vontade da existência permanecerá.
 
Osho
https://blogdoosho.blogspot.com 
 

Liberdade de Escolha

És livre para imprimir na tua existência o padrão de felicidade ou de aflição com o qual desejes conviver. A liberdade é lei da vida, que faz parte do concerto da harmonia universal.

Os imperativos inamovíveis e deterministas são vida e morte, no que diz respeito aos equipamentos orgânicos, mesmo assim, sob o fatalismo de incessantes transformações. Submetido à ordem da ação, que desencadeia reações correspondentes, és o que de ti próprio faças, movimentando-te no rumo que eleges.

Há pessoas que preferem a queixa e a lamentação, armazenando o pessimismo em que se realizam. Negociam o carinho que pretendem receber com as altas quotas de padecimentos que criam psiquicamente.

Ao lado de outras, que chantageiam os afetos, mediante a adoção de sofrimentos irreais, estabelecem como metas a conquista de atenções e carícias que lhes são sempre insuficientes, não se dando conta que, dessa forma, farão secar a fonte generosa que as oferece.

Ninguém se sente bem ao lado de criaturas que elegem o infortúnio como falsa solução para os seus conflitos existenciais. Essa coação emocional termina por produzir amizades falsas, situações constrangedoras, mais insegurança.

Podes e deves ser feliz. Esta é a tua liberdade de escolha.

Se te encontras atrelado ao carro das aflições, porfia construindo o bem e te libertarás. A dificuldade de agora é o efeito da insensatez do passado. A vida renova-se a cada momento. Situações funestas alteram-se para melhor, à semelhança de paisagens ensombradas que rapidamente vestem-se de Sol.

Não dês trégua à desdita, à ociosidade, aos queixumes. És senhor do teu destino, e ele tem para ti, como ponto de encontro, o infinito. Quem se desvaloriza e se desmerece e se invalida, fica na retaguarda.

É necessário que te envolvas com o programa divino. Todo aquele que se não envolve positivamente, nunca se desenvolve. Se preferires sofrer, terás liberdade para a experiência até o momento em que te transfiras para a opção do bem-estar. Desse modo, não transformes incidentes de pequena monta, coisas e ocorrências corriqueiras, em tragédias.

Ninguém tem o destino do sofrimento. Ele é resultado da ação negativa, jamais a causa. Faze uma avaliação honesta da tua existência, sem consciência de culpa, sem pieguismo desculpista, sem coerção de qualquer natureza, e logo depois desperta para o que deves produzir de bom, de útil, de construtivo empenhando-te na realização da tua liberdade de ser feliz.

A presença divina apoia-me nos processos de crescimento e renovação. Cada momento constitui-me oportunidade nova para avançar ou corrigir erros. As transformações que a vida opera são fases de desenvolvimento. A poda renova; a dor desperta; a provação educa; a alteração de comportamento propõe esforço.

Estou fadado à felicidade, que lograrei mediante renovação e luta, pois que sou filho de Deus.

Joanna de Ângelis
http://www.oconsolador.com.br
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário