JESUS E O MISTÉRIO DA CRUCIFICAÇÃO
Devemos tentar compreender que por trás de todos os acontecimentos sempre está a Vontade de Deus, que não recebemos nenhum castigo; tudo faz parte de um movimento do Universo que é necessário para nossa aprendizagem e que, se virmos os acontecimentos por essa ótica, vamos encontrar um motivo superior em tudo. Cada situação vivida é o resultado de algo que de alguma forma escolhemos viver, de algo que nos comprometemos a experimentar para o crescimento da consciência. Assim aconteceu também com Jesus; Ele sabia que tudo estava sob a Vontade de Deus, por isso podia manter-Se firme diante das provas.
Quando
somos conscientes daquilo que Deus previu para nós e de que é
necessário viver certas experiências para que o previsto por Ele se
concretize, essa consciência pode dispor-nos a acompanhá-lO em Sua
Vontade. Essa entrega traz calma a nosso interior, por sabermos que em
Suas Mãos todo o projeto pode concretizar-se, e que será o melhor para
nós, ainda que desconhecido. O mesmo aconteceu com um fato planetário:
Jesus conhecia a Vontade Suprema e estava entregue a Ela, porque sabia
que tudo que estava acontecendo tinha um motivo superior, e confiava
totalmente nos desígnios de Seu Pai.
Nós não necessitaremos passar pelo calvário que Cristo passou, porque Ele já nos repetiu várias vezes que o sofreu para que ninguém mais tenha de sofrê-lo. Então Ele nos mostra como, apesar de saber o que iria passar, estava totalmente entregue a Deus e encontrava calma, sabendo que tudo estava nas mãos de Seu Pai. Outra das grandes chaves para nosso mundo interior é termos sempre presente que tudo o que acontece ou venha a acontecer faz parte da Vontade de Deus. Essa é uma forma de estarmos seguros e tranquilos nos momentos difíceis, em vez de permitirmos que o desassossego e a dissociação ingressem em nossa consciência.
Jesus pôde vencer a solidão do Coração porque permanecia em Deus, amava a Deus e queria estar permanentemente em Deus, e isso tirava a solidão de Seu Coração. Ele nos mostra como nós, para não nos sentirmos sós, desamparados, necessitamos estar em Deus, como Ele sempre esteve, sobretudo no momento mais difícil. Todas estas revelações, que parecem tão simples, tentam dar-nos algumas chaves para enfrentarmos momentos futuros duros.
Depois
da última ceia, Jesus se dirigiu ao Getsêmani para orar. O Getsêmani
era um jardim dentro do Monte das Oliveiras, que Jesus frequentava para
orar e para estar com seus discípulos. Ali foi capturado pelos romanos.
Foi durante essa oração que definitivamente disse “sim” à Vontade de
Deus; ali Jesus fez Sua definitiva entrega, e durante o processo o
Mestre suou sangue. Esse fato não é simbólico, mas um fato real, que a
medicina chama de “hematidrosis”. Não é muito comum, mas pode
desencadear-se quando há um alto grau de sofrimento interno e/ou
psicológico que conhecemos como estresse máximo. Este processo se
manifesta por causa de uma ansiedade severa, que provoca a secreção de
químicas que rompem os vasos capilares nas glândulas sudoríparas. É
assim que se produz uma pequena quantidade de sangue nas glândulas, e o
suor emana mesclado com sangue. Isso faz com que a pele fique
extremamente frágil.
Ele
nos transmite que sentiu uma profunda solidão quando, durante a oração
no Jardim do Getsêmani, buscou seus três apóstolos mais próximos para
que o apoiassem e os encontrou adormecidos. Eles sabiam que o Mestre
estava passando por um momento difícil porque Ele lhos havia revelado na
última ceia, mas a inconsciência humana, representada naquele momento
por esses três homens, colaborou na experiência de solidão interna que
Jesus viveu.
Essa é outra das chaves que Ele nos entrega. Ele sabia que Deus não o deixara só, Ele sabia que Seu Pai estava atento a tudo o que acontecia, que estava naquela situação para crescer como ser humano e como consciência. Novamente Jesus nos mostra a confiança total em Deus, apesar do que sentia internamente e do que vivia externamente. Continuamos observando e compreendendo como a fé e a confiança na Vontade de Deus são a chave para nos mantermos inteiros, de pé, com fortaleza.
Devemos refletir sobre o momento em que Jesus encontrou a total paz interna. Foi no momento culminante, no momento mais difícil; ali fez toda a Sua entrega, ali não se ocupou mais de si mesmo, esqueceu-se de tudo e, no momento em que entregou tudo e deu tudo sem esperar nada, encontrou a paz no Coração. Devemos ter bem claras todas essas chaves, porque serão muito importantes para todos. Nós não seremos crucificados, mas chegará sim um momento em que estaremos sós, angustiados e com medo. Nesse momento saibamos que, quanto mais nos entregarmos a Deus e quanto antes o fizermos, aí é que vamos sentir a paz que somente nosso Pai nos pode dar.
Esse processo empurrou a consciência de Jesus para o desconhecido e, quando ultrapassou todos os limites, encontrou a paz, porque ingressou diretamente na Consciência do Pai. Devemos aprender a fazer isso. No momento em que nos esquecemos de nós e nos entregamos à Vontade de Deus, tomamos o correto caminho de luz para ingressar em Seu Coração.
Trazendo a experiência de Jesus para nossa vida comum, necessitamos abrir-nos para compreender que, quanto mais difícil a situação pareça, mais próximos de Deus e mais protegidos que nunca podemos estar. Devemos permanecer atentos e vigilantes, numa atitude interna correta, sem permitir que o ambiente e a situação nos enganem e tirem do nosso mundo interior o vínculo que devemos ter com nosso Pai.
Ele fala do abismo interno, de como se entregou a esse abismo e, quando o fez, experimentou um amor único por tudo e por todos nós, e nesse momento a solidão se curou. As pessoas sempre têm a ideia de que é o contrário, pensam que quanto mais longe estiverem de determinadas situações, mais resguardadas estarão. Isso mostra que os seres humanos podem transcender limites inimagináveis. Há na história da humanidade fatos em que algumas pessoas transcenderam limites que pareciam insuperáveis e, depois de transcendê-los, tudo pôde acontecer; tem-se somente de decidir transcendê-los.
No momento em que Ele viveu essa experiência, transmutou toda a falta de fé e de confiança em Deus que tinha toda a humanidade. Na realidade, a Ele coube viver esses processos para transmutar todos os processos internos da humanidade, uma humanidade que, se não tivesse sido ajudada por Jesus, hoje já não existiria.
Ele sempre nos disse que somente iríamos chegar ao Pai por intermédio d’Ele. Isso significa que nossa união com Ele é o que vai levar-nos ao Pai. Por isso, neste tempo Ele tenta estar tão próximo de nós, para trazer-nos a possibilidade de vivermos de uma forma diferente, de sairmos daquilo que aflige a humanidade, que é a ignorância sobre a verdadeira vida espiritual. Cristo nos aproxima com simplicidade de uma vida completamente diferente, que qualquer um de nós pode alcançar.
Isso
significa que somente necessitamos adorar e orar como Ele fazia. Ele
podia estar em Deus porque orava, tinha um vínculo com o Pai que estava
representado pela adoração e oração, uma adoração e oração permanentes.
Todos os dias Ele se retirava para algum lugar para adorar a Deus e para
orar. Essa era a forma de Ele estar em Deus, e nos convida a fazermos o
mesmo. Ele nos indica o exercício diário de adoração e de oração para
que possamos começar a ter esse vínculo com Ele, como Ele tinha com
Deus. Nosso Mestre nos instrui sobre a necessidade de nossa consciência
ter Sua Presença impressa dentro dela, para que nos momentos difíceis
possamos, estando n’Ele, atrair Sua energia instantaneamente perante uma
situação delicada.
Para isso temos de criar esse vínculo por
meio da oração e da adoração. Ele revelou a Santa Faustina, no século
passado, que a imagem de adoração para o fim dos tempos seria a do
Cristo Misericordioso e que era isso que Ele queria transmitir à
humanidade, para que neste fim de ciclo ela pudesse ter essa referência
que se imprimiria em todas as consciências e criaria o vínculo com Ele,
para superar o final dos tempos. Por meio das aparições, temos tudo em
nossas mãos. Temos a oração e podemos fazer o exercício de adoração para
ir criando um vínculo forte com Ele, para atrair essa Consciência nos
momentos difíceis, para que n’Ela encontremos paz. Assim, a solidão de
nosso coração poderá ser curada.
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