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quinta-feira, 27 de maio de 2021

 TIPOS DE JEJUM 
E A IMPORTÂNCIA DA MODERAÇÃO
 
 
 
Normalmente compreendido como abstinência total ou parcial de alimentos físicos, o jejum, todavia, pode ser feito em vários níveis. Se for inspirado pelo nosso mundo interior e isento de expectativas, tanto o jejum de alimentos quanto a abstinência de palavras, de sentimentos e de pensamentos ajudam na nossa transformação, na purificação do organismo e até mesmo a trazer saudáveis simplificações à vida. 
 
A intenção de purificar-nos, quando autêntica, cautelosa, persistente e tranquila, constitui importante parte do jejum e determina seus resultados. Em algumas pessoas, essa intenção é suficiente para provocar na consciência mudanças que em geral se conseguem pela abstinência ou pelo controle. 
 
Como o jejum é uma via de equilíbrio para nos relacionarmos com as vidas externa e interna, podemos perguntar-nos também: “Como aplicá-lo para encontrar equilíbrio na maneira de lidar com os bens materiais?” 
 
O procedimento é o mesmo adotado no jejum de alimentos, no de sentimentos, no de pensamentos, no de ações e no de palavras. Algumas vezes jejuamos de bens materiais pela abstinência; outras, pelo uso moderado deles ou pela austeridade. 
 
Quando alguém recebe a ordem interior de dispor de todos os seus bens, é porque está pronto para isso. Sabe que tanto para seu próprio caminho como para o serviço evolutivo é a atitude mais indicada. Sempre houve, através dos tempos, os que agiram assim. Entretanto, esse não é o caminho da maioria. Contudo, em qualquer circunstância, é possível treinar a moderação. Podemos perguntar-nos: “Utilizo os bens materiais para tornar a vida de meus semelhantes mais digna, menos desgastante? No dia a dia levo em conta que mais da metade da humanidade se encontra em estado subumano, sem teto, sem alimentação básica, sem higiene e sem educação? Trato com o devido respeito a água, a energia elétrica, as habitações e as coisas com que lido?”. 
 
Reflexões como essas ajudam-nos a não abusar dos bens materiais. E não abusar dos bens materiais é usá-los com desapego e, ao mesmo tempo, sem desperdício. 
 
Para alguns, a moderação é mais difícil que um período de abstinência total. Em princípio, a moderação requer humildade: requer que sejamos verdadeiros conosco e que nos reconheçamos falhos em certas circunstâncias. Essa atitude leva-nos a pedir orientação ao nosso ser interior antes de fazer qualquer coisa. 
 
Por outro lado, a moderação requer também ousadia. Precisamos levar em conta que, se estivermos receptivos à luz interior, nossos recursos serão adequados, mesmo que imperfeitos. A sabedoria da vida tudo ajusta quando estamos entregues à vontade do nosso ser interior, e até inclui as imperfeições da personalidade. Mas é preciso ousar fazer o que é para ser feito. Só damos passos realmente quando nos dispomos a ir um pouco além do que estaria ao nosso alcance. 
 
Se buscarmos a moderação, reconheceremos que ousar não é agir irrefletidamente. É confiar no potencial que temos dentro de nós, entregando-o à condução da nossa alma. Ao agirmos permeados desse espírito, descobrimos o sentido de jejuar em ações, de atuar na justa medida para a luz interna revelar-se. 
 
Por último, a moderação requer desapego. É preciso realizar tais ações sem se prender a elas, agir como um semeador que lança os grãos na terra e os deixa entregues à chuva, ao vento e à dinâmica da força de vida que há em seu interior.
 
José Trigueirinho Netto 
https://www.otempo.com.br 
 
 

A ARTE DE COMER

 
Sempre quando você está fazendo alguma coisa com o coração dividido, isso se prolonga.

Se você está sentado na sua mesa comendo, e se você come somente com parte do coração sua fome permanece, desse modo você irá continuar a pensar sobre comida pelo resto do dia. Você pode tentar jejuar, você verá: você irá pensar continuamente em comida. Porém, se você comeu bem – e quando digo comer bem, não quero dizer somente que você encheu seu estômago. Então não é necessariamente assim que você tenha comido bem. Você pode ter se empanturrado. Contudo, comer bem é uma arte. Não é somente encher. É uma grande arte: saborear a comida, cheirar a comida, tocar na comida, mastigar a comida, digerir a comida, e digeri-la como se divina. Ela é divina; é um presente do divino.

Os Hindus dizem, Anam Brahma comida é divina. Assim, você come com grande respeito, e enquanto come você se esquece de tudo, porque isso é uma oração. É uma oração existencial. Você está comendo o divino e o divino lhe dará nutrição. É um presente a ser aceito com um profundo amor e gratidão. E você não enche o corpo, porque encher o corpo é ser anticorpo. É o outro polo. Existem pessoas que estão obcecadas com o jejum e existem pessoas que estão obcecadas para se encher de comida. Ambas estão erradas porque de ambas as maneiras o corpo perde o equilíbrio.

Um amante do corpo verdadeiro come somente até o ponto onde o corpo se sente perfeitamente quieto, equilibrado, tranquilo; onde o corpo não se sente inclinado nem para a direita nem para a esquerda, mas bem no meio. É uma arte compreender a linguagem do corpo, entender a linguagem de seu estômago, entender o que é necessário, dar somente o que é necessário, e fazer isso de uma maneira artística, de uma maneira estética.

Os animais comem, o homem come. Então qual é a diferença? O homem faz uma grande experiência estética no comer. Qual o sentido de ter uma bela mesa de jantar? Qual é o sentido de ter velas acesas lá? Qual é o sentido do incenso? Qual o sentido de pedir aos amigos para vir e participar? É para fazer disso uma arte, não somente encher o estômago. Mas esses são sinais externos da arte; os sinais internos são compreender a linguagem de seu corpo: escutá-lo, ser sensível para com as necessidades dele. E assim você come, e então, por todo o dia, você não se lembrará de comida de jeito nenhum. Apenas quando o corpo estiver novamente faminto a lembrança voltará. Assim é natural.
 
Osho, The Beloved
https://www.osho.com 

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