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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

SOBRE A RESPONSABILIDADE


O marxismo diz que a sociedade é responsável por tudo. Se um homem é pobre a sociedade é responsável; se um homem é um ladrão a sociedade é responsável. Você não é responsável. Nenhum indivíduo é responsável...

Veja a atitude religiosa que é totalmente diferente, qualitativamente diferente. Um homem religioso se considera responsável: se alguém está pedindo esmolas, se existe um mendigo, eu sou responsável. O mendigo pode estar na outra extremidade da Terra, eu não o conheço, posso não cruzar o caminho dele, mas se o mendigo existe eu sou responsável. Se uma guerra acontece em algum lugar, em Israel, no Vietnã, em qualquer lugar, eu não estou participando de nenhuma forma visível, mas sou responsável. Eu estou aqui. Não posso transferir a responsabilidade para a sociedade.

O que você quer dizer quando diz sociedade? Onde está essa sociedade? Essa é uma das maiores fugas – só os indivíduos existem – você nunca vai se deparar com a sociedade. Você nunca será capaz de identifica-la; de dizer “eis aqui a sociedade”. Em toda parte o indivíduo está existindo, e a sociedade é apenas uma palavra.

E lembre-se de mais uma coisa: sempre que você sente que é responsável por toda fealdade, por toda a confusão, anarquia, guerra, violência, agressão, de repente você fica alerta. A responsabilidade penetra no seu coração e torna você consciente. Se você diz: “Este lugar está tão abarrotado!”, você pode continuar andando como se estivesse dormindo. Na verdade você pisa no pé do estranho não porque o lugar está abarrotado, mas porque você está inconsciente. Você está caminhando como um sonambulo; um homem andando enquanto dorme. Quando você pisa no pé do outro, você de repente se torna consciente, porque agora existe um perigo. Você pede desculpas, cai no sono e novamente diz: “O lugar está abarrotado.” E começa a andar novamente.

Ouvi falar de um aldeão simples, que tinha ido à cidade pela primeira vez. Na plataforma da estação, alguém pisou no pé dele e disse: “Desculpe!”. Então ele entrou num hotel, alguém novamente trombou com ele e disse: “Desculpe!”. Então ele entrou num teatro e alguém quase o derrubou e disse: “Desculpe!”.

O aldeão disse: “Isso é lindo, não conhecíamos esse truque. Faça o que quiser a qualquer um e peça desculpas!” Então ele esmurrou um homem que estava passando e disse: “Desculpe!”

O que você está realmente fazendo quando pede desculpas? Seu sono é interrompido, você estava andando dormindo você devia estar sonhando, imaginando, algo estava acontecendo em sua mente – então você pisou no pé de alguém. Não que o lugar estivesse abarrotado – você teria tropeçado mesmo que não houvesse ninguém lá, mesmo assim você teria pisado em alguém.

É você, sua inconsciência, seu comportamento inconsciente. Um buda não pode tropeçar, mesmo que seja num mercado, porque ele se move com plena consciência. Tudo o que ele está fazendo, ele está fazendo intencionalmente. E, se ele pisa no seu pé, significa que ele pisou intencionalmente, deve haver um propósito nisso. Pode ser apenas para ajuda-lo a acordar, apenas para acorda-lo. Mas ele não vai dizer que o lugar está abarrotado, ele não vai dar nenhuma explicação.

As explicações são sempre enganosas. Elas parecem lógicas, mas são falsas. Você dá explicações somente quando tem de esconder alguma coisa. Você pode ver e observar isso em sua própria vida. Isso não é uma teoria, é um simples fato da experiência de todos. Você dá explicações apenas quando você quer esconder algo...
 
Osho 
http://tempodeescolha.com.br 
 
 
 Erich Fromm diz que o amor é a única resposta sã e satisfatória ao problema da existência humana. Ele está correto, pois só compreendemos quando amamos e quando estamos em amor somos totalmente responsáveis, em todos os aspectos.
 

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