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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

COMPREENDENDO A VIDA


Fluindo com Wu Hsin

Algumas pessoas gostam de ir até as salas de meditação porque precisam ser forçadas a meditar. Elas não praticam sozinhas em casa. Por que uma pessoa deveria ser forçada a ter uma bela experiência? Quão tolo isto é!

Algumas vezes, as pessoas vão até as salas de meditação porque querem encontrar amigos e isso é um mau uso do Ch’an. É converter o Ch’an de um caminho para a iluminação, para mais um caminho saṁsārico sem saída. Não é isso lamentável?
  
Lutar com a mente 
fortalece a mente. 
Ver através da mente 
para aquilo que é anterior a ela, 
tira todo o seu poder.
 Exatamente Aqui, 
exatamente Agora, 
é tudo o que existe. 
Imerso em pensamentos, 
você não o nota. 
Quando você estava no útero, 
a natureza cuidou de você, 
você não fez nada. 
Por que assume você
que hoje é diferente?

A maior joia que você possui é a sua atenção.  Não a desperdice no passado ou no futuro às custas do presente. Aquilo que está muito próximo é perdido devido a preocupações com coisas que estão distantes. 

Tal como o olho não pode ver a ele mesmo, você não pode testemunhar o que você é. Você só pode ser testemunha do que você não é. Uma profunda insatisfação com as coisas externas é o impulso para o afastamento, a fim de virá-lo para dentro. Até lá, o fascínio pelo circo continua.

Crenças são a aceitação inquestionável de uma ideia, na ausência de verificação e razão. Crenças não são fatos. Crenças são a fuga de fatos. Crenças são o alimento de um mundo de faz-de-conta. Clareza permanente está disponível para você, mas não se você quer se apegar a suas crenças. Se você insiste em acreditar, acredite nisto: Eu Sou Energia Vital Consciente. Porque Eu sou, tudo é. Eu sou inteligência vibrante, através da qual as flores crescem e as feridas curam. Na minha ausência, a existência, como é conhecida, deixa de existir. O mundo é a minha expressão manifesta e este corpo é o seu instrumento de percepção e ação. A este respeito, eu sou o conhecer de cada sensação, sentimento e pensamento. Eu sou o autor de cada ação.

Esforçar-se pelo melhoramento é apenas uma forma sutil de controle, de controlar a qualidade das experiências que vêm. É sempre aquilo que buscamos controlar que acaba por nos controlar. Portanto, ao fazer isso, nós simplesmente damos reforço às portas da prisão. Por outras palavras, você é o seu único obstáculo.
 
Pergunta: os pensamentos continuam a invadir a minha meditação. Eu não consigo afastá-los. Que fazer?
 
A sua posição natural é livre de pensamentos. Pensamentos surgem, projetando uma pessoa num mundo. É tudo imaginação. O que você realmente é está além da imaginação. A este respeito, descobrimos o nosso verdadeiro Ser quando paramos de imaginar. Deixe os pensamentos virem, mas não lhes dê atenção.
 
Você está constantemente se esforçando para ser algo que você não é, porque você tem medo de não ser nada em particular. A nossa identidade está ligada ás nossas coisas. Você vive em confusão. Deve ser desta forma porque você não está reagindo ao mundo como ele é. Você está reagindo à forma como ele aparece, como tem sido filtrado, interpretado e julgado pela mente. O desejo de realização é apenas mais uma rota de fuga. Pode-se dizer que é uma rota de fuga mais elevada, mas é fuga mesmo assim. É a insatisfação, a recusa em aceitar o-que-é. Paradoxalmente, é a aceitação do-que-é que anuncia a realização. O fim da confusão começa com o não mais acreditar na mente. Olhe para as coisas como elas realmente são. Veja a mente e o corpo como um reflexo da natureza do organismo. Observe-os sem julgamento. Uma vez que eles sejam totalmente compreendidos, pode-se ir além deles. 
 
Pergunta: Mestre, porque você se recusa a recomendar qualquer prática? 
 
Todas as práticas requerem fazer alguma coisa. Como tal, elas reforçam a gaiola que aprisiona você, a noção de um fazedor. Qualquer método, não importa o quão promissor, fortalece a estrutura do ego, aumentando ainda mais o caos. É como pedir a um gato para guardar uma tigela de leite. Apenas ser requer não fazer. Esta é a única prática verdadeira.

Apenas observando.
Sem tentar obter nada.
Sem esperar nada.
Sem buscar nada.
Sem desejar ou rezar.
Sem comentar ou julgar.
Sem a intenção de relaxar ou respirar corretamente.
Despropositadamente, apenas observando.
 
Não se apegue a nenhum método,
nenhum caminho e nenhum professor.
A corda que o resgata do rio furioso
também pode ser usada para o enforcar.
 
A falta de preocupação com o progresso
é o único sinal de progresso.
 
Em última análise,
você não se liberta,
em vez disso, você percebe
que você é a própria liberdade.
 
A porta de entrada para o desconhecido é estreita.
É preciso pôr de lado todo o conhecimento adquirido
para que se possa ter acesso.
 
Como pode você experienciar a vida quando você está ocupado em se tornar? Primeiro, você vai se esforçar para obtê-lo. Depois, você vai se esforçar para mantê-lo. Uma vez perdido, você vai tentar recuperá-lo. Esta é a roda do esforço. Seu punho é apertado, mas é você que deve deixar ir.
 
Tanto é encontrado
após a cessação do procurar.

Todas as noções de individualidade 
são noções de propriedade:
Meu corpo,
Meus pensamentos,
Meus sentimentos.
Mesmo quando o erro é percebido,
Ele é percebido por ninguém.
 
Uma vez que é possível perceber
o próprio corpo, sentidos e mente,
Você permanece separado deles
como a própria percepção.

Percebe-se os objetos através dos sentidos.
Percebe-se os sentidos através da mente.
Percebe-se a mente através de si mesmo.
É somente este SI MESMO que deve ser buscado.
Não é difícil de encontrar.
Sua fragrância está em toda parte 
e permeia todas as coisas.
 
Palavras. Ao nível falado, são sons. Ao nível sutil, são pensamentos. Ao nível do silêncio, elas se foram. É neste silêncio, a partir deste silêncio que tudo surge.
 
As duas grandes ilusões são que a vida é controlável e que existe uma entidade, eu, que pode exercer o referido controle. Mas se nós não conseguimos sequer controlar nossos pensamentos que nos aparecem, como podemos acreditar que conseguimos controlar o que nos acontece?
 
Todo apego implica medo, a suposição equivocada que algo precisa ser segurado. Todo desejo acontece por causa de um senso equivocado de insuficiência. Todas as realizações de desejos são como uma refeição de arroz: pouco tempo depois e você está com fome de novo. Quando você percebe que não falta nada, que tudo que existe é você e é seu, o desejo termina.
 
Desmonte o pêndulo do medo e desejo.
O chão debaixo de você é a Fonte e o Apoio.

Você acredita que nasceu em um mundo. Não é assim. Cada um de nós cria um mundo para si mesmo. Você vive nele e reclama dele. Seu mundo é composto de desejos e da satisfação dos desejos, de medo e de estratégias para evitá-lo.
 
Você não consegue ver que é seu mundo privado? É um pouco mais que um artefato da mente. Uma vez que você veja essa loucura, você estará no caminho de saída.
 
Veja que você cria o espaço em que o mundo se move, o tempo em que ele dura. Perceba que o mundo é apenas areia. Você pode brincar com ele, você pode andar sobre ele, mas não construa uma casa lá. Não há jornada como se diz. Pode parecer que não, mas estamos sempre de volta onde começamos. O que fomos em essência, e o que seremos em essência, é o que somos em essência. 
   
Pei era dono de um pássaro e queria libertá-lo. Ele abriu a porta da gaiola e o pássaro nem se moveu. Wu Hsin disse a Pei: Um pássaro enjaulado não é libertado somente abrindo uma porta. Até que o medo do desconhecido diminua. Até que o desejo de voar para longe apareça. O pássaro continuará onde está. Preferindo o conhecido ao desconhecido.
 
 
Fragmentos de textos
https://tudopositivo.wordpress.com
 

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