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domingo, 10 de fevereiro de 2019

F   O   F   O   C   A


Pergunta: A fofoca tem valor na auto revelação, especialmente ao revelar os outros a mim. Seriamente, por que não usar a fofoca como meio de descobrir o que é? Eu não fico arrepiado com a palavra “fofoca” apenas porque ela tem sido condenada durante anos.

Krishnamurti: Por que será que fofocamos? É porque isto revela os outros a nós? E por que os outros nos deveriam ser revelados? Por que você quer saber dos outros? Por que este extraordinário interesse nos outros? Em primeiro lugar, por que fofocamos? É uma forma de inquietação, não é? Como o tédio, é uma indicação de uma mente inquieta. Por que este desejo de interferir com os outros, saber o que os outros estão fazendo, dizendo? É uma mente muito superficial que fofoca, não é? – uma mente inquisitiva que está direcionada erroneamente. O interrogante parece considerar que os outros se revelaram a ele por seu interesse neles – nos seus feitos, seus pensamentos, suas opiniões. Mas nós conhecemos os outros se não conhecemos a nós mesmos? Podemos julgar os outros, se não conhecemos o caminho de nosso próprio pensar, o modo como agimos, o modo como nos comportamos? Por que esta extraordinária preocupação com os outros? Não é uma fuga, realmente, este desejo de descobrir o que os outros estão pensando e sentindo e falar a respeito? Isto não nos oferece uma fuga de nós mesmos? Não existe aí também o desejo de interferir na vida dos outros? Nossa própria vida não é suficientemente difícil, suficientemente complexa, suficientemente dolorosa, sem lidar com os outros, interferir com os outros? Há tempo para pensar nos outros desta maneira fofoqueira, cruel, feia? Por que fazemos isto? Você sabe, todo mundo faz. Praticamente todo mundo faz fofoca sobre alguém. 
 
Por quê? Eu penso, primeiro de tudo, fofocamos sobre os outros porque não estamos suficientemente interessados no processo de nosso próprio pensar e de nossa própria ação. Queremos ver o que os outros estão fazendo e talvez, falando gentilmente, imitá-los. Em geral, quando fofocamos é para condenar os outros, mas, ampliando caridosamente, é talvez para imitar os outros. Por que desejamos imitar os outros? Isto tudo não indica uma extraordinária superficialidade de nossa parte? É uma mente extraordinariamente estúpida que quer excitação, e sai dela mesma para conseguir. Em outras palavras, fofocar é uma forma de sensação, não é? – à qual nos permitimos. Pode ser um tipo diferente de sensação, mas existe sempre este desejo de encontrar excitação, distração. Se a pessoa entra de fato profundamente nesta questão, volta para si mesma, o que mostra que a pessoa é realmente extraordinariamente superficial e busca excitação do lado de fora falando dos outros.

Pegue a si mesmo da próxima vez em que estiver fofocando sobre alguém; se você estiver atento, isto lhe indicará um pedaço terrível de você mesmo. Não disfarce isto dizendo que você é simplesmente inquisitivo. Isto indica inquietude, uma sensação de excitação, superficialidade, falta de interesse real e profundo nas pessoas que nada tem a ver com fofocar.


Krishnamurti 
 https://tudopositivo.wordpress.com

 

Silêncio


Aprenda o silêncio. E, pelo menos com os seus amigos, com seu amado, com sua família, com seus companheiros de viagem, sente-se em silêncio, às vezes. Não vá fofocar, não continue a falar. Pare de falar e não só do lado de fora – pare o diálogo interno. Seja um intervalo. Basta sentar-se, fazendo nada, apenas sendo presença para o outro. E, em breve, você vai começar a encontrar uma nova maneira de se comunicar. E esse é o caminho certo.

Comece a se comunicar através de silêncio. Segurando a mão de seu amigo, sente-se em silêncio. Basta olhar para a lua, sentir a lua, e ambos se sentem em silêncio. E veja então uma comunhão acontecendo – não só comunicação, mas uma comunhão. Seus corações começam a bater no mesmo ritmo. Você começa a sentir o mesmo espaço. Você começa a sentir a mesma alegria. Você começa a sincronizar um com o outro. Isso é comunhão. Você disse sem dizer nada, e não haverá nenhum mal-entendido.
 
Osho, This Very Body the Buddha
https://www.osho.com

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