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sábado, 16 de fevereiro de 2019

SOBRE A FELICIDADE


Encarada de forma tão confusa e aparentemente misteriosa, a questão da felicidade está longe da simplicidade. É extremamente complexa porque, de fato, é incrivelmente simples. Sua solução está tão próxima de nós e é tão óbvia, que nós temos a maior dificuldade em vê-la; devemos complicá-la a fim de focalizá-la e sermos capazes de discuti-la.

Isso pode parecer um terrível paradoxo, mas diz-se que um paradoxo é apenas uma verdade de ponta-cabeça para chamar atenção. Pois há certas verdades que têm de estar de ponta-cabeça para que possam ser notadas; geralmente elas são tão simples, que deixamos de percebê-las. Nossas próprias faces são um exemplo disso.

Nada poderia ser mais óbvio e auto-evidente do que a própria face do homem, mas muito estranhamente ele não pode vê-la de forma alguma, ao menos que ele introduza o artifício de um espelho que lhe apresenta a imagem invertida.

A imagem que ele vê é a sua face, todavia, não é sua face; e isso é em parte um paradoxo. E eis aqui a razão de toda a nossa incerteza e ambiguidade a respeito das coisas do espírito, porque, se nossos olhos não podem se ver, tanto menos aquilo que se vê através dos olhos poderá ver a si mesmo.

Então, nós temos que encontrar algum modo de superar a dificuldade, algum meio de compreender a coisa mais óbvia do mundo, uma coisa que é geralmente negligenciada, porque nossos pensamentos e sentimentos estão sendo conduzidos por canais muito mais complicados.

Para vê-la eles têm que se rebaixar a um nível de humildade, não temeroso e prostrado, senão com a mais direta e infantil abertura de espírito. Não é de surpreender portanto, que essas mais profundas verdades do espírito frequentemente passem despercebidas por pessoas da mais brilhante e penetrante inteligência.

Isso não quer dizer, contudo, que serão mais facilmente entendidas, pela mera falta de intelecto. Tal introspecção não vem nem com o esplendor, nem com o embotamento da mente visto que se um é iludido pelo seu próprio brilho, o outro simplesmente omite seu registro. Para compreender simplicidade tão extraordinária, DEVE-SE APENAS ABRIR OS OLHOS DO ESPÍRITO E VER; não há segredo nisso, porque ela está diante de nós, à luz do dia, tão grande como a vida.

Nas palavras do sábio chinês Tao-Wu, “se você a quer ver, olhe-a diretamente, mas se você tentar nela pensar, se desvanecerá”.

Portanto, quando se diz que aqueles que buscam a felicidade nunca a encontram, talvez seja mais adequado dizer que não há necessidade de procurá-la. Como nossos próprios olhos, ela está nos acompanhando o tempo todo; mas quando nos voltamos para tentar vê-la, nós nos iludimos.

 
Alan Watts
 http://ventosdepaz.blogspot.com
 
Diz Osho, com muita sabedoria, que a felicidade é o que você é e não o que tem. A felicidade não é um destino, é uma viagem. A felicidade não é amanhã, é agora. A felicidade não é uma dependência, é uma decisão. Tudo que você faz com felicidade é uma prece. Anthony de Melo completa quando afirma que a felicidade não consiste naquilo que passa ao seu redor, e sim, no que que passa dentro de você, pois a felicidade não pode depender de acontecimentos; é sua reação aos acontecimentos que  faz você sofrer.
 

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