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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

PRESTE ATENÇÃO NA RAIVA 
E VEJA UM MILAGRE


O único problema com a tristeza, com o desespero, com a raiva, com a falta de esperança, com a ansiedade, com a angústia, com a infelicidade, é que você quer se livrar dessas emoções. Essa é a única barreira.

Você terá de conviver com elas. Não pode fugir, simplesmente.

Elas são situações nas quais sua vida tem de se integrar e crescer. São desafios da vida. Aceite-as. Elas são bênçãos disfarçadas. Se você fugir delas, se quiser se livrar delas de algum jeito, você criará problema – pois, quando quer fugir delas, você não olha para elas diretamente.

Uma estrela da Broadway estava visitando alguns amigos quando, como de costume, a conversa começou a girar em torno da psiquiatria. “Devo dizer”, disse a anfitriã, “que o meu analista é o melhor que existe! Você não pode imaginar o que ele fez por mim. Você tem de conhecê-lo”.

“Mas eu não preciso de analista”, disse a estrela. “Eu não poderia ser mais normal – não há nada de errado comigo”. “Mas é simplesmente fabuloso”, insistiu a amiga, “ele encontrará alguma coisa errada em você”.

Existem pessoas que sempre encontrarão alguma coisa errada em você. O segredo da profissão delas é descobrir o que há de errado em você. Elas não podem aceitá-lo como você é; elas dão a você ideais, ideias, ideologias, e farão com que se sinta culpado, uma pessoa imprestável, sórdida.

Elas farão com que você se sinta tão condenável, aos seus próprios olhos, que você esquecerá tudo sobre liberdade.

Na verdade, você passará a ter medo da liberdade, pois verá o quanto você era ruim, o quanto estava errado – e, se for livre, você acabará fazendo alguma coisa errada, então é melhor seguir alguém. O padre depende disso, o político também. Eles mostram a você o certo e o errado, ideias fixas, e então você passa a viver com culpa para sempre.

Eu digo a você: não existe nada que seja certo e nada que seja errado.

Se você está com raiva, o padre lhe dirá que isso não está certo, você não pode ficar com raiva. O que você faz, então? Você pode reprimir a raiva, sentar-se sobre ela, engoli-la, literalmente, mas ela continuará em você, no seu organismo.

Engula a raiva e você terá úlceras no estômago; engula a raiva e, mais cedo ou mais tarde, você terá câncer. Engula a raiva e você criará um milhão de problemas, porque a raiva é venenosa. Mas o que você faz? Se está errado, você engole.

Eu não digo que a raiva seja errada, eu digo que a raiva é energia – energia pura, uma bela energia. Quando ela irromper, preste atenção e veja um milagre acontecendo. Quando ela irromper, preste atenção e, se fizer isso, ficará surpreso; você terá uma surpresa – a maior da sua vida: descobrirá que, se prestar atenção nela, ela desaparece.

A raiva é transformada. Ela vira energia pura; vira compaixão, vira perdão, vira amor. E você não precisa reprimi-la, por isso não terá de levar consigo esse veneno. E você não ficará com raiva, por isso não ofenderá ninguém.

Ambos são salvos: o outro, o objeto da sua raiva, e você mesmo. No passado, ou o objeto da raiva estaria sofrendo ou então você.

O que eu estou dizendo é que não é preciso que ninguém sofra. Basta que você preste atenção, fique consciente. A raiva surgirá e será consumida pela consciência. A pessoa não pode ter raiva se está consciente, não pode ter ganância se está consciente e não pode ter inveja se está consciente.

A consciência é a chave de ouro.

Osho
https://tudopositivo.wordpress.com
 
 
 
Quando se defronta com a violência, o cérebro passa por uma rápida mudança química; ele reage muito mais rapidamente do que o golpe. O corpo todo reage e há resposta imediata; a pessoa pode não revidar, mas a própria presença da raiva ou do ódio causa essa resposta e existe ação.

Na presença de uma pessoa com raiva, veja o que acontece quando se está ciente disso sem que haja resposta a isso. No momento em que se está cônscio da raiva de outrem, e não se reage, há uma resposta muito diferente. O instinto da pessoa é responder ao ódio com ódio, à raiva com raiva; há uma injeção química que enseja reações nervosas no sistema. Mas acalme tudo isso na presença da raiva, e uma ação diferente se manifestará.

Será que existe raiva justa? Ou só há raiva? Não há boa influência ou má influência, só há influência; mas, quando você está influenciado por algo que não me agrada, chamo isso de má influência.

No momento em que você protege sua família, seu país, um pano colorido chamado bandeira, uma crença, uma ideia, um dogma, a coisa que você exige ou possui, essa mesma proteção indica raiva. Então, será que você pode olhar para a raiva sem nenhuma explicação ou justificação, sem dizer: “Preciso proteger os meus bens”, ou “Eu estava certo em ficar com raiva”, ou “Como fui estúpido em ficar com raiva”? Você consegue olhar para a raiva como se ela fosse algo em si mesma? Consegue olhar com completa objetividade, o que significa sem a defender nem a condenar?

Violência não é só matar outra pessoa. É violência usarmos palavras ferinas, fazermos um gesto para afastar uma pessoa, obedecermos por medo. Portanto, violência não é somente matança organizada em nome de Deus, em nome da sociedade ou do país. Violência é coisa muito mais sutil, mais profunda, e estamos investigando-a em toda a sua profundidade. Quando você se denomina indiano, muçulmano, cristão, europeu, ou qualquer outra coisa, está sendo violento. Sabe por que isso é violência? É porque você está se destacando do resto da humanidade. Quando você se separa por crença, por nacionalidade, por tradição, isso produz violência. Portanto, um homem que busque compreender a violência, não pertence a nenhum país, a nenhuma religião, a nenhum partido ou sistema político; ele está interessado na compreensão total da humanidade.


 
Krishnamurti
http://legacy.jkrishnamurti.org

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